Fanfic: ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)
Sete
O restaurante estava lotado. Todos olharam quando Dulce, em um vestido vinho justo e de cabelos soltos, entrou acompanhada de Uckermann, que usava calça social e casaco esporte.
- Eu disse que as pessoas notariam que estávamos juntos - ela murmurou ao se sentarem.
- Não me importei da outra vez e não me importo agora - ele respondeu, sorrindo. - Você está incomodada?
Ela sorriu de volta.
- De jeito nenhum.
A garçonete trouxe os cardápios e lhes deu tempo para escolher.
- Srta. Saviñon!
Dulce levantou a cabeça. Bess, uma de suas assistentes sociais, e um amigo jovem e bonito pararam ao lado da mesa.
- Olá, Bess - Dulce disse sorrindo. - Como vai você?
- Bem. Nossa como você está bonita! Oi, Uckermann - ela acrescentou, flertando com ele descaradamente.
- Você também está lindo!
- Obrigado.
- Bess, a garçonete está nos chamando - o jovem disse. Deu um olhar nervoso para Uckermann.
Provavelmente, o fato de Uckermann ser um oficial o perturbava. Dulce percebera ao longo dos anos que os homens da lei eram excluídos do resto do mundo, mas o rapaz poderia estar nervoso com a maneira como Bess estava encarando Uckermann, que era sensual e bonito o suficiente para ser o sonho de qualquer mulher. Comparado com ele, o paquera de Bess era muito jovem e estava, sem dúvida, com ciúmes.
-Ah, está certo, Steve. Bom ver vocês! - falou, puxando-o pela mão.
- Ela acha você um gato - Dulce disse sem pensar, arrependendo-se depois.
Uckermann perguntou, erguendo a sobrancelha: -Verdade?
Agora ele sabia quem fizera o comentário sobre o qual lhe contara na casa dela.
- Mas claro que ela é jovem demais - acrescentou sorrateiramente.
- Não, não é - respondeu. - Na verdade, ela é apenas um ano mais nova que você. Belo corpo, aliás.
Dulce relutou contra o sentimento pouco familiar do ciúme e disfarçou brincando com o talher. Ninguém a perturbava tanto quanto Uckermann.
Ele estendeu-lhe o braço e segurou-lhe a mão, fazendo ondas de prazer a percorrerem.
- Não quis dizer isso, Dul. Se estivesse interessado na sua colega de trabalho, por que passaria metade do meu tempo livre pensando em você?
Ela sorriu, balançada com o olhar que ele lhe lançou.
- Você pensa em mim? - perguntou. A mão dela escorregou e quase derrubou o copo. Uckermann o pôs no lugar rapidamente, rindo do jeito estabanado dela, que não era como em geral se comportava.
- Pode deixar que a protejo de sair por aí derrubando as coisas - ele disse, segurando a mão dela. - Estamos nos entendendo bem. Da minha parte, tenho tantas inibições quanto você. Mas, se tentarmos, podemos nos desvencilhar delas.
- Desvencilhar de quê? - ela repetiu com curiosidade.
Uckermann cerrou as sobrancelhas.
- Você acha que tenho o hábito de sair com mulheres? Tenho 35 anos e, desde que voltei, tenho vivido como um eremita. Estou louco por uma mulher...
Dessa vez o copo virou. Chamou a garçonete, que limpou a mesa sem problemas e sorriu para Dulce, que parecia envergonhada.
A garçonete anotou o pedido e se retirou. Do outro lado do restaurante, Bess estava sorrindo. Dulce olhou para Christopher Uckermann e soube, naquele momento, que o amava. Também percebeu que nunca seria capaz de se casar com ele. Talvez ele não percebesse agora, mas ia querer ter filhos algum dia. Era o tipo de homem que precisa de crianças para cuidar e amar. Seria um bom marido, embora o casamento nem passasse por sua mente nesse momento. ,
-Meu Deus, mulher... - murmurou, balançando a cabeça. - Será que você pode me deixar terminar uma frase antes de reagir assim? Não tenho planos de seqüestrá-la, tá? Agora ponha esse copo para o canto antes que outro acidente ocorra.
- Me desculpe, estou toda estabanada.
