Fanfic: Tu Mirada (adaptada) Vondy **Finalizada** | Tema: Superação

 Demorou, ficaram quase até a hora do almoço, mas ela aprender e achou a coisa mais divertida do universo. Chegaram em casa rindo com ele escondendo a chave do carro dela, que o rodeava tentando pegar.

Ucker: Sai menina! Se controla! - Passou a chave para a outra mão.

Dul: Você vai ver! - Foi pra cima dele, mas ele a jogou em seu ombro e ela gritou. Os dois gargalharam, mas a gargalhada dela continuou a dele parou.

Ucker: Mãe? - Se assustou com o rosto da mãe e colocou a namorada no chão. - O que houve?

Dul: -parando de rir –Ale? - Os dois sentaram ao lado dela, que tinha os olhos vermelhos.

Ucker: Mãe o que foi? Por que está chorando?

Ale: -tremendo – Teu pai.

Ucker: O que ele fez?

Ale: -negou – Nada! Ele não fez nada! Ele... Ele... Morreu.

Ucker: Morreu?

Ale: Sim. - O filho abriu a boca para falar, mas nada saia. Dulce o olhou, abraçando a sogra pelo ombro, mas ele não esboçou qualquer tipo de reação.

Dul: Eu sinto muito. - Fez um leve carinho.

Ucker: Como?

Ale: Ele foi atropelado. - Encostou a cabeça na nora. - Eu... Ligaram, eu....

Ucker: Você avisou alguém? - Acariciou a mão da mãe e ela negou. - Eu vou ligar pro meu tio.

  Ele levantou para pegar o telefone. A mãe chorava, mas não por amor, por tudo que tinham construido juntos e ele morrer assim, de uma forma tão besta. Era o pai de seus filhos, como falaria para Anahí e Carolina? Anahí falou palavras de carinho para ela, que agradeceu, mas de certa forma, quieta. O tio dele logo chegou em casa e foi com Ruth para o hospital, acertar tudo.

Dul: Eu sinto muito. - Abraçou o namorado, ainda sentados no sofá.

Ucker: Me sinto um monstro.

Dul: Por quê?

Ucker: Porque não sei se estou sentindo muito a morte dele. - A olhou um pouco incomodado. - Claro que queria que ele estivesse vivo, bem, mas … Não sinto.

Dul: É porque você tem muitas mágoas dele. - Alisou seu rosto. - Nâo porque é um monstro.

Ucker: Ele nunca foi meu pai. - Levantou os ombros. - Era para as meninas. Eu admito que sim, mas pra mim... - Lamentou.

Dul: Eu sei. E sabe que pode falar o que quiser pra mim. - Beijou sua bochecha.

Ucker: Eu sei. Acho que devo contar pra Mai e depois ajudar minha mãe com a Carolzinha.

Dul: Sim. - Ele entrelaçou os dedos com os dela e ficou pensativo.

      A hora em que Anahí chegou da rua com Maite e os respectivos namorados, já sabiam que algo bem grave estava ocorrendo. Christopher foi para o quarto com a irmã e lá contou o que houve com paciência. Depois de alguns minutos em choque, ela começou a chorar desesperadamente e ele a abraçou. Tentava acalmá-la, mas ela não conseguia parar, dizia que era mentira, falava coisas sem nexo. Ele não sabia mais o que fazer e então chamou Alfonso na sala, que já sabendo do assunto correu para falar com ela. Christopher ficou do lado de fora, sentado no chão encostado na parede, agora sim queria chorar, aquilo sim o afetou. Ver a irmã daquele jeito. Ele tampou os ouvidos, mas tinha que estar ali caso ela precisasse, por ela tinha que estar. Na sala, uma Dulce impaciente andava de lá pra cá, até que não aguentou e foi em direção ao quarto. 

Dul: Mi amor? - Falou carinhosa e ajoelhou ao seu lado. Logo recebeu o impacto de um abraço. - Príncipe? - Ele negou com a cabeça. Não chorava, mas estava agoniado com o choro e gritos da irmã. - Tudo bem, eu prometo que vai passar. - Sentou direito e sussurrou passando a mão em seus cabelos. - Pode chorar, não tem problema nisso.

Ucker: No. Só fica comigo. - Ela assentiu. Ao longo dos minutos não ouviram mais choro. - Ainda tem a Carol. - Falou magoado olhando a namorada. - Eu não posso fazer isso.

Dul: Pode sim, mas não precisa fazer só. - Alisou seu rosto.

Ucker: Eu não consigo. Ele... Ele era bom com elas. - Agora estava mais magoado ainda. - Não quero que elas sofram.

