Fanfics Brasil - Livro 01- CAP.04 ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)

Fanfic: ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)


Capítulo: Livro 01- CAP.04

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Quatro


 


Correu quatro quarteirões, até as pernas não responderem mais. Agradeceu a Deus pela existência da Câmara do Comércio ao se sentar no banco sobre a calçada, patrocinado por essa agência. O sol do final de abril era quente e sua jaqueta, embora leve, sufocava-a. O salto alto estava matando-a. Ela tirou o sapato direito e massageou o pé. De repente, notou a aproximação de um carro de patrulha, que parou perto da calçada. Uckermann saiu do veículo, sem pressa, e se sentou ao seu lado.


- Você é o homem mais difícil que conheci - ela disse diretamente. - Não entendo por que gosta de fazer da minha vida um inferno quando eu sempre quis ser gentil com você!


Ele se sentou, reclinando-se no banco, e cruzou as pernas.


- Não preciso de gentileza e não gosto de mulheres do seu tipo.


- Isso eu sei - disse. - Você demonstra. Mas não fiz nada para você.


Ele tirou os óculos escuros e observou-a. Seu olhar era impenetrável e intenso. Como poderia contar-lhe que a atitude maternal que tinha lhe dava vontade de gritar? Precisava de uma mulher e Dulce era desejável, mas, apesar da reação que ela tivera na frente da estação de ônibus, não lhe permitiria se aproximar. Embora não fosse convencido, sabia que era um homem bonito e atraente fisicamente. As mulheres sempre corriam atrás dele, nunca o contrário. Dulce era exceção e talvez isso fosse bom, porque não era afeito a compromissos.


- Deveríamos estar trabalhando juntos num caso - relembrou-a.


- Não trabalho com homens que me tratam como uma qualquer - disse-lhe friamente. - Não tenho que aturar sua linguagem chula. E devo lhe lembrar de que deveria estar protegendo a lei e não quebrando-a verbalmente. Ou usar esse tipo de linguajar na frente de uma mulher não constitui má conduta em Cozumel?


Contorceu-se sobre banco, pois se tratava mesmo de má conduta. Detestava admitir, mas esse comentário fora como um soco, e o fizera perder o equilíbrio.


- Não era linguajar obsceno. Era apenas descritivo - defendeu-se.


- De arrepiar os cabelos!


- Tudo bem. Saí da linha! - cruzou as pernas novamente! - Você me deixa vulnerável - completou irritado.- Não notou?


- Difícil não perceber - respondeu. - Se sou tão difícil de agüentar, detetive, há outras assistentes sociais no meu departamento...


- Villardy me mandou trabalhar com você. Então, é isso que vou fazer.


Ela calçou o sapato, chamando-lhe a atenção para as pernas longas e sensuais.


- O que não significa que precisamos andar juntos - informou-lhe. - Podemos nos falar por telefone quando necessário.


- Não gosto de telefone. Exasperada, fitou-o nos olhos.


- Já pensou em distribuir uma lista do que não gosta às pessoas? - perguntou. - Ou, melhor, uma lista do que gosta, porque seria mais curta.


Olhou-a com raiva.


- Não fazia parte dos meus planos ser um policial caipira numa cidade caipira, brigando com uma mulher caipira que pensa que um relacionamento sério significa ter um gato.


- Não entendo por que você não volta para a Marinha!


- Fiz muitos inimigos. - Ele tentou engolir as palavras. - Também não me encaixaria por lá. Tudo está mudando. Novas regras, políticas...


- Você já pensou em se tornar diplomata? - perguntou com sarcasmo.


- De jeito nenhum - murmurou e depois deu um suspiro. - Deveria ter estudado antropologia, acho.


O mau humor dela se dissipou instantaneamente. Imaginou a cena e riu.


- Droga! Não ria! - disse de pronto. - Não era piada.


- Ah, claro que não. Foi pela sua falta de diplomacia que saiu da Marinha?


Fez que não com a cabeça.


- Não ajudou, mas o novo clima político foi a razão principal. Não sou radical, mas não sei ser politicamente correto quando se trata de atender a interesses especiais de certos grupos. Se não gosto de algo, não consigo fingir que gosto. Não queria terminar em Moscou escutando a conversa dos outros.


O semblante dela se fechou.


- Pensei que estivesse na Marinha. Sabe... Andando de navio ao redor do mundo e coisas do gênero.


Respondeu, com o olhar consternado:


- Não servi em um navio. Estava no serviço de inteligência.


- Ah! - ela não tinha se dado conta disso. O passado dele ganhou nova dimensão. - Então, como você veio parar aqui?


