Fanfics Brasil - Capítulo 07 - Atipicamente E tudo aquilo que dissemos?

Fanfic: E tudo aquilo que dissemos? | Tema: Romance, Traição, Amizade


Capítulo: Capítulo 07 - Atipicamente

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Casa de Daniel / Depois da festa / 2013


Daniel: Silêncio, vei! - sussurrou para Guilherme, que ajudava a empurrar Rafael para dentro da casa - Segura ele que eu vou ligar o chuveiro.


Guilherme segurava Rafael pelos braços. O garoto balbuciava algo como "eu não quero ir pra casa" enquanto fazia uma estranha cara de choro. A festa havia acabado fazia pouco tempo. Carol havia ido para casa uma hora antes, com Juliana, que dormiria por lá. Rafael ainda procurava por mais coquetel quando foi trazido pelos colegas. Estavam agora no quarto de Daniel: uma suíte média, com uma cama, guarda-roupa e dois colchões dispostos no chão, na vertical. Os pais de Daniel já estavam dormindo, bem como quase todos da vizinha, e barulho era a última coisa que queriam no momento.


Daniel ligou o chuveiro, certificando-se de deixar a água no natural, para que ficasse o mais fria possível. Em seguida acenou para o amigo.


Daniel: Traz ele.


Guilherme olhou para o garoto que segura.


Guilherme: Vai jogar ele assim aí dentro? - perguntou, a voz entre a preocupação e o deboche.


Daniel: Você vai querer trocar a roupa dele? - perguntou, já sabendo a respota - Pois é, nem eu. Traz ele.


Guilherme: Ele vai molhar tudo, desse jeito.


Daniel: Ele dorme no banheiro, então.


Guilherme: É pô - disse, contendo o riso - Tá certo.


Rafael: Eu tô bem... Cadê a cama? - perguntou, a voz arrastada.


Daniel bufou, irritado, e puxou o menino.


Daniel: Aqui, tira a camisa e entra aí - disse, puxando a peça de roupa para cima.


Guilherme: Caraca, na terra dele não tinha sol não? - perguntou, surpreso com o tom de pele do garoto.


Daniel: Sei lá... Esse muleque é todo mole, meu Deus - e empurrou Rafael para o chuveiro - Vai logo, vei!


E assim, deram início à operação "sobriedade". Depois do banho de água gelada, enxugaram o garoto e trocaram, a contragosto, sua roupa. Depois, deixaram que ele se acomodasse em um dos colchões, jogaram um cobertor em cima dele, e respiraram aliviados.




Daniel: E aí, doido... Pegou alguém? - perguntou, deitado, as mãos atrás da cabeça, os olhos fixos no teto.


Guilherme: Uma... - respondeu, quase dormindo - E tu? - perguntou, mais por educação do que por de fato interesse.


Daniel: Não... A que eu queria não veio...


Guilherme: Que paia... - respondeu, sem absorver o significado do que o amigo dissera.


Daniel: É... Foda... - comentou, depois de um breve "tsc".


Guilherme, então, não percebeu o tempo passar, e, apenas minutos mais tarde, foi que seu subconsciente lembrou-se da resposta do amigo. "E quem você queria?", disse, em sua imaginação, mas os pensamentos não tiveram força para se concretizarem na forma de sons, e a pergunta não foi feita.





Casa de Amanda / Uma semana após o acidente / 2016


A vida havia se tornado uma estranha rotina, desde o incidente ocorrido na semana anterior. Amanda não via o tempo passar, não se alimentava bem, e perdia sono. Não queria dormir. Toda vez que fechava os olhos imaginava estar dentro do avião, olhando Gabriela em meio ao fogo, gritando por socorro. E ela nunca lhe estendia a mão. Não conseguia. Tentava em vão se mexer, mas era como se seu corpo não estivesse ali. E, como todo pesadelo, acordava no momento em que as chamas vinham em sua direção. O som da explosão ainda era nítido em seus pensamentos mais profundos.


Sentada ao pé da cama, recostou-se na mesma. Segurava uma pequena caixa de madeira no colo. Sua caixa de tesouros pessoais. Haviam fotos, cartas, pequenas pedras e outros objetos de valor sentimental. O que procurava naquele momento era um pendrive rosa, dos tempos de colégio. Precisava de um arquivo antigo para fins de referência em uma matéria da faculdade. Sabia que o arquivo estava ali. A organização de Amanda sempre fora impecável.


Levantou-se e caminhou, sem ânimo até a escrivaninha. Abriu o notebook e plugou o pendrive. Dentro de segundos, a tela com os arquivos surgiu. As pastas, organizadas por relevância, mostravam pequenas miniaturas do conteúdo. Uma lhe chamou a atenção. "Fotos". Na miniatura, uma foto de infância: ela, Juliana e Gabriela, sorrindo para a câmera, num campo aberto. Ainda se lembrava daquele dia. Havia sido um passeio da escola para o Parque da Cidade. A qualidade da foto era baixa, pois os celulares da época não possuíam a potência em megapixels dos mais atuais, mais ainda assim, os rostos e sorrisos eram nítidos.


Sorriu, involuntariamente, ao abrir a pasta. Centenas de fotos, das mais antigas às mais atuais, estavam dispostas ali. Ao abrir uma das fotos em que Gabriela reaparecia, a saudade e a nostalgia tomaram conta de Amanda. Um nó em sua garganta se fez, seguido de lágrimas, que caíam sobre o teclado. O sorriso permanecia. Um sorriso triste, de profundo afeto. Seus pensamentos voltaram-se para o passado, para os momento alegres, as discussões bobas, a inocência e a perda da mesma. Lembrara-se das conversas, das confissões, dos segredos, das noites em claro ao conversarem por horas. Tudo ali despertava em seu âmago momentos que levaria consigo para sempre. Momentos pelos quais daria tudo para poder reviver.





3 anos antes / Casa de Daniel / Domingo, após a festa


Rafael abriu os olhos lentamente e tentou reconhecer o lugar em que estava. Franziu a sobrancelha após tentativas frustradas de saber onde estava. Sentou-se, apressado, e se arrependeu logo em seguida. Sentiu a pressão baixar, sua cabeça girou e o mundo parecia apagar-se lentamente. Seus olhos ardiam e seu estômago queimava. Respirou fundo para não entrar em pânico. Olhou para baixo e notou que vestia roupas diferentes, mas sua capacidade de raciocinío ainda debilitada o fez pensar que eram suas. Tirou o cobertor de cima de seu colo e tateou, à procura de seus óculos. Quando os encontrou, levantou-se, lentamente, apoiando-se na parede.


A cama que havia no quarto estava vazia, e o lençol, dobrado. Havia um segundo colchão, encostado na parede, posto na vertical.


Rafael: Ahn... Oi? - chamou, abrindo a porta do quarto e deparando-se com o corredor da casa - Daniel? - não obteve repostas - Guilherme? Alguém? - e saiu, as roupas folgadas lhe garantindo um aspecto cômico.


Andou alguns passos e ouviu as vozes familiares vindas do andar de baixo. A escada estava logo à sua frente. Desceu, vagarosamente, torcendo para não cair. Nauseado do jeito que estava, sentia que podia morrer a cada meio minuto.


Guilherme e Daniel estavam sentados no sofá, jogando algo que parecia tiro em primeira pessoa. Rafael ainda não conseguia distinguir as imagens com clareza.


Rafael: Bom dia, eu acho - disse, as mãos em volta do estômago, que ainda queimava.


Guilherme: "Dia"? São quase três da tarde. Tua mãe já ligou umas quinhentas vezes pro teu celular.


Rafael cambaleou para frente, para receber o celular das mãos do colega. Praguejou para si mesmo ou ver o número de chamadas perdidas.


Daniel: É melhor você comer alguma coisa. Não quero ter que te carregar de novo.


O garoto corou, pensou no que havia acontecido na noite anterior, embora não se recordasse de muita coisa. Só então se deu conta de que as roupas que usava não eram suas.


Rafael: Ahn, cadê as minhas roupas? - perguntou, e então sentiu o próprio hálito. Era diferente, lembrava-lhe do sabor do coquetel que havia provado.


Daniel: Sua camisa tá ali - apontou para a mochila do garoto - E, vei, da próxima vez que quiser tomar um porre, melhor trazer mais roupa - disse, ironicamente - Sua calça ainda tá molhada - disse - Sua cueca também.


Rafael corou ao perceber que não estava usando nada por debaixo da bermuda folgada. Ergueu os olhos para os colegas, que agora riam.




Após um rápido desjejum e um bom tempo escovando os dentes, Rafael estava pronto para voltar para sua casa. Teria que arrumar alguma desculpa para a calça, quando chegasse lá, mas isso era o de menos. A tontura e o cansaço é que possivelmente o entregariam. Caminhou em direção à porta, quando Daniel o chamou.


Daniel: Ué, já vai? Quer jogar não? - perguntou, mostrando o controle do videogame.


Rafael: Acho melhor eu já ir... Minha mãe já deve estar puta da vida comigo, mas valeu.


Daniel: Falou, então. Até amanhã, vei.


Rafael: Até - acenou e abriu a porta.


Guilherme: Falou, branquelo - disse, num tom amigável.


Rafael o olhou, surpreso com o tom e com a brincadeira.


Rafael: Falou... - respondeu, e saiu.


O garoto já se preparava para o sermão que ouviria pelas próximas horas. Desejou não ter bebido na noite anterior. Deu alguns passos e repensou. Pra falar a verdade, beberia o dobro se tivesse outra oportunidade. Absorto em pensamentos atípicos para sua tímida personalidade, Rafael sentou na parada de ônibus, enquanto esperava ansiosamente por mais convites para festas.


 


 


 



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Autor(a): araton

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Casa de Juliana / 2013 Gotas de chuva escorriam pela janela do quarto, agora frio. O vento entrava pelas frestas das portas e demais janelas, criando um leve som de assovio. Juliana estava deitada na cama. Olhos fechados, coração inquieto. O volume alto da música nos fones de ouvido abafavam o som da discussão de seus pais, na sala. Ela sabia que ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 15



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  • mrti Postado em 19/04/2015 - 18:46:36

    to aki ansioso e nada de vc postar...

  • mrti Postado em 18/04/2015 - 14:47:09

    kd o capitulo, ansioso aki

  • araton Postado em 16/04/2015 - 21:58:54

    Vlw vei, seu incentivo me deixa mto feliz :D

  • mrti Postado em 16/04/2015 - 21:55:07

    Carambaaaaa. Ansioso pelos próximos cap. MUito fodaaaa

  • araton Postado em 15/04/2015 - 19:01:48

    Altas tretas ainda estão por vir huahuha

  • mrti Postado em 15/04/2015 - 18:55:17

    cara, to curioso pra saber quem fez o video!!

  • araton Postado em 15/04/2015 - 00:21:02

    Hahahaha Obrigado mesmo :D Fico feliz que esteja gostando ^^

  • mrti Postado em 15/04/2015 - 00:19:47

    Fodastico!!! a história evolui e o escritor evolui com ela. Fascinado!!

  • mrti Postado em 14/04/2015 - 22:18:38

    Ansioso pelos próximos capitulos!

  • araton Postado em 13/04/2015 - 23:32:44

    hasuhsau vlw vei o/


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