- E eu fico trocando os pés pelas mãos - ele disse, com pesar. - O que eu ia dizer antes do copo virar - acrescentou, sorrindo ao vê-la corar - é que já era hora de eu começar a sair mais. Eu gosto de você. Podemos manter segredo.
Dulce olhou para a mão grande e magra que segurava a dela com suavidade. Com os dedos, acariciava as costas da mão dele, deliciando-se com sua força e masculinidade.
- Gosto das suas mãos - ela disse distraidamente. - São bem sensíveis e masculinas ao mesmo tempo.
Pensou nelas tocando sua pele macia. Ficou boquiaberta e suspirou fortemente.
Uckermann passou o polegar na palma da mão dela, fazendo seu coração disparar de novo.
- As suas também são lindas - ele disse, e voltaram-lhe à memória as carícias dela sobre seu peito.
Ela prendeu a respiração. Fitou-o nos olhos e nenhum dos dois sorriu. Dulce logo percebeu o que ele pensava. A paixão e o desejo estavam óbvios no olhar dele.
- Hã, com licença.
Ambos olharam inexpressivamente para a garçonete que, com um sorriso amarelo, aguardava para colocar os pratos na mesa.
- Desculpe... - Christopher murmurou.
A expressão da garçonete disse o bastante.
-Acho que estamos nos entregando - falou ele, enquanto pegava os talheres, tentando não perceber os olhares que recebiam de Bess e Steve.
- Acho que sim - disse, incomodada.
- Dul?
- Hmm? - disse, fitando-o. Inclinando-se para frente, ele continuou:
- O desejo frustrado está me matando. Por favor, coma rápido.
Não contiveram as gargalhadas, que quebraram o gelo e os relaxaram até o fim do jantar.
Assim que terminaram de jantar, entraram na caminhonete, mas ele não a levou direto para casa. Em vez disso, dirigiu um pouco mais e entrou numa trilha dentro da floresta.
Com os olhos brilhantes de desejo, Uckermann travou a porta e soltou o cinto, primeiro o dele, depois se inclinou sobre ela para soltar-lhe. Dulce sentiu o hálito dele sobre o pescoço. Não protestou. Envolveu-o com os braços e ele a puxou para o colo. Quando baixou a cabeça, encontrou os lábios dela esperando, prontos para beijá-lo. Fundiram-se de tão sedentos que estavam um pelo outro e nada parecia importar.
Era a primeira vez que experimentava beijos que não a completavam, mas que a faziam querer mais, sempre mais. Mesmo sobre muitas camadas de tecido, as carícias dele nas costas despertavam-lhe desejo. Mesmo o roçar dos lábios não a satisfaziam, apenas a provocavam. Uckermann dava-lhe pequenas mordidas nos lábios que a faziam sentir o calor da paixão. Ela se segurou mais firmemente contra ele, esperando que o beijo se intensificasse, mas ele apenas esperou. Levada pelo desespero, ela segurou a cabeça dele e implorou:
- Por favor! - sussurrou, tentando fazê-lo aproximar a cabeça.
- Não é suficiente, não é? - perguntou calmamente. - Estava esperando que não fosse. Abra os lábios, Dulce - ele sussurrou, trazendo-a para mais perto do seu peito largo e quente. - Vou-lhe mostrar o quanto um beijo pode deixá-la com desejo.
Foi arrasador. Tanto a respiração quanto a mente se ausentaram quando os lábios dele se encaixaram nos dela e começaram a se mexer lentamente, com toques provocantes, que ficavam mais fortes e mais profundos. Quando lhe tocou os lábios com a língua, ela abriu a boca de forma veemente. Quando a língua penetrou-lhe a boca, ela arqueou-se e gemeu alto. A resposta dela aumentou ainda mais o desejo de Uckermann, guardado durante tanto tempo. Os movimentos circulares dos seios dela sobre ele faziam que tivesse vontade de rasgar-lhe o vestido e tocá-los com a boca e a mão.
Sem pensar nas conseqüências, pressionou ainda mais a boca contra a dela e deixou a mão deslizar sobre um dos seios, acariciando-o sobre o tecido, até que o mamilo se enrijecesse. Segurou-o, então, entre o polegar e o indicador, fazendo-a soltar um grito. Ao levantar a cabeça, descobriu que, como suspeitava, não era de dor ou medo.
