Sentada no parapeito da janela, com um pote de sorvete sobre o colo, Dull observava a paisagem enquanto aguardava Christopher. Estavam há quatro dias em Montreal e ela adorou cada momento. E hoje, finalmente tomou coragem de perguntar a Christopher se poderia ir ao treino com ele. No primeiro dia, como ele não tocou no assunto, achou melhor não se oferecer. Sabia que nem sempre conseguia disfarçar seu amor por ele e talvez as demais pessoas percebessem. Não iria mentir e dizer que não estava curiosa e enciumada. Quando Christopher disse que haviam duas mulheres trabalhando na equipe...
Dull não gostou nem um pouco. Controlou-se ao máximo e por fim, não resistiu mais. Felizmente Christopher não se opôs e ainda disse que pensou que ela nunca pediria isso.
Saíram algumas vezes à noite e no dia anterior foram até o Jardim Botânico e depois passearam pela famosa rue Sherbrooke, visitando galerias de artes e algumas lojas luxuosas, onde Christopher insistiu em comprar alguns presentes pra Dull. Segundo ele, referiam-se a todos os anos em que não pode dar presentes a ela como namorada. Momentos que jamais sairiam de sua mente, por terem sido tão intensos. Em lugares mais desertos, eles se beijavam apaixonadamente. Lógico que se controlavam, pois sendo Christopher alguém tão famoso, certamente teriam fotógrafos atentos a seus passos. Há dois dias, enquanto Christopher permanecia no treino, Dull saiu e comprou algumas lingeries. Sim, pretendia mesmo seduzir Christopher e voltar nem que fosse às carícias mais ardentes.
_ Sorvete a essa hora, madame?
_ Não resisti.
_ Sinto muito informar, mas está na hora.
Dull pulou sobre a poltrona e voltou com o pote ainda pela metade para o freezer. Escovou os dentes, penteou os cabelos e pegou o casaco.
_ Estou pronta.
_ E linda.
Deram-se as mãos e saíram. Soltaram as mãos assim que desceram até o hall de entrada e aguardaram o manobrista.
_ Faz tempo que não vejo uma corrida ao vivo. Desde... aquela vez.
Christopher segurou a mão de Dull e levou aos lábios.
_ Vai me dar sorte.
_ Como se precisasse disso.
Ao chegarem ao autódromo, seguiram diretamente para o boxe onde a equipe de Christopher o aguardava. Dull logo ficou armada ao ver a morena alta e peituda que se aproximou sorrindo. Christopher, como sempre muito sério, cumprimentou-a e fez as apresentações. Dull ficou feliz ao saber que ela, Giana, era casada com um também membro da equipe chamado Benjamim. Foi apresentada a outros integrantes e de cara gostou de um grandalhão chamado Emmett. Ria e fazia piadas o tempo todo, sem se incomodar com o rosto sério de Christopher Mas Dull não simpatizou com a ruiva Katrina. Aquela sim olhava para Christopher como se quisesse devora-lo.
_ Irmãos então...
Emmett falou assim que Christopher saiu para as pistas para o começo do treino.
_ Sim. Meio irmãos, na verdade.
_ Ah...está explicado.
_ O que está explicado?
_ Nada. Christopher é um grande cara. Sisudo, mas gente boa. Poderia ser um arrogante, convencido se fossemos olhar toda sua trajetória. Mas é uma das pessoas mais simples que conheço. A mulher que conseguir derreter o gelo em volta daquele coração terá encontrado um tesouro.
Falou isso olhando tão profundamente nos olhos de Dull que ela teve a certeza que ele desconfiava de alguma coisa.
Preferiu ficar em silencio.
_ Vamos acompanhar? Sei que está aflita para vê-lo.
Dull fechou a cara quando viu a ruiva curvada sobre a grade de proteção, acompanhando Christopher com o olhar. Emmett deu uma risadinha e falou um pouco mais baixo.
_ Não se preocupe. Essa daí só faltou tirar a roupa na frente dele, mas acredite-me... ele teve a mesma reação que teria se fosse eu a fazer isso.
Dull suspirou, aliviada. Christopher era seu e vadia nenhuma iria mudar isso. Passou todo o treino ao lado do Emmett, vibrando com ele. Como não poderia deixar de ser, Christopher fez o melhor tempo e a pole position era dele.
_ Gostei de você, Emmett. Obrigada pela companhia.
_ Eu também. Te espero aqui no domingo para torcermos juntos.
_ Estarei aqui, com certeza.
Emmett abraçou Dull, pegando-a de surpresa e erguendo-a do chão. Quando a soltou a primeira coisa que viu foi Christopher parado logo atrás, estreitando os olhos ao ver a cena. Emmett apenas abriu um largo sorriso e acenou para Dull.
_ Ótimo treino, chefinho. Até domingo.
_ Ficaram amiguinhos rápido hein?
Dull se aproximou, mas sem ficar muito colada a ele para não chamar atenção.
_ Sabe o que tenho vontade de fazer ao ver essa cara de ciúmes? Jogar você naquela cama enorme, arrancar sua roupa, beijar seu corpo inteiro e...
_ Dull!
Ele falou e só então Dull percebeu como ele estava vermelho e com a respiração alterada.
_ Pare com isso, por favor.
_ Desculpe.
_ Vamos? Estou cansado.
Dull o seguiu, mas assim que entraram no carro, aproveitando os vidros escuros, Christopher a puxou pela cintura, buscando sua boca com sofreguidão. Mas Dull nem teve tempo de se animar e Christopher a soltou.
_ Poxa...
_ Você me vira a cabeça, Dull. Ainda faço uma loucura.
Ela se ajeitou no banco do carro, virando a cabeça para a janela e sorrindo. Pois seria nessa noite!
Ao chegarem ao hotel, Christopher a convidou para um banho. Eram quase seis da tarde.
_ Acho que vou comer mais um pouco de sorvete. E não quero tomar banho agora.
_ Tudo bem então.
_ Além do mais não quero ser culpada de seduzir você.
Christopher não escondeu seu descontentamento. Mas Dull estava certa. Ele a culparia com certeza. Mas Dull o enlouquecia sem fazer grande esforço. Ele que era um fraco, incapaz de resistir a sua paixão por ela. Mas apesar de tudo estava feliz a ponto de explodir. Apesar de passarem pouco tempo juntos, foram os melhores dias da vida dele. Sua felicidade foi ainda maior quando Dull se convidou para assistir ao treino. Pensou que talvez ela não fosse se sentir à vontade, já que olhares maliciosos poderiam captar a aura de romance que os envolvia.
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