- Tinha de morar em algum canto. Detesto cidades grandes e aqui é onde me sinto mais em casa - explicou. - O último lugar em que morei foi com um casal de velhinhos na divisa do estado. Já faleceram, mas me deixaram uma pequena propriedade perto das montanhas Bighorn. Quem sabe um dia eu construa uma casa por lá? Para mim e o Mack.


- Não gosto de cachorros.


- E eu odeio gatos - respondeu de imediato.


- Não me surpreende.


Arqueou as sobrancelhas e pôs os óculos escuros outra vez. Mantinha-se em forma, maravilhosamente bem. Era todo músculos, da cabeça aos pés. Um homem no auge da forma.


- Vou levá-la de volta ao escritório. Quero passar na casa dos Smith e falar com o Gastão.


Ela se levantou segurando a maleta.


- Posso ir a pé. Estamos a um quarteirão de distância.


- Cinco quarteirões, e é meio-dia - relembrou a ela.


- Vamos, não farei mais nenhum comentário constrangedor.


- Quero que jure - murmurou, enquanto ele abria-lhe a porta do carro.


- Você é uma menininha esquentada, não? - perguntou repentinamente.


- Sei me defender - replicou -, mas não entendi a parte sobre ser "uma menininha".


Entrou no carro ao lado dela e deu partida. Cinco minutos depois, chegaram ao estacionamento do escritório. Estranhamente, ela estava relutante em descer do carro. Parecia que algo mudara entre os dois, depois de passarem semanas trabalhando um com o outro de maneira quase confortável. Ele dissera "o último lugar em que viveu" e mencionara um casal de velhinhos e não os pais.


- Posso perguntar algo pessoal? - indagou. Olhando-a diretamente, através dos óculos escuros, disse:


- Não.


Estava acostumada com a rudeza do público, mas Uckermann tinha acabado de bater o recorde. Era o homem mais arredio que conhecera.


- Certo - disse, ao se agarrar à bolsa e descer do carro. Voltando o rosto para ele, acrescentou: - Ah, desculpe por bater em você com isto. Espero que não o tenha machucado. Machucou?


- Já levei alguns tiros - mencionou, apenas para que ela souBesse que uma batida com a bolsa não lhe causaria nenhum dano.


- Pobres balas... - murmurou.


Manteve o rosto impassível, mas segurou o riso. Ela saiu do carro e fechou a porta. Deu a volta até o lado do motorista.


- Aceito o seu pedido de desculpas.


- Não pedi desculpas - ele disparou.


- Mas tenho certeza de que teve a intenção. Foi criado para ser um cavalheiro. Apenas se esqueceu como.


Os óculos escuros reluziram. Ela se afastou um pouco.


- Não tem nada para fazer? Para que lhe pagam? Não me diga que é para fazer comédia?


- Estou fazendo um curso por correspondência em cirurgia cerebral e você é o primeiro na minha lista de pacientes em potencial.


- Deus me livre! - respondeu, ao passar a marcha no carro.


- Espere um minuto - ela pediu. - Vai contar a alguém sobre o broche que encontrou?


- Não - respondeu impacientemente. -Aquele broche é uma carta na minha manga. Não quero vê-lo tornar-se notícia. Caso apareçam pessoas que queiram assumir a criança, vou mencioná-lo apenas quando for útil.


- Ah, entendi - disse. - Assim você pode se livrar de impostores, se não souberem do broche, é porque não são os pais da criança.


- Garota esperta. Não fale sobre isso com ninguém.


- Nem em pensamento. Você vai me contar sobre o que descobrir na casa dos Smith, não vai? - perguntou.


- Claro. Mas não espere milagres. Não acredito que Ronald seja o pai, nem que iremos encontrar a mãe da criança ou qualquer outro parente.


- O bebê é louro - afirmou, pensativa. - E Ronald também.


- Muitos homens nesta comunidade são louros. Além do mais, esqueceu que Ronald está noivo de Fuzz Mallo? Com uma bonitona daquelas, não acredito que vá sair por aí engravidando outras mulheres.


- E, se fosse dele, não mandaria a filha para adoção - concordou. - Estranho, mesmo assim, não? Encontrar um bebê na entrada da casa... O que o pai dele disse sobre isso?


- Gastão não estava lá. Estava viajando, segundo Villardy. Então, Ronald chamou a polícia.


- Não se parece com o Gastão Smith que conheço - ela brincou. - Tem mais a ver com a sua personalidade gritar e acusar Ronald de ser o pai.


- É o que me disseram.


Não acrescentou mais nenhuma palavra. Embaixo daquela fachada de durão, deveria haver um coração em algum lugar. Pensou que algum dia o encontraria, mas aquele era um caso difícil.


Acenou brevemente com a cabeça, mas a mente dele já se encontrava na tarefa seguinte. Retirando-a do pensamento, pegou o microfone do rádio de polícia, informou seu código e sua posição. Sem nem mesmo dar adeus, acelerou o carro em direção à saída do estacionamento.


Dulce o observou até perdê-lo de vista. Estava se sentindo muito vulnerável. Enquanto voltava ao escritório, notou um calor estranho no corpo. Queria entender as próprias reações por aquele homem. Uckermann a confundia e a deleitava. Claro que também a fazia querer matá-lo.


Uckermann foi ao sítio dos Smith no dia seguinte, levando na mão o broche. Tinha suspeitas a respeito daquela jóia e, portanto, queria descobrir se alguém ali a reconheceria. O próprio Gastão abriu-lhe as portas da casa. Era um homem alto, grisalho e belo, nos seus 60 anos. Seu filho e ele não se pareciam, nem em temperamento, nem em personalidade. Gastão tinha um rosto que poderia ser invejado por um astro de cinema.


- Entre, Uckermann. Já o esperava - Gastão falou cordialmente. - Posso servi-lo de uísque?


Sempre achava que todos compartilhavam com ele o gosto por Old Grandad. Uckermann, quando raramente bebia, costumava gostar da textura aveludada do uísque escocês.


- Não, obrigado, estou trabalhando. - Uckermann respondeu.


- Esses policiais! - Gastão balançou a cabeça e se serviu da bebida. - Em que posso ajudá-lo?


Uckermann retirou o broche do saco plástico e o entregou ao senhor. Gastão o segurou levemente e reflexivamente o observou. Depois, ergueu a cabeça e disse sem expressão:


- Não. Nunca vi isso antes. Se pertencesse a alguém da minha família, eu o reconheceria, pode acreditar. - Devolveu a jóia a Uckermann e perguntou amigavelmente: - Há mais algum pertence do bebê que não foi entregue ao xerife Villardy quando ele esteve aqui? - Uckermann insistiu.


- Não que eu saiba - continuou no mesmo tom. -Mas, como sabe, eu não estava em casa. Só soube do que acontecera depois que o bebê já tinha sido levado. Que pecado, não é mesmo? Uma criança ser abandonada pela mãe dessa forma!


- Mas eu não disse nada a respeito do bebê ter sido abandonado pela mãe - Uckermann respondeu lentamente.


Gastão riu um pouco alto demais.


- Bem, é improvável que fosse o pai da criança quem estivesse tomando conta dela, não é? Mesmo nesses tempos modernos, a maioria dos homens não sabe o que fazer com um bebê!


- Aparentemente, alguns homens ainda não sabem como evitar filhos!


Gastão resmungou e olhou para o jovem detetive:


- Talvez não. Não é de Ronald. Sei que há rumores por aí, mas já lhe perguntei e me respondeu que, desde que ficou noivo de Fuzz no ano passado, não saiu com nenhuma outra mulher.


- E você acreditou nele? Gastão limpou a garganta.


- Ronald é meio lento para essas coisas. É preciso uma mulher de verdade para, hum, ajudá-lo. Por isso esperou tanto tempo para se casar. Fuzz é um doce, mas também é fogosa. Peguei os dois se beijando no estábulo uma tarde, e juro por Deus que quase fizeram tudo ali de pé mesmo e na frente do mundo todo! Ela é demais, não é? Para uma bibliotecária de crianças...


Os olhos de Uckermann se focaram nas mãos segurando o copo de uísque. Estavam trêmulas, nervosas. Gastão estava agitado, embora disfarçasse bem, mas não o suficiente.


- Parece que vão ter um ótimo casamento.


- Acho que sim. Os dois têm quase a mesma idade e gostam de estar juntos. Pena o fim do casamento de seu chefe - acrescentou ao dar de ombros. - Mas a esposa dele era muito inteligente para um homem como aquele. Quer dizer, afinal um policial não é exatamente um acadêmico. - Ao notar a expressão de Uckermann, pigarreou. - Desculpe, não quis ofender.


- Não ofendeu. - respondeu Christopher, levantando-se. - Se souber de alguma coisa que possa nos ajudar, não hesite em ligar.


- Claro, claro. Olha, a piada que fiz sobre policiais não terem muito estudo...


- Quando estava na Marinha, tirei meu bacharelado em ciências - disse a Gastão. - E, nos últimos anos antes de me desligar, trabalhei para o serviço de inteligência.


Gastão ficou surpreso.


- Com esse currículo, por que você trabalha numa delegacia?


