Fanfics Brasil - Capítulo 02 - O princípio pelo fim E tudo aquilo que dissemos?

Fanfic: E tudo aquilo que dissemos? | Tema: Romance, Traição, Amizade


Capítulo: Capítulo 02 - O princípio pelo fim

248 visualizações Denunciar


Aeroporto Internacional de Brasília / 2016


Guilherme observava a cena desenrolar-se em estado de choque, atônito. Amanda estava ajoelhada, as mãos no rosto, tentando conter o choro compulsivo. Juliana sentia-se mal. "Que adeus o quê, para de drama, mulher...", ela havia dito para Gabriela minutos antes. Lucas tremia, as lágrimas rolando por seu rosto. Rafael balbuciava preces e coisas do tipo "não, não, não...". Seguranças corriam pelo local, familiares em desespero tentavam invadir a pista de decolagem por quaisquer portões que houvessem. Carros de bombeiros e pequenas ambulâncias dirigiam-se ao local do acidente. O fogo espalhava-se rapidamente pelo terreno. Ligações apressadas foram feitas, as vozes trêmulas. Logo a imprensa estaria ali, bem como o corpo de bombeiros, a polícia e o SAMU. Já era cogitada a hipótese de atentado terrorista pelas pessoas que apenas observavam a situação. Alguns filmavam. Guilherme olhou para o lado e viu uma jovem com seu celular, tirando fotos e selfies. Ela sorria, como se tudo aquilo fosse um espetáculo.


Guilherme: Larga isso... - ele disse, mais para si mesmo do que para ela, e então gritou, enfurecido - LARGA ESSA MERDA, AGORA!!


A jovem olhou para ele, assustada, e guardou o celular, saindo do local em seguida.


Minutos de angústia e incerteza vieram em seguida. Guilherme e Amanda decidiram ficar para obter mais informações. Juliana estava passando mal, culpando-se pelas palavras anteriores. Lucas e Rafael decidiram que era melhor sair do local, pois não queriam causar problemas quando os familiares chegassem ao local.


No caminho para o carro de Lucas, no estacionamento, encontraram Daniel, que corria, apressado.


Daniel: Lucas, Rafa! O que aconteceu? Meu Deus, eu me atrasei, o que tá acontecendo aqui? Teve um barulho alto e aí todo mundo começou a gritar! - ele falava, um tom de urgência na voz.


Lucas balançava a cabeça, aflito. Não conseguia falar. Rafael olhou para o amigo.


Rafael: A gente tava lá, a gente ia se despedir - sua voz tremia, como se quisesse chorar - O avião, ele... Ele... Meu Deus...


Daniel: O quê?! O que aconteceu com o avião? Rafa, fala!


Rafael apontou para o aeroporto.


Rafael: Eu não quero voltar lá...


Daniel então começou a correr na direção do aeroporto.


Pessoas se aglomeravam na entrada. As sirenes pareciam cada vez mais altas. Lucas e Rafael entraram no carro. Olharam-se por alguns minutos, esperando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Lucas soluçava, e, em dor, apoiou sua cabeça no volante, permitindo-se chorar. Rafael observou, sem saber o que fazer, sem saber o que falar.


A fumaça do incêndio alastrava-se pelo céu da tarde. Pessoas eram resgatas, algumas ainda vivas, porém em estado grave, outras pendiam pelos destroços do avião, já sem vida e irreconhecíveis. Uma tarde que todos iriam preferir esquecer.





 3 anos antes / Centro Educacional Novo Amanhã (CENA) / 2013


2º Ano do Ensino Médio - Turma A


Os alunos estavam agitados. Era o primeiro dia letivo depois das férias de fim de ano. Todos conversavam animados enquanto contavam suas histórias e riam à toa. Amanda, como sempre pontual, contava sobre como havia sido seu natal para Gabriela: família reunida, alguns tios bêbados e nenhum presente decente.


Gabriela: O meu natal foi quase isso, também - ela riu - A diferença é que ganhei isso - e tirou da mochila um celular novo.


Amanda pegou o celular, analisando-o.


Amanda: É aquele novo, né?


Gabriela: Uhum.


Em outro canto da sala, um menino baixo, de cabelos enrolados e óculos, sentava numa cadeira vaga. Sua baixa estatura e seu rosto infantil atraíram a atenção de alguns dos que estavam por perto.


Daniel: Oxe, tem criança agora aqui, é? - comentou Daniel para Guilherme, seu amigo de infância.


Guilherme: É o que eu to vendo - e riu. Depois analisou o novato e comentou para Daniel - Tem um cara de enjoado, ele.


Daniel: Sei lá, ele parece ter uns doze anos - e riram outra vez.


A conversa continuou mesmo depois da entrada da professora na sala; uma mulher alta, sorridente, que parecia conhecer todos ali de longa data.


Gabriela: Que azar...


Amanda: O quê? - a garota se virou para a amiga.


Gabriela: Olha com quem é o primeiro horário - e inclinou a cabeça na direção da professora.


Amanda olhou e logo fez cara feia, depois riu.


