Fanfic: Perdida (Vondy) | Tema: Vondy
Toc-toc!
Observei a porta com o telefone ainda pressionado em minha orelha.
Não podia ser real! Aquilo não podia estar acontecendo! Quem era aquela criatura? O que eu fiz pra merecer isso? Por que eu? Que jornada era essa? E o que eu tinha que encontrar pra ela? O que eu iria fazer agora? Eu estava mesmo em 1830? Mas era loucura! Como era possível que eu tivesse viajado no tempo? Não era possível!
As perguntas giravam em minha cabeça, me deixando tonta.
Toc toc!
— Senhorita? — perguntou uma voz masculina.
Guardei o telefone na bolsa e me virei para a porta. Eu tinha a intenção de ir até ela e abri-la, mas minhas pernas não obedeceram.
— E-Entre — esforcei-me para que minha voz saísse com um pouco mais de volume.
Christopher entrou. Tinha nas mãos uma bandeja com alguma coisa fumegante.
— Perdoe-me, senhorita Dulce. — disse, assim que pisou no quarto. — Eu mesmo trouxe seu chá. Pensei que já estivesse assustada o bastante para que outro desconhecido o trouxesse. Sente-se um pouco melhor?
— Chá? — indaguei ainda zonza. — Não tem nada mais forte? Algo com bastante álcool, de preferência?
Suas sobrancelhas escuras se arquearam.
— Forte? Um vinho talvez?
Vinho?
Suspirei. Era melhor que chá!
— Vinho tá bom. — Tanto quanto formicida.
— Esse vinho é muito bom. Vai se sentir melhor rapidamente.
Duvido muito!
Ele deixou a bandeja numa mesinha. Pegou uma garrafa toda trabalhada de cristal e serviu o vinho numa taça, aproximou-se lentamente de onde eu estava — ainda grudada no assoalho de madeira como uma árvore — e parou a um passo. Esticou o braço, me oferecendo o vinho. Fiquei feliz ao notar que meu corpo começava a responder aos comandos de meu cérebro. Peguei a taça, um pouco hesitante, as mãos ainda tremendo, e virei tudo em um só gole.
Ele me observava atentamente. Alguma coisa em seus olhos — negros como uma noite sem lua me deixava inquieta.
— Melhor? — perguntou suavemente.
— Sim — respondi quase num sussurro.
Não era inteiramente mentira. Nada faria com que eu me sentisse bem estando ali, mas o calor do vinho correndo nas veias afugentou o frio e um pouco do tremor.
— Ótimo. — ele sorriu um pouco. — E agora...
Ah! claro. Ele queria saber o que havia acontecido comigo e, com certeza, que eu desse o fora de sua casa o mais rápido possível.
— Eu... estou... perdida. — o que mais eu podia dizer? Escuta só cara, eu acordei hoje de manhã no ano de 2010 e, depois que tropecei numa pedra e meu celular criou uma coisa tipo uma Surpernova, eu vim parar, sabe-se Deus como, no século dezenove. Que doideira! — Eu vim de... outro lugar. Não sei bem como aconteceu, mas quando dei por mim, já estava aqui. E não sei como voltar. — era toda a verdade que dava pra contar a ele.
Christopher continuava a observar meu rosto.
— Então a senhorita está aqui sozinha?
Como olhos tão negros podiam brilhar tão intensamente?
— Estou. — sozinha e desesperada, eu quis acrescentar.
— Se me disser como, posso levá-la de volta para sua casa. — sua voz gentil, seu rosto amigável.
— Mas o problema é esse! Nem eu mesma sei como voltar! — apenas sabia que teria que encontrar uma coisa que eu não fazia ideia do que era. — Mas eu vou descobrir. — disse mais para mim mesma que para o rapaz gentil que tinha me ajudado gratuitamente até agora.
- Entendo. — disse ele, mas tive a impressão que não entendia nada. Não o culpei. Eu mesma tinha dificuldades para compreender. — Pensei que tivesse dito que vinha da cidade.
— E eu vim da cidade! Mas tenho certeza absoluta que não é a mesma cidade a que você se refere. Eu vim... De um lugar distante. — não gostei de dizer meias verdades a ele.
Que estranho!
— Então não há lugar algum aonde eu possa levá-la? — constatou. Para onde eu iria naquele fim de mundo?
— Acho que poderia me indicar uma pensão ou um hotel. Não conheço nada aqui. — dei de ombros, imaginando se as pensões já existiam e se aceitariam um cheque pré-datado para 65.475 dias.
— Pensão? Jovens solteiras e desacompanhadas não se hospedam em pensões. — ele me censurou. — Além disso, seria um imenso prazer poder hospedá-la em minha casa enquanto descobre como voltar para a sua.
Olhei pra Christopher chocada. Chocada e desconfiada. Ele me conhecia há menos de uma hora e me oferecia sua casa como hospedagem! Estranhos não ajudam pessoas que acabaram de conhecer. Não no século vinte e um.
— Eu... Não posso ficar aqui. Você nem me conhece! E eu... — mas pra onde eu
iria?
Christopher ficou muito sério.
—Eu não a conheço, realmente, mas... Fiz algo que a desagradou, senhorita Dulce? Pelo que pude entender, a senhorita não tem conexões aqui, ninguém a quem recorrer. No entanto, parece relutante em aceitar minha ajuda.
— Não. Não é isso. Agradeço muito por sua ajuda! Você foi ótimo! É só que, de onde eu venho, estranhos não ajudam pessoas que não conhecem sem ganhar nada em troca. — soltei e observei sua reação.
Ele me olhou com alguma coisa parecida com indignação.
— Lugar estranho, esse de onde você vem. No entanto, eu ficarei feliz em ajudá- la. Sem receber nada em troca. — ele enfatizou. — Apenas quero ampará-la.
— E por quê? — é claro que eu estava desconfiada. Quem não estaria? Eu cresci ouvindo “nunca aceite nada de estranhos!” Mas, naquele caso em particular, eu não tinha outra alternativa.
Ele abriu um sorriso.
Uau!
— Eu tenho uma irmã caçula, senhorita Dulce. Não gostaria de vê-la numa situação parecida com a sua. E ficaria imensamente grato se alguém a ajudasse em uma hora de dificuldade.
Sem saber o que fazer — e o que pensar — apenas respondi:
— Então, aceito sua ajuda, pelo menos até eu ter uma ideia de como voltar pra
casa.
— Excelente! — um sorriso enorme se espalhou em seu rosto. Meu estômago se agitou. Talvez fosse culpa do vinho.
Christopher me deu uma rápida olhada e desviou os olhos, parecendo constrangido outra
vez.
— Hã... Pedirei à senhora Madalena que traga algumas roupas. Você parece ser um pouco maior que minha irmã, mas, ainda assim, será melhor que ficar... vestida dessa forma. — seus olhos caíram no chão.
— Eu não estou sem roupa! As pessoas se vestem assim de onde eu venho. Pare de dizer que estou pelada! — era constrangedor ver que minhas roupas (ou a falta delas) o deixavam tão perturbado.
Christopher arregalou os olhos quando eu disse pelada e depois corou. Nunca tinha visto um homem corar tantas vezes em toda minha vida. Não até hoje de manhã.
— Compreendo. — Christopher disse cauteloso. — Mas veja, aqui não estamos... habituados a esse tipo de traje. Então, seria mais apropriado se a senhorita pudesse... Se pudesse se vestir de forma mais... Tradicional. — ele não me olhou enquanto falava.
— Eu... hã.... — talvez minhas roupas fossem mais estranhas pra ele que as dele eram para mim. Homens usavam ternos em escritórios, em casamentos e festas, não para cavalgar, claro, mas eu já tinha visto homens em trajes formais milhares de vezes. Ele, no entanto, não estava habituado a ver pernas, ao que parecia. Eu vi a mulher de cabelos cinza logo que entrei na casa imensa. Ela vestia um daqueles vestidos volumosos e longos de filmes antigos. Será que foi por isso que ela arfou quando me viu? Pela minha falta de roupas? Pensei que fosse por ter uma estranha sangrando no meio da sala. Humm...
— Então, se fizer a gentileza de vestir as roupas que ela trará, poderá sair do quarto sem impressionar ninguém. Anahi está ansiosa para conhecê-la e eu poderia mostrar-lhe minha casa. Já que se hospedará aqui, precisará conhecer as dependências, caso precise de alguma coisa.
Seu rosto era tão gentil, tão sincero!
— Está bem. — concordei, impotente. Eu não poderia encontrar a tal jornada trancada naquele quarto. E seria melhor não chamar muita atenção, de toda forma. — Valeu, Christopher. Por... se preocupar.
— Valeu? — um pequeno v se formou entre suas sobrancelhas.
— É o mesmo que obrigada, de uma forma mais casual.— e ri sem graça.
Ele sorriu, depois fez uma reverência — exatamente como nos filmes! — e deixou o quarto dizendo apenas:
— Com sua licença, senhorita.
Nossa! Ele se inclinou pra mim! Como se eu fosse uma mocinha indefesa. Como se eu realmente fosse uma donzela do século retrasado e ele fosse...
Foco! Comandei a mim mesma.
Eu tinha um grande problema. Precisava encontrar muitas respostas. Precisava pensar no que ela havia me dito, palavra por palavra, e tentar encontrar qualquer coisa útil. Mas, fosse o que fosse, eu tinha certeza que não estaria naquele quarto. Eu tinha que encontrar uma pista pra poder voltar pra casa. Por mais gentil — e estranhamente familiar — que o rapaz fosse, eu não tinha intenção de me demorar ali.
Toc-toc!
— Senhorita? — chamou uma voz feminina.
Dessa vez, talvez por causa do calor do vinho, consegui me mover até a porta. A mulher baixinha e rechonchuda, com o mais vivo tom de escarlate no rosto, me olhou de soslaio.
Soslaio?
Eu já estava entrando na brincadeira! Daqui a pouco estaria chamando as pessoas por seus sobrenomes e corando, o que todo mundo ali parecia fazer.
— Senhorita, o patrão pediu para que eu trouxesse estas roupas.
Fiquei olhando a pilha que ela tinha nas mãos. Quantas roupas ela pretendia vestir com tudo aquilo? Tinha tecido ali para armar uma barraca de acampamento.
— Valeu, dona. Mas eu só vou precisar de uma roupa. No vou ficar aqui muito tempo.
— Sim, senhorita, por isso trouxe este aqui. — ela apontou com a cabeça para um tecido azul.
— Ah! Obrigada. — Peguei o vestido, sorri e comecei a fechar a porta, mas a mulher não se moveu. — Algum problema? — perguntei. Não queria ser rude e bater a porta na cara dela.
— Bem... Senhorita... E quanto ao resto? — ela parecia estranhamente nervosa, seu rosto assumiu um vermelho ainda mais intenso.
— Resto? — perguntei sem compreender.
— Do seu traje! — ela esticou os braços, me oferecendo pilha.
— Hein? Que traje? Eu já peguei o vestido!
Ela remexeu na pilha em suas mãos ruborizando violentamente e, sem me olhar nos olhos, disse:
— Os trajes íntimos. A anágua, o espartilho, as meias, a crinoline e o sapato, Senhorita.
A mulher não esperou por uma resposta minha. Colocou tudo em meus braços entorpecidos. Eu peguei automaticamente. Depois, praticamente correu pelo longo corredor. Fiquei olhando até ela desaparecer.
Minhas reações ainda estavam um pouco afetadas pelo choque de estar, de fato, no século dezenove.
Fechei a porta.
Joguei a pilha pesada de roupas sobre a cama. Tentei reconhecer algumas peças.
Vestido: 0K.
Meias: 0K.
Um treco de metal que parecia uma gaiola: Nada 0K.
Espartilhos: já tinha ouvido falar deles.
Uma saia branca de tecido duro e pesado: talvez fosse a tal anágua.
Comentem <3
Autor(a): anasz
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Uma peça branca parecida com aqueles shortinhos que se usa embaixo do vestido de quadrilha: humm... Supus que fosse um tipo de lingerie, já que tinha uma abertura entre as pernas e um laço de fita de cetim unindo as duas partes. Olhei para ela e ri. As calçolas da vovó pareceriam escandalosas perto disso! Tirei minha blusa e minha sa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 14
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dul_y_Ucker22 Postado em 29/10/2015 - 01:49:54
Eu ja li esse livro. Tem uma parte q me fez chorar sério eu chorei litros
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dul_y_Ucker22 Postado em 15/07/2015 - 15:40:44
faz maratonaq pfvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv. To te implorando
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morenamarques Postado em 10/07/2015 - 18:13:11
http://m.fanfics.com.br/fanfic/47474/confiando-em-um-lobo-vondy-vondy Ana, flor se não for incomodo poderia divulgar? Agradeço desdd ja
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dul_y_Ucker22 Postado em 08/07/2015 - 16:24:42
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH. VC VOLTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! FINALMENTE. ( sim as vezes sou histérica ) CNTCNTCNTCNTCNT
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traumadaa_ Postado em 24/05/2015 - 17:09:07
Oi! Sou leitora nova e cara, to apaixonada por essa fic, essa história tá muito perfeita. Vamos por partes, achei super incrível a Dul voltar no seculo XIX hahahahahahhahahahahaha, to rachando de rir por causa do Christopher, tá sendo incrível ler essa história, segundo, RI demais com aquela historia do alface kkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkk e como RI, se não tem noção, to rindo ate agora, enfim, essa web me pegou e acho que agora você criou uma nova viciada, porque não vou largar do seu pé ate essa história ter um final feliz e vondy claro. Enfim, posta logo vaaaaaaai, isso ia me fazer tao feliz, e sabe oq me deixaria com o melhor humor do mundo? 119 capítulos novinhos só ora mim poder ler, sei que a web não tem muitos leitores, mais eu te prometo, palavra de escoteiro que não vai faltar comentário meu aqui, acredito que cê já percebeu que eu falo bastantes. Enfim, só queria desabafar e dizer que agora dependo dessa fic pra viver! Beijos e continua lindaaaaa do meu <3!!!
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dul_y_Ucker22 Postado em 21/05/2015 - 14:35:28
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK. meu Deus como assim umar alface como papel higienico. eu to louca ou aquela mulher fala mais q a boca issso ta me dano nos nervos
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dul_y_Ucker22 Postado em 12/05/2015 - 18:31:43
vc n respondeu....
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dul_y_Ucker22 Postado em 12/05/2015 - 17:33:46
A Anahi é o q do Ucker?
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dul_y_Ucker22 Postado em 12/05/2015 - 17:26:55
DIOS MIO...Q ISSO MEU PAI?... To muito barava com vc... só posta 1 capitulo depois de 1 milênio... POSTA MAIS CAPÍTULOS MINHA FILHA OU EU N FALO MAS CUMCÊ
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dul_y_Ucker22 Postado em 04/05/2015 - 13:29:12
como eu ja disse sou bipolar