Fanfic: O Pai Ideal AyA (Terminada)

Estava tudo perfeito. Poncho ficou em pé no centro da biosfera do deserto e olhou ao redor. Com esse projeto, conquistara tudo com o que sempre sonhara, e em proporções maiores do que chegara a imaginar.

Era o responsável, e as experiências estavam sendo conduzidas do modo como queria. Havia grande interesse por parte do público em relação ao desafio de fornecer comida suficiente para alimentar a população que não parava de crescer, além de estarem testando novas espécies de sementes que ficavam cada vez mais resistentes.

Estava no auge de sua carreira. No entanto, em vez de desfrutar do sucesso, perguntava-se a todo instante se Anahí estaria grávida. Já havia um mês desde o final de semana que passaram juntos. Ela já devia saber a resposta. Será que contaria a ele?

—  ...daqui a sete meses poderá assistir às aulas sobre os primeiros cuidados com o bebê. Tem alguém que possa acompanhá-la? — perguntou o médico.

Era a segunda consulta de Anahí.

—  Sim. Freddie.

— Está bem. Diga a ele que será bem-vindo às consultas dos exames de pré-natal.

—  Freddie é uma mulher. É uma grande amiga.

—  Então ela é bem-vinda.

Anahí saiu do consultório com cartilhas, livros sobre crianças e uma lista de vitaminas que deveria tomar, além da sensação de ter cometido um grande engano.

Estar grávida do filho de Poncho deixava-a angustiada. Sentia mais falta dele, desejando compartilhar tudo o que estava acontecendo. Escutara o coração do bebê naquele dia, um som apressado que tornou a gravidez realidade. Sorriu para a enfermeira, e desejou muito que Poncho pudesse estar a seu lado.

Haveria muitos daqueles momentos, e ficaria ainda pior depois do nascimento da criança. Cada vez que olhasse para seu filho, se lembraria de Poncho e do amor que sentia por ele. Por que não pensou naquilo? O que estaria acontecendo com ela? Pensou que poderia ter o filho de Poncho, sem ter que pensar nele a cada segundo?

— Estão todos de acordo? — indagou Marta Elkins. Era a reunião semanal e toda a equipe de Poncho estava ao redor dá mesa de madeira, em uma área onde havia sobra na biosfera. Poderiam estar fazendo um piquenique, mas não estavam.

As reuniões serviam para discutir assuntos, aceitando reclamações e sugestões. A dra. Webber as tinha sugerido, e Poncho concordou, mas naquele momento, eram pura perda de tempo, na opinião dele. Quando a equipe estivesse trabalhando tempo suficiente para ter atritos, então as reuniões teriam sentido.

Estavam na biosfera fazia três semanas. Anahí já devia saber se estava grávida. Ele não suportava não saber. Verificava os e-mails e recados três vezes ao dia. Será que ela estaria bem? Como se sentiria? E se não estava grávida, como lidava com o desapontamento?

—  Poncho? — Marta ergueu a sobrancelha.

Ele não sabia se suportaria dois anos trabalhando com aquela mulher.

— Acho que está bom. — Mas, na verdade, não sabia do que falavam.

Todos trocaram olhares.

— O que foi?

— Não estava prestando atenção.

— Claro que estava. Estávamos discutindo alterações nos níveis de umidade para imitar as condições do deserto.

— Votamos sobre isso há dez minutos. Estávamos discutindo o armazenamento de baterias. — Marta olhou-o, impassível. — Acabou de concordar em colocá-las junto com as plantas.

—  Foi mesmo? Marta sorriu, irônica.

— Peço desculpas.