Amanda: Ela tá de bom humor hoje, relaxa.


A professora cumprimentou os alunos e escreveu seu nome no quadro, seguido da matéria que lecionaria.


Fátima ~ Biologia S2`


Alguns alunos riram. Outros continuavam sérios. Outros nem mesmo davam atenção.


Fátima: Pra quem não me conhece, esse é o meu nome - apontou para o quadro - E pros que me conhecem, meu nome continua sendo esse. Vou ensinar biologia, e, vou logo avisando que gosto de conversar e sou tranquila...


Gabriela: Sei... - sussurrou.


Fátima: ...Mas tudo na hora certa, ok? Bom, como hoje é o primeiro dia, acho que podemos fazer aquele lance bonitinho de dizer o nome e essas coisas né?


Os alunos choramingaram.


???: De novo isso?!


???: Ah não, Fátima, esse ano de novo não...


Fátima: Só ouço choro, quero ouvir nomes - disse, apontando para o primeiro aluno da última fileira.


O aluno se apresenteu, disse a idade e de escola tinha vindo. A maioria dos alunos estava ali desde o ensino fundamental, haviam poucos novatos, e, entre eles, o com feições infantis. Quando chegou sua vez de se apresentar, Fátima arqueou a sobrancelha.


Fátima: Você tá na sala certa, meu amor? - perguntou.


O aluno assentiu, com um sorriso tímido.


Fátima: Nossa, quantos anos você tem? - a atenção de todos estava nele - Ah, e seu nome, também, por favor.


Rafael: Eu sou o Rafael, e tenho catorze anos.


Alguns alunos comentaram, admirados, outros fizeram piadinhas.


Fátima: Nossa! - disse, surpresa - Catorze anos no 2º ano?! Você pulou quantas séries?


Rafael estava ficando corado.


Rafael: Duas, mas foi no fundamental, bem no início mesmo.


A professora continuava admirada. Após um breve momento e palavras de boas vindas, as apresentações continuaram. Estavam na metade da sala quando alguém bateu na porta.


Fátima: Primeiro dia de aula e já temos alguém atrasado. Já até sei quem é - dissem abrindo a porta.


Os alunos riram. Juliana estava do lado de fora, armada de seu melhor sorriso cínico.


Juliana: Fátima, minha linda, que bom te ver! - disse, abrindo os braços para abraçar a professora.


Fátima: Sei, sei. Anda, Ju, vai sentar - disse, mas em seguida parou a menina - Não, melhor, se apresenta logo aí.


Juliana: Ai, de novo isso?


Fátima: Anda logo.


Juliana: Oi - disse, num tom arrastado - Eu sou a Juliana, e o primeiro que fizer gracinha apanha!


Alguns riram, outros apenas disseram coisas do tipo "senta logo, Juliana".


As apresentações continuram, e, então, uma introdução à nova matéria foi passada no quadro. Ainda acostumados com o ritmo das férias, foram poucos os alunos que realmente prestaram atenção. Os horários foram passando, e, com eles, professores novos e outros já conhecidos entravam e saiam da sala. As expectativas do ano estavam nos professores de inglês, Paulo, que parecia ser animado, e na professora de Matemática, Adriana, que, apesar do sotaque nordestino - o qual já haviam alunos prontos para imitar -, explicava a matéria de maneira clara. Nenhuma nova amizade havia sido feita de cara, e os grupos pareciam os de sempre: Amanda, Gabriela e Juliana; Daniel e Guilherme; Cristina, Ana Clara e Sofia, e assim ía. Vinte e seis alunos que se conheciam desde a infância, e quatro novatos, que ainda pareciam deslocados no ambiente.




Intervalo / Centro de Ensino Novo Amanhã (CENA)


Cristina: Ei, Rafa! - chamou Cristina, de uma das mesas do refeitório - Vem cá, senta com a gente! - convidou, animada.


O garoto novato sorriu e se juntou ao grupo de meninas.


Cristina: E aí, me conta, você veio de onde? Ah, eu posso de chamar de Rafa, né?


Rafael: Pode. Eu vim do Amazonas.


O grupo ficou surpreso.


Cristina: Sério?! Mas tipo, como é lá? Tipo, tem índio mesmo e essas coisas?


Rafael ficou um tanto ofendido por dentro, mas ignorou a si mesmo.


Rafael: Não onde eu morava. Eu vim do interior de lá. Os índios moram nas vilas mais afastadas.


Cristina: Mas você tá aqui em Brasília há muito tempo? Tipo, você não tem sotaque e tal.


Rafael: Cheguei aqui no final de 2011, vim passar o natal, gostei da cidade e pedi pra ficar com minha avó. Agora minha mãe veio também.


Cristina, embora escutasse, não parecia estar realmente interessada.


Cristina: Ah tá. Ah, vei, eu amo açaí. Tipo, a gente vai quase todo dia ali comprar açaí, né? - disse, virando-se para as meninas.


Ana Clara: Veeeeei, açaí é minha vida. O daqui é o melhor que tem!


