Fanfic: Entre Duas Versões | Tema: A Feia Mais Bela

[Angélica]

2006

  Depois do dia em que me comuniquei com o Jaime, tive que resolver algumas pendências para começar a gravação da telenovela. A princípio, fiquei entre o grande dilema que era deixar “la parodia” e “el privilegio de mandar”, programas que me deram um lugar no meio artístico, conhecida até o momento como a melhor comediante do México. Ainda assim, precisava e queria me arriscar nessa nova oportunidade que a vida estava me dando. Já tinha em média de quatro anos que não encenava em uma teledramaturgia, e era o que amava fazer, sendo assim, não tive como não me encabeçar nesse novo projeto. Para dar vida ao meu personagem “Letícia Padilla Solís” tive que fazer muitos sacrifícios, como por um exemplo: por aparelhos, submeter-me a mudanças em minha alimentação, permanecerei um ano e quatro meses caracterizada como lety, com o característico bigode e sobrancelhas jajaja, além dos horários de gravação, que ao início seriam oito horas diárias, mas que, com certeza ao decorrer da novela, aumentariam a carga horária de trabalho.

  Hoje seria o primeiro dia de gravação. Queria gritar aos quatro ventos toda essa felicidade que continha dentro do meu ser. Entretanto, tinha medo, essa insegurança que nunca foi capaz de sair de mim... Essa incerteza de não saber realmente se isso seria o certo, quer dizer, eu tinha a convicção de que estaria dando um enorme passo para a minha vida artística com esse papel, porém, o que me preocupava, era como as pessoas me veriam após isso. Será que seria mais criticada por fazer o que mais amo, que é atuar? Talvez isso tudo fosse um equívoco de minha parte, de toda maneira eu estaria dando o melhor de mim, isso eu posso afirmar. Se bem que... Não existe jeito certo para fazer o que é errado. Isso já estava tirando o brilho que continha em meu olhar agora a pouco. Quando de repente distraída em meus pensamentos, me esbarro em alguém Claro! Não seria Angélica Vale se não o fizesse.

- Jaime... Desculpa – só em vê-lo, recupero a alegria que me escapara.

- Só podia ser você mesmo hein Angie? Desastrada como sempre. – ele fala em um tom de deboche, mas brincando.

- Ah, obrigada por jogar essas verdades em minha cara logo cedo. – finjo estar chateada e saio pisando duro.

- Ei, Angélica volta aqui agora que estou mandando. – falou Jaime de uma maneira autoritária e até engraçado, conseguindo me alcançar antes que eu saia do seu campo de visão. – Desculpa pequena, não fica emburradinha vai...

- Ai seu besta não fiquei irritada, até parece né... – digo já rindo da sua expressão de indignado.

- Olha aqui senhorita não gosto que brinquem comigo, e mais, eu não sou nenhum besta. Exijo que pare de me chamar assim. – o jeito dele de mandão era o melhor.

-Fiquei até com medo de você garanhão, ou prefere ser chamado de outro jeito?

- Hm... Acho que não, afinal sou um garanhão mesmo né? Olha pra mim... - ele da uma voltinha exibindo toda aquela beleza que só ele a tem, para mim.

- É acho que você não está nada mal, dá até para pegar as suas meninas, mas esse mulherão aqui gatinho, acho que não é o suficiente. – digo em um tom sexy me insinuando para ele, se é que eu conseguia ser sexy naquele momento cômico.

- Mas que audácia de sua parte. Para a sua informação sou irresistível para qualquer uma, e com você não seria diferente. – a essa altura eu já estava entre seus braços me sentindo embriaga por aquele perfume, que era dele, só dele, pois sempre usava o mesmo.

- Não. É. Não. - digo pausadamente me aproximando de seus lábios até nós ficarmos nos entreolhando, fazendo assim, o silêncio tomar conta daquele espaço. Solto uma gargalhada daquelas que só eu sabia dar, tentando descontrair a situação e já me desvencilhando de seus braços.

- Gata sedutora, mulherão como você mesma diz, não vai fugir de mim. Ok?

- Aham, vou esperar...  Agora tenho que ir. – essas últimas quatro palavras me fizeram retroceder ao estado que me encontrava.

- Pequena, o que houve? Não tenta disfarçar, percebi o seu olhar longe e distraído antes de nos esbarrar.

- Não é nada Jaime, apenas bobagens.

- Você sabe que se tratando de você nunca é bobagem para mim.

-É que não me sinto segura.

- Está insegura com o que minha linda?

- É, eu sei que em hipótese alguma deveria estar, mas estou insegura em fazer a novela, não sei se sou boa o suficiente, se irei dar conta ou se o público irá gostar...

– Angie, como assim você irá dar conta? Você já olhou a sua trajetória de vida? O quanto você é boa no que faz e é reconhecida por isso? - segurando em minhas mãos ele me leva até um banco mais próximo nos fazendo sentar, e contiua: Com toda certeza, eu te digo agora olhando nos seus olhos, que esse será um sucesso conquistado por você como tantos outros. E olha seja o que você é, essa pessoa incrível. Esse é o primeiro passo para se tornar melhor do que é.

- Nossa Jaime, como você pode ser assim hein? - as suas palavras chegavam como a letra de uma música aos meus ouvidos, inundando o meu coração com uma calmaria. Agora sim, acho que com esse apoio diário do Jaime ao meu lado, eu irei conseguir.

- Assim como? –o seu rosto alarga-se em um sorriso.

- Assim tão incrível, sempre me ajudando nos melhores momentos. Não sei o que faria sem você.

- Ah isso eu sei, você estaria perdida se não fosse esse bonitão aqui, pequena.

- Jajaja bobo... É serio. Acho que se fosse outro ator no seu lugar eu poderia realmente me encontrar perdida...

- Isso nunca, pois se você se perdesse eu te faria se reencontrar, vem cá. – ele move o seu braço direito puxando pela minha cintura, nos fazendo colar em um abraço, enquanto repousava minha cabeça sobre o seu peito.

- Muito obrigada mesmo, mi james hermoso – digo indo até o seu rosto depositando ali, um beijo em sua bochecha.

- Agora vamos, pois temos gravação. Não é mesmo senhorita Vale? - diz ele tirando o seu braço que estava enlaçado a minha cintura, já se colocando de pé. Logo após, me estende a sua mão direita, a tomo, ficando rente ao seu corpo.

  Nos dirigimos para onde se localizavam os sets de gravação. Já havíamos nos caracterizado no personagem, sendo assim, agora era só gravar. A principio, ainda não iriamos gravar juntos, então seguimos rumos diferentes. Sem delongas já me encontrava em cena, com tudo correndo perfeitamente bem, até que ouvi o “corta”, foi inevitável um sentimento de primeiro dever cumprido.