Fanfics Brasil - Dia 6.007 | Beyoncé Every Day... AyA [FINALIZADA]

Fanfic: Every Day... AyA [FINALIZADA] | Tema: AyA, Anahí, Every Day, Adaptação


Capítulo: Dia 6.007 | Beyoncé

863 visualizações Denunciar


Dia 6.007


Na manhã seguinte, acordo no corpo da Beyoncé.


Não a Beyoncé de verdade. Mas um corpo extraordinariamente parecido com o dela. Todas as curvas em todos os lugares certos. Abro os olhos e vejo um borrão. Estendo a mão para pegar os óculos na mesinha de cabeceira, mas não estão lá. Então saio tropeçando até o banheiro e ponho as lentes de contato. Aí olho para o espelho.


Eu não sou bonita. Eu não sou linda.


Sou absolutamente maravilhosa.


Sempre fico mais feliz quando sou bonito apenas o suficiente. O que significa: as outras pessoas não me acharão feio. O que significa: eu causo uma impressão positiva. O que significa: minha vida não é definida pela minha beleza, porque isso traz seus próprios perigos tanto quanto as próprias recompensas.


A vida de Ashley Ashton é definida pela sua beleza. A beleza pode surgir naturalmente, mas é difícil ser deslumbrante por acidente. Muito trabalho foi dedicado a esse rosto, a esse corpo. Tenho certeza de que há um regime matinal completo pelo qual devo passar antes de começar o dia. Não quero nada disso, porém. Tenho vontade de sacudir garotas como Ashley e dizer que, por mais que lutem contra isso, a aparência adolescente não vai durar para sempre, e que há
bases muito melhores sobre as quais construir a vida do que sobre a beleza. Mas não há meio de transmitir essa mensagem. O único meio de me rebelar seria deixando a sobrancelha dela por fazer durante o dia.


Acesso onde estou, e descubro que me encontro a quinze minutos de Anahí.
Um bom sinal.
Entro no meu e-mail e encontro uma mensagem dela.


A,
Estou livre e com o carro hoje. Disse à minha mãe que tenho umas coisas pra resolver.
Quer ser uma delas?
An.


Digo a ela que sim. Um milhão de vezes, sim.


Os pais de Ashley vão ficar fora durante o fim de semana. O irmão mais velho, Clayton, está tomando conta da casa. Tenho medo de que crie problemas, mas ele tem as próprias coisas para fazer, conforme me diz várias vezes. Respondo que não vou ficar no caminho dele.


— Você vai sair assim? — pergunta ele.


Normalmente, quando um irmão mais velho faz essa pergunta, significa que a saia está muito curta ou que o decote está muito grande. Mas nesse caso acho que ele está dizendo que estou vestida como a Ashley particular, não como a pública.


Não me importo de fato, mas respeito o fato de que Ashley se importaria — provavelmente, muito. Então volto e troco de roupa, e até passo maquiagem. Fico fascinado pela vida que Ashley deve ter, sendo linda desse jeito. É como ser muito baixo ou muito alto; muda toda sua perspectiva no mundo. Se outras pessoas te enxergam de modo diferente, você acabará as enxergando de modo diferente também. Até o irmão lida com ela de um jeito que, aposto, não seria igual se ela tivesse uma aparência mais normal. Ele nem pisca quando digo que vou passar o dia fora com minha amiga Anahí. Se sua beleza é inquestionável, muitas outras coisas também serão.


No instante que entro no carro, Anahí começa a gargalhar.


— Você está brincando — diz.


— O quê? — pergunto. Então percebo.


— O quê? — repete, zombando. Fico feliz que ela esteja à vontade para fazer isso, mas isso não muda o fato de que está zombando de mim.


— Você tem que entender... É a primeira pessoa a me conhecer em mais de um corpo. Não estou acostumado a isso. Não sei como você vai reagir.


Isso a deixa um pouco mais séria.


— Desculpe. É só que você é uma garota negra e megalinda. É muito difícil formar uma imagem mental. Continuo tendo que modificá-la.


— Me imagine como você quiser. Porque é provável que essa imagem seja mais verdadeira do que qualquer um dos corpos nos quais você me vê.


— Acho que minha imaginação precisa de um pouco mais de tempo para se acostumar a essa situação, OK?


— OK. Então, aonde vamos?


— Como já estivemos na praia, pensei que hoje poderíamos ir até o bosque.


Sendo assim, partimos para o bosque.


Não é como da última vez. O rádio está ligado, mas não estamos cantando junto. Estamos dividindo o mesmo espaço, mas nossos pensamentos se divergem para além dele. Quero segurar a mão dela, mas percebo que não vai funcionar. Sei que ela não vai estender a mão para mim, a menos que eu precise. Esse é o problema em ser tão bonita: pode te transformar numa pessoa intocável. E esse é o problema em estar num corpo diferente a cada dia: a história está ali, mas não é visível. Tem que ser diferente da última vez, porque eu estou diferente.


