Fanfic: Entre Duas Versões | Tema: A Feia Mais Bela

[Angélica]

Semanas se passara desde que ocorreu aquele episódio com o Jaime. Depois daquele dia, noticias sobre a possível “volta” do Jaime e da Heidi (digo possível porque não sabia ao certo se os dois estavam juntos ou não. Talvez não estivessem, pois como ficava maior parte do tempo com o Jaime, não via ele mantendo contato com ela, e por incrível que pareça não o vi com mulher alguma) por causa das fotos dos dois se beijando em frente a televisa, já repercutia por todo o México. Enquanto as minhas com o Ernesto prosseguia da mesma forma. Eu expliquei a situação a ele e pedi desculpas, ele entendeu e achei melhor não sermos mais vistos em publico para não dar mais o que falar. O clima entre nós nas gravações não estava o mais agradável, mas dava pra levar, afinal somos bons profissionais.

Estava sentada na poltrona, que ficava pouco mais à frente da minha cama enquanto observava o céu escurecendo. Já era um sinal de que, mesmo cansada, precisava levantar-me para me arrumar. Essa noite teria uma festa em comemoração ao aniversário da Patrícia Navidad, a minha colega de elenco, onde interpretava a Alice Ferreira. Não pretendia demorar muito, porque era domingo e amanhã teria que gravar, e como sempre, bem cedo. Sem delongas, levanto-me percorrendo o caminho até o banheiro, e ali decido tomar um banho de banheira para poder relaxar um pouco mais, além de que, não estava atrasada então daria para aproveitar. Passado alguns minutos, finalmente me levantei pegando o meu roupão e o vestindo. Entrei no meu closet procurando um vestido para aquela ocasião, e por fim escolhi um preto cuja frente vinha um decote em forma de um “v”, era bem justo no busto, porém mais soltinho no corpo, tinha uns detalhes que traziam brilho para ele, sendo assim perfeito para a noite. Usei uma maquiagem um pouco mais marcada, a qual não estava acostumada usar sempre. Depois, perfume, não muito, pois o que usava só com algumas borrifadas  já deixava o aroma perceptível, discreto e marcante ao mesmo tempo. Calcei um salto, no mesmo tom escuro do vestido; procurei meu par de brincos de esmeralda e os coloquei. Soltei os meus cabelos que estava em um longo comprimento gostava deles assim. Olhei o meu reflexo pelo espelho me avaliando, e me senti bem assim, mesmo não sendo nenhuma modelo de corpo esbelto, consegui ficar bonita quando queria. Guardei as coisas para não deixar tudo bagunçava como estava. Eu odiava bagunça ou algo fora do lugar, então sempre deixava tudo bem arrumado.

Levo as minhas mãos à maçaneta da porta do meu quarto a brindo, e passando pelo corredor, dou três batidinhas na porta do quatro da minha mãe que devia estar se arrumando, pois também tinha uma festa para ir. Uma de suas amigas mais próximas também completava anos hoje, sendo assim, óbvio que ela escolheu ir para a outra festa, e como eram bem íntimas minha mãe iria aproveitar a oportunidade e dormir lá.

- Mami, posso entrar? – pergunto já adentrando o quarto.

- Claro mi hija. – disse ela.

- Bom, eu já estou indo mami, e como você não vai dormir aqui até amanhã então. – digo a envolvendo e um terno abraço.

- Nossa, pra quem se arrumou tanto, posso saber? – ela diz segurando em minha mão me fazendo dar uma voltinha.

- Ah mãe como se eu tivesse alguém né... E não exagera que também não está isso tudo.

- Aham sei. É filha tem certeza que vai ficar bem aqui sozinha quando chegar? Olha, se você quiser eu não durmo lá, não quero te deixar sozinha. – ela fala tentando e convencer ao contrário.

- Claro que não mamita, ode ir tranquila, eu vou chegar tão cansada que só vou deitar e dormir... Vou me cuidar. – Falo tentando acalmá-la.

- Se é assim tudo bem! E cuidado lá viu? Porque do jeito que está, já vão te homens me chamando de sogrinha amanhã. – ela ri.

- Só você mesma mami, agora já vou. Não te beijo pra não ficar com marca. – digo já saindo apressadamente e descendo as escadas. Pego meu carro e vou em direção ao local onde seria a festa.

