Fanfic: Every Day... AyA [FINALIZADA] | Tema: AyA, Anahí, Every Day, Adaptação
Dia 6.030
Acordo a apenas duas cidades de distância dela, nos braços de outra pessoa.
Tomo cuidado para não acordar a garota que me abraça. Os cabelos muito louros dela cobrem seus olhos. As batidas de seu coração vibram em minhas costas. O nome dela é Amelia e, na noite anterior, ela entrou pela janela para ficar comigo. Meu nome é Zara — ou pelo menos foi o nome que escolhi para mim. Meu nome de batismo é Clementine, e eu o adorava até completar 10 anos. Então comecei a testar nomes, e Zara foi o nome que pegou. A letra Z sempre foi minha favorita, e 26 é meu número da sorte.
Amelia se remexe sob os lençóis.
— Que horas são? — pergunta, meio tonta.
— Sete horas — respondo.
Em vez de se levantar, ela se aninha em mim.
— Você pode ser boazinha e verificar onde sua mãe está...? Eu preferiria não sair por onde entrei. Minha coordenação motora diurna é bem mais atrapalhada do que a noturna, e sempre fico muito mais inspirada quando estou me aproximando da donzela.
— Está bem — digo e, para me agradecer, ela beija meu ombro nu.
A ternura entre duas pessoas pode tornar o ar brando, o quarto brando, o próprio tempo brando. Quando saio da cama e visto uma camisa extragrande, tudo ao meu redor parece estar na temperatura da felicidade. Nada da noite anterior se dissipou. Acordei no conforto que elas criaram.
Caminho na ponta dos pés até o corredor e escuto à porta de minha mãe. O único som é o da respiração de alguém dormindo, portanto, parece seguro. Quando volto para o quarto, Amelia ainda está na cama e o lençol está afastado, então é só ela, a camiseta e a calcinha. Tenho a sensação de que Zara não deixaria de subir na cama para o lado dela neste momento, mas sinto que não posso fazer isso em seu lugar.
— Está dormindo — informo.
— Dormindo tipo dá-pra-tomar-um-banho-sem-problema?
— Acho que sim.
— Você quer ir primeiro, depois, ou vamos tomar banho juntas?
— Pode ir primeiro.
Ela sai da cama e me dá um beijo ao passar. As mãos dela se movem sob minha camiseta extragrande, e eu não resisto. Eu a agarro e a beijo um pouco mais.
— Tem certeza? — pergunta ela.
— Você vai primeiro — respondo.
Então, assim como Zara teria feito, sinto saudade quando ela sai do quarto.
Queria que fosse Anahí.
Ela sai escondida da casa enquanto estou no banho. Então, vinte minutos depois, volta até minha porta e me busca para irmos à escola. Agora minha mãe está acordada, na cozinha, e sorri ao ver Amelia chegando. Fico me perguntando o quanto ela sabe.
Passamos grande parte do dia juntas na escola, mas não de um jeito que limita nossas interações com outras pessoas. Pelo contrário, nós incorporamos os amigos ao que temos entre nós. Existimos como indivíduos. Existimos como um casal, e existimos como partes de trios, de quartetos e por aí vai. E é bom.
Não consigo deixar de pensar em Anahí. De lembrar do que ela disse sobre os amigos que nunca me conheceriam. E que ninguém mais me conheceria. Que o que temos juntos estará limitado a nós, sempre. Estou começando a entender o que isso quer dizer, e como seria triste. Já estou sentindo um pouco da tristeza agora, e ainda nem está acontecendo.
No sétimo tempo, Amelia tem monitoria na biblioteca, e eu, educação física. Quando nos encontramos mais tarde, ela mostra os livros que pegou para mim porque parecem ser do tipo que vou gostar.
Será que um dia vou conhecer Anahí tão bem assim?
Amelia tem treino de basquete depois da aula. Normalmente, fico esperando por ela, fazendo o dever de casa. Mas ela está me fazendo sentir tanta saudade de Anahí que preciso fazer alguma coisa a respeito. Pergunto se posso pegar o carro dela emprestado para resolver umas coisas.
Ela me dá as chaves, sem fazer perguntas.
Levo vinte minutos para chegar até a escola de Anahí. Paro no lugar de sempre, enquanto a maior parte dos carros aponta para a direção oposta. Então encontro um lugar para me sentar e observar a porta, torcendo para que ela não tenha saído ainda. Não vou falar com ela. Não vou começar tudo de novo. Só quero vê-la. Cinco minutos depois ela aparece. Está conversando com Rebecca e algumas de suas outras amigas. Não dá para ouvir o que estão dizendo, mas todas participam da conversa. De onde estou, ela não parece alguém que perdeu algo recentemente. Sua vida parece estar seguindo normalmente. Há um momento — um breve instante — em que ela ergue o rosto e olha ao redor. Nesse minuto, posso acreditar que ela esteja procurando por mim. Mas não dá para saber o que acontece no instante seguinte, porque desvio os olhos rapidamente e observo outra coisa. Não quero que ela veja meus olhos.
Esse é o próximo passo para ela, e se ela já está no próximo passo, eu preciso estar também.
Paro numa Target no caminho de volta até Amelia. Zara sabe todas as comidas favoritas dela, e a maior parte é composta de salgadinhos. Pego tudo e, antes de voltar à escola para me encontrar com ela, arrumo tudo no painel do carro, soletrando o nome dela. Acredito que Zara ia querer que eu fizesse isso. Não sou justa. Queria que Anahí tivesse me visto lá.
Mesmo que eu desviasse os olhos, queria que ela viesse até mim e me tratasse do jeito que Amelia trataria Zara depois de três dias separadas. Sei que isso nunca vai acontecer. E que saber disso é como um clarão de luz através do qual não posso enxergar muito bem.
Amelia está encantada com o que escrevi no painel do carro e insiste em me levar para jantar. Ligo para casa e aviso à minha mãe, que parece não se importar. Dá para ver que Amelia percebe que só metade de mim está ali, mas ela vai me permitir ter uma metade em outro lugar, porque é onde preciso estar. Durante o jantar, ela preenche o silêncio com histórias sobre seu dia, algumas reais e outras totalmente imaginadas. Ela me faz adivinhar qual é qual. Só estamos juntas há sete meses. Mas, levando em conta a quantidade de lembranças que Zara guardou, parece muito tempo. É isso o que eu quero, penso.
Então não consigo evitar. Acrescento: E é isso o que não posso ter.
— Posso te perguntar uma coisa? — digo para Amelia.
— Claro. O quê?
— Se eu acordasse num corpo diferente todos os dias e você nunca soubesse como eu ia ser no dia seguinte, ainda me amaria?
Ela não faz uma pausa nem age como se a pergunta fosse estranha.
— Mesmo que você fosse verde, tivesse barba e um órgão sexual masculino no meio das pernas. Mesmo que suas sobrancelhas fossem cor de laranja e você tivesse uma verruga cobrindo toda a bochecha e um nariz que batesse no meu olho toda vez que eu fosse te beijar. Mesmo que pesasse 300 quilos e tivesse pelos do tamanho de um dobermann nas axilas. Mesmo assim, eu amaria você.
— Igualmente — respondo.
E é fácil falar, porque nunca vai precisar ser verdade.
Antes de nos despedirmos, ela me beija com tudo o que tem. E eu tento retribuir com tudo o que quero. Terminamos numa boa, não posso deixar de pensar. Mas logo a sensação começa a desaparecer.
Quando entro em casa, a mãe de Zara diz para ela:
— Sabe, você pode convidar Amelia para entrar.
Digo a ela que sei. Então corro para o quarto, porque é tudo demais. Tanta felicidade só pode me deixar triste. Fecho a porta e começo a soluçar. Anahí está certa. Eu sei. Nunca vou poder ter essas coisas.
Nem olho meus e-mails. De um jeito ou de outro, não quero saber.
Amelia liga para dar boa-noite. Preciso deixar cair na caixa postal e me recompor ao máximo como Zara quanto consigo antes de atender.
— Desculpe — digo a ela quando ligo de volta. — Estava conversando com minha mãe. Ela disse que você tem que aparecer mais vezes.
— Ela está falando da janela do quarto ou da porta da frente?
— Da porta da frente.
— Bem, parece que um passarinho chamado progresso está sentado agora no seu ombro.
Bocejo, então peço desculpas.
— Não precisa pedir desculpas, dorminhoca. Sonhe um pouquinho comigo, está bem?
— Vou sonhar.
— Eu te amo — diz ela.
— Eu te amo — respondo.
Então desligamos, porque, depois disso, não precisamos dizer mais nada.
Quero devolver a vida a Zara. Mesmo que sinta que mereço algum assim, não mereço à custa dela. Ela vai se lembrar de tudo, resolvo. Não da minha infelicidade. Mas da felicidade que a causou.
Postando o atrasado de ontem, a noite nós nos vemos mais ;)
Autor(a): Alien AyA
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Dia 6.031 Acordo com sensação de febre, dolorida, inquieta. A mãe de July entra e dá uma olhada nela. Diz que parecia bem ontem à noite. Será doença ou coração partido? Não tem como saber. O termômetro diz que estou bem, mas evidentemente não estou. Até Mais!
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 63
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franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 22:09:51
Haaaaaaaaaaaaaaaaaáaaáaaa meu deus que história triste...morri aki ;( pelo menos tomara q a any tenha ficado com o poncho....
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franmarmentini♥♥ Postado em 28/05/2015 - 21:46:10
*.*
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 20:02:54
SCRRRRRRRRRR ALIEN EU VOU TE MATAAAAAAR ME FEZ CHORAR RIOOOOS AINNNNNN QUERIA Q ELA FICASSE CM O A :`( Mas foi bom q ele arrumou o Pon pra ela :)
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:56:19
Ai scrrrrrr q eles fiquem juntoooooos :`( Postaaaaaaaaaa <3
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Alien AyA Postado em 23/05/2015 - 19:52:53
Mila você já vai saber...
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:50:34
Ainnnnnnn fico cm dó do "Pon" corpo :$ Será q ele vai ficar cm o corpo msm? :$ Postaaaaaaaa <3
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Mila Puente Herrera Postado em 23/05/2015 - 19:44:10
PARAA TUDOOOOOO VI O NOME DO PON JÁ TO PIRANDO SCRR PERA VOU LER *-*
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Mila Puente Herrera Postado em 22/05/2015 - 23:21:50
COMO ASSIM???????????????? ALIEN VOLTA AKI QUERO O FIM NÃAAAAAAAAAAO KKKKKKKKKKKKKK Postaaaaaaaaaaaaaa <3
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Mila Puente Herrera Postado em 21/05/2015 - 22:06:50
Ainnnnnnn nn tadinho do Pon :/ Postaaaaaaaa <3
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franmarmentini♥♥ Postado em 21/05/2015 - 16:54:50
tadinho do A ;(