- Apenas gosto de cidades pequenas e cresci aqui. - Mas, rapaz, você pode passar fome com o que ganha como policial!


- Você acha? - Uckermann perguntou com um sorriso. - Obrigado pelo seu tempo, sr. Smith.


Apertaram as mãos e Uckermann se retirou, pensando que preferia ganhar pouco e trabalhar defendendo a lei do que levar a vida sem rumo de Gastão Smith. Apesar dos cabelos brancos, ele era um playboy de marca maior. Não parava em casa. E Ronald não tinha competência para cuidar de uma propriedade daquele tamanho.


Por falar em Ronald... Uckermann o encontrou perto do quartinho das ferramentas e foi em sua direção. Ronald era alto, branco, tinha por volta de 40 anos era tranqüilo e modesto. Sempre pareceu mais novo, talvez porque seu pai sempre o encobrira. Ronald ainda morava com o pai e seguia sempre suas ordens. Sorriu e estendeu-lhe a mão quando Uckermann se aproximou.


- Lindo dia, não? - Ronald perguntou. - O que posso fazer por você, oficial? E como vai a criança?


- Está bem. Vão colocá-la numa creche até o caso se resolver. Escute, você sabe de algo que não tenha contado ao xerife? Havia alguma coisa com o bebê que não foi entregue?


Ronald pensou por um minuto e balançou a cabeça.


- Nada. A criança não é minha - acrescentou seriamente. - Sei que há rumores em Cozumel sobre eu ser o pai, mas lhe digo que não sei de nada. Não arriscaria perder Fuzz por causa de outra mulher, oficial. E, apenas cá entre nós - disse com um meio sorriso -, não teria forças.


Uckermann riu.


- Tudo bem. Obrigado. Ronald pediu:


- Nos mantenha atualizados quanto ao caso, certo? Mesmo não sendo minha filha, quero saber como as coisas estão andando.


- Certamente.


Uckermann voltou ao carro de patrulha, perguntando-se por que o bebê fora deixado com Ronald. Deveria haver uma pista. Poderia ter mostrado o camafeu para Ronald, mas se Gastão não o reconheceu, não fazia sentido mostrá-lo a seu filho. Como dissera Gastão, se fizesse parte da herança de família deles, teria reconhecido imediatamente.


Depois disso, o dia passou bem devagar. Uckermann parou para tomar um café na cafeteria Hip Hop. Pensava vagamente na pequena Gabrielle e nos seus pais. Notou a leve curiosidade de algumas pessoas que estavam ali quando seu rádio fez um ruído ao receber uma chamada. Apesar de ser conhecido em Cozumel, chamava a atenção dos visitantes. Era um homem bonito e musculoso, mas não exageradamente. Parecia poderoso, ainda mais com a pistola na cintura, visível debaixo da jaqueta.


A chamada o fez arquear a sobrancelha. Já tinha tido o suficiente de Dulce Saviñon no dia anterior, mas estava atrás dela mais uma vez. Houve uma ocorrência de família na casa dos Carter, onde um jovem vivia com a avó e o pai. Christopher saiu para responder à chamada, resmungando até se sentar no carro e responder pelo microfone.


- Aonde a srta. Saviñon está indo? - indagou.


- Não sei, K-236 - o despachante disse, usando o código dele em vez do nome. - E, mesmo que souBesse, jamais diria em canal aberto.


- Vou ver se você recebe um presente de Natal por ser tão bom garoto - Uckermann respondeu.


Uckermann desligou e foi para a casa dos Carter, numa estrada de terra, nos arredores da cidade. Chegou lá antes de Dulce e, se havia alguma briga acontecendo por lá, não era nada óbvio. David Carter estava sentado na varanda limpando o seu rifle, enquanto a sua mãe alimentava as galinhas no quintal. O menino, Devon, não estava em nenhum lugar visível. David parecia nervoso por não conseguir manter o rifle parado.


- Boa tarde, Uckermann! - David disse educadamente. - Como posso lhe ser útil?


- Tivemos um chamado, mas deve ter sido engano - falou olhando ao redor.


- Chamado sobre o quê? - David perguntou.


Antes que pudesse responder, Dulce chegou, dirigindo sua caminhonete amarela. Mesmo depois de desligá-la, o motor ainda fazia barulho e a ventoinha parecia danificada. Uckermann já tinha notado isso naquela noite na estação de ônibus.


Dulce saiu do carro, largou a bolsa no chão de terra e se aproximou. Uckermann se perguntou quantos tailleurs sem corte ela possuía. Este era verde e tão desarrumado quanto os outros. O cabelo dela estava preso de novo. Parecia feita para os negócios.


