Fanfic: Every Day... AyA [FINALIZADA] | Tema: AyA, Anahí, Every Day, Adaptação
Conforme ele continua falando o quanto a Stephanie tem sido uma vaca com o Steve e se entupindo de pizza e olhando para a mesa muito mais do que para mim, tenho que combater a tentação real de fazer alguma coisa drástica. Embora ele não perceba, o poder é todo meu. Levaria um minuto — menos até — para terminar com ele. Bastariam umas poucas palavras bem pensadas para romper a corrente. Ele poderia contra-atacar com lágrimas, raiva ou promessas, mas eu poderia resistir a cada uma delas. É tudo o que quero, mas não abro a boca. Não uso esse poder. Porque sei que esse tipo de rompimento nunca levaria ao começo que desejo. Se boto um ponto final nas coisas desse jeito, Anahí nunca vai me perdoar. Ela não apenas poderia desfazer tudo amanhã como também me definiria com base na minha traição pelo resto do tempo que eu permanecesse na vida dela, o que não seria muito.
Espero que Anahí perceba: durante todo o tempo, Manuel nunca presta atenção a ela. Ela consegue me enxergar em qualquer corpo em que eu esteja, mas ele não consegue enxergar que ela não está ali. Não está olhando com tanta atenção assim.
Então ele a chama de Prateada. É só um “Anda, Prateada” quando acabamos de comer. Penso que, talvez, eu tenha ouvido errado. Então acesso a memória dela e lá está. Um momento entre eles. Eles estavam lendo Vidas sem rumo (The Outsiders) para a aula de inglês, deitados lado a lado na cama dele com o mesmo livro aberto, e ela está um pouco mais adiantada na história. Anahí pensa que o livro é uma relíquia da época em que garotos de gangue chorões faziam amizade por causa de ...E o vento levou, mas fica em silêncio quando vê como o livro o está afetando. Anahí permanece lá depois de terminar, e volta a ler o início novamente até Manuel terminar também. Então ele fecha o livro e diz: “Uau. Quero dizer, nada que é dourado fica. O quão verdadeiro é isso?” Ela não quer interromper o momento, não quer perguntar o que isso significa. E é recompensada quando ele sorri e diz: “Acho que isso significa que nós teremos que ser prateados.” Quando ela vai embora naquela noite, ele grita: “Até logo, Prateada!” E isso pega.
Quando caminhamos de volta à escola, não nos damos as mãos, nem mesmo conversamos. Quando nos separamos, ele não me deseja um boa-tarde nem me agradece o tempo que acabamos de passar juntos. Ele nem mesmo diz que vai me ver dali a pouco. Simplesmente supõe.
Quando ele me deixa, quando outras pessoas me cercam, fico superatento à natureza perigosa do que estou experimentando, do efeito borboleta que ameaça bater as asas em todas as interações. Se você pensar com atenção sobre isso, se traçar as reverberações potenciais por tempo suficiente, todo passo pode ser um passo em falso, qualquer movimento pode levar a uma consequência indesejada. Quem estou ignorando que não deveria ignorar? O que não estou dizendo que deveria dizer? O que não vou perceber que ela sem dúvida perceberia? Enquanto estou no corredor, que linguagens particulares não estou ouvindo? Quando se olha para uma multidão, nossos olhos naturalmente vão para certas pessoas, conhecendo-as ou não. Mas meu olhar neste momento está vazio. Sei o que vejo, mas não o que ela veria.
O mundo ainda é de vidro.
É assim que os olhos dela leem as palavras.
É assim que a mão dela vira uma página.
É assim que os tornozelos se cruzam.
É assim que ela baixa a cabeça para que os cabelos ocultem seus olhos da visão de outras pessoas.
É assim que é a letra dela. É assim que é feita. É assim que ela assina o nome.
Tem um teste na aula de inglês. É sobre Tess d’Urbevilles, que eu já li. Acho que Anahí se sai bem.
Acesso o suficiente para saber que ela não tem nenhum plano para depois da escola. Manuel a encontra antes do último tempo e pergunta se ela quer fazer alguma coisa. Fica claro para mim o que será essa coisa, e não consigo ver muita vantagem nisso.
— O que você quer fazer? — pergunto.
Ele olha para mim como se eu fosse um filhotinho imbecil.
