Fanfic: Entre Duas Versões | Tema: A Feia Mais Bela

[Angélica]

 

 

 

 Semanas depois...

 

 

  Ouço o barulho ensurdecedor do despertador sobre o criado mudo, entrando em meus tímpanos. Acordo de imediato e direciono a minha mão até ele, o desligando. Vou abrindo meus olhos lentamente, até que posso ver claramente todo o espaço do meu quarto, devido ao janelão que estava com uma das partes entreaberta, permitindo assim, a entrada dos raios solares, que já estavam muito fortes. Meu quarto era bem espaçoso, com todas as paredes pintadas na cor branca, trazendo mais claridade ao local. Tinha uma cama de casal ao centro do quarto, com dois criados mudos a cada lado, na mesma cor clara que era a cama, acompanhada por um baú que ficava logo aos seus pés em um tom mais escuro; Mais a frente ficavam duas poltronas uma ao lado da outra com um abajur separando-as. Do lado esquerdo da cama se encontrava o meu closet e o banheiro, já ao lado direito um janelão que dava ao jardim quer ficava em volta de toda a moradia. 

  Eram 5 da manhã e precisava estar as sete na televisa. Minha rotina diária era assim, praticamente noventa por cento do meu tempo era dedicado à novela, e a cada capitulo que se passava, ficava mais puxada ainda, mas não reclamo, porque afinal amo o que faço e sei que nasci para viver assim. Meus pés vão de encontro ao chão e finalmente faço o percurso até o banheiro para fazer minha higiene matinal. Ao terminar passo pelo meu closet e pego a roupa que iria usar. Optei por uma calça jeans em uma lavagem clara, uma blusa na cor rosa sem alguma estampa, uma jaqueta e um tênis em um tom acinzentado. Gostava de me vestir de uma maneira mais despojada no dia a dia, em que me sentisse confortável comigo mesma. Após me vestir, prendo o meu cabelo em um rabo e saio do meu quarto, não passo nenhuma maquiagem gostava de sair de dia mais ao natural, e se usasse logo teria que tirá-la para fazer a maquiagem de caracterização da lety, então não adiantaria muito. Saio do meu quarto, passando pelo corredor penso até em entrar no quarto da minha mãe e dar o meu beijo de bom dia nela, mas ainda era cedo e como a mesma havia chegado tarde à noite anterior, imaginei que ainda dormia. Desço as escadas passando pela sala indo diretamente a cozinha. 

- Mami já acordada? – digo surpresa por já vê-la de pé à aquele horário.

- Sim mi vida, tenho umas coisas para resolver e mesmo com muito sono resolvi levantar cedo. Aproveitei a deixa para tomar café com a melhor filha que qualquer mãe poderia ter, afinal tem dias que não temos uma refeição juntas, não é meu amor? – ela diz se direcionando a mim e continua: cadê o beijo da mami?

- Ah mamita, só você mesmo pra me dar tanto amor em plena manhã de uma segunda-feira. – digo indo de encontro as suas bochechas, depositando ali um beijo e a abraçando com todo carinho.

- Te amo filhinha! Já disse o quanto acordou linda essa manhã?

- Eu amo mais mami, e para de me dizer essas mentirinhas de mães, pois ainda é segunda... – Digo rindo.

- Mentira nada, você puxou a mim linda e maravilhosa.

- Convencida nem um pouco, né?

- Claro! Sou uma mulher muito modesta. E você é maravilhosa.

- Só não mais que você. 

  Depois de toda essa troca de carinhos, como sempre fazíamos a todo o instante, nos sentamos à mesa e começamos a nos deliciar com o delicioso café da manhã que a Paula sempre nos fazia. Ela era maravilhosa, um amor de pessoa, e uma cozinheira de mão cheia, estava aqui desde que eu era pequena e tinha muita afeição por ela. Logo a vejo entrar pela cozinha com umas sacolas na mão e a abordo.

- Bom dia Paula, deixe essas sacolas ali em cima e venha tomar café conosco.

- Não será preciso angie, não quero incomodar.

- Ai para com isso você nunca incomoda, já sabe que é membro da família e fica com essas bobeiras, senta aqui Paula. – diz mamãe puxando a cadeira ao seu lado para que Paula sentasse.

- Obrigada, mas já até tomei café, gosto de fazer minha primeira refeição do dia logo cedo. Se já não tivesse tomado me sentava com vocês.- diz Paula encostando a cadeira na mesa novamente.

- Ok, mas já sabe né? Conosco nunca precisa de cerimônias. Agora já tenho que ir minhas lindas mulheres, se não chego atrasada, tenho muita cena pra gravar hoje, e ai já sabem né? Hoje não estou de folga como dona Maria que não precisará gravar... – digo me levantando – Tchau minhas meninas, juízo hein... A noite estou de volta.- concluo.

  Saio de casa as pressas tinha muita coisa para gravar. A última cena do dia seria com o Jaime, daríamos o primeiro beijo da novela, em que o personagem do Jaime não estaria bêbado. Estava meio nervosa, não era como as minhas cenas de beijo em novelas anteriores, pois era com o Jaime, tudo com ele era diferente.

 

 

 

[Jaime]

 

 

  Já era noite, mas ainda gravávamos, estávamos em um parque gravando a última cena do dia. 

 

- Pronta? – perguntei a angie, que estava em minha frente já caracterizada de lety.

- Claro! – disse ela sorridente.

- Tem certeza que não quer ensaiar antes?

- Não precisa mi james. Não ensaiamos para quase nenhuma cena, com essa não vai ser diferente. Vamos lá? – angie me pergunta entusiasmada, mas confesso que a sentia meio preocupada, diferente de mim que estava bem calmo.

- Se está bom pra você, então vamos pequena.

  E lá estávamos, sentados naqueles balanços frente a frente já gravando. Até que... Até que... Não sei o que estava acontecendo comigo, pois não conseguia fazer a parte do beijo. E você deve estar afirmando “Claro! Você não conseguia, pois a via feia ali em sua frente, eu te entendo!” Está equivocado(a). Eu não estava conseguindo, pois na hora do beijo não me concentrava, ficava como um bobo olhando para aquele belo rostinho da angie em minha frente. Tentei mais uma vez e foi falho, me perdi em seus lábios que realmente me acendia uma vontade imensa de beijá-la, mas de verdade, não somente sendo técnico. Meu Deus o que estava acontecendo comigo? 

- Para tudo ai, Jaime o que está acontecendo? – o diretor me chama a atenção no momento.

- E-e-eu não sei... – estava meio em transe.

- Daremos um tempo certo? Gente, intervalo de cinco minutos.

  Levantei-me rapidamente e fui para o meu camarim improvisado que haviam feito ali, sem ao menos dar alguma explicação a angie.

- Jaime espera! – diz ela me seguindo.

  Abro a porta indo imediatamente em direção ao espelho que se encontrava a minha frente. Estava com a respiração pesada e vou tentando acalma-la.

- Jaime o que houve? 

  O que eu mais temia aconteceu, vê-la pelo reflexo do espelho, naquele momento ali parada em minha frente com uma expressão preocupada... Viro meu rosto para olhá-la, e não consegui ver nada a minha frente que não fosse os seus lábios, como se eles estivessem implorando para os meus o tocarem. Não resisti, fui ao seu encontro em passos largos ficando rente ao seu corpo, e antes que ela pudesse se pronunciar, a tomei em meus braços com um sorriso largo no rosto mostrando os dentes e a beijei. Era como se nós nos reconhecêssemos naquele beijo, os nossos gostos, a nossa pele, o nosso calor, era algo inenarrável, a minha língua procurava intensamente a sua não querendo mais solta-la, a sugando para dentro da minha boca, e com a angie eu senti que não era diferente, pois me correspondia na mesma intensidade. Uma das minhas mãos estava posta sobre a sua cintura a puxando mais e mais para mim, fazendo os nossos corpos ficarem colados, enquanto a outra guiava a sua cabeça em cada movimento do beijo.