A conversa continuou, e, para Rafael, a situação estava ficando incômoda. Pessoas fúteis nunca haviam despertado interesse nele, mas agora era tarde para recusar a conversa. Forçou-se a entrar no assunto de "porres que já havia tomado" quando a conversa sobre açaí havia terminado. Aquele, de fato, seria um longo ano...




Gabriela: E aí, o que acharam dos novatos? - perguntou a menina para os amigos, na arquibancada da quadra, em meio a mordidas no seu salgado.


Juliana: Nem reparei ainda - respondeu, de boca cheia - Tem algum gostoso?


Amanda riu.


Amanda: Que nada, esse ano só vieram os feinhos.


Gabriela: O guri lá não é feio não, só é baixinho.


Juliana: De baixinha nessa vida já basta você, amiga, tira o olho dele.


Gabriela olhou para Juliana, de olhos arregalados.


Gabriela: Eita, eu só disse que ele não é feio. E você é menor do que eu, tá?


Amanda: E você já é do Lucas, lembra?


Gabriela fez cara feia.


Gabriela: Sou de ninguém não, oxe. Esse Lucas é todo mole, não toma atitude. Vai ver foi por isso que mudou de escola.


Juliana: Até parece que você não ficou toda derretida ano passado, quando ele te chamou ali pra aquele cantinho - apontou para um lugar escuro, no final da arquibancada.


Amanda riu.


Amanda: Aquele cantinho já tem história, que eu sei.


Gabriela: História é o cacete - riu, terminando o salgado - Eu é que não fui com ele pra lá. Menino estranho, chamando pra cantinho, oxe. Sou dessas não.


Juliana e Amanda trocaram olhares de ironia.


Gabriela: É sério! Oxe! Não acreditam não é? - as três riram.




Daniel: E aí doido, foram quantas no natal?


Guilherme: Oxe, doido, peguei ninguém não. Passei o natal com a família.


Daniel: Nada no ano novo também?


Guilherme: Falou o pegador, né? Diz aí, quantas foram, então - riu.


Daniel: Teve uma, no cinema - e fez uma cara de satisfação, como se estivesse lembrando do momento - Vei, aquela ó... - e fez gestos com as mãos, colocando-as a frente do peito.


Guilherme riu.


Guilherme: Que isso, hein. Uma e já tá se achando o fodão?


Daniel: Uma que valeu por umas três, né?


Guilherme: Se tu tá dizendo. E aí, de olho em alguém da sala já?


Daniel: Não, tô de boa. E tu?


Guilherme: Por enquanto não, também. Vei, aquele muleque tem uma cara de metido, que pqp.


Daniel: Qual? O de óculos?


Guilherme assentiu.


Daniel: Que nada, ele tem cara de pegador quietinho.


Guilherme olhou para o amigo, com uma expressão de deboche.


Guilherme: É pô, com certeza. Tem cara de nerd punhet... - ia terminar a frase quando foi interrompido pelo sinal, que indicava o fim do intervalo.




Os alunos voltavam às salas de aula, o clima escolar voltando aos poucos. Para Rafael, o primeiro dia havia sido incômodo, e já acreditava que não teria amigos por um bom tempo.


Mal sabia ele que as pessoas que conheceria no dia seguinte, mudariam não só a sua vida, como a vida de quase todos daquela sala. Alguns dos melhores amigos que ele teria até o fim seriam feitos ali, naquele lugar, em meio a conversas, sorrisos e mentiras bobas. A rodada inicial de promessas teria início em pouco tempo...


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): araton

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Apartamento de Lucas / Tempo atual / 2016 A televisão estava ligada, a maioria dos noticiários de prestígio do país cobriam o incidente que repercutia no momento: a tragédia do JK. Equipes de repórteres cobriam diversas áreas do aeroporto. Familiares davam intrevistas, ainda abalados, pedindo justiça. O corpo de bombei ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 15



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • mrti Postado em 19/04/2015 - 18:46:36

    to aki ansioso e nada de vc postar...

  • mrti Postado em 18/04/2015 - 14:47:09

    kd o capitulo, ansioso aki

  • araton Postado em 16/04/2015 - 21:58:54

    Vlw vei, seu incentivo me deixa mto feliz :D

  • mrti Postado em 16/04/2015 - 21:55:07

    Carambaaaaa. Ansioso pelos próximos cap. MUito fodaaaa

  • araton Postado em 15/04/2015 - 19:01:48

    Altas tretas ainda estão por vir huahuha

  • mrti Postado em 15/04/2015 - 18:55:17

    cara, to curioso pra saber quem fez o video!!

  • araton Postado em 15/04/2015 - 00:21:02

    Hahahaha Obrigado mesmo :D Fico feliz que esteja gostando ^^

  • mrti Postado em 15/04/2015 - 00:19:47

    Fodastico!!! a história evolui e o escritor evolui com ela. Fascinado!!

  • mrti Postado em 14/04/2015 - 22:18:38

    Ansioso pelos próximos capitulos!

  • araton Postado em 13/04/2015 - 23:32:44

    hasuhsau vlw vei o/


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais