Fanfics Brasil - Cap.3 ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)

Fanfic: ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)


Capítulo: Cap.3

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PARA JESSIKAVON!


Três


 


Dulce abriu a porta e entrou em sua acolhedora casa. Um longo corredor levava à cozinha, passando por um quarto de hóspedes. O chão, de pinho, estava coberto por tapetes desgastados. A sala de estar e de jantar formavam um só ambiente, na frente. Ao fim do corredor, próximo à cozinha, havia um banheiro antigo, elegante. O encanamento a deixava louca durante o inverno - que era quase insuportável naquela casa - e o verão ali era mais quente que o inferno. Não havia ar-condicionado e o aquecimento não era confiável. Complementava-o com a lareira e aquecedores a querosene. Provavelmente, a qualquer hora, incendiaria o local tentando se esquentar, mas, exceto pelo frio repentino, mantinha-se saudável.


Sonhava com uma casa habitável o ano todo quando ouviu um miado suave vindo da sala, e Marylin veio correndo cumprimentá-la. O grande felino tinha a pelagem alaranjada. Quando o encontrou pela primeira vez, estava abandonado, era um chumaço de pêlos ambulante, cheio de pulgas e rabo eriçado. Limpou-o e trouxe-o para dentro de casa. Tornaram-se inseparáveis desde então. Entretanto, o felino detestava homens. Era um gato grande com garras afiadas que precisava ser trancado sempre que algum homem vinha fazer reparos na residência, senão o bichano sibilava e cuspia. Uma vez atacara o rapaz que fazia a leitura do medidor de água, que nunca mais se aproximara quando Marylin estava solto.


- Olá! - disse, sorrindo, enquanto o gato se enrascava em suas pernas. - Quer saber tudo o que me aconteceu?


Ela o pegou nos braços e subiu as escadas. O felino fez um som suave.


- Posso dizer que já tive noites melhores.


Mais tarde, com Marylin enrolado ao seu lado, apoiando a cabeça no seu ombro, ela dormiu. Contudo, teve o pesadelo habitual, provocado, com certeza, pela violência que vira mais cedo. Acordou suando frio, chorando no escuro. Foi um alívio perceber que estava na segurança do seu lar. Marylin abriu os olhos e olhou-a quando ela acendeu a luz.


- Não foi nada, volte a dormir - disse-lhe gentilmente. - Acho que vou ler um pouco.


Pegou seu romance favorito e se encostou para lê-lo. Gostava mais desses livros antigos, os que a levavam a outro mundo e sempre tinham um final feliz. Logo, enveredou-se pela história e a realidade desapareceu por um instante.


Às nove da manhã, pontualmente, Uckermann apresentou-se no escritório de Dulce. Usava calça bege e uma jaqueta esportiva sobre a camiseta. Não estava de gravata. Aliás, parecia detestá-las. Ao menos Dulce nunca o vira usar uma.


Ela vestia tailleur cinza com uma jaqueta solta. O cabelo estava preso firmemente num coque e usava apenas um leve toque de maquiagem. Ao vê-la pegar seus papéis, Uckermann pensou que preferia a mulher cansada da noite passada, com os cabelos soltos sobre os ombros.


- Vamos no meu carro - disse-lhe ao chegar no estacionamento, pondo os óculos escuros que lhe davam um ar mais ameaçador.


- Tenho outro compromisso depois. Vou na minha caminhonete que, graças a você, já foi consertada...


Uckermann abriu a porta do passageiro no carro de patrulha e ficou lá, de pé, sem dizer nenhuma palavra.


Dulce hesitou por um minuto e depois permitiu que a ajudasse a entrar no carro.


- Você está se esforçando para ser intimidador ou é sempre assim? - perguntou-lhe, a caminho do hospital,


- Passei anos dando ordens a militares - respondeu de pronto. -Velhos hábitos são difíceis de mudar. Interferem até no trabalho, pois me esqueço que Villardy é meu superior.


Aquilo soou engraçado, mas não disse nada, pois, como não dormira, não se sentia muito bem. Agarrou-se à bolsa e olhou para a paisagem pela janela. Montana era linda na primavera. Os arredores de Cozumel eram amplos, com morros que se estendiam pelo horizonte e que, mais tarde, estariam cobertos por plantações de cereais. De vez em quando, cabeças de gado pontilhavam o cenário. Havia paineiras e salgueiros ao longo de riachos, mas, na maior parte, via-se o campo aberto. Aquele era o lugar que ela amava.


Gostava em especial de Cozumel. Com suas ruas largas e muitas árvores, a cidade a fazia lembrar de Billings - que tinha bairros silenciosos e o centro grande, além de uma refinaria nos arredores. A estrada de ferro atravessava Billings, bem como Cozumel. O trem era um meio de transporte necessário, porque a mineração era um grande negócio no sul de Montana.


O hospital de Cozumel era rodeado de paineiras. A arquitetura era bem planejada e havia uma estátua de Lewis e Clarck na parte da frente. O autógrafo de William Clarck, gravado em pedra no Pompay Pillar, perto de Hardin, em Montana, ainda atraía fotógrafos. A expedição de Lewis e Clarck chegara até Cozumel.


Dulce e Uckermann se apresentaram à enfermeira e foram levados ao berçário. A pequena Gabrielle, ou Gabby, como fora apelidada, estava num dos berços. Era muito bonita, com grandes olhos azuis e um rufo de cabelo louro na cabeça. Fitou os visitantes sem mudar de expressão, embora tivesse um olhar alerta e inteligente.


Dulce observou Gabby ansiosamente, largou a maleta no chão e pegou-a no colo, após receber o olhar de aprovação da enfermeira.


- Pequeno anjo! - sussurrou, com um sorriso tão triste que fez Uckermann franzir a testa. Ela tocou-lhe a pequena mão, cujos dedos se fecharam no dela. Teve de evitar as lágrimas. Nunca teria um bebê. Nunca conheceria a alegria de gerar uma criança, vê-la nascer e amamentá-la...


Emitiu um gemido e Uckermann se meteu entre ela e enfermeira sem nenhum cuidado.


- Quero ver qualquer peça de roupa que tenha sido encontrada com a criança - disse educadamente.


A enfermeira lhe entregou uma pequena trouxa que ele abriu. Havia um velho cobertor rosa sem etiqueta - provavelmente feito em casa, a julgar pela borda costurada à mão. Tinha uma pequena camisola, cheia de lacinhos e com uma etiqueta de marca estrangeira, o tipo que pode ser encontrada numa liquidação de peças finas. Havia meias feitas de tricô e uma mamadeira. Esta era de plástico comum, nada de excepcional. Ele deu um suspiro de nervoso. Nenhuma pista por ali.


- Ah, sim, há mais uma coisa, detetive! - a enfermeira disse de repente, dando-lhe um pequeno broche, um camafeu rosa. - Isto estava na camisola. Estranho, não é? Colocar algo tão valioso num bebê? Parece ser de ouro mesmo.


Uckermann tocou o broche e virou-o. Certamente era de ouro e antigo. Aquilo fazia parte da herança de alguém. Poderia ser a pista para levá-lo aos pais da criança.


Pôs o camafeu em um saco plástico e guardou-o no bolso. Não valia a pena procurar digitais nele, pois era pequeno e já tinha sido manipulado por muitas pessoas. Villardy já verificara esses itens no dia anterior quando o bebê fora achado. As digitais na mamadeira foram apagadas, mas não no berçário. Obviamente os pais não desejavam ser localizados. Mas o broche chamava atenção. Por que apagar as digitais e incluir uma jóia de herança facilmente identificável?


Com as sobrancelhas ainda cerradas, voltou-se para Dulce, que estava pondo a criança de volta no berço. O semblante dela era fácil de decifrar, mas ela disfarçou bem rápido os pensamentos com uma expressão de mulher de negócios.


- Vamos ter de deixá-la numa creche até os juizes determinarem onde ela deve ficar. - Dulce informou à enfermeira. -Vou cuidar disso imediatamente assim que voltar ao escritório. Terei de falar com o médico de plantão também.


- Claro, srta. Saviñon. Por favor, venha comigo. Uckermann a seguiu pelo longo corredor que levava à sala do dr. Henderson. Conversaram sobre as condições de saúde da criança e ficaram satisfeitos de saber que receberia alta na manhã seguinte.


- Enviarei os formulários necessários - Dulce assegurou, apertando a mão dele.


- Dá pena, não? - o médico disse com tristeza. - Um bebê jogado fora como se fosse um prato descartável.


- Ela não foi exatamente jogada fora. Ao menos foi deixada num local onde alguém a encontraria. Outros bebês não tiveram a mesma sorte.


Uckermann contraiu os lábios.


- Alguém ligou para saber da criança? - perguntou de repente.


- Ah, sim - o médico respondeu com ar de curiosidade. - Na verdade, ligou uma moça do jornal de Cozumel. Queria fazer uma matéria, mas lhe disse que teria que pedir permissão a vocês.


Uckermann ergueu a sobrancelha.


- O jornal de Cozumel não tem uma repórter. Franziu a testa.


- Escutei-a dizer que era do jornal, mas posso estar enganado.


- Duvido - Uckermann disse pensativo. - Provavelmente era a mãe do bebê verificando se tinha sido encontrado.


- Se ela ligar outra vez, entro em contato com você.


- Obrigado - agradeceu Uckermann.


Dulce e ele percorreram os corredores em direção à saída do hospital. Fitando-a, Uckermann lhe perguntou:


- Quantos anos você tem? -Ela se assustou.


- 25 - respondeu. - Por quê?


Olhou para frente e pôs a mão no bolso.


- Essa atitude moderna pode funcionar para outras mulheres, mas não para você. Por que não se casa e tem seus próprios filhos em vez de ficar babando pelos dos outros?


Dulce não respondeu. A raiva fez-lhe o sangue ferver. Apertou o passo enquanto saia do hospital e se dirigia ao carro dele. Uckermann abriu a porta para ela, que não lhe agradeceu a gentileza, porque sentia muita raiva. Não lhe dera o direito de fazer esse tipo de comentário. A sua vida pessoal não lhe dizia respeito!


Sentou-se ao lado dela no carro, mas não deu partida. Fitou-a nos olhos.


- Você chorou? - perguntou.


Segurando a maleta como se fosse um colete salva-vidas, continuou olhando para frente, ignorando-o.


Uckermann socou a direção, sentindo raiva e impotência. Não deveria permitir que ela o tirasse do sério dessa forma.


- Como pode ser um agente da lei nervoso desse jeito? - perguntou-lhe friamente.


Ele a encarou.


- Não bato em ninguém.


- Bate sim! - replicou ela. - Bateu no homem que o ameaçou com uma arma. Fiquei sabendo de tudo!


-Você soube que ele me deu um chute no... Bem, deixe para lá, mas ele quase me capou antes de eu lhe encostar o dedo - falou grosseiramente.


Agarrou a maleta como um escudo.


- Uckermann, você é um grosso! Rude e insensível!


- Rude? Insensível? - exclamou. Olhava-a com ferocidade - Se você achou que isso foi rude, deixe-me explicar de maneira mais direta - acrescentou com um sorriso frio, e demonstrou com um gesto o que o homem fizera com ele.


A respiração dela tornou-se pesada, os olhos, mortiços e o rosto, lívido.


- Suas mãos estão coçando, não? - ele a provocou. - Quer me bater, mas não tem coragem.


- Você não tem o direito de falar assim comigo!


- Como você se meteu nesse tipo de trabalho? - perguntou. - Você é uma mulher com o coração mole que tem mais pena do que propósito na vida. Se soltasse esse cabelo... - Retirou uns grampos do seu coque. - ...E, se ficasse com essas lentes de contato, talvez encontrasse um homem com quem casar. Então, não teria de passar a vida negando suas necessidades num emprego que serve apenas como um substituto para uma relação com um homem!


- Seu...! - O susto com o impacto da maleta nos seus ombros deixou-o sem palavras. Ela bateu nele outra vez antes que se recuperasse. A maleta era pesada, mas foi a surpresa do ataque que o congelou na cadeira enquanto Dulce descia do carro e batia a porta furiosamente.


Correu pela rua com as mechas do cabelo se soltando do coque e a jaqueta torta. Mesmo nesse estado patético, manteve uma postura de dignidade e não ollhou para trás nenhuma vez.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 323



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  • Jusly_ Postado em 27/06/2015 - 18:35:47

    Amei

  • jessikavon Postado em 24/11/2009 - 09:09:11

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