Observando-o enquanto a afagava, ela se recostou. Uckermann aumentou a pressão dos dedos e a fez suspirar, mantendo o olhar no dele. Um lento enrubescer tomou conta das bochechas dela. Sem dizer nada, permaneceu sentado, olhando-a nos olhos ofuscados. Era difícil respirar. O corpo dela estava relaxado nos braços dele, coberto apenas pelo vestido vinho com botões na frente. Pensou que seria muito fácil desabotoá-lo para desnudar seu seio para sua boca faminta. Mas Dulce tremia, e o corpo dele estava perto de perder o controle. Além disso, era cedo para esse tipo de intimidade. Precisava dar-lhe tempo de se acostumar com a idéia antes de aprofundar a relação deles. Não podia assustá-la para evitar que se afastasse.
Elevando a mão, afastou os cabelos soltos dela e murmurou com um sorriso:
- Desculpe. Fui um pouco longe demais.
- Foi culpa minha também. Você é muito... muito potente - ela disse, sentindo a boca intumescida pelos beijos calorosos e o seio sensível onde sua mão tocara. Não acreditava que o deixara fazer isso, mas, estranhamente, não se sentia envergonhada. Parecia natural que Uckermann a tocasse daquele jeito, como se já lhe pertencesse.
Ele sorriu da expressão dela e disse:
- Você também é bem potente. Sendo esse o caso, melhor levá-la para casa.
Ela respondeu, afagando-lhe o pescoço:
- Certo - a mão dela deslizou até o primeiro botão da blusa dele.
- Não - disse suavemente. - Gosto demais de ser tocado por você aí. Não devemos brincar com a sorte duas vezes na mesma noite.
Ficou um pouco desapontada, embora soubesse que estava certo. Era muito cedo. Mas seu rosto refletia um conjunto de emoções.
Uckermann observou essas expressões percorrerem-lhe o rosto e com o olhar gentil, cheio de segredos, perguntou:
- Como você conseguiu entrar no meu coração? -perguntou distraidamente.
- E entrei?
- Lá no fundo, sem eu perceber. Não sei se gosto disso. - Ele a fitou por bastante tempo. - Confiar é difícil para mim. Nunca minta para mim, Dulce. Posso perdoar tudo, menos isso. Já fui enganado várias vezes na vida. Foram lições difíceis e as cicatrizes persistem. Não agüento mentiras.
Ela se lembrou da infertilidade e questionou-se se seria o momento de lhe contar. Mas não era mentira. Era? Era um segredo que revelaria se, em algum momento, fosse necessário. Mas, por enquanto, estavam apenas saindo. Estava exagerando. Sorriu e disse:
- Prometo que nunca vou mentir deliberadamente para você.
Assim, desviava-se do obstáculo difícil da sua condição. Não estava mentindo, apenas não estava confessando. Era um meio-termo que não era desonesto. Claro que não.
Ele soltou a mão dela para ligar o carro e levá-la para casa. Talvez ela estivesse com medo, mas também o desejava, o que lhe instigava a não desistir.
Parou na frente da casa dela.
- Quero sair com você de vez em quando - disse, convicto. - Na medida em que meu orçamento permitir, podemos sair para jantar, ir ao cinema, pescar e fazer trilhas no outono.
- Ah, eu vou adorar. - Dulce ficou surpresa e encantada. O brilho no rosto a deixava tão bonita que ele quase perdeu a cabeça. Mas cerrou as sobrancelhas e acrescentou:
- Apenas não saia por aí para comprar o vestido de noiva e anunciar nos jornais.
Levantou a mão em protesto quando ela, nervosa, fez menção de retrucar, e continuou:
- Não adianta discutir, já decidi. Sei que você faz uma deliciosa broa de milho, que é um ponto a seu favor, mas não pode me apressar.
Os olhos dela se arregalaram de prazer, e ela disse, então:
- Nem sonharia com isso. Nunca tentei apressar os homens a se casarem.
Uckermann riu e completou:
- Tudo bem. Agora cumpra o que disse. Não gosto da maioria das pessoas, mas gosto de você.
- Gosto de você também.