- Bem, olá, srta. Saviñon - David disse. - Parece que teremos uma festa aqui hoje!


Ela parou sobre os degraus e deu uma olhada no ambiente, cerrando as sobrancelhas.


- Recebemos um telefonema no escritório... Sobre uma briga terrível acontecendo aqui. Pediram para eu vir aqui conversar com vocês.


David olhou em volta, mostrando o ambiente tranqüilo.


- Que briga? Dulce suspirou.


- Suponho que tenha sido um trote - falou sorrindo.


- Desculpe, mas, já que estou aqui, posso falar com o Devon por um momento? Ele pediu ao conselheiro da escola para falar comigo quando eu tivesse tempo.


David a olhou sem piscar e disse:


- Engraçado, ele não mencionou nada para mim. E não está em casa agora. Foi pescar.


- Acha que posso encontrá-lo? - insistiu.


- Ele sempre se mete dentro da floresta - disse rapidamente. - E não é um bom momento, pois ele chegou em casa de mau humor. Melhor deixá-lo quieto até que se acalme.


Ela deu de ombros.


- Como queira, mas diga-lhe que estarei pronta para ouvi-lo quando quiser falar de seus problemas na escola.


Não acrescentou que não entendia por que não contava ao conselheiro, que era um ótimo psicólogo.


- Direi a ele - David disse.


- Bom dia, então. - Sorriu para David, acenou com a cabeça para Uckermann e voltou ao carro. Uckermann se perguntou por que a sra. Carter não saíra da granja nem mesmo para cumprimentá-lo e por que a expressão de David se fechou quando perguntara do menino. Estranho. Voltou ao carro de patrulha e seguiu o de Dulce, duvidando de que ela conseguisse chegar à cidade, pois o barulho da ventoinha estava cada vez mais alto.


- A sua ventoinha está solta - disse-lhe. - Qualquer hora quebra e ficará na mão.


- Eu sei. Não sou burra.


Seguiu-a até o escritório sem fazer nenhum comentário, como costumava.


- Alguma coisa esquisita está acontecendo naquele lugar - disse, de repente. -A sra. Carter se escondendo com as galinhas, Devon fora de vista, David limpando a arma, mas sem nenhum óleo...


- Você suspeita de tudo - ela o acusou. - Pelo amor de Deus, você sempre procura problema? Fico feliz que não era nada. Conheço a família, são pessoas boas. É o Devon que causa problemas, sempre envolvido em brigas. Outro dia foi acusado de roubar uma loja, embora jurasse ser inocente. Tenho tentado ajudar a família o quanto posso. David perdeu o emprego na fábrica que fechou e Milly está tentando ganhar dinheiro como costureira. Eles vão mal, mas são muito orgulhosos para me deixar ajudá-los.


Ele cerrou as sobrancelhas, pensativo.


- Não é sempre assim? - perguntou baixinho. - Quem precisa mais de ajuda não pede. Por outro lado, alguns que não merecem, recebem.


Ela retrucou:


- Você é tão cínico, Uckermann! Você não acredita que as pessoas podem ser simplesmente boas?


- Não.


Dulce riu, balançou a cabeça e disse:


- Desisto, você é um caso perdido.


- Sou um homem da lei - argumentou. - E o que vejo não me leva a crer na bondade das pessoas.


- Nem o que eu vejo. Mesmo assim, tento acreditar na bondade alheia - respondeu.


Uckermann fitou-a longamente, percorrendo a boca macia e o nariz retilíneo até chegar aos olhos.


- Não é verdade - disse abruptamente. - Como pode ainda acreditar? O que você faz é fechar os olhos para as coisas horríveis, assim como a maioria das pessoas. Ninguém aceita que seres humanos sejam capazes de coisas horrorosas. Assassinato, roubo, violência são tão impensáveis que as pessoas fingem que não ocorrem. Até um crime acontecer com elas. Aí precisam acreditar.


- Você não fecha os olhos para tudo isso - disse honestamente. - Na verdade, você procura por isso em todos os lugares, mesmo que tenha que desenterrar. Experimente tentar se manter acima da maldade.


Os olhos dele escureceram. Deu meia-volta e falou devagar:


- Trabalho para me sustentar. Não tenho tempo de ficar aqui batendo papo com você. Conserte a ventoinha do seu carro.


Dulce olhou para ele e replicou:


- Meu Deus, será que realmente preciso de um homem para me dizer como me cuidar?


- Sim.


Uckermann entrou no carro e saiu dirigindo, deixando-a chocada.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 323



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  • Jusly_ Postado em 27/06/2015 - 18:35:47

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