Fanfics Brasil - Livro 01: CAP.1 ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)

Fanfic: ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)


Capítulo: Livro 01: CAP.1

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Um


 


Havia um silêncio no escritório do xerife Eddy Villardy, interrompido apenas pelo suave giro do ventilador. Muitas vezes, os visitantes se surpreendiam com o fato de a primavera em Cozumel, Montana, ser tão imprevisível e que o tempo pudesse ficar tão quente. Mas o homem sentado em frente à mesa de Villardy não se tratava de um turista e não estava ali para se divertir. Ao encarar o chefe, o seu belo rosto moreno mostrava-se preocupado.


- Por que a polícia da cidade não pode investigar? Há dois detetives lá. Eu sou o único detetive especial neste departamento e já estou sobrecarregado - disse Christopher Uckermann mais uma vez.


Villardy brincava com a caneta, girando-a sobre a mesa, com o olhar ausente, enquanto pensava. Tinha a mesma constituição física de Uckermann, era rigoroso e quieto, não falava muito, embora quando o fazia, costumava ir direto ao ponto. Levantou o olhar da mesa:


- Sei disso - concordou. - Mas, no momento, você é quem merece um pouco de aborrecimento.


Uckermann cruzou as pernas e encostou-se à cadeira com um suspiro desdenhoso. Suas botas pretas estavam engraxadas impecavelmente, um hábito que adquirira na Marinha americana. O modo de pensar característico dos militares o punha em conflito com o chefe com freqüência, especialmente porque dera baixa quando estava no posto de capitão. Acostumara-se mais a mandar do que a receber ordens. Na Marinha, a resposta a um questionamento sobre qualquer dever não cumprido, a despeito de ser inocente ou culpado, era: "Sim, senhor. Não há desculpa para isso, senhor."


Ainda era difícil para Uckermann ter de justificar seus atos.


- Fiz o que a situação pediu - respondeu, tenso. - Quando alguém aponta uma arma para mim, fico nervoso.


- Foi uma demonstração de força desnecessária - opinou Villardy. - E você quebrou alguns dentes dele. O departamento terá de pagar por isso. A comissão nacional veio me cobrar explicações e não gostei nada disso - disse curvando-se sobre a mesa com as mãos entrelaçadas e um olhar firme. - Agora é você quem está com problemas. Ronald Smith encontrou um bebê abandonado na porta de casa.


- Talvez seja dele - retrucou Uckermann com um sorriso sarcástico.


Ronald era uma imitação barata de seu pai, Ricardo, um rancheiro. Portanto, imaginá-lo com uma mulher era bastante divertido.


- Como eu dizia - o xerife continuou sem responder ao comentário -, o bebê foi encontrado fora da cidade. -Daí o motivo do nosso envolvimento no caso. Os pais precisam ser encontrados. Você não está trabalhando em nada urgente, de modo que pode pegar esse caso. Quero que fale com Dulce Saviñon no escritório da assistência social.


Uckermann gemeu:


- Não seria melhor você me dar logo um tiro?


- Não precisa reagir assim - disse Villardy. - Ela é uma boa pessoa - completou. - E, nossa, o pai dela era um excelente médico...


A voz dele ficou baixa repentinamente. Uckermann se lembrou que o filho de Villardy morreu em um acidente numa caçada. O pai de Dulce tentou salvá-lo, mas não conseguiu. A esposa de Villardy, Zoraida, divorciou-se dele um ano após o enterro - portanto, três anos atrás.


- Bem, Dulce é uma das melhores assistentes sociais no departamento - continuou Villardy.


- Ela se tornou a diretora do departamento e uma grande dor de cabeça - respondeu Uckermann. - É a pequena Miss Sunshine, distribuindo sorrisos de alegria onde quer que vá. - Os olhos negros pareciam soltar relâmpagos de raiva. - Ela não consegue diferenciar o que é responsabilidade do governo daquela militância social comovente.