Conversamos um pouco sobre Kelsea; Anahí ligou para a casa dela uma segunda vez ontem, só para ver o que ia acontecer. O pai de Kelsea atendeu e, quando Anahí se apresentou como uma amiga, disse que Kelsea tinha saído para resolver umas coisas, e só. Anahí e eu decidimos considerar isso um bom sinal. Conversamos mais um pouco, porém não sobre coisas importantes. Quero acabar com o constrangimento, para que Anahí me trate como seu namorado ou sua namorada de novo. Mas não posso. Não sou.


Chegamos ao parque, e nos afastamos dos outros. Anahí encontra uma área de piquenique isolada para nós e me surpreende ao tirar um banquete do porta-malas. Observo enquanto ela tira as coisas da cesta. Queijos. Baguete. Homus. Azeitonas. Saladas. Batata frita. Molho.


— Você é vegetariana? — pergunto, com base nas evidências diante de mim.


Ela faz que sim com a cabeça.


— Por quê?


— Porque tenho a teoria de que, quando morremos, todos os animais que comemos têm uma chance de nos comer. Se você é carnívoro e somar todos os animais que comeu, bem, vai ser um longo tempo no purgatório, sendo mastigado.


— Sério?


Ela dá uma risada.


— Não. Só estou cansada da pergunta. Quero dizer, sou vegetariana porque acho errado comer outras criaturas conscientes. E é ruim para o ambiente.


— Justo. — Não conto a ela quantas vezes comi carne acidentalmente enquanto estava no corpo de um vegetariano. É só uma coisa da qual não me lembro de checar. Em geral, o que me alerta são as reações dos amigos à volta. Uma vez fiz um vegano passar muito, muito mal no McDonald’s.


Durante o almoço, continuamos a conversar sobre coisas banais. Só quando terminamos o piquenique e estamos caminhando pelo bosque é que as palavras reais vêm à tona.


— Preciso saber o que você quer — diz ela.


— Quero que fiquemos juntos — respondo mesmo antes de conseguir pensar no assunto.


Ela continua andando. Eu continuo andando ao lado dela.


— Mas não podemos ficar juntos. Você entende, não é?


— Não. Não entendo.


Ela para. Põe a mão no meu ombro.


— Você precisa entender. Posso sentir carinho por você. Você pode sentir carinho por mim. Mas não podemos ficar juntos.


É ridículo, mas pergunto:


— Por quê?


— Por quê? Porque um dia você poderia acordar do outro lado do país. Porque eu sinto como se estivesse encontrando uma pessoa nova sempre que te vejo. Porque você não pode estar ao meu lado sempre que eu precisar. Porque eu não acho que possa gostar de você independentemente de qualquer coisa. Não assim.


— Por que você não pode gostar de mim assim?


— Porque é coisa demais. Você é perfeita demais agora. Não consigo me imaginar com alguém como... você.


— Mas não olhe para ela. Olhe para mim.


— Não consigo enxergar além dela, está bem? E também tem o Manuel. Tenho que pensar nele.


— Não. Não tem.


— Você não sabe de nada, OK? Quantas horas passou acordado dentro dele? Catorze? Quinze? Você realmente conheceu tudo a respeito dele enquanto estava lá? Tudo a meu respeito?


— Você gosta dele porque ele é um garoto perdido. Acredite, já vi isso antes. Mas você sabe o que acontece às garotas que gostam dos garotos perdidos? Elas se perdem também. Não tem erro.


— Você não me conhece...


— Mas sei como funciona! Sei como ele é. Ele não liga para você tanto quanto você liga para ele. Ele não liga para você tanto quanto eu ligo.


— Pare! Apenas pare.


Mas não consigo.


— O que você acha que aconteceria se ele me encontrasse nesse corpo? Se nós três saíssemos? Quanta atenção você acha que ele te daria? Porque ele não se importa com quem você é. Eu acho que você é mil vezes mais atraente do que Ashley. Mas você realmente acha que ele ia conseguir se controlar se tivesse uma chance?


— Ele não é esse tipo de cara.


— Tem certeza? Tem certeza mesmo?


— Muito bem — diz Anahí. — Vou ligar pra ele.


Apesar de meus protestos imediatos, ela tecla o número e, quando ele atende, diz que uma amiga está na cidade e que quer que ele a conheça. Será que podíamos sair todos para jantar? Ele concorda, mas só quando Anahí diz que é por conta dela. Ao desligar, simplesmente ficamos parados.


— Satisfeita? — pergunta.


— Não faço ideia — respondo com sinceridade.


— Nem eu.


— Quando vamos nos encontrar?


— Às 18h.


