Fanfics Brasil - Livro.02 - CAP.01 ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)

Fanfic: ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)


Capítulo: Livro.02 - CAP.01

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Um


 


Dulce Saviñon não gostava de visitas inesperadas. A caminhonete preta que estacionara no pátio diante de sua casa era definitivamente inesperada, e o homem que desceu dela um desconhecido. Era alto e de ombros largos, um chapéu de vaqueiro largo lhe ocultava o rosto quando ele se dirigiu para a casa. Dulce acabara de chegar do pasto, tendo passado a maior parte do dia montada em um cavalo, cuidando de seu pequeno rebanho. Estava suada, empoeirada e sem humor para visitas. Mesmo assim, saiu para a varanda, disposta a recebê-lo.


Algo no homem lhe parecia vagamente conhecido, pensou ao se aproximar dele. Mas, mesmo cara a cara, não conseguia se recordar de onde o conhecia.


- Posso ajudá-lo?


O visitante exibiu um sorriso simpático.


- Olá, Dulce. Como está?


O cumprimento a pegou de surpresa. Ela tentou, sem muito sucesso, também sorrir.


- Aparentemente, nós nos conhecemos.


- Aparentemente, você não se lembra. - Sua expressão de surpresa sugeria que era raro uma mulher não se lembrar dele. - O nome é Chris Uckermann. Nós nos conhecemos em Casper, no Wyoming. Um bando de nós do rodeio se reuniu em um pequeno bar...


Dulce ergueu subitamente a mão.


- Agora, eu lembro.


O comportamento do falecido marido naquela noite não estava entre as melhores recordações que uma viúva podia ter. Simon passara a noite inteira dando em cima de uma moça meio vulgar, constrangendo e enfurecendo Dulce. Chris Uckermann desarmara a situação toda ao convencer Simon de que já estava na hora de ir embora. Dulce jamais descobriu se Chris viera galantemente em seu auxílio para salvá-la de mais humilhações, ou se de fato já estava ficando tarde, e a mulher por quem Simon passara a noite toda babando era a acompanhante de Chris. Ela jamais tivera a oportunidade de lhe perguntar, pois, até aquele instante, não haviam mais se reencontrado.


- O que está fazendo aqui em Montana? Está tendo algum rodeio na região?


Não havia muita afabilidade na maneira como Dulce estava falando. A obsessão de Simon com rodeios havia sido um dos venenos que destruíra o casamento dos dois, muito antes do acidente fatal. Chris Uckermann - se ela se recordava corretamente - era, nascido e criado, um homem de rodeio, um motivo forte o bastante para colocar um enorme abismo entre os dois.


Chris apoiou os quadris no pára-choque da caminhonete. Dulce era bonita, mesmo com aquela expressão resguardada no rosto. Tinha longos cabelos castanho-claros, presos para trás. Sua pele era tão dourada e suave como o mel, e ele poderia apostar que ela não estava usando maquiagem. Sua elegância e as pernas longas eram acentuadas pelo jeans surrado e pela camiseta vermelha. Ela não parecia fraca e indefesa. Pelo contrário, passava a impressão de ser uma mulher decidida e que não perdia tempo com bobagens. Mesmo assim, ainda era uma mulher agradável aos olhos.


- Vim ver Simon. Ele está por aí?


Dulce estremeceu. Era a segunda vez que um amigo de Simon de fora do estado aparecia, a segunda vez que teria que explicar por que ele não estava "por aí".


- Simon morreu.


- Não pode ser! - Chris escutou a própria negação sem sentido e sacudiu a cabeça. - Sinto muito. Como foi que aconteceu?


- Ele se embebedou e enfiou a caminhonete em um dos pilares de concreto que passam sob a Rodovia 191.


- Diabos. - Franzindo a testa, Chris afastou-se da caminhonete e começou a, andar de um lado para o outro. Ele tirou o chapéu e passou a mão pelos cabelos. - Diabos - repetiu. - E agora, o que eu vou fazer?


- O que você vai fazer? - Dulce não dava a mínima para o que Chris Uckermann fosse fazer a respeito de qualquer coisa, mas o comentário foi tão intrigante que ela não pôde deixar de repeti-lo com certo sarcasmo. - Não entendo como a morte de Simon possa ter algum efeito sobre a sua vida.


Dulce o observou andando de um lado para o outro com a cara amarrada. Era um homem alto, delgado e bonito, com espessos cabelos negros e olhos azuis vivazes. Um mulherengo, ela podia apostar. Só pela boa aparência, ela podia perceber que Chris Uckermann era farinha do mesmo saco que Simon. Pavões exibidos, excessivamente machões, que se achavam o centro do universo só porque arriscavam os seus pescoços idiotas em uma arena de rodeio.


Chris deteve-se e virou-se para Dulce com as mãos na cintura.


- Simon me devia três mil dólares.


Dulce ergueu a sobrancelha.


- E mesmo? - Ela quase riu. Chris não devia ter conhecido Simon muito bem, ou teria sabido ser quase impossível receber o que lhe era devido. Dulce sacudiu a cabeça. - Tudo que posso dizer é que perdeu três mil dólares, sr. Uckermann.


- Tenho uma nota promissória.


Chris pegou a carteira, e de lá de dentro, puxou um papel amarrotado, que entregou a Dulce. Ela o leu e o devolveu ao vaqueiro.


- Não me diz respeito - disse, calmamente.


Chris amarrou a cara.


- Preciso do dinheiro.


Dulce sorriu.


- Espero que não esteja pensando que vai recebê-lo de mim. Posso lhe dizer agora mesmo que não possuo três mil dólares, e, mesmo que possuísse, não os usaria para pagar as dívidas de jogo de Simon.


- Não foi uma dívida de jogo. Simon me procurou há cerca de dois anos e praticamente me implorou que lhe emprestasse o dinheiro, Ele disse algo sobre usar o dinheiro do rancho...


Chris se interrompeu. O que Simon lhe dissera fora em confidencia.


Chris, eu tirei dinheiro da conta do rancho e preciso devolvê-lo antes que Dulce verifique o próximo extrato do banco. Se ela descobrir que andei jogando novamente, vai me arrancar o couro.


Chris não tivera como recusar. Acabara de ganhar uma boa quantia em um concurso de montar o cavalo selvagem, e justamente no dia anterior, Simon o havia salvado de ser escornado por um touro bravio. Jamais tivera uma afeição especial por Simon Saviñon, mas o homem arriscara a própria vida para salvar Chris.


- Ele usou dinheiro do rancho? - indagou com desconfiança Dulce. - Dois anos atrás, você disse?


Houve muitos incidentes nos quais Simon limpara a conta bancária do rancho por algum motivo fútil, como, por exemplo, pagar alguma dívida de jogo ou comprar outra porcaria. Atrás do celeiro, havia hectares de caminhonetes e carros velhos e outras porcarias, e Simon sempre dissera a mesma coisa cada vez que comprava outra inutilidade.


Vou consertar e conseguir um grande lucro ao vender.


Ele nunca consertou nada. Simon Saviñon fora um sonhador, um maquinador, um jogador, um mulherengo e, algo que só Dulce sabia, um fraudador de seguradoras. Porém, naquele instante, não estava pensando no caráter amoral do falecido marido, mas nos três mil dólares. No fundo de sua memória encontrou a lembrança de um extrato bancário mostrando um saque e um depósito misteriosos, cada um de três mil dólares. Simon jurara não saber nada a respeito e, por fim, convencera Dulce de que o banco cometera um engano e simplesmente o corrigira. Como não afetara o saldo-final da conta, Dulce deixara para lá.


- Deixe-me ver novamente a nota promissória - pediu a Chris.


Ele a entregou e Dulce prestou atenção na data, lembrando-se do extrato bancário. Foi fácil juntar as peças. Simon sacara três mil dólares, torrara o dinheiro, provavelmente jogando, e pedira o dinheiro emprestado a Chris para manter o saldo no banco e impedir que ela descobrisse que ele havia perdido tanto dinheiro.


