Fanfic: Dois Homens {DyC [terminada]

Consciente
de que ia enlouquecer se não enfrentasse o 
quanto antes à mulher que amava, Christopher se deteve no meio da
sapataria e retornou ao escritório. De uma ou outra forma, averiguaria a
verdade.

Quando
retornou, Dulce estava sozinha, sentada no sofá com o rosto entre as mãos.
Tentando ignorar suas lágrimas, Christopher entrou na sala.

Dulce
ergueu imediatamente o olhar.

—
Christopher — Dulce se levantou, mas não se aproximou para abraçá-lo —  Está há muito tempo aqui?

— O
suficiente para ter ouvido a conversa que manteve com minha avó — cruzou até a
mesa e, incapaz de controlar-se, atirou de um tapa todos os papéis que havia
sobre ele —  Como pode? Como pode
confabular com minha avó para me arruinar? Eu pensava que o nossa relação era
verdadeira!

— E é!
Christopher, que parte de nossa conversa escutou?

— A
suficiente para saber que se supunha que devia me distrair de meu trabalho. Ou
acaso entendi errado? Não era disso que estavam falando minha avó e você? Da
forma de se assegurar que me arruinasse?

Dulce
sacudiu a cabeça. As lágrimas começaram a escorregar de seus olhos.

—
Possivelmente seja isso o que ela quer, Christopher, mas eu não estou de acordo
com ela. Não tinha a menor ideia de que tinha planejado me enviar a esse
congresso para que nos conhecêssemos.

— Sim,
já entendi. Mas suponho que veio vê-la mais tarde, quando se deu conta de que
estava louco por você.

— Não,
Christopher. Juro que esta é a primeira vez que veio para ver-me.

—
Alguma vez tinha falado com ela?

— Só
uma vez — admitiu —  Mas foi antes de
conhecê-lo. Fez-me muitas perguntas, elogiou meu trabalho e isso foi tudo —
Dulce deu um passo para ele e estendeu a mão — Por favor, Christopher, tem que
acreditar em mim. Eu nunca o enganaria. E tampouco sabia que seu projeto não
estava indo bem. Isso é verdade?

Christopher
ignorou a pergunta.

— Até
hoje não tinha pedido que me distraísse?

— Não —
respondeu Dulce com sinceridade.

Christopher
acreditou. Até aquele dia, não tinha estado de acordo em sabotar seu trabalho.
Mas isso não resolvia tudo.

— Então
— insistiu, cruzando os braços — Vai seguir em frente com o plano? Pensa me
deixar louco de amor para me pedir muito docemente que a ajude a ter um nível
de vida ao qual não custaria nada se acostumar?

— Eu
não mereço isso, Christopher. Não, não merecia. — E Christopher se arrependeu
das palavras pronunciadas.

— Sinto
muito, Dulce. Não deveria ter dito isso.

— Eu
nunca quis ser rica, Christopher. E nunca me importou que tenha menos dinheiro
que seu irmão.

— Sei.
Mas o problema não é o dinheiro, não é? E sim a segurança, a estabilidade, que
eu seja capaz de me converter no tipo aborrecido capaz de trabalhar com um
horário fixo, é o que quer desde menina.

Dulce
se endireitou. As lágrimas corriam livremente por seu rosto.

— Não
faça parecer tão ridículo. Um tipo que trabalhe de nove às cinco é muito mais
atrativo que um homem capaz de gastar o dinheiro dos estudos das crianças para
abrir uma escola de paraquedismo.

Isso
era o que pensava dele?, lamentou-se Christopher. Como podiam ter chegado até
ali? Quando tinha permitido que as coisas escapassem daquela maneira do
controle?

—
Então, está de acordo com o que pretende minha avó? Quer que volte a trabalhar
aqui, que seja como Trent? Acredita que isso resolveria nossos problemas?

Dulce
estava cada vez mais pálida.

—
Alguma vez pedi algo parecido ou fiz você pensar que era isso o que queria?

— Não,
não o fez. Mas nunca tentou me convencer de verdade de que não se importa que
eu não seja um homem de êxito, rico e estável como meu irmão.

A bola
estava no telhado de Dulce. Só o que tinha que dizer eram três palavras: «não
me importa». Mas permaneceu em um detestável silêncio enquanto as lágrimas
continuavam caindo por seu rosto.

—
Suponho que não há nada mais a dizer — Christopher se voltou e saiu do
escritório.