Fanfic: Vínculos | Tema: Original
Prólogo
Sexta-feira, 25 de Julho de 2008
"Essas vadias deviam cuidar das próprias vidas" era o que pensava enquanto enchia o que deveria ser o quarto ou quinto copo de uísque da noite sob os fortes olhares de censura de suas tias Gwyneth e Kathryn, que, pelo visto, consideravam falta de educação beber daquela maneira no funeral da avó. Skylar tinha consciência disso e estava pouco se fudendo. Já que teria que aguentar as tias até a leitura do testamento, que seria feito logo após o enterro, visto que a maior parte da família, incluindo ela, morava em outra cidade; pelo menos que estivesse bêbada.
— Tudo bem que você não gosta de ninguém aqui e também adora provocar nossas “amadas” tias, mas não dá para maneirar um pouco na bebida? Se continuar desse jeito, vai apagar antes da leitura do testamento. — Sua irmã mais nova, Sheila, murmurou para ela ao mesmo tempo em que tirava o copo de suas mãos.
Skylar bufou e cruzou os braços.
— Você está agindo feito uma velha! — resmungou, pondo uma mecha de seu curto cabelo castanho claro atrás da orelha. — Até parece que você não enche a cara quando pode.
— Não no funeral da minha vó! — Sheila revirou os olhos.
Sheila, por um momento, desejou que sua outra irmã, Amethyst (ou Amy, para os íntimos), estivesse presente. Se Amy estivesse lá, com certeza teria arremessado a garrafa de uísque na cabeça de Skylar. Entretanto, ela não pôde aparecer, pois morava em Moscou e não conseguiu agendar um voo de última hora para Cork, a avó faleceu de repente e o funeral foi no dia seguinte.
— Por favor, pare com isso. Eu não quero ter que te carregar para casa. — A mais nova suplicou. Skylar a observou por alguns segundos antes de responder.
Sheila estava usando um vestido de renda preto com mangas 3/4 que ia até metade das coxas e tinha o longo cabelo castanho claro preso em uma trança embutida. Parecia uma princesinha de luto, ao contrário de Skylar, que estava mais para uma vadia à procura de uma esquina. A mais velha usava um vestido tomara que caia bem curto, na cor preta, com um sobretudo da mesma cor e salto alto.
Skylar estava prestes a ceder, quando que viu a irmã derramando seu copo de uísque no vaso de uma planta.
— Não faz isso, cacete! Esse uísque é caro! — Emputeceu.
— Fala sério, Skye! Até parece que você pagou por ele, acha que não vi você roubando-o do armário de bebidas da vovó?
Skye estava prestes a retrucar quando Gwyneth apareceu, quase que do nada, e a repreendeu ferozmente:
— Skylar Rose O’Flahertie, eu não acredito que você roubou isso da minha mãe justo no dia de seu enterro! Você não tem vergonha na cara?!
— Quem deveria ter vergonha é você, titia! Ninguém te ensinou que é feio ficar escutando conversas alheias? — debochou.
— Ora, sua... — Gwyneth, vermelha de raiva, cerrou os punhos para conter a vontade de dar um tabefe na cara da sobrinha. — Se não tem respeito pela própria avó, pelo menos que tenha pelo seu falecido pai! O coitado deve estar se revirando no túmulo por causa das suas sem-vergonhices.
— Não coloque o meu pai no meio, sua velha mal-comida! — Irritou-se.
— Velha é a sua...
— Por Deus, será que dá para pararem de fazer escândalo? — Kathryn, lançando um olhar severo à Sheila por ela ter ficado apenas observando a briga sem fazer nada, entrou no meio da discussão. — O padre vai chegar daqui a pouco e eu não quero que ele encontre uma algazarra no meio da sala!
Gwyneth, murmurando coisas como “lambisgoia” e “pilantra”, saiu pisando duro. Sheila se limitou a apenas olhar para Skylar, que parecia prestes a explodir de raiva.
Após Kathryn, não antes de lançar outro olhar desgostoso para as irmãs, sair de perto, Skylar sussurrou:
— Agora você viu o porquê de eu beber?
(...)
— Será que dá para largar desse celular, Nate?! — Ethan fez questão de gritar no ouvido do amigo loiro de olhos verdes, que não parou de falar ao telefone desde que havia chegado à casa do mesmo.
O susto foi tão grande que ele deixou o aparelho cair no chão.
— Porra, Ethan! Olha o que você fez!— Pegou o celular rapidamente. — Eu estava falando com a Esther!
— Não me interessa se você estava falando com aquela CDF irritante ou com o papa! Se for para ficar aqui que nem bobo assistindo você conversar com uma mina que esta há meses te deixando mofar na friend zone, me avisa que eu vou embora!
— Tá estressado hoje, hein? — Nate olhou para o amigo, que parecia estar prestes a voar em seu pescoço. — Só vou mandar uma mensagem para ela explicando o porquê da ligação ter sido interrompida.
Antes que o loiro pudesse sequer desbloquear o celular, Ethan o tomou de suas mãos.