Ela sentiu-se murchar. Será que era responsável pelas maquinações repreensíveis de Simon? Por ele manipular Chris Uckermann a lhe emprestar o dinheiro? Era óbvio que a nota promissória era autêntica, e Chris tinha todo o direito de esperar compensação.


Mas ela precisava cuidar de si mesma, e, apesar de provavelmente conseguir juntar três mil dólares, não iria entregar tal quantia a Chris Uckermann.


Ela lhe devolveu a nota promissória.


- Sinto muito, mas não tenho todo esse dinheiro.


O pânico começou a tomar conta de Chris. Um ano atrás, sofrera um acidente feio na arena, resultando em uma perna e a clavícula fraturadas. Mas, pior que os ferimentos, fora a morte de Pancho, seu cavalo. Pancho quebrara o pescoço na queda e tivera de ser sacrificado, e todo mundo que conhecera Pancho sabia que ele era um dos melhores cavalos de sela do ramo. Para Chris, perder Pancho, fora como perder um pedaço de si mesmo. Os ossos partidos haviam sarado, mas será que algum dia encontraria outro Pancho? Especialmente quando sequer tinha o dinheiro para procurar?


Cerca de duas semanas atrás, recordara-se da nota promissória de Simon Saviñon. Embora estivesse longe de ser o suficiente para comprar um cavalo do talento e com a experiência de Pancho, três mil dólares lhe permitiriam um novo começo. Desde o acidente, usara todas as suas economias, e estava próximo da bancarrota. Sua atual situação era muito pouco dinheiro, nenhum cavalo e algumas dores que provavelmente o acompanhariam pelo resto da vida.


Mas o rodeio era tudo que sabia fazer, rodeio ou trabalhar em um rancho, uma idéia que definitivamente não considerava atraente. De qualquer forma, juntara suas coisas e viera dirigindo até Cozumel, em Montana, para encontrar Simon Saviñon e cobrar sua dívida.


Em vez disso, estava postado no pátio dos Saviñon, diante de uma mulher que o fitava com uma expressão que deixava bem claro que ele não tinha a mínima chance de reaver tal dinheiro. Quer tivesse ou não o dinheiro, não estava disposta a pagar a dívida de Simon e ponto final.


Bem, ponto final para Dulce Saviñon, mas não para ele. Ele começou a olhar ao redor, avaliando a casa, o celeiro e os currais, uma variedade de outras pequenas construções e, por fim, um enorme pasto abrigando cerca de cem cavalos.


- Aceitarei alguns daqueles cavalos como pagamento - ele disse, bruscamente, virando-se para Dulce.


Ela se empertigou.


- Se tocar em uma coisa que seja neste rancho, eu chamo o xerife Villardy, que é um bom amigo meu.


A tensão no ar tornou-se palpável.


- Você sequer vai tentar honrar parte da dívida, não é? - ele acusou.


- Por que esperou dois anos para cobrá-la? - ela indagou rispidamente. - Simon com certeza esqueceu da dívida cinco minutos após você lhe dar o dinheiro. Será que não o conhecia direito?


Chris continuava fitando os cavalos.


- Pensei que Simon criasse gado bovino. Não me recordo de ele ter mencionado cavalos.


Dulce não estava disposta a discutir essa história desanimadora com Chris Uckermann.


- Como eu acabei de dizer, será que não o conhecia direito? Olhe, é melhor ir embora e levar a sua nota promissória. Não vou pagar nada e...


- Talvez a lei diga o contrário.


Dulce suspirou profundamente.


- Faça o que achar melhor, vaqueiro. Sinceramente, não estou nem aí para o que vai fazer. Sua mísera nota promissória não é nada comparada ao resto de meus problemas.


Dulce deu-lhe as costas. Furioso, Chris estreitou os olhos.


- Pode não ser nada para você, moça, mas é um bocado para mim. As coisas não estão tão ruins assim, e suas lamúrias não me comovem nem um pouco. Tem um belo rancho aqui, uma casa e...


Dulce virou-se.


- Eu não estava me lamuriando! E sua análise de minha situação também não é nada impressionante. Então, por que não sobe na sua caminhonete incrementada e sai de minhas terras?


Caminhonete incrementada? Chris olhou para seu único bem, uma caminhonete de seis anos de idade que ele mantivera em bom estado e que, por coincidência, estava limpa e polida da última lavada e encerada que ele dera nela. Ele não tinha praticamente nada, e Dulce Saviñon estava fazendo pouco da única coisa de valor que lhe restava?


A raiva começou a queimar no seu íntimo. Recusava-se a abrir mão daquela nota promissória, diabos, ainda mais quando estava cercado pelos bens dela.


- Aceito o pagamento em prestações. Metade agora, e metade em um mês - ele sugeriu.


Irritada, Dulce jogou as mãos para cima.


- Será que não escutou uma só palavra do que eu disse?


- Será que você escutou alguma que eu disse? - ele gritou. - Estou quebrado, falido e você está agindo como seu eu estivesse tentando roubar algo que é meu de direito. Se de fato não tem o dinheiro, por que não me deixa levar alguns cavalos? Pelo menos posso vendê-los e comer enquanto penso no que fazer em seguida.


- Vendê-los? - Dulce zombou. - Eles são verdes, Chris, indomados, selvagens. Quem iria querer comprá-los?


- São selvagens? - Franzindo a testa, Chris aproximou-se da cerca. Os animais pareciam dóceis, alimentando-se da grama verde do pasto. - Será que posso dar uma olhada mais de perto? - ele perguntou, por sobre o ombro.


- Eles passarão por cima de você - Dulce disse, com certa dose de sarcasmo, ao mesmo tempo pensando que seria uma cena digna de ser vista. - Vá em frente. Fique à vontade.


Chris passou por entre os fios de arame farpado. Observando atentamente o homem, Dulce escutou passos atrás de si, e, em seguida a voz de Devon.


- O que está acontecendo, Dulce?


Devon Carter foi o único ajudante que Dulce foi capaz de manter no rancho. Desde criança, Devon vinha arrumando um problema atrás do outro. Um pai abusivo e alcoólatra e a falta de supervisão de um adulto sensato haviam deixado suas marcas no rapaz de dezesseis anos de idade, mas, desde que Dulce o pusera para trabalhar no rancho, Devon não tivera sequer uma ligeira escaramuça com a lei.


Era um jovem bonito, moreno e magricela, e estava disposto a fazer tudo o que Dulce mandava. Ela desenvolvera genuína afeição por Devon, chegando a gostar dele como se fosse seu próprio filho. Simon mostrara-se irredutível no que dizia respeito a não ter filhos, na verdade, chegara até a fazer uma vasectomia sem o conhecimento de Dulce. Meses mais tarde, durante uma bebedeira, ele lhe contara a respeito. Ela chorara por dias, e depois, como de costume, reunira a coragem e seguira adiante.


Devon estava observando o homem do outro lado da cerca de arame farpado.


- O que ele está fazendo? Quem é ele?


- Seu nome é Chris Uckermann, e acho que ele não me acreditou quando eu lhe disse que os cavalos são verdes.


- Diabos, Dulce, ele pode acabar se machucando.


- É, acho que pode - ela concordou baixinho. - Mas acho que é um daqueles homens que fazem exatamente o que querem, quando querem. Em outras palavras, nenhuma mulher vai dizer a Chris Uckermann o que fazer.


Podiam ver Chris caminhando lentamente. Sempre que chegava a alguns metros de um dos cavalos, este empinava e saia correndo. Dulce tinha razão, os cavalos eram completamente selvagens, assustados demais para deixarem um humano se aproximar. Mas alguns deles pareciam ser bons, muito bons. Eleja lhes notara a musculatura desenvolvida e simétrica, principalmente na parte traseira, o que era bom para cavalos de sela de boa qualidade. Pela disposição arisca, Chris supunha que os animais deviam ter crescido em alguma região isolada, sem nenhum contato humano. Depois, haviam sido capturados e vendidos para Simon Saviñon.


