Fanfic: O Pai Ideal AyA (Terminada)

Por sorte, Anahí já tinha analisado os contratos com toda a atenção, pois naquele momento era incapaz de se concentrar no que quer que fosse.

Poncho, o pai de seu filho, estava ali, apenas alguns centímetros de distância. Mesmo quando outras pessoas falavam, Anahí olhava para Poncho de relance. Quando chegou a vez dele falar, ela pôde relaxar e permitir-se olhá-lo à vontade. Foi a primeira vez que relaxou desde que entrou naquela sala.

- A dra. Elkins e eu achamos que uma espécie híbrida de milho seria mais apropriada para as biosferas das classes de aula, pois só crescem até essa altura. - Ficou em pé e mostrou a altura que a planta atingiria.

Ele usava short caqui. Ficava lindo de short.

Anahí suspirou e então sentiu o bebê mexendo. Colocou a mão sobre o ventre, e teve a sensação outra vez. Era a primeira vez que o bebê se mexia.

Ela endireitou o corpo e fitou Poncho, emocionada, esperando para sentir a criança mexer. Gostaria de poder pegar a mão de Poncho e deixá-lo sentir o bebê também.

No entanto, não poderia. Mesmo que Poncho soubesse sobre o bebê, não poderiam ter qualquer contato com todos os cuidados para manter a biosfera intacta.

E se ela precisasse levar o bebê ali? Só poderia mostrá-lo a Poncho atrás do vidro. Ela não poderia segurar o próprio filho, ao menos até a criança ter quinze meses e estar engatinhando.

"Imagine ter um filho e não poder tocá-lo." Anahí não poderia fazer isso a Poncho.

De vez em quando, Anahí pensava em estar ali no dia em que Poncho saísse da biosfera, carregando o filho deles. O dia em que ele poderia segurar o filho no colo.

A reunião terminou e Larry disse:

- Está bem, não sei quanto ao resto de vocês, mas estou ansioso por um intervalo.

Anahí estava faminta e precisava comer alguma coisa.

- Temos lanches para vocês. Depois que se alimentarem, estão convidados para andarem pela área reservada à observação pública e ver algumas das experiências que estão sendo feitas na biosfera, mas depois de saírem desta sala, não poderão voltar, a menos que passem por todo o processo de descontaminação outra vez.

Todos gemeram.

Trouxeram os lanches. Anahí comeu a salada feita com verduras cultivadas ali, e pão, também feito com trigo cultivado na biosfera. Poncho não comeu com eles, e ela temia não o ver mais, quando Poncho voltou e gesticulou para ela.

Anahí aproximou-se do vidro.

-  Tenho algumas perguntas, se você puder ficar um pouco mais.

-  Jack pode responder às suas perguntas - ofereceu Larry.

Poncho não respondeu, mas o modo como olhou o presidente de sua empresa queria dizer: "Vá embora!"

-  Por outro lado, talvez seja melhor que as perguntas sejam respondidas pela fonte. - Larry olhou ao redor. - Quem me acompanha em um passeio pela biosfera?

Poncho folheou os contratos até os outros saírem da sala.

-  Quais são as perguntas? - indagou Anahí.

-  Como você está? - Sorriu.

"Feliz. Senti nosso filho se mexendo pela primeira vez", pensou.

Era difícil não contar a verdade a ele, e dividir a maravilhosa sensação de ter uma vida crescendo dentro de si. No entanto, não tinha coragem para contar. Já seria muito difícil ir embora dali a uma hora. Não suportaria tantas emoções. Não seria bom para o bebê, nem para ela.

- Estou bem. O trabalho me mantém ocupada. Um programa de televisão infantil quer criar um personagem, e estamos correndo para produzi-lo.

-  Entendo. - Sorriu e observou-lhe os contornos do rosto. - Vieram até aqui há algumas semanas. As crianças são lindas.

Anahí assentiu. Poncho olhou ao redor e sem jeito, perguntou:

- Você...

- Não - apressou-se, sabendo que se referia a escolha do doador.

-  Oh...

- Como disse, estou muito ocupada com o serviço. Sabe como é.

-  Sim.

Ficaram em silêncio por um instante.

-  Sobre os contratos...

- Estão ótimos - informou Poncho. - Só queria uma chance de conversar com você em particular. Queria um pouco de privacidade, se é que isso é possível por aqui.

Como se fosse para reforçar o que ele disse, bateram na porta do lado da sala onde Poncho estava, e uma moça loira apareceu.

- Poncho, se já tiver terminado, temos um problema com a irrigação na sala sete. - Olhou para Anahí. -Provavelmente a descontaminação de tantas pessoas ao mesmo tempo sobrecarregou o sistema de reciclagem de água.

Poncho olhou para Anahí.

- Preciso ir.

Anahí começou a pegar suas coisas e comentou:

-  Evidente. Não é o que você sempre faz?

- Anahí...

- Adeus, Poncho. Até qualquer dia.