- Nos momentos em que não está me idealizando - acrescentou afrontosamente.
Fitou-o e disse, após um longo suspiro:
- O que posso fazer se você é um sonho?
- Conta outra. Vejo você amanhã.
- Ah, isso me lembrou de uma coisa. Tem um rapaz na detenção juvenil com o qual gostaria que conversasse. Ele está perdido. Talvez possa ajudá-lo.
Ele revirou os olhos.
- De novo não.
- Sei que não se importa - respondeu. - Telefono para você do escritório amanhã.
- Tudo bem - disse, ao vê-la sair do carro. – Tranque a porta.
A preocupação dele mexia com ela. Virou-lhe o rosto e disse sorrindo:
- Sempre tranco. Obrigada pelo jantar.
- Eu me diverti muito.
- Eu também.
Dulce quis, mas não conseguiu olhar para trás ao abrir a porta. Entrou e, só depois, ouviu o carro dele ir embora. Passou a noite toda com a sensação de estar flutuando e dormiu com os anjos.
Nos dias que se sucederam, Dulce e Uckermann viram um ao outro com freqüência. Mas deixaram de lado os beijos intensos por um tempo. Agora, conversavam e descobriam o quanto tinham em comum. A vida ganhara novo brilho para Dulce.
Entretanto, quando pensava que a vida não poderia melhorar, entrou no Hip Hop e deu de cara com um pesadelo - Xavier Ochoa, o irmão do homem que a atacara e morrera. Parecia mais baixo e mais gordo, mas as feições e os olhos pequenos eram os mesmos.
- Olá, Dulce Saviñon - disse, bloqueando-lhe a passagem. - Estava de passagem na cidade e resolvi procurá-la. Quis ver como passa a assassina do meu irmão.
As mãos dela, trêmulas, agarraram-se à bolsa. Percebeu que estava lívida e com os olhos arregalados de terror. Durante o julgamento, esse homem dissera coisas que a marcaram.
- Não matei seu irmão. Não foi culpa minha - insistiu.
- Se não tivesse se intrometido, nunca teria acontecido - ele a acusou, cheio de raiva. - Você o matou.
- Ele morreu num acidente de carro - relembrou-lhe com toda a calma possível. - Não foi culpa minha ele me atacar! - Tentou manter a voz baixa para não ser ouvida.
- Uma mulher que vai ao encontro de um homem que está em casa sozinho está pedindo por isso.
- Não sabia que ele estava sozinho.
- Você o desejava. Por isso, convenceu a mulher dele a deixá-lo.
A atitude do homem ficou mais intensa. Nunca fora capaz de aceitar que o irmão pudesse bater na mulher e na filha. Para negar a verdade, colocou a culpa em Dulce. Mas o irmão dele era a pessoa mais repulsiva que conhecera. Disse, encarando-o:
- Não é verdade e você sabe disso. Apenas não quer admitir. Mas sabe que seu irmão usava drogas e por isso fez o que fez. E sabe também que não tive nada a ver com a morte dele.
- Vá para o inferno! - disse, amargo. - Você o pôs na prisão! Aquele julgamento humilhou e destruiu nossa família. Depois, você foi embora e se esqueceu da tragédia que causou.
Todo o corpo dela se contraiu de lembrar daquela agonia.
- Senti muito por todos vocês - disse. - Não queria magoá-los, mas nada do que fiz foi só por mim. Queria ajudar a filha dele, a sua sobrinha! Ninguém nunca pensou nela?
Ele ficou em silêncio por um minuto.
- O pai dela nunca quis machucá-la. E, de qualquer forma, ela está bem - murmurou. -As crianças superam as coisas.
Dulce o encarou e falou:
- Não superam tão facilmente. Nem eu mesma superei o que seu irmão fez comigo. Ainda sofro com as conseqüências.
- Mulheres como você são lixo - disse desdenhosamente. - E, antes que eu me vá, todo mundo aqui vai saber quem você é.
- O que quer dizer com isso? Xavier sorriu e disse:
- Vou ficar por aqui uns dias e contar para todo mundo que tipo de assistente social eles têm por aqui. Talvez as pessoas tenham esquecido nos últimos anos...
- Se tentar começar alguma confusão... - começou.