Quem iria domá-los para Dulce? Olhando para trás, ele avistou o jovem usando um enorme chapéu ao lado da moça. Talvez ele, pensou.


Dulce observava cada movimento de Chris, e contra a própria vontade, viu-se impressionada. Ele não demonstrava medo algum, e, embora não costumasse ter medo de cavalos, em geral, mantinha a distância da manada no pasto.


Chris Uckermann. A terrível noite no bar em Casper voltou à cabeça de Dulce. Simon estava bêbado e revoltante, e ela, com os próprios olhos, o vira com a moça na pista de dança, com as mãos apalpando-a e o resto do seu corpo se esfregando nela, como se já estivessem em um quarto de motel barato.


Dulce achara já ter visto de tudo na vida, mas o próprio marido, prestes a copular com uma mulher em um lugar público, sem dar a mínima para o fato de a esposa ser uma das testemunhas, era o fundo do poço. Com lágrimas nos olhos, pusera-se de pé, derrubando sem querer a cadeira.


Subitamente, Chris aparecera, endireitando-lhe a cadeira, retirando Simon e a moça da pista de dança, conversando, conversando e conversando com Simon, e finalmente acompanhando ela e Simon até o motel onde estavam hospedados, onde até se oferecera para ajudar a colocar Simon na cama.


Ela agradecera, mas lhe recusara a ajuda, afirmando que poderia cuidar sozinha do marido. Na manhã seguinte, após sentir-se um pouco satisfeita por Simon estar se sentindo muito mal devido à ressaca, ela levara as malas até o carro, ajudara Simon a subir no veículo, sentara-se atrás da direção e dera início à longa viagem até o rancho. Jamais fora dita uma palavra sequer a respeito da noite anterior, nem durante o percurso, e nem depois. Como costumava fazer, apagara da lembrança o terrível incidente e jamais pensara novamente em Chris Uckermann.


Mas ali estava ele, testando sua palavra no que dizia respeito aos cavalos, e talvez até fazendo mais do que apenas isso. Será que ele não os estava examinando com cuidado demais?


Depois que Chris vira tudo que queria ver, ele retornou para a cerca e a atravessou.


- Sem dúvida nenhuma são verdes. De onde vieram?


- Não faço idéia - respondeu Dulce. - Simon os comprou e eles foram entregues de caminhão. - Ela olhou para Devon. - Devon Carter, Chris Uckermann.


Devon estendeu a mão.


- Prazer em conhecê-lo.


- Digo o mesmo. - Chris notou que Devon não passava de um menino. Ficaria realmente surpreso se ele soubesse como domar aqueles cavalos. - Você trabalha aqui, Devon?


- Trabalha - respondeu Dulce no lugar de Devon.


Ela receava que o menino pudesse tentar explicar como acabara trabalhando ali, e não achava que a história triste de Devon fosse da conta de Chris.


- E quem mais? - perguntou Chris.


Dulce lançou-lhe um olhar que deixou bem claro que ela o considerava um enxerido, mas respondeu com sinceridade.


- No momento, mais ninguém. Tinha mais alguns homens trabalhando para mim, mas tive de dispensá-los.


Chris alternou seu olhar entre a mulher e o menino.


- E qual dos dois vai domar os cavalos?


Devon enrubesceu.


- Eu poderia fazê-lo, se alguém me mostrasse como.


- Não se deixe aborrecer pela pergunta do sr. Uckermann, Devon - Dulce disse, lançando um olhar glacial na direção de Chris. - Ele só está tentando mostrar sua superioridade sobre nós dois.


- Que modo mais tacanho de ver as coisas - afirmou Chris. - Talvez eu tenha um bom motivo para perguntar sobre a ajuda de que dispõe.


- Entendo os motivos por trás de qualquer pergunta que possa fazer - ela retrucou bruscamente. - Porém, deixe-me avisá-lo mais uma vez de que não tenho três mil dólares largados por aí. Não tenho três mil dólares aplicados no banco. Simplesmente não tenho três mil dólares! Não tenho outra maneira de deixar mais clara minha atual situação financeira.


Chris a fitou por vários longos instantes. Depois, girou nos calcanhares e se afastou. Surpresa, Dulce o viu entrar na caminhonete.


- Por que ele está tão furioso, Dulce? - perguntou Devon.


A mulher suspirou.


- Simon pegou dinheiro emprestado com ele dois anos atrás e jamais pagou de volta. Ele veio até aqui hoje para cobrar, sem saber da morte de Simon.


- Caramba, que barra - murmurou Devon. - Ele me parece ser um sujeito decente. Provavelmente está precisando do dinheiro.


- Todos estamos - retrucou distraidamente Dulce.


Mas, à medida que a caminhonete de Chris Uckermann se afastava em alta velocidade e ela caminhava na direção da casa, sua própria honestidade começou a se manifestar. Poderia ter usado um pouco mais de diplomacia para lidar com a situação, talvez até explicar a real gravidade de sua atual conjuntura.


Cansada, ela esfregou a testa ao entrar na casa. Como era possível uma mulher permanecer gentil e ponderada quando seus próprios alicerces estavam ruindo a cada dia que passava? Precisava se preocupar com os pagamentos da hipoteca do rancho, com as contas da casa, com a gasolina para o carro, com comida para ela e Devon, com o pequeno salário de Devon, e por aí em diante. No momento, os cavalos e as poucas cabeças de gado que restavam estavam se satisfazendo com a grama natural do pasto, mas, no inverno, teria de comprar feno e trigo, e com que dinheiro faria isso?


Chris Uckermann aparecendo e exigindo pagamento por uma antiga nota promissória de cuja existência ela sequer sabia fora realmente a gota d`água. Não era de se surpreender que não tivesse usado de diplomacia, pensou, a caminho da cozinha para preparar o jantar.


 


Chris foi embora furioso... Era verdade que a nota promissória não representava a dívida de Dulce Saviñon, mas sim a de Simon, e, obviamente, Dulce controlava os bens do falecido marido. Será que as dívidas não eram herdadas junto com os bens?


Chris sacudiu a cabeça. Nada sabia sobre as leis nesse caso. Poderia levar a nota promissória a um advogado e obter algumas respostas, mas não gostava da idéia de dar início a uma batalha legal contra Dulce Saviñon. Devia haver algum outro modo de reaver esse dinheiro. Não achava que ela tivesse dúvidas quanto à autenticidade da nota promissória, e talvez, de fato, estivesse sem dinheiro, como alegara. Mas Dulce possuía outros bens, tais como os cavalos selvagens, e se ele estava disposto a aceitar os animais no lugar do dinheiro, por que ela se opunha tão obstinadamente?


Por outro lado, e se ela houvesse concordado em lhe dar dois ou três cavalos? O que faria então? Do modo como estavam de nada valiam, e ele com certeza não dispunha de um lugar para domá-los. Transformar cavalos selvagens em bons cavalos de sela, que era o que ele queria fazer, exigia tempo e paciência. Bem, ele tinha o tempo e a paciência, mas isso era tudo que tinha. Pensando bem, tivera sorte quando Dulce se recusara a lhe dar os cavalos.


Chegando a Cozumel, ele dirigiu até localizar um pequeno motel na estrada que levava à Interestadual 90, onde pagou por uma noite em um dos quartos.


Isso ainda não havia acabado, procurou se convencer ao se deitar na cama com as mãos entrelaçadas sob a cabeça, fitando o teto. De alguma maneira iria reaver aqueles três mil. Não ia simplesmente deixar Cozumel e se esquecer daquela nota promissória. Dulce Saviñon logo iria descobrir que ele podia ser tão teimoso quanto ela.


Deitado na cama dura do motel, o rosto de Chris adquiriu uma expressão dura e determinada. Tudo que tinha de fazer naquela noite era resolver o que faria a seguir.



CONTINUA?!



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 323



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  • Jusly_ Postado em 27/06/2015 - 18:35:47

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