Fanfics Brasil - Dia 5.994 | Histórias Every Day... AyA [FINALIZADA]

Fanfic: Every Day... AyA [FINALIZADA] | Tema: AyA, Anahí, Every Day, Adaptação


Capítulo: Dia 5.994 | Histórias

353 visualizações Denunciar


O sol se põe mais além. A temperatura cai juntamente a ele. Anahí estremece, então solto a mão dela e a abraço. Ela sugere voltarmos para o carro e pegarmos o “cobertor da pegação” no porta-malas. Nós o encontramos ali, soterrado sob garrafas vazias de cerveja, cabos de bateria torcidos e mais lixos do outro cara. Fico imaginando quantas vezes Anahí e Manuel usaram o cobertor de namorar com aquela finalidade, mas não tento acessar as lembranças. Em vez disso, levo o cobertor para a praia e estico para nós dois. Deito e olho para o céu, então Anahí deita perto de mim e faz o mesmo. Fitamos as nuvens, próximos o suficiente para sentir o hálito um do outro, absorvendo tudo.


— Esse deve ser um dos melhores dias da minha vida — diz Anahí.
Sem virar a cabeça, encontro a mão dela com a minha.


— Me fale sobre os outros dias como este — peço.


— Não sei...


— Só um. O primeiro que vier à cabeça.


Anahí pensa por um segundo. Então balança a cabeça.


— É besteira.


— Me conta.


Ela se vira para mim e leva a mão ao meu peito. Traça círculos preguiçosos ali.


— Por alguma razão, a primeira coisa que me vem à mente é um desfile de mãe e filha. Promete não rir?


Prometo.


Ela me observa. Certifica-se de que estou sendo sincero. Prossegue.


— Foi no quarto ano, mais ou menos. A Renwick’s estava arrecadando fundos para as vítimas dos furacões, e pediram voluntários em nossa turma. Não perguntei à minha mãe nem nada assim. Apenas assinei. E quando dei a notícia em casa, bem, você sabe como mamãe é. Entrou em pânico. Já é difícil fazer com que vá ao supermercado, imagina um desfile, na frente de estranhos?! Parecia que tinha pedido a ela para posar para a Playboy. Meu Deus, isso sim é uma ideia assustadora.


Agora a mão dela estava apoiada em meu peito. Ela desviou os olhos para o céu.


— Mas a questão é: ela não disse que não. Acho que só agora percebo pelo que a fiz passar. Ela não me obrigou a ir até a professora para tirar meu nome. Não. Quando chegou o dia, fomos de carro até a Renwick’s, e em seguida para onde nos disseram para ir. Pensei que nos dariam roupas combinando, mas não era assim. Apenas nos disseram que podíamos vestir o que quiséssemos da loja. E lá estávamos nós, experimentando todas aquelas coisas. Fui até os vestidos, claro. Na época, eu era bem mais menininha. Acabei com um vestido azul-claro, com babados por toda parte. Achei que era tão sofisticado...


— Tenho certeza de que tinha muita classe — completo.


Ela me dá um tapa.


— Cala a boca. Me deixa terminar a história.


Seguro a mão dela junto ao meu peito. Inclino-me e lhe dou um beijo breve.


— Vá em frente — digo


Estou adorando. As pessoas nunca me contam as histórias delas. Normalmente, tenho que imaginá-las sozinho. Porque eu sei que, se as pessoas me contam histórias, elas esperam que sejam lembradas. E não posso garantir isso. Não há meio de saber se as histórias ficam depois que vou embora. E o quão horrível deve ser confiar em alguém e ver a confiança desaparecer? Não quero ser responsável por isso.
Mas com Anahí não posso resistir.


Ela continua:


— Então, eu estava usando o vestido de formatura dos meus sonhos. E aí era a vez da mamãe. Ela me surpreendeu porque foi atrás dos vestidos também. Nunca a vi vestida daquele jeito antes. E acho que essa foi a melhor parte para mim: a Cinderela não era eu. Era ela. Depois de escolhermos as roupas, eles nos maquiaram e tudo o mais. Pensei que mamãe fosse surtar, mas ela estava gostando de verdade. Eles não fizeram muita coisa nela, só deram um pouco mais de cor. E isso foi tudo de que ela precisou. Estava bonita. Sei que é difícil acreditar, conhecendo-a agora. Mas naquele dia, parecia uma estrela de cinema. Todas as outras mães a estavam elogiando. E na hora do desfile de verdade, andamos pela passarela e as pessoas aplaudiram. Minha mãe e eu estávamos sorrindo, e era real, sabe?


Não podíamos ficar com os vestidos nem nada assim. Mas me lembro que, na volta para casa, minha mãe ficava repetindo como eu estava linda. Quando chegamos, papai olhou para nós como se fôssemos aliens, mas o mais legal é que ele decidiu entrar na brincadeira. Em vez de agir de maneira estranha, ficou chamando a gente de supermodelos e pediu para desfilarmos na sala para ele, o que nós fizemos. Estávamos rindo tanto. E foi isso. O dia terminou. Não tenho certeza se mamãe usou maquiagem desde então. E não é como se eu tivesse me tornado uma supermodelo. Mas aquele dia me lembra do dia de hoje. Porque foi uma quebra na rotina, não foi?


— Parece que sim — digo a ela.


— Não posso acreditar que acabei de te contar isso.


— Por quê?


— Porque... não sei. Simplesmente parece tão bobo.


— Não, parece um dia bom.


— E quanto a você? — pergunta ela.


— Nunca estive num desfile de mãe e filha — brinco. Embora, para falar a verdade, tenha estado em alguns.


Ela me dá um tapa de leve no ombro.


— Não. Me conta sobre um dia como este.


Acesso Manuel e descubro que ele mudou de cidade quando tinha 12 anos. Então posso contar qualquer coisa antes disso, porque Anahí não vai ter estado lá. Eu poderia tentar encontrar uma das lembranças de Manuel para compartilhar, mas não quero fazer isso. Quero dar a Anahí uma coisa minha.


— Teve um dia, quando eu tinha 11 anos. — Tento me lembrar do nome do garoto em cujo corpo eu estava, mas não consigo. — Eu estava brincando de esconde-esconde com meus amigos. Quero dizer, era um tipo violento de esconde-esconde, com empurrões. Estávamos no bosque e, por alguma razão, decidi que tinha que subir numa árvore. Acho que nunca tinha subido antes. Mas achei uma com alguns galhos baixos, e simplesmente comecei a subir. Cada vez mais alto. Era tão natural quanto andar. Na minha lembrança, aquela árvore tinha centenas de metros de altura. Milhares. Em algum momento, atravessei a copa da árvore. Ainda estava subindo, mas não havia outras árvores por perto. Eu estava sozinho, agarrado ao tronco, bem longe do chão.


Ainda consigo ter flashes dela. Da altura dela. Da cidade abaixo de mim.


— Foi mágico — digo. — Não existe outra palavra para descrever. Eu podia ouvir meus amigos gritando conforme eram pegos, conforme a brincadeira ia chegando ao fim. Mas eu estava num lugar completamente diferente. Estava vendo o mundo de cima; o que é uma coisa extraordinária quando acontece pela primeira vez. Eu nunca havia viajado de avião. Nem tenho certeza se já havia estado em um edifício alto. Então lá estava eu, suspenso acima de tudo que eu conhecia. Eu tornara aquele lugar especial, e tinha chegado lá totalmente por conta própria. Ninguém havia dado aquilo para mim. Ninguém havia me dito para fazer aquilo. Eu subi, subi, subi, e aquela foi minha recompensa. Observar o mundo de cima, e ficar a sós comigo mesmo. Aquilo, descobri, era do que eu precisava.


Anahí se inclina para mim.


— Incrível — murmura.


— É mesmo.


— E foi em Minnesota?


Para falar a verdade, foi na Carolina do Norte. Mas acesso Manuel e descubro que, sim, para ele teria sido em Minnesota. Então assinto.


— Você quer ouvir sobre outro dia como este? — pergunta Anahí, aninhando-se em mim.


Ajeito o braço para que nós dois fiquemos confortáveis.


— Claro.


— Nosso segundo encontro.


Mas este é só o primeiro, penso. Pateticamente.


— Sério? — pergunto.


— Lembra?


Verifico se Manuel se lembra do segundo encontro deles. Ele não se lembra.


— Na festa do Dack? — recorda ela.


Nada ainda.


— Isso... — arrisco.


— Não sei... Talvez não conte como um encontro. Mas foi a segunda vez que a gente ficou. E, não sei, você foi tão... fofo com aquela história toda. Não fique bravo, está bem?


Fico imaginando onde essa história vai dar.


— Sério, nada pode me deixar bravo neste instante — digo. E até faço uma cruz sobre o coração para provar.
Ela sorri.


— Então tá. Bem, ultimamente... é como se você sempre estivesse com pressa. É como se a gente transasse, mas não tivesse... intimidade. E não me importo. Quero dizer, é engraçado. Mas de vez em quando é bom ter alguma coisa assim. E na festa do Dack... foi como hoje. Como se você tivesse todo o tempo do mundo, e quisesse que a gente tivesse esse tempo juntos. Eu adorei. Era quando você realmente olhava para mim. Era como... bem, era como se você tivesse subido naquela árvore e me encontrado lá em cima. E tivéssemos vivido isso juntos. Embora estivéssemos no quintal de outra pessoa. Em determinado momento... você se lembra? Você me pediu para me afastar um pouco e ficar sob a luz da lua. “Sua pele brilha assim”, foi o que você disse. E eu me senti assim. Brilhando. Porque você estava me observando, assim como a lua.


Será que ela percebe que, nesse momento, está iluminada pelo tom laranja quente que se toma o horizonte, quando o não-é-mais-dia se transforma em não-é-noite-ainda? Inclino-me e me transformo em sombra. Eu a beijo uma vez, então nos aconchegamos um no outro, fechamos os olhos, cochilamos. Enquanto cochilamos, sinto uma coisa que nunca senti. Uma proximidade que não é apenas física. Uma conexão que desafia o fato de que acabamos de nos conhecer. Um sentimento que só pode vir da mais eufórica das sensações: a de pertencer a alguém.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Alien AyA

Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Que história é essa sobre o instante em que você se apaixona? Como uma medida tão pequena de tempo pode conter algo tão grande? De repente, percebo por que as pessoas acreditam em déjà vu, por que acreditam em vidas passadas; porque não há meio de fazer com que os anos que passei na Terra sejam capa ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 22:09:51

    Haaaaaaaaaaaaaaaaaáaaáaaa meu deus que história triste...morri aki ;( pelo menos tomara q a any tenha ficado com o poncho....

  • franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 21:46:10

    *.*

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 20:02:54

    SCRRRRRRRRRR ALIEN EU VOU TE MATAAAAAAR ME FEZ CHORAR RIOOOOS AINNNNNN QUERIA Q ELA FICASSE CM O A :`( Mas foi bom q ele arrumou o Pon pra ela :)

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:56:19

    Ai scrrrrrr q eles fiquem juntoooooos :`( Postaaaaaaaaaa <3

  • Alien AyA Postado em 23/05/2015 - 19:52:53

    Mila você já vai saber...

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:50:34

    Ainnnnnnn fico cm dó do &quot;Pon&quot; corpo :$ Será q ele vai ficar cm o corpo msm? :$ Postaaaaaaaa <3

  • Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:44:10

    PARAA TUDOOOOOO VI O NOME DO PON JÁ TO PIRANDO SCRR PERA VOU LER *-*

  • Mila Puente Herrera Postado em 22/05/2015 - 23:21:50

    COMO ASSIM???????????????? ALIEN VOLTA AKI QUERO O FIM NÃAAAAAAAAAAO KKKKKKKKKKKKKK Postaaaaaaaaaaaaaa <3

  • Mila Puente Herrera Postado em 21/05/2015 - 22:06:50

    Ainnnnnnn nn tadinho do Pon :/ Postaaaaaaaa <3

  • franmarmentini♥♥ Postado em 21/05/2015 - 16:54:50

    tadinho do A ;(


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais