Fanfics Brasil - Três Golden Revolver

Fanfic: Golden Revolver | Tema: Original


Capítulo: Três

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Na ultima sexta que passei com minha mãe, dois dias antes dela nos deixar, meu pai havia recebido um convite importante para treinar o time regional de basquete, que representaria à cidade na competição estadual, com grande chance de vitória. Com isso, ele teria que passar os próximos dois meses fora, se dedicando aos treinos, o que mamãe não desejava. Meus pais tinham uma comunicação incrível, e ela o apoiava em todas as decisões difíceis. Sempre funcionava. Não sei por que papai mentiu daquela vez.


 


Na sexta à noite, meu pai a levou para jantar fora e enquanto deixavam o restaurante, o chefe do meu pai o surpreendeu dando-lhe os parabéns pelo novo emprego, ela não acreditou no que ouvira e pediu que meu pai lhe contasse a verdade, ele confessou cheio de culpa e de desculpas, mas ela estava brava demais para ouvir ou perdoar.


 


Meu pai recusou o emprego depois que minha mãe partiu, e nos mudamos pra Candace duas semanas depois. Meu pai estava desempregado, até meu tio chamá-lo para trabalhar na quitanda da família, tarefa fácil perto dos campeonatos que disputava e das vitórias que quase sempre levava para casa.


 


Enquanto eu estava no ponto de ônibus, torcendo para que ele apontasse na esquina antes da caminhonete do meu pai, Laura se aproximou.


Robbie estava ao meu lado, e ele estava olhando com aquela cara de bobo enquanto a menina caminhava para nós. Eu não posso negar que até mesmo aquele uniforme horrível ficava bonito nela.


Seus cabelos, longos e avermelhados, caídos sobre os ombros. A pele levemente bronzeada, e os olhos grandes cor de amêndoas, ela era uma perfeita garota praiana perdida na minha pequena cidade.


– Oi meninos. – Ela disse, apertando seus livros contra o peito de maneira atrevida.


– Oi. – Eu respondi. A voz de Robbie falhou. Então eu dei um empurrão em seu ombro para que ele se manifestasse.


– Oi. – Por fim, disse.


– Vocês querem uma carona? Meu pai está logo ali. – Antes que eu pudesse responder, meu pai estacionou sua caminhonete junto ao meio-fio.


– Acho que minha carona chegou. – Eu disse e me virei para o carro. – Mas o Robbie aceita a carona.


– Robbie? – Disse ela o fitando.


- Cla - Claro.


 


Coloquei meus fones de ouvido logo que entrei no carro.


Não esperava qualquer tentativa de conversa, mas meu pai parecia ansioso em me contar algo.


– O que? – Perguntei, retirando meus fones do ouvido.


– Nada.


– Ótimo. – Eu disse, voltando a ouvir minha música. Estava tocando Fake Plastic Tree, do Radiohead. Senti vontade de cantarolar junto, mas percebi que meu pai ainda me encarava como se quisesse falar comigo.


– O.K. – Ele se manifestou.


Eu fiquei em silêncio, abaixando a música.


– Seu tio me convidou para ser sócio da Quitanda.


– Que bom.


– Eu disse que você podia trabalhar no tempo livre como vendedor. – Ele sorriu.


Eu não o havia visto sorrir desde a partida da minha mãe. Fiz uma cara de desagrado, não que eu não gostasse de vê-lo sorrir, mas naquele momento, seu sorriso me assustava.


– Vamos ter um tempo juntos, seremos uma grande equipe, como um time de basquete.


- Pai, você está ciente de que organizar frutas em cestas de palhas é completamente diferente do que acertar uma cesta de basquete com uma bola de basquete?


- Claro que sim.


- Eu posso arrumar um emprego por conta própria que não seja na quitanda, por favor.


- Será uma ótima experiência, só meio periodo, eu não quero que isso afete seus estudos.


- Eu vou ser a piada do colégio, até o Robbie vai rir de mim. – Sussurrei para mim mesmo, para que ele não pudesse ouvir, e voltei a ouvir minha musica.


Meu pai e eu não trocamos uma palavra depois disso. Enquanto ele dirigia em silêncio eu pensava em como devia ser difícil para ele, ter sido deixado pra trás por alguém que ele certamente ainda amava.  


 


No outro dia no colégio contei a novidade para Robbie.


- Vai trabalhar? E a escola? – Robbie virou sua cabeça para trás. Cochichando.


- Depois te conto. – Eu mantive minha atenção no quadro, precisava entender a matéria, tirar boas notas e ir para faculdade como o Nigel.


Mas naquele momento não conseguia pensar em outra coisa. Além de me ver de avental vendendo frutas na quitanda do meu tio. E se esse fosse o ponto auge da minha vida? E se eu me tornasse um deles? Um dos Gaultiers fadado ao fracasso.


EU ESTAVA FERRADO!


 


- Então seu pai quer que você trabalhe pro seu tio?


- Sim. É o fim. Até hoje de manha eu era só o garoto novato numa escola com garotos que me detestam. E agora eu sou o garoto novato numa escola com garotos que me detestam e que trabalha numa quitanda.


- Não deve ser tão mal assim.


- De avental.


- O.K. É terrível.


Enquanto eu me lamentava no ouvido de Robbie, Ethan e seus dois amigos fiéis, Alex e Seth, passaram pelo corredor, chamando a atenção de toda a galera que estava parada em frente aos armários.


Pensei em como eu queria ser como ele.


Em como a palavra popularidade e Landon Gaultier não se relacionavam.



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Autor(a): hiver

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • hiver Postado em 18/04/2015 - 10:43:41

    Obrigado, Maysa. ;D

  • Maysa Postado em 17/04/2015 - 12:58:11

    Eu quero mais! Eu gostei muito da sua narrativa e mal posso esperar pra ver como o Landon vai se adaptar a essa nova rotina escolar e familiar. Só digo que não desista,quero muito acompanhar. Até mais!


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