- Comecei a me perguntar se é justo dar a ela a punição de trabalhar com você - disse Villardy, alto. E levantando as mãos, acrescentou: - Bem, você terá que sorrir e agüentá-la. Não posso passar o dia tentando convencê-lo. Este é a minha divisão e eu sou o xerife. Vê isso? - apontou o distintivo no uniforme.


- Precisa de um polimento - notou Uckermann. Villardy cerrou os olhos.


- Saía já daqui, antes que eu me esqueça que você trabalha para mim.


Uckermann ficou de pé; tinha mais de um 1,85m de altura. Era apenas um pouco mais alto que o xerife, e estava vestido casualmente com camiseta, calça e jaqueta jeans. Mas, quando esta se abriu, revelou sua pistola 45 automática, dando aos que passavam uma dica do tipo de trabalho que fazia. Era um detetive à paisana, mas apenas os turistas se confundiam com sua vestimenta casual. A maioria dos habitantes de Cozumel sabia que Uckermann era um militar tão conservador quanto suas botas pretas indicavam.


- Não atire em ninguém - disse-lhe Villardy. - E, da próxima vez que um homem ameaçar dar um tiro em você, verifique primeiro se ele tem mesmo uma arma e desarme-o antes de bater nele, por favor.


Os olhos de Villardy se dirigiram ao anel prateado que Uckermann usava no dedo médio da mão direita.


- Esse anel é tão pesado que foi um milagre a mandíbula dele não ter sido quebrada.


Uckermann levantou a mão esquerda, sem anel.


- Foi com essa mão que eu bati nele.


- Ele falou que parecia um taco de beisebol. - Não vou lhe contar onde ele me bateu antes de ameaçar atirar em mim - respondeu o detetive, voltando-se para porta. - E, se você não gostou do que fiz, saiba que por pouco o dente quebrado não foi a menor das reclamações.


- Dulce Saviñon está à sua espera no escritório da assistência social - completou Villardy.


Em defesa de Uckermann, pode-se ressaltar que saiu sem bater a porta.


Dulce Saviñon estava arrumando papéis, aparentando estar calma. Tornara-se adepta de se mostrar equilibrada, mesmo quando estava histérica. Desde sua promoção a diretora da assistência social, percebera que teria de almoçar no escritório e abrir mão de sua vida privada. Entendeu logo por que sua predecessora se aposentara mais cedo. Muitas pessoas vinham à sua sala em busca de ajuda. Como o resto do país, Montana estava passando por um período difícil economicamente. Era cada vez mais difícil o salário dos cidadãos chegar ao fim do mês. Os ranchos faliam a todo o momento, e os donos eram levados ao arrendamento das terras ou à venda para grandes corporações. O trabalho manual, antes valorizado, tornara-se um fardo para o sistema, pois, quando os agricultores perdiam o emprego, não se encontravam capacitados para obter uma vaga no setor de alta tecnologia. Até as secretárias tinham de usar computador hoje em dia. Os policiais também. A batida na porta foi seguida da voz aguda da secretária:


- Mas ela está ocupada...!


- Tudo bem, Bianca - disse Dulce à jovem atormentada. - Já estava aguardando Uckermann.


Não mencionou que estava meia hora atrasado. Tentava comparar Christopher Uckermann a uma força da natureza: era como um garanhão selvagem, orgulhoso, que viajava sozinho e seguia suas próprias regras. Em segredo, admirava-o. Desejava ser uma modelo maravilhosa com curvas nos lugares certos e um rosto lindo - talvez loura em vez de morena. Ao menos, fora capaz de trocar os óculos por lentes de contato, o que melhorou sua aparência. Mas, quando tinha alergia, precisava usar os óculos... como agora.


Uckermann não esperou para ser convidado a se sentar, pegou a cadeira ao lado da mesa e cruzou as longas pernas.


- Vamos lá - disse ele, sem preâmbulos, com um ar de monotonia.