Já era por volta das oito da noite quando cheguei. Era um local aberto que dava para ver a lua e as estrelas no céu brilhando, com um jardim envolto, e tinha uma pista de dança ao centro. As mesas ficavam ao redor da pista de dança, eram cobertas por toalhas de mesa brancas que tinham luzes por baixo do pano, dando assim um visual único, acompanhadas por oito cadeiras ao seu redor com o acolchoamento também na cor branca. Cumprimentei a aniversariante e logo depois todos os outros convidados. Sentei-me a mesa em que estava alguns colegas de elenco como a Rosita, Augustín, Raquel, Maribel, Gloria. Tinham contratado banda ao vivo e estava cantarolando a letra da música muito conhecida quando meus olhos vão em direção a entrando do local, fitando o casal que entrava naquele momento. Não estavam de mãos dadas nem nada disso, mas estavam juntos sim, e pareciam estar em uma maravilhosa conversa porque riam como bobos. Era ele, o Jaime. Meu Deus! Como esse homem pode ser tão lindo e charmoso dessa maneira? Ele usava uma calça jeans de lavagem escura, com uma blusa social branca por dentro, e um blazer preto, dando todo aquele ar galante que só ele o tem. Juntei as palmas das mãos, como se estivesse rezando, encostando-as nos lábios tentando desviar dos meus pensamentos, dizendo para mim “Angélica para, ele está acompanhado, está com outra, você não aprende nunca?”. Volto com o olhar rapidamente para ele e neste exato momento fico empalidecida, pois Jaime me fitava com o seu olhar.

Nos entreolhamos, ele não se moveu, seus músculos pareciam congelados, e isso estava me constrangendo, pois mesmo de longe, era nítido o seu olhar sobre mim. Até que esse mesmo transe foi interrompido pela linda mulher que estava ao seu lado, o fazendo dar toda a sua atenção para ela. Logo depois de cumprimentarem a aniversariante, eles vieram em direção a minha mesa. “Dê-me forças Senhor...” penso comigo e logo o Jaime se pronúncia:

- Olá Angie, que bom que você veio. – seu comentário me surpreende, e ele me encara com uma expressão alegre abrindo um largo sorriso.

- Oi Jaime. – digo seca.

- Oi gente. – diz ele desviando o olhar saudando os demais.

- Jaimeee... Amigão, galã das noitadas, pensei que não viria hoje, mas então nos apresente a sua gata. – o Augustín se pronúncia.

- Ah, essa aqui é a Aline, uma amiga de velhos tempos. – responde Jaime.

- Olá prazer Aline – diz o Augustín levando-se da cadeira e dando um breve beijo na mão da “amiga” do Jaime.

- Olá! – diz ela cumprimentando o Augustín e logo em seguida virando-se para mim. – Oh, você nõ é a Angélica Vale? A que faz par romântico com o Jaime, na novela?

- Sim sou eu. – digo um pouco sem jeito.

- Nossa eu sou sua fã, adoro o seu personagem e acompanho a novela sempre que posso. E nossa como você tá linda, nem parece a Lety. Você é maravilhosa Angie, posso te chamar assim? É que o Jaime te chama por esse apelido, aí peguei o costume. – nossa, realmente por essa eu não esperava. Ela até que é simpática.

- Claro pode sim. – ela me envolve em um abraço e pede para que eu tire uma foto com ela, e assim o faço.

- Você é ótima! Fico muito feliz em ter esse prazer que foi te conhecer.

- Imagina... O prazer é todo meu. – estava meio sem jeito com a situação, mas conseguia driblá-la.

- Bom me deem licença agora... É Jaime vi uns amigos ali na outra mesa. Vou me sentar lá, você vai ou prefere ficar aqui?

- Não. Vamos sim, eu te acompanho. Eu vou ali amigos, em um instante volto. – diz ele se dirigindo a mesa que ficava a frente da que eu estava.

O tempo todo ele ficava me fitando com o olhar, a cada movimento que fazia. E quando não estava assim, ele conversava com a “amiga” dele. Tudo bem que ela não parecia ser uma daquelas chatinhas sem sal, parecia ser boa pessoa, mas não sei, acho que os ciúmes tomava conta de todo o eu ser naquele instante. A banda para de tocar e a pista de dança acende as luzes. O DJ pega o microfone, e nos comunica que antes de bater os parabéns e começar realmente a boate, ele iria inaugurar a pista de dança com uma música. Jaime cochicha algo no ouvido da “amiga” dele, se levanta e vem em minha direção.

- Aceita dançar essa comigo, querida dama?

- Não Jaime, e também não gosto mundo desses “tuts, tuts, tuts” você sabe... – tento de toda maneira evita-lo, mas ele é insistente.

- Vai, por favor, só essa... Sim?

-Você não vai me deixar em paz mesmo né?

- Você sabe que não.

- Então tá, vamos. – Ele estende a sua mão para me ajudar a levantar, e me guia até a pista enquanto o DJ falava: Essa vai para todos os casais apaixonados dessa noite. - e soltou a música. Era “Todo cambió” da minha banda preferida, Camila...