Fanfics Brasil - Dia 6.005 | O Diário Every Day... AyA [FINALIZADA]

Fanfic: Every Day... AyA [FINALIZADA] | Tema: AyA, Anahí, Every Day, Adaptação


Capítulo: Dia 6.005 | O Diário

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Em vez disso, há meios de se matar, listados em detalhes extraordinários. Facas no coração. Facas no pulso. Cintos ao redor do pescoço. Sacos plásticos. Quedas. Morte por queimadura. Todas elas metodicamente pesquisadas. Com exemplos e ilustrações, desenhos grosseiros onde o caso de teste é evidentemente Kelsea. Autorretratos do próprio fim. Folheio até chegar ao fim, passando por páginas com dosagens e instruções especiais. Ainda sobram páginas em branco no final, mas antes delas há uma com FIM DA LINHA escrito, seguido por uma data a apenas seis dias dali.


Examino o restante do caderno, tentando encontrar outros fins da linha que não aconteceram.


Mas só tem um.


Saio da gangorra e vou embora do parque, porque agora sinto que sou eu quem estou assustando os pais, que eu sou a realidade que eles querem evitar. Não, não apenas evitar — impedir. Não me querem perto dos filhos deles, e eu não os culpo. Parece que tudo que toco vai se tornar nocivo.
Não sei o que fazer. Não há ameaça no presente: estou no controle do corpo e, enquanto estiver no controle, não vou permitir que ele se machuque. Mas não estarei no controle daqui a seis dias.


Sei que não devo interferir. É a vida de Kelsea, não a minha. É injusto da minha parte fazer algo para limitar as escolhas dela, decidir por ela. Meu impulso infantil é desejar não ter aberto o diário. Mas abri.


Tento acessar qualquer lembrança de Kelsea gritando por ajuda. Mas o problema em gritar por ajuda é que alguém mais tem que estar por perto para ouvir. E não estou encontrando nenhuma ocasião dessas na vida dela. O pai vê o que quer ver, e ela não quer dissipar essa ficção com fatos. A mãe foi embora há muitos anos. Os outros parentes estão distantes. Todos os amigos ficam muito além da nuvem negra. E só porque Lena foi legal na aula de física não significa que ela deveria arcar com isso, ou que saberia o que fazer. Volto para a casa vazia de Kelsea, suado e exausto. Ligo o computador dela, e tudo que preciso saber está no histórico: os sites de onde estes planos vieram, onde as informações podem ser encontradas. Bem ali, a um clique de distância para qualquer um ver. Só que não tem ninguém olhando.


Nós dois precisamos conversar com alguém. 


Envio um e-mail para Anahí.


Preciso muito falar com você agora. A garota em cujo corpo estou quer se matar. Não estou brincando.


Dou a ela o telefone da casa de Kelsea, imaginando que não vai haver nenhum registro óbvio disso, e que um telefonema sempre pode ser considerado um engano.


Dez minutos depois, ela liga.


— Alô? — Atendo.


— É você? — pergunta ela.


— Sim. — Esqueci que ela não conhece minha voz. — Sou eu.


— Recebi seu e-mail. Caramba.


— É. Caramba.


— Como é que você sabe?


Falo rapidamente sobre o diário de Kelsea.


— Coitada — diz Anahí. — O que você vai fazer?


— Não tenho ideia.


— Você não tem que contar para alguém?


— Não tive como treinar para isso, Anahí. Realmente não sei.


Tudo que sei é que preciso dela. Mas tenho medo de dizer. Porque dizer isso pode assustála.


— Onde você está? — pergunta.


Digo a cidade.


— Não é longe. Posso chegar em pouco tempo. Você está sozinho?


— Sim. O pai dela não chega antes das 19h.


— Me dê o endereço.


Digo.


— Daqui a pouco estarei aí — diz ela.


Nem mesmo preciso pedir. Isso significa mais do que ela imagina.


Fico me perguntando o que aconteceria se eu arrumasse o quarto de Kelsea. Fico imaginando o que aconteceria se ela acordasse amanhã e encontrasse todas as coisas no lugar certo. Será que lhe traria um pouco de calma inesperada? Será que a faria entender que a vida dela não precisa ser um caos? Ou será que ela olharia em volta e destruiria tudo novamente? Porque é isso que a química, que a biologia dela, lhe diria para fazer.


A campainha toca. Passei dez minutos olhando para as manchas de tinta nas paredes, torcendo para que se reordenassem numa resposta, e sabendo que isso nunca acontecerá. A nuvem negra está tão densa nesse momento que nem mesmo a presença de Anahí consegue afastá-la. Fico feliz por vê-la à porta, mas a felicidade parece mais gratidão
resignada do que prazer.


Ela pisca, absorvendo as informações. Eu me esqueci de que não está acostumada a isso, de que não está esperando uma pessoa nova a cada dia. Uma coisa é saber disso na teoria, outra é ver uma garota magra e trêmula parada do outro lado do precipício.


— Obrigado por vir — digo.


Passa um pouco das 17h, então não temos muito tempo até o pai de Kelsea chegar. Vamos até o quarto dela. Anahí vê o diário sobre a cama e o pega. Observo e espero até que ela termine a leitura.


— Isso é sério — diz. — Eu já... pensei nisso. Mas nunca desse jeito.


Ela se senta na cama. Sento-me ao lado dela.


— Você tem que impedi-la — pede.


— Mas como? Será que é meu direito mesmo? Ela não deveria decidir sozinha?


— Mas e aí? Você simplesmente vai deixar ela morrer? Só porque não quis se envolver?


Seguro a mão dela.


— Não temos certeza se o fim da linha é real. Isso poderia simplesmente ser o jeito de ela se livrar dos pensamentos. Colocá-los no papel para não concretizá-los.


Ela olha para mim.


— Mas você não acredita nisso, acredita? Você não teria me ligado se acreditasse.


Ela baixa os olhos para nossas mãos.


— É estranho — diz.


— O quê?


Ela aperta minha mão uma vez, então a afasta.


— Isso.


— Do que você está falando?


— Não é como no outro dia. Quero dizer, é uma mão diferente. Você está diferente.


— Mas eu não sou diferente.


— Você não pode dizer isso. Sim, você é a mesma pessoa por dentro, mas o exterior também conta.


— Você parece a mesma pessoa, não importa com que olhos eu a veja. E eu me sinto o mesmo.


É verdade, mas não responde ao que ela está dizendo.


— Você nunca se envolve na vida das pessoas? Das pessoas que está habitando?


Faço que não com a cabeça.


— Você tenta deixar a vida delas do jeito que encontrou.


— Isso.


— Mas e quanto ao Manuel? O que tornou a vida dele tão diferente?


— Você — respondo.


Uma palavra apenas, e ela finalmente entende. Só uma palavra, e a porta para a grandiosidade finalmente se abre.


— Não faz sentido — diz ela.


E o único meio de mostrar-lhe como faz sentido, o único meio de tornar a grandiosidade real, é me inclinando e a beijando. Como da última vez, mas totalmente diferente da última vez. Não é nosso primeiro beijo, mas também não deixa de ser nosso primeiro beijo. Meus lábios parecem diferentes contra os dela, nossos corpos se encaixam de modo diferente. E tem mais uma coisa nos envolvendo, além da grandiosidade: a nuvem negra. Não estou beijando Anahí porque quero, e não a estou beijando porque preciso. Eu a estou beijando por uma razão que transcende a vontade e a necessidade, que parece essencial à nossa existência; um componente molecular sobre o qual nosso universo será construído.


Não é nosso primeiro beijo, mas é o primeiro no qual ela sabe quem eu sou, e isso faz dele mais um primeiro beijo do que o primeiro beijo que demos. Eu me flagro desejando que Kelsea pudesse sentir isso também. Talvez ela sinta. Não é o suficiente. Não é uma solução. Mas alivia um pouco o peso por um instante. 


Anahí não está sorrindo quando nos afastamos. Não tem nada da leveza do beijo anterior.


— Isso é definitivamente estranho — diz ela.


— Por quê?


— Porque você é uma garota?! Porque continuo tendo um namorado?! Porque estamos conversando sobre o suicídio de outra pessoa?!


— Em seu coração, isso importa? — No meu nada disso tem importância.


— Sim. Importa, sim.


— Qual parte?


— Todas. Quando beijo você, não estou beijando você de verdade, sabe. Você está aí dentro, em algum lugar. Mas eu estou beijando o exterior. E nesse momento posso sentir você debaixo disso, mas tudo que recebo é tristeza. Estou beijando ela, e sinto vontade de chorar.


— Não é isso que quero — digo a ela.


— Eu sei. Mas é o que está aí.


Ela se levanta e olha ao redor, procurando pistas de um assassinato que ainda não aconteceu.