— O que você acha?
— O dever de casa?
Ele bufa.
— É. Podemos chamar assim se você quiser.
Preciso de uma mentira. Na verdade, o que quero fazer é dizer sim e dar um bolo nele. Mas isso poderia ter consequências no dia de amanhã. Então, em vez disso, digo que tenho que levar minha mãe a um médico por causa dos problemas dela para dormir. É muito chato, mas eles vão lhe dar remédios e ela provavelmente não vai conseguir dirigir de volta para casa.
— Bem, desde que eles deem um monte de comprimidos para ela — diz ele. — Adoro os comprimidos da sua mãe.
Ele se inclina para me beijar, e tenho que retribuir. É incrível como são os mesmos dois corpos de três semanas atrás, mas o beijo não podia ser mais diferente. Antes, quando nossas línguas se tocaram, quando eu estava do outro lado, parecia uma nova forma de conversa íntima. Agora parece que ele está enfiando algo estranho e nojento em minha boca.
— Traga uns comprimidos para mim — diz ele quando nos separamos.
Espero que minha mãe tenha algumas pílulas anticoncepcionais a mais que eu possa dar a ele.
Estivemos juntos no mar, e num bosque. Por isso hoje resolvo que deveríamos ir a uma montanha.
Uma pesquisa rápida me mostra o lugar mais próximo para uma escalada. Não tenho ideia se Anahí já esteve ali, mas não tenho certeza se isso importa. Ela não está vestida para caminhar; a sola do All-star está muito gasta. De qualquer forma, sigo em frente, levando uma garrafa de água e um telefone, deixando todo o resto no carro. De novo, é uma segunda-feira e as trilhas estão completamente vazias. De vez em quando, passo por outra pessoa descendo e fazemos um gesto com a cabeça ou dizemos “olá”, do jeito que as pessoas cercadas por acres de silêncio fazem. As trilhas estão marcadas ao acaso ou talvez eu não esteja prestando atenção suficiente. Posso sentir a inclinação tal como é medida pelos músculos da perna de Anahí, posso sentir a mudança da respiração dela no ar com
menos oxigênio. Continuo andando.
Para a nossa tarde, decidi tentar dar a Anahí a satisfação de estar totalmente sozinha. Não a letargia de deitar no sofá ou a monotonia entorpecida de um cochilo na aula de matemática. Nem o perambular pelos corredores de uma casa adormecida à meia-noite ou a dor de estar sozinha num quarto depois de bater a porta. Esta solidão não é uma variação de nenhuma das anteriores. Esta solidão é o próprio ser. Sentir o corpo, mas não usá-lo para desviar a mente de seu rumo. Mover-se com objetivo, mas sem pressa. Conversar, não com a pessoa a seu lado, mas com todos os elementos. Suar e ficar dolorida, subir e tomar cuidado para não escorregar nem cair, nem se perder demais, apenas o suficiente.
E, no fim, a pausa. No alto, a vista. Lutando contra a última inclinação íngreme, contra as últimas curvas da trilha, e encontrando-se acima de tudo isso. Não que haja uma vista espetacular. Não chegamos ao pico do Everest. Mas aqui estamos, no ponto mais alto que o olho pode ver, sem contar as nuvens, o ar, o sol preguiçoso. Tenho 11 anos de novo; estamos no alto da árvore. O ar parece mais limpo, porque, quando o mundo está abaixo de nós, nos permitimos respirar fundo. Quando ninguém mais está por perto, nos abrimos para o espanto mais silencioso que a grandiosidade pode nos oferecer. Lembre-se disso, imploro a Anahí quando olho por cima das árvores, quando recupero o fôlego dela. Lembre-se dessa sensação. Lembre-se de que estivemos aqui. Sento-me numa pedra e bebo um pouco de água. Sei que estou no corpo dela, mas parece que ela está aqui comigo, como se fôssemos duas pessoas separadas, juntas, compartilhando isso.
Janto com os pais dela. Quando me perguntam o que fiz hoje, conto a eles. Tenho certeza de que contei mais do que Anahí faria, mais do que o dia costuma permitir.
— Parece ótimo — diz a mãe.
— Só tome cuidado lá fora — acrescenta o pai. Então muda a conversa para algo que aconteceu no trabalho, e meu dia, registrado rapidamente, se torna apenas meu de novo.
