Fanfic: O Pai Ideal AyA (Terminada)

A médica achou graça.

— Não estava insinuando que tivesse. No entanto, pediu minha opinião sobre o que aconteceu a seu relacionamento com Anahí. Sem falar com ela, não posso ter certeza. Nem você. Por isso...

Poncho não gostou do som do "por isso".

— ...vou recomendar que a procure e faça as perguntas para as quais está evidente que precisa de respostas.

— Não preciso de respostas. — Aquilo fazia parte do passado. A vida tinha seguido em frente.

— Acho que precisa. De acordo com o resultado de seu teste, você tem dificuldade em entender o que é dito nas entrelinhas e em julgamentos interpessoais.

Que tipo de bobagem era aquela?

— Se as pessoas disserem tudo o que querem, então não teremos problemas.

A dra. Webber recostou-se e deixou as anotações sobre a mesa.

— Estou encarregada de avaliar a personalidade de todos que viverão juntos nesse projeto. Estou preocupada...

— Ora, o que é isso? — Poncho não podia acreditar no que estava ouvindo. — Tudo aconteceu há dez anos. Eu era muito jovem.

—Tenho dúvidas em relação à sua capacidade em formular métodos eficientes para resolver problemas interpessoais.

— Poderia falar com mais clareza? Melinda retirou os óculos e disse:

— Você nunca esteve envolvido em um relacionamento duradouro e viveu sozinho desde seu breve enlace. O casamento acabou, e você não sabe os motivos. Descubra, ou não o aprovarei para o projeto da biosfera.

Poncho ficou atordoado e levantou-se. Podia suportar a cadeira desconfortável, ou a médica, mas não as duas ao mesmo tempo.

— Eu tinha vinte e três anos, doutora. Foi isso o que aconteceu. Acredite-me, estou mais velho, mais experiente e mais ocupado. — Sorriu de modo encantador. — Você também não amadureceu?

Melinda não sorriu.

— Sr. Valera, preciso avaliar não apenas sua personalidade e o modo como afeta a equipe, mas sua habilidade em fazer a mesma coisa quando estiver sozinho, liderando o time.

Poncho sabia aonde ela queria chegar.

— Por minha experiência, digo que se as pessoas estão ocupadas, não têm tempo para mexer com os nervos dos outros.

— Não acredito que esteja falando sério.

— Mas estou, doutora. Essas pessoas terão um trabalho a fazer. Será a prioridade número um e deverão ficar sozinhos e desempenhar suas tarefas. Se tiverem problemas de personalidade, então é seu trabalho descobrir do que se trata antes que entrem no ambiente da biosfera. Encontre-me uma boa equipe, dra. Webber. É só o que lhe peço.

— Está me pedindo para ignorar minhas preocupações em relação ao senhor.

— Só porque me casei quando não devia?

— Porque não compreende os motivos que levaram ao fim do relacionamento.

— Isso não tem nada a ver com meu trabalho.

— Tem, sim. — Começou a relacionar as questões, contando nos dedos: — Primeiro, vocês dois tinham um contrato. Começavam um projeto. Investiram dinheiro. Pretendiam viver juntos em algum lugar novo. Algo deu errado. A única diferença em relação a seu trabalho é que não precisou escrever um relatório final analisando o que aconteceu. Estou pedindo que faça isso agora.

Poncho fitou-a. Fazia sentido o que acabara de dizer. Ele detestava ter de admitir que estava errado.

— Você é uma boa psicóloga.

— Obrigada.

Os dois se encararam por mais um instante antes de Poncho dirigir-se para a saída.

— Está bem. Procurarei Anahí e falaremos sobre o que aconteceu. Encontre uma boa equipe para mim.

comentemm plixxx...