— Se ela estivesse sangrando na rua, o que você faria?


— Não é a mesma situação.


— E se ela fosse matar outra pessoa?


— Eu a entregaria à polícia.


— Então qual é a diferença?


— É a vida dela. Não a de outra pessoa.


— Mas ainda é uma morte.


— Se ela realmente deseja fazer isso, não há nada que eu possa fazer para impedir.


Mesmo ao dizer isso, parece errado.


— Muito bem — continuo, antes que Anahí possa me corrigir. — Criar obstáculos pode ajudar. Envolver outras pessoas pode ajudar. Conseguir os médicos certos para ela pode ajudar.


— Como se ela tivesse câncer, ou estivesse sangrando na rua.


É disso que preciso. Não basta ouvir essas coisas na minha própria voz. Preciso ouvi-las sendo ditas a mim por alguém em quem confio.


— Então... a quem contar?


— Um orientador educacional, talvez?


Olho para o relógio.


— A escola está fechada. E, lembre-se, só temos até meia-noite.


— Quem é a melhor amiga dela?


Faço que não com a cabeça.


— Namorado? Namorada?


— Não.


— Uma linha direta para suicidas?


— Se telefonarmos, vão dar conselhos a mim, não a ela. Não tenho como saber se ela vai se lembrar disso amanhã, ou se terá algum efeito. Acredite, já pensei em todas essas opções.


— Então tem que ser o pai dela, certo?


— Eu acho que ele andou perguntando há algum tempo.


— Bem, você precisa fazê-lo perguntar de novo.


Ela faz as coisas parecerem tão fáceis. Mas nós dois sabemos que não são.


— O que eu digo?


— Você diz: “Pai, quero me matar.” Vai até lá e diz.


— E se ele me perguntar o porquê?


— Diga que não sabe. Não se comprometa. Ela vai ter que pensar nisso a partir de amanhã.


— Você pensou nisso no caminho, não foi?


— Foi uma viagem agitada.


— E se ele não se importar? E se não acreditar?


— Então você pega as chaves do carro dele e vai até o hospital mais próximo. Leve o diário com você.


Ao ouvi-la dizer isso, tudo faz sentido.


Anahí volta a se sentar na cama.


— Vem cá — diz ela. Desta vez, não nos beijamos. Mas ela abraça meu corpo frágil.


— Não sei se consigo fazer isso — murmuro.


— Você consegue — diz ela. — Claro que consegue.



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Autor(a): Alien AyA

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Estou sozinho no quarto de Kelsea quando o pai dela chega em casa. Eu o ouço largando as chaves e pegando alguma coisa da geladeira. Depois caminhando até o quarto dele e saindo de novo. Não diz “olá”. Nem sei se percebe que estou aqui. Cinco minutos se passam. Dez minutos. Enfim, ele grita: “Jantar!” N& ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 22:09:51

    Haaaaaaaaaaaaaaaaaáaaáaaa meu deus que história triste...morri aki ;( pelo menos tomara q a any tenha ficado com o poncho....

  • franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 21:46:10

    *.*

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 20:02:54

    SCRRRRRRRRRR ALIEN EU VOU TE MATAAAAAAR ME FEZ CHORAR RIOOOOS AINNNNNN QUERIA Q ELA FICASSE CM O A :`( Mas foi bom q ele arrumou o Pon pra ela :)

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:56:19

    Ai scrrrrrr q eles fiquem juntoooooos :`( Postaaaaaaaaaa <3

  • Alien AyA Postado em 23/05/2015 - 19:52:53

    Mila você já vai saber...

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:50:34

    Ainnnnnnn fico cm dó do &quot;Pon&quot; corpo :$ Será q ele vai ficar cm o corpo msm? :$ Postaaaaaaaa <3

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:44:10

    PARAA TUDOOOOOO VI O NOME DO PON JÁ TO PIRANDO SCRR PERA VOU LER *-*

  • Mila Puente Herrera Postado em 22/05/2015 - 23:21:50

    COMO ASSIM???????????????? ALIEN VOLTA AKI QUERO O FIM NÃAAAAAAAAAAO KKKKKKKKKKKKKK Postaaaaaaaaaaaaaa <3

  • Mila Puente Herrera Postado em 21/05/2015 - 22:06:50

    Ainnnnnnn nn tadinho do Pon :/ Postaaaaaaaa <3

  • franmarmentini♥♥ Postado em 21/05/2015 - 16:54:50

    tadinho do A ;(


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