Faço o dever de casa da melhor maneira possível. Não olho o e-mail dela, temendo que haja alguma coisa que ela não gostaria que eu visse. Também não verifico meu próprio e-mail, porque ela é a única pessoa de quem eu ia querer notícias. Tem um livro na mesinha de cabeceira, mas não leio, por medo de que ela não vá se lembrar do que li e tenha que ler novamente de qualquer forma. Folheio algumas revistas. Por fim, decido deixar um bilhete para ela. É a única maneira de ela saber, com certeza, que estive ali. Outra tentação real é fingir que nada daquilo aconteceu, negar qualquer acusação que ela faça com base num resquício de lembrança remanescente. Mas quero ser sincero. Isso só vai funcionar se formos totalmente sinceros. Por isso conto a ela. Bem no início de minha carta, peço que tente se lembrar o máximo possível do dia antes de continuar a ler, assim o que eu escrever não vai afetar o que realmente ficou na mente dela. Explico que nunca teria escolhido estar no corpo dela, que não é algo sobre o qual eu tenha controle. Digo que tentei respeitar o dia dela tanto quanto soube, e que espero não ter causado nenhum contratempo na vida dela. Então, com a letra dela, mapeio nosso dia. É a primeira vez que escrevo para a pessoa cuja vida ocupei, e, ao mesmo tempo, parece estranho e confortável saber que Anahí vai ler tais palavras. Há tantas explicações que posso deixar de mencionar. O fato de estar escrevendo esta carta é uma expressão de fé; tanto nela quanto na crença de que a confiança pode levar à confiança, e a verdade pode levar à verdade.
É assim que as pálpebras dela se fecham.
É assim que o sono é para ela.
É assim que a noite toca a pele dela.
É assim que os ruídos da casa a embalam.
Este é o adeus que ela sente todas as noites. É assim que o dia dela termina.
Eu me encolho na cama, ainda de roupa. Agora que o dia está quase no fim, o mundo de vidro recua, a ameaça da borboleta diminui. Imagino que nós dois estamos nesta cama, que meu corpo invisível está aninhado no dela. Estamos respirando no mesmo ritmo, nossos peitos subindo e descendo em uníssono. Não temos necessidade de sussurrar, porque, a esta distância, só precisamos do pensamento. Nossos olhos se fecham ao mesmo tempo. Sentimos os mesmos lençóis contra nós, a mesma noite. Nossa respiração desacelera ao mesmo tempo. Partimos em versões diferentes do mesmo sonho. O sono nos leva exatamente na mesma hora.
Até Hoje De Noite, Provavelmente...
Autor(a): Alien AyA
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 63
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franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 22:09:51
Haaaaaaaaaaaaaaaaaáaaáaaa meu deus que história triste...morri aki ;( pelo menos tomara q a any tenha ficado com o poncho....
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franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 21:46:10
*.*
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 20:02:54
SCRRRRRRRRRR ALIEN EU VOU TE MATAAAAAAR ME FEZ CHORAR RIOOOOS AINNNNNN QUERIA Q ELA FICASSE CM O A :`( Mas foi bom q ele arrumou o Pon pra ela :)
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:56:19
Ai scrrrrrr q eles fiquem juntoooooos :`( Postaaaaaaaaaa <3
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Alien AyA Postado em 23/05/2015 - 19:52:53
Mila você já vai saber...
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:50:34
Ainnnnnnn fico cm dó do "Pon" corpo :$ Será q ele vai ficar cm o corpo msm? :$ Postaaaaaaaa <3
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:44:10
PARAA TUDOOOOOO VI O NOME DO PON JÁ TO PIRANDO SCRR PERA VOU LER *-*
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Mila Puente Herrera Postado em 22/05/2015 - 23:21:50
COMO ASSIM???????????????? ALIEN VOLTA AKI QUERO O FIM NÃAAAAAAAAAAO KKKKKKKKKKKKKK Postaaaaaaaaaaaaaa <3
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Mila Puente Herrera Postado em 21/05/2015 - 22:06:50
Ainnnnnnn nn tadinho do Pon :/ Postaaaaaaaa <3
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franmarmentini♥♥ Postado em 21/05/2015 - 16:54:50
tadinho do A ;(