Dul: Não tem como esconder isso Ucker, ela o via quase todos os dias.

Ucker: Eu sei. Eu sei. - Coçou a nuca e o telefone tocou.
[Ligação on]

Ucker: oi
Ale: Filho, o corpo acabou de ser liberado e já está a caminho do cemitério.

Ucker: Eu vou falar com a Carol e então vamos.

Ale: Me desculpe jogar esse peso para você, meu amor. - Começou a chorar novamente. - Eu não queria que tudo tivesse diso assim.

Ucker: Eu sei mãe, fica calma, eu... Eu vou dar um jeito aqui e já vou, eu prometo.

Ale: Obrigada. Eu amo você ok?

Ucker: Eu também te amo.

[Ligação off]

Dul: Eu vou com você se quiser. - Ele assentiu e pararam na porta do quarto da pequena, pela distância ela não ouvira o choro da irmã.

Carol: DULLL! - Sorriu e os dois entraram.

Ucker: Carol, precisamos conversar. - Sentou na cama e a colocou em seu colo.

    A menina escutou, ela já tinha oito anos, entendia muito bem o que estava acontecendo. A reação foi a mesma de Anahí. Choque e choro, mas ela não gritara, ela se agarrara no irmão pedindo pra ele trazer o pai de volta.

Ucker: Vai ficar tudo bem. - Acariciou seus cabelos. Ele se segurou, não derramou uma lágrima mesmo com o coração apertado.

Dul: Você vai ter ele sempre com você pequena. - Alisou seus cabelos. A menina soluçava.

Ucker: Temos que ir. Temos que dizer tchau a ele. Ok? - Beijou a testa da irmã e ela assentiu, mas só circundou seu pescoço com os braços.

   No carro ela foi com Dulce e Maite atrás, que he davam apoio. Já Anahí agora não falava, estava em total choque de novo. Quando chegaram no cemitério Carolina não saia do carro estava com medo e então teve que ir no colo do irmão. Anahí abraçou o namorado e entraram. Alexandra abraçou as duas filhas, e conversou dizendo palavras de conforto, assim como o tio delas.

Carol: Pa.apai. - Chamou procurando com os olhos.

Ale: Ucker não podemos ver o corpo. - Sussurrou e o filho a olhou. - O acidente foi grave, estava muito machucado e não deixaram o caixão aberto.

Any: Eu queria ver uma última vez. - Soluçou.

Ale: Melhor termos lembranças bonitas meu amor. Carolzinha você vai sempre lembrar do papai no seu coração, não é? - A menina assentiu, escondendo a cabeça no pescoço de Christopher.

  Durante o velório foi assim, os familiares e amigos foram chegando, dando os sentimentos pela perda. E o corpo só foi enterrado no fim da tarde. Estavam todos envolta olhando o enterro. Carolina, agora no chão, agarrada na perna da mãe chorava, e era o único que se ouvia, o choro dela e de Anahí. Christopher olhava o caixão descendo, depois a terra o cobrindo lentamente e a garganta fechava. Algo dentro dele veio, uma tristeza, um vazio e ele sentiu vontade de chorar. Chorar pelo pai, pela primeira vez. Ele apertou a mão da namorada e ela estava acariciando seu braço, quando viu o rosto dele. Atônito, molhado, o maxilar trancado e a respiração elevada. Quando não viram mais o caixão as pessoas foram saindo, saindo, saindo até que só ficou a família e os amigos de Christopher.

Ale: Vamos para casa. - Enxugou o rostinho da filha. Estavam saindo, mas não ele. - Filho? - Ele não respondeu. Olhava fixamente por onde o caixão do pai tinha sumido, fixamente para a terra.

Dul: Ucker... - Chamou em um sussurro, ele estava agarrado na mão dela, mas soltou.

Carol: Ucker! - Correu abraçando as pernas dele. - Chama o papai. - Ele negou e por mais que tentasse controlar já estava chorando de novo.

Dul: Ucker:.... - Estava preocupada, ele soltou a irmã de si e saiu andando. 

Chris: Ucker:! - Tentou uma última vez.

Ucker: Não consigo! - Virou colocando as mãos na cabeça. - Não sei lidar, eu n... Não sei! Me desculpa. - Pediu olhando nos olhos das irmãs. - Não posso. - Se virou e saiu correndo

  Todos ficaram sem saber se deveriam segui-lo. Uma não tinha dúvidas e saiu correndo, sendo segurada por Alfonso.

Poncho: Ele precisa ficar só.

Dul: Sempre que precisei ele estava lá. Se ele quiser ficar só, ele me diz e eu vou. - Se soltou e saiu em disparada atrás do namorado. O encontrou apoiado em uma árvore, o abraçou por trás e ele apertou sua mão, enlaçando os dedos com os dela.

  O silêncio prevaleceu e não demorou mais que segundos para que ele se virasse a abraçando, a apertando. Tudo que ela fez foi lhe acariciar as costas e os cabelos, queria que ele não sentisse dor, mas era mais que isso, era mágoa. 

Ucker: Amor? - Chamou controlando as lágrimas.

Dul: Eu to aqui. - Segurou seu rosto. - Sempre.

Ucker: -assentindo – Eu sei eu só... Posso ficar sozinho um pouco?

Dul: Tem certeza? - Ele assentiu de novo. - Me promete que vai se cuidar e me ligar.

Ucker: Prometo. - Beijou sua testa, fechando os olhos e ela lhe deu um selinho.

  Foi se afastando e quando já estava quase em uma distância que não podia vê-lo direito, ele sentou no chão, encostando as costas na árvore e voltando a chorar, tampando o rosto com as mãos. Ficou por horas ali, horas que fizeram o céu ficar nublado, coberto de núvens. Ele caminhou de volta para o túmulo do pai.

Ucker: Por que fez isso? - Agora só lágrimas silenciosas tomavam conta de seu rosto. - Por que não pôde ser meu pai também? - Pingos de chuva começaram a cair enquanto ele olhava para a placa que dizia:

“Aqui jaz Vítor Manuel Casillas Arias. Bom pai, bom marido e bom amigo”. E ao lado uma foto de Vitor.

Ucker: POR QUÊ?! - Perguntou com raiva e chutou um pouco de terra. - VOCÊ SEMPRE ESTRAGOU TUDO! NUNCA FUI NADA PRA VOCÊ! - Não sabia mais o que eram lágrimas, já que elas se confundiam com a chuva forte que caia. - OLHA O QUE VOCÊ FEZ COM A GENTE, OLHA PRA MIM E VÊ O FRACASSADO QUE VOCÊ DIZIA QUE EU SOU! - Olhou pra cima, fechando os olhos e abrindo os braços. - Olha... - Pediu em um último sussurro e caiu de joelhos. - É feliz sabendo o que eu passei com você? Morreu feliz? - O rosto afundava nas mãos. - Podia ter sido diferente.

  O choro sofrido voltara. Não era o choro da morte do pai, era o choro de uma vida toda de mentiras, de pressão, de uma relação que se limitava em “negócios”. Era uma mercadoria que o pai tentava vender para realizar o próprio sonho. Se lembrava da infância, nunca teve o pai consigo sem ser nas horas do futebol, não conseguia se lembrar de nada sobre o próprio pai. Quando a noite chegou ele estava deitado no gramado do cemitério ainda, já sem chorar, a roupa, a pele, os cabelos sujos de terra e molhados. Só saiu de lá quando um funcionário do local foi ao seu lado ver se estava bem. Ele assentiu e caminhou para a saida do cemitério.

Dul: Ucker. - Levantou assustada do sofá e correu até ele, assim que chegou em casa.

Ucker: Eu só quero um banho.

Dul: Você ficou na chuva, vai ficar doente! - O abraçou sem nem se importar em se molhar ou ficar suja. - Me prometeu que ia se cuidar. - Lamentou.

Ucker: -a apertando para si – Lembra quando me perguntou se eu sentia a chuva levar todos os meus problemas e sentimentos ruins embora?

Dul: Sim. - O encarou.

Ucker: Eu tentei. 

Dul: E... Conseguiu?

 Ele só negou e ela o abraçou de novo, o que o fez esconder o rosto em seu pescoço, sentindo os carinhos dela em seus cabelos.

Dul: Tudo bem meu amor, eu vou te ajudar. Eu prometo.

Ucker: -sussurrando – Por favor não me deixa só eu não quero ficar sozinho, por favor, por favor.

Dul: Nunca. - Deu um beijinho em seu rosto. - Vem, você precisa de um banho e descansar. - Segurou sua mão e ele não falou nada.

  Maite e Christian que estavam na sala, ficaram quietos e depois se olharam, tristes. Assim que entraram no quarto, Christopher já tirou a camisa e seguiu para o banheiro.

Dul: Eu vou esperar aqui.

Ucker: Também te sujei.

Dul: -sorriu – Não importa. - Passou o indicador por seu nariz. - Tenta relaxar ok?

Ucker: Ok. - Fechou os olhos recebendo um selinho dela. - Amor? - A segurou antes que saisse. - Fica comigo?

Dul: Fico. - Beijoucou sua bochecha. - Eu vou cuidar do meu gatito. - Falou como bebê e ele sorriu. - Agora precisa mesmo de um banho quente ou vai se resfriar Ponchito. - Tirou a blusa e a calça. - Eu vou com você.

Ucker: Pra cuidar de mim?

Dul: Si. Vem logo! - Ele sorriu e terminou de tirar a roupa, assim como ela. Logo estavam embaixo da água quente do chuveiro. - A chuva não conseguiu... - Se aproximou. - Posso tentar? - Mordeu o lábio tímida e ficou na pontinha do pé, dando um selinho.

   Ele não precisou responder, só aprofundou o beijo e a abraçou mais forte. Se amaram mais uma vez antes de tomar banho e ele sabia que só ela conseguiria fazer com que ele esquecesse por um momento o que sentia. Quando começaram a tomar o banho, de verdade, ele sorria com ela cuidando dele, distribuindo beijinhos delicados por suas costas, peito e rosto.

Dul: Agora você fica quietinho porque já ficou quente. - O cobriu depois que já tinham se vestido. - E eu já volto.

Ucker: Não fica aqui. - Segurou sua mão.

Dul: Eu volto já preciso pegar uma coisa lá embaixo. - Beijou sua mão e saiu sem deixar que ele respondesse.

 Ela desceu para cozinha e pediu para a empregada ajudar a fazer um lanche. Ela fez dois com tudo que tinha direito e os colocou em uma bandeja, junto de um copo de suco.

Empregada: Eu posso levar.

Dul: Não precisa, obrigada. - Sorriu agradecendo e logo estava empurrando a porta do quarto dele com o quadril. - Olha o que eu trouxe!

Ucker: Ah amor, não precisava, eu não estou com fome.

Dul: Vai comer. - Colocou a bandeja na cama.

Ucker: -sentou – É sério anjo.

Dul: É sério o que eu falei também. Vai comer direitinho. - Fechou a porta e sentou de perna de índio ao lado dele. Pegou um sanduíche com o guardanapo e o entregou. - Tudinho. Os dois. - Deu ombros.

Ucker: -fez careta – Depois eu como, prometo. 

Dul: Príncipe! - Reclamou. - Eu quem fiz, vai me negar? - Cruzou os braços.

Ucker: Eu não tenho fome, eu prometo que como depois.

Dul: AGORA! - Brigou. - Eu te dou na boca. - Pegou o sanduíche de volta e estendeu pra ele, que mordeu. - Olha o aviãozinhooooo... - Brincou e ele riu dando mais uma mordida. - Que mais se faz pra uma criança comer? Trenzinho?

Ucker: Também. Vai usar todos os meios de transporte?

Dul: -riu – Sim. Meu bebezinho precisa se alimentar. - Deu um cheirinho em sua bochecha e logo estava o empurrando a comida. - Agora o próximo!

Ucker: Dois não vai! E você?

Dul: Eu já comi. Toma.... Vai ficar ruim daqui a pouco com a sua demora. - Lamentou.

Ucker: Come comigo então?

Dul: Eu nem estou com fome, mas ok só pra você comer. - Deu uma mordida mínima e estendeu pra ele erguendo a sobrancelha.

Ucker: Ai meu Deus. - Acabou rindo e comendo tudo.

Dul: Um suquinho delícia feito pela minha pessoa. Esse eu vou tomar. - Disse sapeca tomando o suco. - Nossa tá muito bom! Toma!

Ucker: Pronto. - Estendeu o copo. - Toma mais ai.

Dul: Toma mais ai. - Apertou seu nariz. - Você.

Ucker: Só porque você quem fez heim. - Terminou o suco e ela colocou a bandeja no móvel ao lado da cama. - Vem. - A puxou e a abraçou, deitando a cabeça no peito dela.

Dul: Agora você precisa descansar. Eu vou contar uma história pra você dormir.

Ucker: -sorriu – Ok. - Fechou os olhos.

Dul: Mas eu só sei histórias de princesas. Tá? - Passava os dedos pelos cabelos dele.

Ucker: -de careta – Tá. Me conta qual você achar mais legal.

Dul: JÁ SEI! Assim, tinha uma princesa...

  Ela saiu falando, tagarelando uma história infantil e feminina, o que arrancava vários sorrisos dele pelo jeitinho dela, que contava com entonação na voz e tudo.