O olhar dela percorreu seus cabelos escuros e grossos, cortados convencionalmente, depois as sobrancelhas e os olhos igualmente escuros, no rosto moreno claro. Ele tinha orelhas, mãos e pés grandes, embora nada nele fosse desajeitado. O nariz curvado, provavelmente de tanto ser quebrado; e a boca com a qual Dulce sonhava: bem definida e sexy. Ombros e peitoral largos e uma cintura delgada como um peão de rodeio. A barriga dele era lisa e tinha pernas musculosas. Era tão másculo que a fazia se contorcer de desejo. Apesar de ter 25 anos e ser uma mulher madura, apenas dez anos mais nova que ele, sentia-se inadequada na sua frente, como profissional e como mulher.


- Continua me idolatrando, Dulce? - reprimiu-a, divertindo-se por fazê-la corar.


- Não me provoque, é sério - respondeu suavemente. Ele deu de ombros.


- Tudo bem, o que você fez com a criança?


- Gabrielle - ela lhe informou. Uckermann ficou irritado com a resposta.


- O bebê abandonado...


Não adiantava. Não permitiria que ninguém no trabalho dele fosse personalizado. Os garotos que prendia eram delinqüentes juvenis e bebês abandonados eram exatamente a mesma coisa: sem nome, sem identidade, sem complicações para sua vida organizada. Dulce sentiu pena dele, embora não tenha demonstrado. Afinal, não tinha ninguém próximo, nenhum amigo, parente ou conhecido. Estava abandonado e vulnerável sob a fachada de durão, que lhe parecia a melhor proteção contra as mágoas. A infância dele era conhecida em Cozumel. Todos sabiam que a mãe era alcoólatra e que, após sua prisão e morte, ele fora internado em diversos orfanatos, um após o outro, e valorizado apenas quando oferecia uma ajuda em algum rancho. Era um forasteiro. Via de fora, através da janela embaçada, o que poderia ser a vida em família, em outras circunstâncias.


- Você está fazendo isso de novo! - falou irritado. Ela levantou a sobrancelha fina, sobre os doces olhos castanhos.


- O quê? - perguntou.


- Está me rotulando - disse. - Pobre órfão, vagando de um lugar a outro...


- Gostaria que parasse de ler a minha mente - retrucou. - É muito desconcertante.


- Gostaria de que parasse de se derreter por mim - retrucou. - Não preciso de pena, estou feliz com a minha vida. Passei por maus momentos, mas e daí? Muitas pessoas também passaram. Estou aqui para falar de um caso, Dulce, e não é o meu.


Ela sorriu, sem jeito.


- Tudo bem, Uckermann - concordou, enquanto pegava uma pasta. - A menina foi levada ao hospital de Cozumel, onde fez exames, encontra-se saudável, limpa e bem cuidada. Tem apenas duas semanas de vida. Está sendo mantida em observação e depois será entregue às autoridades, que cuidarão dela até os pais serem localizados. Vou vê-la amanhã cedo e gostaria que você viesse comigo.


- Não preciso ver isso...


- Ver a menina - corrigiu-lhe. - Gabrielle.


- ... para ser capaz de localizar os pais - concluiu ele sem titubear.


- Os pais dela - Dulce emendou calmamente.


Ele nem mesmo piscou:


- Mais alguma coisa?


- Esteja aqui às nove - Dulce continuou. - Podemos ir no meu carro.


Os olhos dele se arregalaram.


- Naquele tanque amarelo que você dirige?


- É uma caminhonete! - ela exclamou na defensiva. - E é muito necessária, se você considerar onde moro!


Recusou-se a pensar na cabana em que ela morava no meio do nada, em frente a um riacho que transbordava toda vez que chovia. Mas não queria se preocupar apenas por ela não ter família. Naquele aspecto, os dois eram bem parecidos. Mas em outros aspectos...


Uckermann levantou-se.


- Você pode vir comigo - ele disse, com notável impaciência.


- Detesto andar em carro de patrulha - ela resmungou.


- Não tem nada escrito. É um carro à paisana.


- Com certeza, com aquelas calotas espalhafatosas, cinqüenta antenas e uma sirene. Nem precisa de nada escrito, não é? Qualquer um que não seja cego saberia que se trata de um carro de patrulha!


- É melhor que um tanque - replicou.


Ela também se levantou, sentindo-se em desvantagem sentada, embora ele fosse bem mais alto que ela. Afastou uma mecha de cabelo do rosto, que escapara do coque no topo da cabeça. O terninho bege chamava a atenção para seu corpo esguio mas sem curvas.


- Por que você prende o cabelo desse jeito? - perguntou, curioso.


- Cai no meu rosto quando estou trabalhando - disse ela, indicando a pilha de pastas sobre a mesa. –Além da Bianca, tenho apenas mais duas funcionárias e estão tentando diminuir para uma, em razão de cortes no orçamento. Já trabalho aos sábados para pôr o serviço em dia, e acabaram de reclamar comigo por causa das horas extras que faço.


- Não me soa estranho.


- Eu sei - disse, bem-humorada. - Todo mundo tem que contornar orçamentos reduzidos hoje em dia. Faz parte do serviço público.


- Então, por que não se casa e deixa um homem forte cuidar de você? - provocou.


Inclinando a cabeça, desdenhosamente, Dulce perguntou com um sorriso malicioso:


- Está me pedindo em casamento, oficial? Alguém o deixou com água na boca com histórias sobre o meu pão caseiro?


Tinha sido sarcástico, mas ela conseguiu lhe dar o troco. Respondeu, sorrindo com relutância:


- Não sou do tipo que se casa. Não quero mulher e filhos.


O semblante dela se fechou um pouco, embora um pequeno sorriso permanecera.


- Nem todo mundo quer - concordou.


Foram interrompidos pelo telefone, tocando na outra sala, e, em seguida, pelo interfone. Ela se voltou para a mesa.


- Obrigada por passar aqui. Encontro você amanhã - acrescentou, enquanto pegava o fone. - Pode falar, Bianca - disse.


 


Uckermann silenciosamente repousou o olhar sobre sua cabeça baixa. Depois de um minuto, virou-se e saiu, fechando a porta suavemente. Fez isso sem dizer adeus. Aprendera com a vida a não olhar para trás. A casa onde Uckermann morava ficava numa rua sem saída. Às vezes, sentava-se na varanda com uma cerveja e apreciava a paisagem ao redor, enquanto olhava as crianças andando de bicicleta. Observava tudo como se fosse um estranho, tentando saber em que casas elas moravam. De alguns pais, notava afeto, de outros, indiferença pelas crianças. Mas via tudo isso a distância. Não tinha altos e baixos na vida, pois não respondia a ninguém, era livre para fazer o que quisesse. Pegou uma gripe no inverno passado, ficou de cama mais de um dia, queimando de febre. Só quando faltou ao trabalho alguém veio procurá-lo. Esse incidente lhe mostrou o quanto era solitário.


Não ficou sozinho por muito tempo. Dulce veio cuidar dele. Ignorando suas bravatas sobre não querer nenhuma mulher na casa, alimentou-o e fez a limpeza, e só se foi quando estava convencida de que ele podia sair da cama. Por causa disso, tornou-se ainda mais rude com ela. Ao voltar para o trabalho, levou um pote de sopa que ela lhe preparara, em tamanha quantidade que teve de repartir com outros policiais. Foi muito desagradável ouvir as gracinhas deles sobre os cuidados de Dulce, fazendo-o despejar essa irritação nela.


Nem mesmo lhe agradeceu pelo incômodo, lembrou-se. Ela era seu ponto fraco, embora não souBesse disso, graças a Deus. Tratava-a mal para que não perceBesse a fraqueza que sentia por ela. Estava se saindo bem porque, ultimamente, ela não o olhava nos olhos. Tomou um gole de cerveja, remoendo as lembranças. Com a mão livre, acariciava a cabeça de seu dobermann. Há um ano, encontrara-o dentro de um saco em um rio, e após resgatá-lo, não encontrou ninguém que o quisesse e acabou ficando com o cachorro. Com o tempo, relutantemente, passou a gostar dele, e ele se tornara parte de sua vida. Se tinha alguma família, pensou, era Mack.


Depois de ver o pôr-do-sol, resolveu entrar. Estava apagando as luzes quando o telefone tocou.


- Aqui é Villardy - o xerife anunciou-se. - Temos uma ocorrência na casa do Miles, está fora da jurisdição da polícia da cidade. Portanto, ou você vai ou outro oficial terá de ir.


- Não adianta nada eu ir - disse Uckermann. - Jerry Miles bate na mulher duas vezes por mês, mas ela nunca o denuncia. Da última vez ele bateu no filho e mesmo assim...


- Eu sei.


- Vou de qualquer, maneira - decidiu Uckermann. - É uma pena que não possamos prendê-lo sem o depoimento dela. Ela tem medo. Se o deixar, provavelmente ele a perseguirá e sabe Deus o que pode acontecer.


- Só podemos esperar que ela procure ajuda.


- Dulce tentou - admitiu Uckermann -, mas nada adiantou. Não se pode ajudar alguém antes que esteja pronto para aceitar a ajuda e as conseqüências.


- Concordo.


Uckermann foi até a casa de Miles, a cinco quilômetros de Cozumel. Não ligou as sirenes e, ao chegar, desligou os faróis. Saiu do carro e desafivelou o coldre da arma em sua cintura, por precaução. Mais um policial já fora morto ao atender a uma briga doméstica.


A noite estava assustadoramente silenciosa. Uckermann percorreu com os olhos toda a área e viu uma caminhonete amarela parada atrás da casa... Dulce estava lá!                                                                  


Apressou os passos, atravessou a varanda e bateu na porta da frente.                                                          


- Polícia - anunciou. -Abra!


Houve uma pausa. Pôs a mão na pistola e encostou-se ao lado da porta, à espreita. A porta principal se abriu repentinamente e Dulce Saviñon saiu, aparentando cansaço.


- Está tudo bem - ela disse. - Ele apagou na cama.  Ellen e Chad estão bem.                                             


Uckermann entrou na sala, sentindo-se incomodado ao ver duas pessoas cujas vidas estavam em ruínas, como a luminária esfacelada no chão. O sofá estava manchado, e o tapete, rasgado. Ellen encontrava-se sentada no sofá com os olhos vermelhos, abraçada a Chad, que chorava e tinha um machucado no rosto.


- Quanto tempo mais você vai deixar o menino sofrer, assim, Ellen? - Uckermann perguntou baixinho.


A mãe fitou o filho com tristeza.


- Meu senhor, se eu puser meu marido na cadeia, ele me mata - confessou.                                               


- Ele está mal, Ellen - Dulce acrescentou gentilmente, olhando em direção ao quarto com uma pontinha de medo. - Ele está muito doente. O alcoolismo pode matá-lo.                                                                  


- Sim, senhora. Sei disso. Mas ele é adulto - a mulher continuou numa voz soturna, enquanto acariciava o cabelo do filho. - Ele disse que me ama. Sempre se arrepende depois.


- Ele não se arrependeu - Uckermann disse, com a voz grave e firme. - Ele gosta de vê-la chorar, de fazê-la sentir medo. Ele se diverte com isso.


- Uckermann! - Dulce exclamou.


Ele a ignorou. Ajoelhou-se na frente de Ellen e disse:


- Ouça. Minha mãe era alcoólatra. Uma vez, chegou a jogar uma garrafa em mim, que quebrou meu braço. Quando ficou sóbria, disse estar arrependida, mas, depois daquilo, parei de acreditar. Chamei a polícia, que a prendeu, e aí parei de apanhar para sempre.


Ellen enxugou os olhos.


- Você não se arrepende? Ela era sua mãe. Você deveria amá-la.


- Não se bate em quem se ama - respondeu. - Você sabe disso. Vai inventar desculpas até seu filho ser morto?


Ela agarrou o menino e sussurrou:


- Mas ele não fará isso, pois ama o Chad e me ama também. Apenas se esquece disso quando bebe muito.


- Se ele machucar o seu filho, você irá para a cadeia como cúmplice - Uckermann lhe disse. - Juro que eu mesmo venho prendê-la.


Ellen ficou pálida. Apertou mais a mão do menino.


- Chad não quer ver o pai na cadeia - disse com firmeza. - Quer, filho?


- Sim, senhor, quero - respondeu com a voz embargada. - Não quero que ele bata mais na minha mãe. Tentei pará-lo e recebi isso - apontou para o olho.


Uckermann fitou Ellen de forma acusatória e raivosa.


- Ele nos fará mal se o pusermos na cadeia - admitiu. - Tenho medo dele. Muito medo!


Dulce se aproximou.


- Há um abrigo para vítimas de violência - disse. - Vou cuidar para que você vá para lá, onde estará protegida. Ele não virá atrás de você ou de Chad porque senão será preso por isso também.


Ellen mordeu o lábio inferior.


- É meu marido - disse enfaticamente. - O livro sagrado diz que, quando você faz um voto, não deve quebrá-lo.


Uckermann ergueu a cabeça.


- O mesmo livro diz que, quando um homem ama uma mulher, deve respeitá-la. E não fala nada sobre poder bater nela, fala?


A senhora hesitou por um minuto.


- Tenho uma tia em Lexington, Kentucky, que nos deixaria viver com ela, tenho certeza. Meu marido não sabe disso e jamais nos encontraria.


- É isso que você quer? - Dulce perguntou.


A mulher deu uma olhada na sala, como se medisse a destruição. Sentiu-se acabada como a luminária e o sofá. Por fim, seus olhos pararam no filho. Nenhuma criança de 12 anos de idade deveria passar por aquilo. Tocou suavemente o cabelo de Chad.


- Tudo bem, querido - ela lhe disse. - Vai ficar tudo bem. Vamos tirá-lo daqui.


Ellen se voltou para Uckermann:


- Tenho que fugir, não posso denunciá-lo...


- Não se preocupe - Uckermann disse. - Ele dormirá por um bom tempo e não saberá onde encontrá-la. Quando for procurá-la, já estará bêbado de novo, e aí poderei colocá-lo na cadeia por dirigir embriagado.


- Certo - disse ao ficar de pé - tenho que pegar minhas coisas. - Os olhos dela, aparentando medo, voltaram-se para o quarto.


Uckermann posicionou-se na frente da porta daquele cômodo, pois, se o marido acordasse, tomaria alguma atitude contra ele. Enquanto a mulher entrava no quarto escuro, Dulce permaneceu sentada no sofá, acompanhando-a com um semblante tão temeroso que chamou a atenção de Uckermann.


Dulce foi para a estação de ônibus no seu carro, parando ao lado do veículo de Uckermann. Ao tentar dar partida novamente, o motor se recusou a pegar.


Viram mãe e filho partirem. Quando Uckermann olhou o relógio, já passava de meia-noite, mas ele não tinha sono.


Dulce entendeu aquele gesto como se fosse a hora de ele ir embora.


- Obrigada pela ajuda - ela lhe disse. - Melhor eu voltar para casa. Você pode me levar? Meu carro quebrou outra vez.


- Claro. Mando alguém vir consertá-lo de manhã e levá-lo para o seu escritório. Tenho certeza de que arranja uma carona para o trabalho.


- Sim, arranjo, obrigada - respondeu, aliviada. Segurou-lhe pelo braço e a levou para a estação, onde havia um senhor vendendo café, bolinhos e refrigerantes. Dulce ficou boba. Normalmente, Uckermann ficava ansioso para sair de perto dela. Levá-la para tomar café era uma ocasião histórica e a deixou sem saber o que pensar.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Para NinaBreak e JessikaVon Dois   Uckermann a levou para uma mesa e depois trouxe duas xícaras de café fumegante. - E se eu não tomasse café? - ela perguntou. - Sempre a vejo com uma xícara de café na mão - respondeu, sorrindo. - E sem leite também. Açúcar? Dulce balançou a cabeça ...


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Comentários da Fanfic 323



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  • Jusly_ Postado em 27/06/2015 - 18:35:47

    Amei

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