- Você vai fazer o quê? Vai me processar por difamação? Vá em frente. Já gastei tudo o que tinha para a defesa do meu irmão. Não tenho nenhum dinheiro. Pode me processar. Não há como tirar leite de pedra.
Ela tentava respirar normalmente, mas não conseguia.
- Como está Clarice? - perguntou sobre a filha do homem que a atacou anos atrás.
- Na faculdade, tocando a vida - respondeu.
- Está bem?
Ele se mexeu nervosamente.
- Acho que sim. Recebo notícias por um primo. Ela e a mãe se afastaram anos atrás.
Dulce não disse nada mais. Perdera o apetite.
- Licença. Preciso voltar ao trabalho - disse e virou-se para sair do café. Não conseguiu sentir nada a caminho do escritório. Pensava honestamente que o passado estivesse enterrado. Não fez nada de errado, mas, pelo jeito, teria de ficar pagando por um crime que foi cometido contra ela e não por ela. Decidiu ficar mais tempo no escritório enquanto Xavier Ochoa estivesse na cidade para não se tornar seu alvo. Mas foi mais fácil falar do que fazer. Ao descobrir onde trabalhava, Xavier passava por lá três vezes ao dia.
Na manhã seguinte, quando chegou ao trabalho, Dulce o avistou no Hip Hop, onde ela normalmente tomava café. Decidiu pedir a Bess que fosse lhe comprar a bebida.
- Quem é o homem gordo? - Bess perguntou ao voltar. - Ele realmente a conhece?
Dulce respondeu:
- Ele fez alguma pergunta sobre mim?
- Não - Bess disse de maneira desleixada ao pôr o copo de café na mesa de Dulce. - Não perguntou nada a mim, mas estava conversando com algumas pessoas sobre você... - hesitou, sem saber se devia continuar.
- Algumas pessoas?
- Christopher Uckermann era uma delas - acrescentou.
- Ele dizia que o irmão dele morreu por sua causa - Bess continuou relutantemente. - Que você o seduziu e o jogou fora depois que a esposa dele o deixou.
- Ah, então eu sou uma mulher fatal!
- Ninguém que a conhece acreditaria nisso - disse Bess com escárnio. - Ele era um cliente, não? Sempre soube que deveria ter uma razão para você não deixar Bianca e Brenda atenderem aos casos sozinhas. O irmão dele é o motivo, não é?
Dulce fez que sim com a cabeça.
- Mas não foi do jeito que ele está contando. Embora pessoas novas na região possam não acreditar em mim- acrescentou, lembrando-se que alguns moradores antigos ainda acreditavam que Dulce estava mesmo correndo atrás de homens.
- Ameace prendê-lo por calúnia. Aposto que Uckermann faria isso por você. Afinal, vocês estão parecendo bem próximos.
- Somos apenas amigos - falou Dulce enfaticamente - Nada mais. E Christopher pode acreditar nele, pois ficou fora de Cozumel muito tempo e não me conhece muito bem.
Não acrescentou que Uckermann tivera uma experiência ruim no passado que tornaria fácil acreditar no que Xavier Ochoa lhe dizia. Temeu pelo estrago que poderia ser feito no seu relacionamento tão frágil.
- Não se preocupe. Uckermann vai mandá-lo embora.
- Você acha? - Dulce deu um gole no café. - É melhor voltarmos ao trabalho.
Ela esperava que Uckermann entrasse na sala exigindo explicações, mas não foi o que aconteceu. Nada foi dito por ele e mais ninguém. A vida continuou como de costume e, ao fim do dia, ela relaxou. Exagerara ao pensar sobre o efeito da presença de Xavier em Cozumel. Tudo ficaria bem. Talvez agora mesmo eleja estivesse indo embora da cidade.
Uckermann estava bebendo uma cerveja. Quase nunca bebia nada alcoólico, pois sua mãe lhe ensinara bem sobre os males do álcool. Sempre se controlava para não beber demais.
Mas era apenas uma cerveja e ele estava de folga. Caso não tivesse encontrado aquele moço no café, talvez tivesse convidado Dulce para irem ao cinema. Agora se sentia enjoado porque ela nunca lhe contara o que Xavier Ochoa lhe relatou.