— Está bem — digo. — Nesse meio-tempo, quero lhe contar tudo, e quero que me conte tudo também.


É tão mais fácil quando estamos falando sobre coisas reais. Não temos que ficar nos lembrando dos objetivos das coisas, porque estamos bem no cerne da questão. Ela me pergunta quando eu compreendi minha condição.


— Provavelmente, com 4 ou 5 anos. Claro, eu sabia antes disso sobre a troca de corpos, que tinha uma mãe e um pai diferentes todos os dias. Ou uma avó ou uma babá ou quem quer que fosse. Sempre havia alguém para cuidar de mim, e eu presumia que viver era simplesmente isso: uma nova vida a cada manhã. Se eu dissesse algo errado, um nome, lugar
ou regra, as pessoas me corrigiam. Nunca foi um grande problema. Eu não pensava em mim como menino ou menina; nunca pensei. Só pensava em mim como menino ou menina por um dia. Como se trocasse de roupa. O que acabou me criando problema foi o conceito de ‘amanhã’. Porque, depois de um tempo, comecei a perceber que as pessoas continuavam a falar sobre fazer coisas no dia seguinte. Juntas. E, se eu questionasse, me olhavam de um jeito estranho. Para todas as outras pessoas parecia haver um amanhã em comum. Mas não para mim. E eu dizia: ‘Você não vai estar lá’, e elas respondiam: ‘Claro que vou.’ Então eu acordava e elas não estavam lá. E meus novos pais não tinham ideia do motivo da minha chateação. Só havia duas opções: ou algo estava errado com todas as outras pessoas ou algo estava errado comigo. Porque ou elas estavam se enganando ao pensar que havia um amanhã em comum, ou eu era a única pessoa a ir embora.


Anahí pergunta:


— Você já tentou ficar?


Respondo:


— Com certeza. Mas não me lembro disso agora; eu me lembro de chorar e de protestar... já te contei sobre isso. Mas do restante? Não tenho certeza. Quero dizer, você se lembra de muita coisa de quando tinha 5 anos?


Ela balança a cabeça.


— Não muito. Me lembro da minha mãe levando a mim e a minha irmã à loja de calçados para comprar sapatos novos antes de começar o jardim de infância. Eu me lembro de aprender que a luz verde significava “siga” e que a vermelha queria dizer “pare”. Eu me lembro de pintá-las, e lembro de a professora ficar meio confusa na hora de explicar a luz amarela. Acho que ela disse para agirmos como se fosse a vermelha.


— Aprendi a escrever rápido — digo a ela. — Me lembro de que as professoras ficavam surpresas com o fato de eu saber as letras. E creio que também ficavam surpresas no dia seguinte, quando eu me esquecia delas.


— É provável que uma criança de 5 anos não percebesse que passou um dia ausente.


— Provavelmente. Não sei.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Alien AyA

Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

— Fico questionando o Manuel sobre isso, sabe. Sobre o dia em que você foi ele. E é incrível como as falsas lembranças são claras. Ele não discorda quando digo que fomos à praia, mas não se lembra disso de verdade. — James, o gêmeo, ficou assim também. Não percebeu nada de errado, mas qua ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 22:09:51

    Haaaaaaaaaaaaaaaaaáaaáaaa meu deus que história triste...morri aki ;( pelo menos tomara q a any tenha ficado com o poncho....

  • franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 21:46:10

    *.*

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 20:02:54

    SCRRRRRRRRRR ALIEN EU VOU TE MATAAAAAAR ME FEZ CHORAR RIOOOOS AINNNNNN QUERIA Q ELA FICASSE CM O A :`( Mas foi bom q ele arrumou o Pon pra ela :)

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:56:19

    Ai scrrrrrr q eles fiquem juntoooooos :`( Postaaaaaaaaaa <3

  • Alien AyA Postado em 23/05/2015 - 19:52:53

    Mila você já vai saber...

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:50:34

    Ainnnnnnn fico cm dó do &quot;Pon&quot; corpo :$ Será q ele vai ficar cm o corpo msm? :$ Postaaaaaaaa <3

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:44:10

    PARAA TUDOOOOOO VI O NOME DO PON JÁ TO PIRANDO SCRR PERA VOU LER *-*

  • Mila Puente Herrera Postado em 22/05/2015 - 23:21:50

    COMO ASSIM???????????????? ALIEN VOLTA AKI QUERO O FIM NÃAAAAAAAAAAO KKKKKKKKKKKKKK Postaaaaaaaaaaaaaa <3

  • Mila Puente Herrera Postado em 21/05/2015 - 22:06:50

    Ainnnnnnn nn tadinho do Pon :/ Postaaaaaaaa <3

  • franmarmentini♥♥ Postado em 21/05/2015 - 16:54:50

    tadinho do A ;(


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais