Fanfic: Dois Homens {DyC [terminada]
Christopher
odiava invadir a intimidade de Dulce mexendo em sua bolsa. Mas se não
encontrasse ele mesmo seu endereço, teria que pedir ao Trent, assim tirar a
carteira de Dulce do fundo da bolsa lhe parecia o melhor dos males.
Assim
que se encontrou em frente a sua casa, situada em Coral Springs, soube que
Dulce não tinha exagerado as modestas circunstâncias de sua origem. A casa
parecia limpa, mas tinha conhecido melhores dias. Tratava-se de um antigo
bangalô, com a fachada pintada em verde, e pedindo a gritos uma nova mão de
pintura.
Algum
dos habitantes da casa tinha uma estranha paixão pelos animais de cerâmica. A
área do jardim estava repleta de esquilos, jacarés e ouriços de barro. Dava a
sensação de que a qualquer momento ia sair da casa a Branca de Neve e seus
anões.
— Não
veio nos trazer a pizza — foi a saudação de uma adolescente com óculos e o
cenho franzido que abriu a porta antes que ele chamasse.
— Não,
não vim trazer, nem salame nem cogumelo.
—
Carne, Arrrg! A pizza que eu pedi é de espinafres, cebola e alho. Embora isso
não seja teu assunto, claro.
— Não,
não é meu assunto. Mas eu gostaria de perguntar algo... Não tem nenhum encontro
essa noite, não é? Digo pela cebola e o alho.
— Só
porque é bonito não quer dizer que tenha direito de questionar a pizza que eu
escolhi. Agora vai dizer-me quem é e o que pretende me vender?
— Não
quero vender nada.
— Ah,
não? espera um momento, é o mesmo tipo que chamou agora a pouco perguntando
pela Dulce?
— Sim,
sou Christopher. Trago a bolsa dela — e estendeu a pequena bolsa de Dulce.
— Sou
Morgan, sua irmã. Dulce não está aqui. Eu pensei que ia tirar- lhe a roupa, não
a bolsa.
Ao
lembrar o que havia dito quando Morgan tinha atendido o telefone, Christopher
se ruborizou violentamente.
— Fica
muito mais bonito quando se ruboriza. Por que não espera ela chegar?
Acabavam
de entrar quando bateu na porta o motorista da pizzaria. Christopher pagou a
pizza e começou a devorar um terço da mesma enquanto Morgan e ele começavam a
entrar na cozinha.
— Sabe,
provavelmente não deveria ter comido pizza se você e Dulce têm um encontro esta
noite.
— Dulce
tem um encontro esta noite?
Christopher
olhou fixamente à mulher que acabava de entrar na cozinha. No momento
compreendeu de onde tinham tirado Dulce e sua irmã seus faiscantes olhos azuis.
— Você
deve ser a mãe de Dulce. — A mulher assentiu sorridente, olhando-o dos pés à
cabeça.
— Sim,
sou Jeanine. Sério? Veio mesmo a procura de Dulce? Nessa semana estão
acontecendo coisas geniais.
—
Mamãe, comeu algo hoje? — perguntou-lhe Morgan, enquanto tirava outro prato —
Ficou horas metida no ateliê.
Jeanine
sacudiu a mão com ar ausente, como se a questão da comida fosse insignificante.
Christopher observou com interesse enquanto Morgan insistia com sua mãe
para sentar-se em uma cadeira e punha um
prato e um copo na sua frente. Tinha a sensação de que era algo que ocorria com
frequência.
—
Ateliê? É artista? — perguntou Christopher.
— Ceramista.
A cerâmica é minha última paixão. Tenho o ateliê na garagem.
— Ah, e
a coleção de animais no jardim.
— De
qualquer modo, sempre é melhor que a escola de dança nudista — murmurou Morgan.
— Era
uma escola de dança artística, Morgan.
— Eram
uns quantos tipos gordos e nus tentando imitar aos elementos da terra, girando
como se fossem a água, o vento e o fogo.
Christopher
mordeu outra parte de pizza para disfarçar uma gargalhada.
—
Desfrutei muito ajudando às pessoas a descobrir sua beleza interna.
— Teriam
beleza interna, mamãe, mas tem que reconhecer que havia alguns tipos
incrivelmente feios em sua escola de dança, pelo menos exteriormente.
Christopher
se pôs-se a rir. Gostava cada vez mais da irmã de Dulce.
Então
Jeanine era a sonhadora irresponsável que Dulce lhe tinha contado, não tinha
tido sorte no amor. E Morgan, a adolescente que, obviamente, era mais madura
que outras garotas de sua idade. E que lugar ficava reservado para a Dulce?
Christopher tinha a sensação de que Dulce ficava exatamente no meio: sendo a
adulta na relação com sua mãe ao mesmo tempo que tentava ajudar a sua irmã a
continuar sendo uma menina.
Nesse
momento desejou mais que nunca estar a seu lado. Chegar a conhecê-la,
inteirar-se de seus segredos, de seus autênticos sonhos e desejos. Dizer-lhe
que compreendia que precisava ser livre e desinibida embora só fosse durante o
curto espaço de um fim de semana.
— E
você, Christopher, a que faz?
Antes
que pudesse responder, soou o telefone. Morgan respondeu e indicou com um gesto
que se tratava de Dulce. Não disse para Dulce que Christopher estava ali,
parecia estar muito ocupada escutando-a. Morgan fez uma careta e elevou os
olhos ao céu. Após um minuto, desligou o telefone e olhou ao Christopher.
— Tem
vontade de voltar para Boca? Dulce se colocou em uma confusão.
Christopher
se levantou imediatamente e se dirigiu para a porta antes que Morgan tivesse
podido dizer uma só palavra.
— Oh, é
mesmo um cavalheiro — disse Jeanine.
— Quer
saber onde está? — Christopher se deteve para que Morgan indicasse o lugar e
voltou a girar.
—
Espera — Morgan estendeu a bolsa de
Dulce — Provavelmente necessite dela. Acredito que vai pagar uma multa.
Dulce
não ia mais voltar a ignorar um sinal de proibido ao estacionar o carro em toda
sua vida. Naquele momento, aquele propósito ocupava um dos primeiros lugares da
lista de estupidezes a evitar a todo custo. O segundo e o terceiro para ser
mais exata, seria não voltar a frisar o cabelo nunca mais e o de não voltar a
deitar-se com um desconhecido. — Obrigado por me emprestar o dinheiro para
fazer a chamada — disse ao homem que estava a ponto de levar seu carro
rebocado.
— Não
há de que — respondeu o homem com um sorriso —
O endereço do estacionamento está no cartão. Pode me devolver o dinheiro
amanhã pela manhã, quando for procurar seu carro.
Quando
estava voltando da praia e o tinha encontrado levantando o carro com o reboque,
tinha lhe suplicado que não o levasse. Desesperada, tinha oferecido cinquenta
dólares em troca de que esquecesse tudo sobre ela e tinha aberto a porta do
carro para tirar a bolsa. Mas não tinha encontrado nem a bolsa nem os cinquenta
dólares. De fato, nem sequer tinha uma moeda que lhe permitisse fazer uma
chamada de emergência e precisou pedir
emprestado o dinheiro ao condutor do reboque.
Depois
que ele partiu, Dulce se sentou desalentada nos degraus de madeira que desciam
à praia, apoiando a cabeça entre as mãos. Aquele tinha sido um dos piores dias
de sua vida.
Quando
ouviu o motor de um carro, nem sequer ergueu a cabeça. Não podia ser o de sua
mãe. O velho Volkswagen «escaravelho» fazia um ruído completamente diferente ao
de qualquer outro motor. Estremeceu ao pensar que teria que entrar naquela
coisa que sua mãe chamava «o inseto do amor».
Quando
Dulce tinha dezenove anos, Jeanine lhe tinha explicado o motivo do nome. E
desde que se inteirou de que Morgan tinha sido concebida dentro dele, Dulce
tinha se negado a entrar no carro a menos que fosse inevitável.
— Uma
bolsa em troca de seus pensamentos.
Dulce
conhecia aquela voz. Ergueu tão rapidamente a cabeça, que quase pôde ouvir o
rangido de seu pescoço. E viu Christopher. Sim, definitivamente era
Christopher, não seu irmão gêmeo. Antes que pudesse responder, Christopher se
sentou a seu lado.
—
Como...? O que...?
—
Deixou a bolsa ao lado de minha caminhonete. Levei-a até sua casa e estava ali
quando telefonou.
—
Obrigado. Não sei como pôde cair sem que me desse conta.
Então
ali estavam, outra vez em uma romântica praia. Uma situação muito perigosa. Mas
Dulce não podia evitar de estar agradecida. Christopher tinha tido muito
trabalho... Primeiro indo a sua casa, depois vindo procurá-la para devolver a
bolsa.
— Vamos
dar um passeio pela praia — sugeriu Christopher, segurando-a pelo braço.
— Não
acredito que seja uma boa ideia. Você e eu sozinhos outra vez na praia?
— Sim —
respondeu Christopher com um sorriso provocante.
— Não
acredita que seja procurar problemas?
— Só
quero falar com você, Dulce, ok? Prometo-lhe isso.
Dulce
pensou nisso e franziu o cenho.
—
Claro, iremos passeando pela praia e quando voltarmos nos daremos conta de que
o reboque levou sua caminhonete. Então
os dois teremos que tentar averiguar uma forma de voltar para casa essa noite.
— Aqui
ao lado há um hotel em que poderíamos ficar — inclinou a cabeça para o edifício
que havia atrás deles, com uma expressão tão esperançosa que Dulce não pôde
evitar um sorriso.
— Não
sei por que, mas tenho a impressão de que um hotel de cinco estrelas está além
das possibilidades de Christopher, o jardineiro.
— E de
Dulce, a vitrinista.
— Muito
bem. Assim nós dois estaríamos fora de lugar no Centro Turístico Dolphin
Island.
—
Possivelmente seja essa a razão pela qual nos conectamos — disse Christopher,
inclinando-se para ela, para que pudesse sentir seu calor — Não acredita que ambos estávamos procurando
um pouco de loucura para um fim de semana excepcional?
Dulce
engoliu em seco, consciente da proximidade de Christopher. Procurou em seu
interior a força de vontade que lhe permitiria permanecer imune à atração
sensual daquele homem. Mas não encontrou
nem um ápice. No que se refere ao Christopher Uckermann, tinha a força de
vontade de um gatinho de três dias.
Mesmo
assim, tentou parecer uma mulher fria e controladora.
— O fim
de semana terminou, Christopher. Será melhor que esqueçamos o ocorrido.
— Mas
ainda estamos aqui, juntos — inclinou-se para ela e esboçou um radiante
sorriso.
— Por
casualidade — conseguiu sussurrar ela.
— E não
acredita que as melhores coisas ocorrem sempre por casualidade? — Segurou-a
pelo braço. Dulce engoliu em seco e retrocedeu.
— Não
me toque, por favor. Precisamos falar, não... não nos tocar. Christopher
levantou as mãos.
— Ok.
Nada de nos tocar. Limitaremo-nos a falar.
Um
carro entrou naquele momento no estacionamento, cegando-os com seus faróis.
Dulce levou a mão aos olhos e se voltou. Christopher acabava de fazer o mesmo,
de modo que terminaram olhando um ao outro nos olhos.
— É
melhor sairmos daqui antes que volte o reboque — disse Dulce por fim,
obrigando-se a desviar o olhar.
—
Podemos ir falar em qualquer outro lugar. Tem fome?
O
estômago de Dulce respondeu com um grunhido a sua pergunta. Fazia horas que
tinha almoçado.
—
Suponho que sim.
— Muito
bem, então a convidarei para jantar —
disse Christopher, segurando-a pela mão e caminhando para a caminhonete.
— Não
acredito que seja uma boa ideia, mas agradeceria se me levasse para casa.
— Temo
que em casa não vai poder jantar, porque
a pizza acabou.
— A
pizza? Esteve em minha casa comendo pizza com minha família? — Sem esperar
resposta, ficou nas pontas dos pés e farejou, procurando a prova de que ele
tinha roubado seu jantar.
E antes
de que Dulce pudesse dar-se conta do que Christopher estava fazendo, ele a
rodeou com o braço e a beijou.
O
contato foi elétrico. Dulce se separou dele e o ameaçou com o indicador.
— Seu
rato imundo! Espinafres, alho e cebola. Comeu
minha pizza!
—
Culpado — respondeu ele rindo — Nem imagina como estava boa. E graças a isso
consegui um beijo. A verdade é que não posso dizer que me arrependa de ter
comido sua pizza, Dulce.
Bom, se
tinha que ser completamente sincera, tampouco ela. Tinha havido faíscas, fogo e
explosões em abundância naquele breve beijo. Sem dúvida alguma, Christopher
provocava algo dentro dela que seu irmão não era capaz de despertar.
Mas
isso não significava que estivesse pensando em beijá-lo outra vez. De maneira
nenhuma. Não até que clareasse as ideias. Até descobrir o nome completo, a
altura e a data de nascimento de Christopher, essa adorável boca não ia voltar
a aproximar-se da sua.
— Muito
bem, considerando que comeu minha pizza,
agora terá que me convidar para jantar —
colocou a mão na bolsa e tirou um chiclete de hortelã — E toma isso!
—
Obrigado — Christopher colocou o chiclete na boca e mastigou rindo.
Diabos,
o ritimado movimento de sua boca era muito sexy para a paz mental de Dulce.
Foram
caminhando juntos até a caminhonete e, uma vez lá dentro, na escuridão da
cabine, Dulce se aproximou até a porta e permaneceu ali como se a tivessem
colado na janela. Ouviu Christopher rindo. Indubitavelmente, tinha notado a
parede invisível que estava tentando colocar entre eles. Ficaram em silêncio
durante alguns minutos. Dulce não sabia o que dizer àquele homem de quem tão
perto tinha estado uns dias atrás.
— Está
bem? — perguntou-lhe Christopher.
— Sim —
sussurrou, perguntando-se como saberia que estava tão afetada. Não deveria
estar afetada. Envergonhada, sim. Sentindo-se um pouco estúpida, também. Mas
por que a tinha afetado tanto saber que Christopher não era Trent? O fato de
que não fosse o dissimulado diretor das galerias deveria melhorar as coisas,
não piorar.
Christopher
era o assombroso amante que a tinha levado até alturas insuspeitadas durante o
fim de semana. E a conhecia melhor que nenhum outro homem a tinha conhecido até
então. Com ele tinha superado o acanhamento. Tinha lhe mostrado o que gostava e
o que não gostava. Onde acariciá-la. Quando aumentar a velocidade ou quando ir
mais devagar. Em que lugar de seu corpo podia obter um gemido com um só toque.
Autor(a): theangelanni
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Não. Ele não tinha mudado. Continuava sendo o mesmo. O mesmo homem... Mas ao mesmo tempo, um completo desconhecido que era, precisamente, a espécie de homem com quem tinha jurado não envolver-se jamais. Um amante do risco. Um homem que se afastou da segurança e a estabilidade para abraçar a incerteza. A espécie de homem ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1653
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stellabarcelos Postado em 13/03/2016 - 10:43:14
Own que lindos ! Amei
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:16:17
ah, aki eh a Natyvondy!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:14:00
amei!!!!!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:13:57
amei!!!!!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:13:56
amei!!!!!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:13:55
amei!!!!!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:13:54
amei!!!!!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:13:53
amei!!!!!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:13:50
amei!!!!!
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vondyta Postado em 05/12/2009 - 23:13:47
amei!!!!!