Quando se arrumava, Dulce era uma mulher atraente. Estava fazendo estágio como assistente social, Xavier Ochoa disse, quando começou a ver o irmão dele, Guillermo, cuja esposa, por ciúme de Dulce, abandonou-o. Dulce o paquerava e o provocava e, quando o homem ficou louco de desejo, alardeou que era estupro e, assim, prenderam-no.
O irmão foi condenado por tentativa de estupro, mas, quando recebeu liberdade condicional, acabou morto em um acidente de carro. Mas não antes de perder a mulher e a filha e de ver sua vida se despedaçar por causa de Dulce, pois todos acreditaram nas mentiras dela.
Xavier Ochoa não era um cafajeste. Fora um respeitado membro do conselho municipal e ainda era conhecido localmente. Uckermann perguntara a outro antigo morador que confirmara que o irmão de Xavier fora preso por violência sexual por causa de Dulce. Foi uma audiência fechada, urgente e com muita fofoca a respeito. Isso foi tudo o que conseguiu arrancar da boca do xerife Villardy e dos advogados e juizes envolvidos.
Aquele senhor balançou a cabeça ao se lembrar do incidente. As mulheres sempre diziam não quando queriam dizer sim, assegurou a Uckermann, e várias pessoas achavam que Dulce recebeu o que pediu ao ir sozinha à casa de um homem. Hoje em dia, as mulheres tinham muita liberdade, disse o velho homem. Uckermann não percebeu o machismo da afirmação. Estava com muita raiva pelo que ouvira sobre Dulce.
Então aquele jeito tímido e distante era pose! Ela o fizera de bobo. Nenhuma mulher merecia confiança. Não aprendera com a mãe como elas podiam ser enganadoras? A mãe dele sorria docemente ao receber pessoas na casa deles. Mentia descaradamente ao responder sobre os gritos e o barulho de copos quebrados. Nada acontecera. Apenas um vaso se quebrara e ela havia gritado de susto, dizia.
Na verdade, estava fora de si de tanto álcool e estava correndo atrás do filho com a garrafa de gim na mão. Naquela noite, quebrou-lhe o braço. Mas conseguiu convencer o médico que o filho escorregara na varanda molhada e caíra. Tentou coagi-lo a nada dizer por lealdade à família, mas Christopher contou o que houve. A mãe o magoou. Mentiu deliberadamente sobre o que acontecia na casa deles. Fingia amá-lo, mas apenas até ficar bêbada. Depois, tornava-se outra pessoa, cruel e fria. Nunca confiou em nenhuma outra mulher desde então.
Até conhecer Dulce. Ela fora a única exceção. Aproximou-se dela durante os encontros que tiveram e a desejava de todas as formas. Valorizava a sua amizade, sua companhia. Mas ela o enganara, por omissão. Não lhe contara a verdade sobre seu passado. Havia uma parte da verdade, contada por Xavier Ochoa, ainda pior. Durante o julgamento, foi dito pelo médico que examinara Dulce que havia um bloqueio em uma de suas trompas, tornando difícil, embora não impossível, que ela engravidasse.
Mesmo sabendo que Uckermann estava interessado por ela e que, provavelmente, gostaria de ter filhos, nunca lhe contara aquele fato terrível sobre a vida dela. Não podia lhe dar uma criança. Mas não parou de sair com ele, embora soubesse que estava cada vez mais envolvido. Aquilo era uma mentira por omissão, mas mesmo assim uma mentira. A única coisa que ele havia jurado jamais perdoar. Estava grato por ter descoberto a tempo, antes de ser feito de idiota.
Autor(a): dullinylarebeldevondy
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Oito Infelizmente, foi impossível para Dulce não notar a mudança na atitude de Uckermann desde a chegada de Xavier Ochoa à cidade. Ele não ligara para ela naquela noite, nem no dia seguinte. E, quando telefonaram da delegacia porque o filho de umas das famílias que ela atendia, Devon Carter, fora detido por roubar mercadoria ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 323
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Jusly_ Postado em 27/06/2015 - 18:35:47
Amei
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jessikavon Postado em 24/11/2009 - 09:09:11
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jessikavon Postado em 20/11/2009 - 14:22:49
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