— Me devolve, cacete! — Nate protestou.
— Eu vou te devolver, mas se você ligar ou mandar qualquer mensagem para ela, eu juro que jogo esse celular na privada e dou descarga. — avisou, deixando claro que não estava para brincadeira.
— Tá legal. — Revirou os olhos com as ameaças do moreno, que logo em seguida lhe arremessou o celular, que por pouco não caiu novamente.
— Você tá doido? Podia ter caído no chão! — reclamou, indignado com o descaso de Ethan para com seu celular.
Ele tinha sido caro, poxa!
— Vamos jogar? — Nate acatou à sugestão, que mais estava para uma ordem, do mal humorado Ethan e eles foram jogar vídeo game.
Nathaniel ‘Nate’ Cooley e Ethan Harvey eram amigos desde pequenos, se conheceram no jardim de infância, quando os dois saíram na porrada por um brinquedo. Depois de muitas outras brigas, proibições de ir ao parquinho e várias idas á diretoria, eles acabaram se tornando amigos.
Na sexta série conheceram Sheila O`Flahertie, uma garotinha que havia acabado de voltar da Rússia, onde morou dos quatro aos onze anos. Pouco tempo depois, os três se tornaram inseparáveis.
Hoje, todos eles com dezoito anos e na faculdade, continuam com as mesmas manias que tinham quando mais novos, como por exemplo, a sexta-feira sagrada, que consistia em toda sexta-feira que não tivessem nada para fazer, irem dormir na casa de um deles e passar a noite inteira jogando vídeo game ou assistindo filmes.
Essa sexta-feira, porém, não tinha nada de sagrada para Ethan. Primeiro, porque a avó paterna de Sheila, que até anteontem nem ele, nem Nate nunca tinham ouvido falar, faleceu e ela teve que ir ao funeral em outra cidade.
Segundo, porque Nate ficou tanto tempo ao telefone com Esther que ela parecia estar entre eles.
Esther Mitchell foi colega de sala do trio durante o colegial e amiga de Nate, por quem ele sempre teve uma quedinha — um tombo seguido de fratura exposta, de acordo com Sheila. Após o fim do colegial, ela foi fazer enfermagem na mesma faculdade que eles. Ultimamente, Ethan estava tentando afasta-los, não porque era mau e não queria ver o melhor amigo com a garota que ele gostava, mas sim porque junto de Esther havia um grande problema que poderia prejudicar sua amizade com Nate.
Esse problema era dividido em três partes. A primeira e menor delas era que, mesmo com as várias investidas, ela via Nate apenas como amigo.
A segunda e um pouco maior, era que ela sempre foi apaixonada por Ethan, esse foi o motivo que, inicialmente, a levou a se aproximar de Nate para assim se aproximar dele também, o que não funcionou.
A terceira e estrondosamente grande parte do problema era que, há cerca de dois meses, Nate viajou durante um fim de semana com seus pais. Nesse mesmo fim de semana, Ethan e Sheila foram à festa de aniversário de Aaron Thoen, um grande amigo do trio, também da época da escola. Nessa festa, Ethan ficou bêbado e fez a burrada de ir para a cama com Esther. As únicas pessoas que sabiam daquilo, além dos próprios envolvidos, eram Faith Cameron, a namorada de Aaron, que os flagrou juntos no final da festa; e Brittany Barnes, a melhor amiga de Esther.
A culpa de ter dormido com a paixonite de seu melhor amigo o atormentava constantemente, vivia pensando se deveria ou não contar a ele o que aconteceu. Sabia que, se contasse, ele ficaria furioso, porém se e ficasse quieto e a notícia chegasse aos ouvidos de Nate por outras pessoas — Ethan achava um milagre que isso ainda não havia acontecido, já que Brittany era uma das maiores fofoqueiras que já teve o desgosto de conhecer (e de dar uns pegas, mas isso já era outra história)— seria muito pior.
— Ganhei de novo! Chupa essa, Ethan Harvey! — comemorou mais para irritar Ethan do que pela conquista em si.
— Você só deu sorte. — Ethan retrucou.
— Isso não é sorte, meu caro, é habilidade. — Logo após dizer isso, Nate esticou a mão para pegar o controle remoto que estava na mesinha ao seu lado, entretanto, acabou esbarrando em um copo de refrigerante, ao lado do controle, que derramou em suas calças, fazendo a maior bagunça. Ethan deu crise de riso com a desgraça do amigo, que vociferou vários palavrões enquanto ia para o quarto trocar de roupa.
Independente da reação de Nate à sua história com Esther, Ethan só torcia para que, no final, eles continuassem amigos.
Autor(a): Lilie
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 1- Taxi Segunda-feira, 28 de Julho de 2008. A manhã de Mark Thatcher havia sido normal. Acordou, tomou seu café da manhã, arrumou-se e foi trabalhar. A mesma rotina que tinha há cinco anos. Estava tudo perfeitamente normal... até sua noiva invadir sua sala aos berros: — Mark Benjamin Thatcher, que história ...
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