Fanfics Brasil - Confronto Vínculos

Fanfic: Vínculos | Tema: Original


Capítulo: Confronto

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Capítulo 10- Confronto.


Sexta-feira, 15 de agosto de 2008.


 Juliet detestava a Irlanda.


 Tentou ser otimista em relação à mudança no começo, mas depois de três semanas sem amigos e tendo saído de casa apenas duas vezes sem ser para ir à faculdade, não teve como conter o desânimo.


 Gostava sim de ficar em casa sem fazer nada, mas não sempre. Quando ainda vivia nos EUA, Juliet não passava um final de semana sem sair com seus amigos, nem que fosse para ficar conversando na esquina por poucos minutos. Em Limerick as únicas coisas que fazia era estudar, assistir TV e stalkear seus amigos americanos na internet. Nunca em toda sua vida pensou que teria vontade de vomitar ao ver um episódio de Seinfeld.


 — Estou saindo, tem certeza que não se importa de ficar sozinha? — Holly perguntou entrando no quarto. Usava um vestido vermelho com decote em v e manga comprida, salto alto, maquiagem forte e brincos dourados. Resumindo, ela estava pro crime.


 — Eu vou ficar bem mãe, não se preocupe. — Forçou um sorriso. — Divirta-se com o Ryan.


 — Pode deixar, querida. — Beijou a testa da filha antes de sair.


 Frustrada, Juliet enfiou a cara no travesseiro e gritou.


 Ela era a única da casa a passar a noite de sexta-feira enfurnada no quarto. Os pais de Esther foram jantar fora, Holly tinha um encontro com um colega de trabalho e Esther saíra com Nate.


 O que ela não daria para trocar de lugar com Esther?


 Os únicos momentos bons que tivera desde que chegara à Irlanda foram graças a Nathaniel Cooley. Ele era bonito, engraçado, inteligente e conseguia falar sobre quase todos os assuntos possíveis. Era impossível ficar entediada ao seu lado.


 Não conseguia entender como alguém como Nate namorava alguém como Esther. Ela era muito séria e se irritava por qualquer coisa. Os dois não combinavam nem um pouco, oras!


 Tratou de afastar aqueles pensamentos, eles não melhorariam seu humor. Pegou sua mochila e tirou de lá a bolsinha, um caderno de capa azul e um livro da faculdade. Faria o possível para que aquela noite não fosse um completo desperdício, podia até não ir a nenhuma festa, mas pelo menos iria bem nas provas da próxima semana.


 Entretanto, quem disse que ela conseguia se concentrar?


 Subitamente decidiu: ela não passaria a noite sozinha em casa enquanto todos estavam se divertindo.


 A questão era: para onde ela iria?


 Alguma boate? Ir sozinha não tinha graça


 Bar? Não era muito fã de álcool.


 Cinema? Não tinha nenhum filme legal em cartaz.


 Lanchonete fast food? Uma porção de batatas fritas cairia bem.


 Com o destino escolhido, foi até o guarda-roupa e suspirou desgostosa ao ver suas roupas. Lá estava outro motivo para não gostar da Irlanda: o frio.


 A cada dia que se passava, Juliet tinha mais certeza de que nunca mais chegaria perto de um par de shorts na vida. Tudo o que lhe restava era calças, casacos e blusas de frio. O pior de tudo era que ela parecia ser a única na cidade inteira a estar sentindo frio. Claro que ninguém desfilava por aí com roupa de banho, mas ora ou outra Juliet via alguém de minissaia ou regata.


E pensar que ainda era verão...


Ah, como ela sentia falta do clima árido de Phoenix...


 Escolheu um blusão roxo sem graça, jeans escuro sem graça e sapatilhas com glitter sem graça. Pegou sua carteira, chaves e celular, enfiando tudo na sua bolsa de franjas não tão sem graça, e foi para a rua quase correndo, como se a casa tivesse criado vida e quisesse devorá-la.


 Do nada, começou a gargalhar e girar de braços abertos no meio da calçada. A brisa noturna balançava seus cabelos negros e fazia bem ao seu espírito. Um casal de meia idade, que passava por ali, a encarou como se estivesse louca, o que fez Juliet ter vontade de rir ainda mais e dizer-lhes que aquilo se chamava liberdade.


 Não é como se ela tivesse passado anos na prisão ou algo do tipo, mas enfim...


 Foi para a direita, que julgava ser a direção de uma lanchonete que vira há poucos dias, e caminhou calmamente enquanto cantarolava uma música que ouvira mais cedo no rádio.


 Era incrível o modo como seu humor mudou apenas por ter saído de casa.


 Três quarteirões depois e no refrão de sua música predileta, Lullaby, do Nickelback; uma coisa no mínimo absurda aconteceu: um homem, vestindo apenas cueca e All Star preto, pulou a janela do segundo andar de uma casa com um punhado de roupas nas costas e caiu nos arbustos ao lado de Juliet, que soltou um gritinho alto e agudo.


 O homem, que se desesperou mais com o grito de Juliet do que com a queda, tampou sua boca com a mão e a arrastou para um beco do outro lado da rua. Ao chegar lá ele disse:


 — Você pode me garantir que assim que eu tirar a mão da sua boca você não vai dar chilique nem chamar a polícia? Eu juro que não vou te fazer mal algum e que tenho uma boa explicação para isso.


 Sem opções, Juliet balançou a cabeça positivamente e o homem a soltou.


 — Mas que droga foi essa?! — Ela gritou. Seu cabelo estava bagunçado e sua respiração descompassada.


 — Será que dá para parar de histeria?!


 — Não é você que foi sequestrado por um tarado! — Ele bufou.


 — Primeiro, eu não te sequestrei. Segundo, não sou nenhum tarado. Terceiro, será que eu posso me explicar?


 Juliet encarou o homem. Apesar da situação estranha, ele realmente não parecia ser um maníaco estuprador.


 — Antes de dizer qualquer coisa, você pode pelo menos vestir essas roupas? — Apontou para a calça jeans e a camiseta vermelha jogadas no ombro esquerdo do homem.


 Enquanto ele se vestia, Juliet pode reparar melhor em seus traços. Cabelos negros desgrenhados e quase batendo nos ombros, olhos cinzentos, rosto triangular, alto, ombros largos, forte, pele clara... Ele não era nenhum Keanu Reeves da vida, mas era bonito. Quase tão bonito quanto Nate.


 E por que diabos ela estava pensando no Nathaniel?! Por Deus, naquele exato momento ele devia estar dando uns pegas ferventes em sua prima.


 — Resumidamente... O namorado da garota com quem eu estava transando apareceu de surpresa e pular a janela me pareceu a solução mais viável. Quando você começou a gritar eu vi que tinha que te tirar de lá, pois corria o risco de chamar atenção indesejada. Entendeu?


 — Sim... — Aquilo tudo era tão estranho...


 — Que bom que nos entendemos! — disse sarcasticamente. — E caso você queira saber, meu nome é Ethan.


 — Juliet. — respondeu automaticamente.


 Ethan franziu o cenho e a mirou por um curto tempo. As chances eram minúsculas, mas ele não podia deixar de perguntar:


 — Por acaso você é prima da Esther Mitchell?


 — Sou sim. Como você sabe? — indagou surpresa e assustada.


 Ethan começou a enumerar nos dedos enquanto falava:


 — Cabelo liso e escuro, franja, rosto redondo, olhos castanhos grandes, meio fofinha...


 — Meio o que?! — Ele estava chamando-a de gorda?


 —... sotaque estranho e chama-se Juliet. A descrição do Nate bateu.


 A fisionomia de Juliet mudou completamente ao ouvir o nome de Nate.


 — Você conhece o Nate?


 — Se conheço? Ele é o meu melhor amigo!


 — Sério? — Deixou seu estranhamento evidente. — Ele não parece ser do tipo que anda com tarados.


 Uma veia saltou da testa de Ethan.


 — Quantas vezes vou ter que te dizer que não sou tarado?!


 — É a primeira impressão que fica, não é mesmo?


 — Não exatamente.


 — Olha, foi “bom” te conhecer, mas eu tenho que ir. — Queria comer suas batatas e chegar em casa primeiro que os outros.


 — Quer que eu te acompanhe? É perigoso andar sozinha a essa hora. — ofereceu.


 — Perigoso? Nem escureceu ainda.* — Era mais uma coisa a se adicionar a lista de bizarrices irlandesas.


 — Mas não deixa de ser noite.


 — Não se preocupe, uma mulher não pode ser arrastada para um beco sinistro duas vezes no mesmo dia.


 — Podemos manter isso apenas entre nós? — Juliet logo entendeu que ele estava se referindo a estar com uma garota comprometida.


 Sorriu enigmaticamente e disse:


 — Minha boca é um túmulo.


(...)


 Enquanto Ray desfrutava da música ao vivo e da chop, Sheila vasculhava o ambiente com o olhar freneticamente a procura de Nate e Esther. Por que eles tinham que escolher justo um local tão grande e frequentado como o Locke Bar?


 — Relaxa, eles vão chegar. — Ray comentou incomodado com o desespero de Sheila.


 Pela primeira vez na noite, Sheila pôs-se a reparar em Ray: camiseta de manga comprida preta, jeans escuros e tênis cinza. Sua barba estava por fazer, o que lhe dava um ar desleixado, porém sexy.


 Sheila achava-o muito bonito. Se não estivesse dando um tempo de sua vida amorosa, com certeza tentaria ficar com ele.


 — Acho que chegamos muito ce... Ali! — Cutucou Ray ao avistar uma loira de cabelos cacheados, vestido tubinho vermelho sangue e salto agulha que acabara de chegar. — Olha que roupa de puta, parece até que ela tá indo para uma boate de strip! Como que o Nate pode... Perai, eu me enganei, aquela não é a Esther. — Ray revirou os olhos.


 Minutos depois, a verdadeira Esther Mitchell adentrou o recinto de mãos dadas com Nate. Ela usava um vestido florido que misturava tons de azul e amarelo, jaqueta amarela e salto alto dourado enquanto Nate estava com a mesma polo branca do Corrach Mad, jeans e tênis.


 — Olha a roupa dela, Ray! Por favor, alguém avisa aquela sem noção de que aqui é um bar e não uma igreja?!


 Ray revirou os olhos novamente e disse:


 — É difícil te agradar, hein? — Sheila o ignorou.


 Para a infelicidade de Sheila, o casal se dirigiu para o andar de cima do pub, completamente fora de seu campo de visão. Olhando para trás, a O’Flahertie viu que tinha planejado sua espionagem muito mal. Se tivesse analisado o risco de ser vista, o tamanho do Locke Bar (que tinha dois andares mais área externa), a quantidade usualmente alta de pessoas no estabelecimento, a falação e a música que atrapalhavam escutar, não teria posto aquele plano ridículo em prática.


 Por que não escutara Ethan?


 Mas já que estava no inferno, que abraçasse o capeta.


  — Daqui a pouco eu volto. — Levantou-se, mas Ray segurou seu pulso, impedindo-a de ir em frente.


 — Aonde você vai?


 — Ver se tem alguma mesa vaga lá em cima.


 Não tinha. Todas, absolutamente todas, as mesas do andar de cima estavam ocupadas. Parecia até praga.


 Revoltada com o fracasso de seu plano, ela passou no bar para pegar uma cerveja long neck antes de retornar a mesa. Antes mesmo de se sentar, Ray tomou a garrafinha de sua mão com agilidade.


 — Eu não vou deixar você beber, não para ficar daquele jeito. — referiu-se ao dia que foram ao Brian’s.


 — Como assim não vai me deixar beber?! Larga de ser chato, Ray! Tá dizendo que vou ter que ficar aqui assistindo você beber sua quinta dose e pedir mais?!


 — Exatamente.


 — Isso não é justo! — Choramingou.


 — Não gosto de bêbados, Shae.— disse sério.


 — Mas você está bebendo! — argumentou irritada.


 — Beber e embriagar-se são coisas diferentes. Eu sou resistente à bebida, diferente de você. O assunto encerra aqui, vamos falar sobre outra coisa.


 Eles não falaram. Sheila permaneceu calada e emburrada enquanto Ray não se decidia entre fitar ou desviar o olhar da cantora tatuada que fazia cover de uma música do U2. Seus cabelos chegavam até a cintura e eram pintados da cor vermelho vinho, seu corpo magro era perfeitamente delineado por um vestido de alcinhas preto que ia até a metade das coxas.


 — Por que olha tanto para aquela mulher? — Sheila indagou minutos depois, após sua raiva ter se esvaído.


— Ela é minha ex-namorada. — Mudou o olhar para Shae.


 Sheila ficou surpresa, ela não parecia ser o tipo de garota que um cara como Ray namoraria. Repreendeu-se imediatamente por ter aqueles pensamentos, os parentes de Mark provavelmente pensavam, ou até falavam, o mesmo sobre Skylar e aquilo a enfurecia.


 — Você ainda sente alguma coisa por ela? — perguntou curiosa.


 — Por Deus, não! — respondeu rapidamente e com convicção. — Ela foi a pior namorada que já tive!


 — Do jeito que você fala ela parece ser uma doida.


 — E quem disse que ela não é? Só para você ter noção, no nosso aniversário de dois meses ela sugeriu que fizéssemos tatuagens iguais. Eu recusei, é logico, mas uma semana depois, após eu ter desmaiado depois de beber muito, adivinha só o que eu encontrei na lateral do meu abdômen ao acordar no estúdio de tatuagem do primo dela no dia seguinte? Um coração com a letra m no meio. Ela é um dos motivos pelo qual decidi nunca mais ficar tonto. — Sheila gargalhou.


 — Eu não acredito nisso! Me mostra?


 Ray sorriu de lado antes de levantar parte da camisa e revelar um touro tribal. Ele pôs o dedo sobre um dos chifres e disse:


 — Era aqui que o coração estava. A cobertura ficou boa, não?


 Sheila observou a tatuagem maravilhada.


 — Ficou linda! Em qual tatuador você foi?


 — Um amigo meu, Robbie Worthington, o estúdio dele fica perto do hotel Clarion.


 — Eu sei quem é! Minha irmã é cliente dele. Já tentei marcar hora lá, mas tá sempre lotado. — comentou com uma pontada de decepção.


 Ray chamou o garçom e pediu mais uma cerveja para si e um cheesecake para Sheila. Eles continuaram falando sobre a tatuagem de Ray por minutos, até os pedidos chegarem.


 — E quanto a você? Já teve algum namorado louco? — perguntou à Sheila.


 — Louco não, idiota sim. Foi na época da escola, o nome dele era Kevin. Ele me chamou para sair um mês após eu e meu primeiro namorado termos terminado, eu sabia da fama de galinha dele, mas como estava meio deprimida resolvi aceitar. Ele foi tão romântico e doce comigo que comecei a achar que as pessoas exageravam sobre a má fama dele. Começamos a sair todos os dias depois da aula até ele me pedir em namoro. Todos me avisaram de que ele não valia nada, mas quem disse que eu escutei? Fiz papel de tola iludida por cinco meses, até eu flagrá-lo transando com a rainha do baile na minha festa de formatura. Depois disso, eu ainda descobri que ele dormia com outras desde antes de começarmos a namorar oficialmente. — Apesar da história triste, não havia melancolia na voz de Sheila. Na verdade, podia-se dizer que tinha até uma pontada de humor.


 — Eu sinto muito, deve ter sido horrível. — Ray não entendeu o porquê de sentir raiva de Kevin sendo que ele não tinha nada a ver com a história.


 Sheila sorriu de uma maneira que lembrava o Coringa do Batman.


 — Não sinta. Meus amigo Ethan arregaçou a cara dele. Eu quase senti pena dele. Quase.


 Ray riu junto de Sheila antes de olhar em seus olhos e dizer:


 — Aquele babaca não merecia alguém como você.


 — Alguém como eu? — A maneira como ela o olhou fez seu rosto esquentar.


 Nenhum dos dois percebeu a aproximação de Esther até que ela pousou uma das mãos no ombro de Sheila e, antes de retirar-se em passos firmes, sussurrou em seu ouvido:


 — Vá para o banheiro agora!


 Um sorriso debochado brotou no rosto de Sheila.


 — Já volto.


(...)


 Vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca...


 Era isso que Sheila O’Flahertie era: uma vaca.


 Que direito ela tinha de se meter entre ela e Nate daquela forma? De ir vigiá-los?


 Esther podia afirmar com certeza absoluta que a única função daquela maldita na terra era irritá-la. Não sabia dizer como e quando exatamente aquela guerra, que perdurava desde o colegial, começara. Talvez tenha sido na vez que fizera um comentário maldoso sobre Sheila para a sala de aula inteira ouvir, ou no dia em que Sheila trocou o conteúdo de seu frasco de shampoo por vinagre. A questão era que elas se detestavam, e a situação só piorava com o passar do tempo.


 Esther sentiu o impulso de partir para cima da morena assim que ela adentrou o banheiro milagrosamente ocupado apenas por elas, mas ela não iria fazer aquilo. Colocaria aquela vadia no lugar sem perder a postura, recusava-se a se rebaixar ao nível dela.


 — Eu não acredito que você chegou ao ponto de tentar vigiar meu encontro com Nate. — disse com falsa calma.


 Como Esther sabia daquilo era algo que Sheila deixaria para descobrir outra hora, de preferência, após abaixar a crista da loira:


 — A cada dia que passa você fica mais patética. Acha mesmo que o mundo gira ao seu redor, Mitchell? — Sentiu a hostilidade impregnar o ambiente.


 — Do jeito que você age, parece que gira mesmo. Por que você foi vasculhar o segundo andar então, já que não nos procurava? — Um fio de vitória marcava presença em sua fala.


 — Desde quando eu te devo satisfação?


 — Desde o momento que começou a se meter na minha vida. Eu sei que foi você que mandou Ethan vir falar comigo.


 — O Nate sabe que você está dando esse showzinho? — indagou dando de ombros para a acusação de Esther. — Não é muito inteligente de sua parte deixar um loiro gostosão dando sopa por aí. Ele é bem mais do que você merece, por isso não abuse da sorte.


 — Além de bonito ele tem um coração muito bom. Essa é a única explicação plausível para ele ser amigo de alguém como você.


 — O mesmo vale para ele estar com você.


 — Ele está comigo porque me ama. — Segurou-se para não gritar. — Sinto muito que você não saiba o que a palavra “amor” significa.


 — Não sei, mas posso tentar adivinhar: amor é o que você está usando para ferir o Nate. — Pela primeira vez a seriedade tomou o lugar do deboche, tanto na expressão facial quanto na voz da morena.


 — Quando é que você vai entender que eu realmente amo o Nate?


 — Nunca, porque você não a ama. Está com ele por puro capricho. Para você o Nate não passa de um prêmio de consolação, sua segunda opção...


 — Isso não é verdade! Pare de falar besteiras! — falou alguns decibéis mais alto do que pretendia. A crescente raiva começava a dar sinais, tais como punhos cerrados com força e testa enrugada.


 Ah! Como ela queria dar uma na cara de Sheila...


 — Você me fez vir até aqui, então vai ouvir todas as besteiras que vou dizer e você não quer escutar. — Aproximou-se de Esther de queixo erguido, suas faces ficaram a centímetros de distância. O salto da sandália preta de Sheila ser mais alto do que o do sapato de Esther fez com que suas alturas ficassem quase niveladas. — Você realmente acha que todo mundo é idiota a ponto de acreditar que você esqueceu o Ethan e se apaixonou pelo Nate assim, duma hora para outra? Pode até ter raiva do Ethan, mas nunca deixou de amá-lo. Por mais que negue, no fundo você sabe disso.


 — Você não sabe de nada, sua vagabunda! — gritou. Esther estava tão puta com a arrogância de Sheila que a única coisa que conseguia fazer com a cautela e a postura era mandá-las para longe.


 — Ah, eu sei sim! Você não estaria tão nervosa se fosse mentira. — Começou a falar baixo e ameaçadoramente. — Você tem todo o direito de tentar esquecer o Ethan, mas não de usar o Nate. Ele não é seu brinquedinho e muito menos uma massagem para seu ego. Ele é meu amigo, e se um dia você o machucar eu acabo com você.


 Qualquer possível resposta de Esther ficou para a imaginação, pois no instante que Sheila terminou de falar um trio de amigas falantes e risonhas entrou no banheiro sem nem se dar conta da situação pesada. Diferente de Sheila, que voltara para Ray imediatamente, Esther ficou mais uns minutos para recompor-se. Queria evitar perguntas além de “por que demorou tanto? ” vindas de Nate.


 Ao voltar à mesa, deu-lhe uma desculpa qualquer, optando por deixá-lo alheio a todos os ocorridos da noite (ele sequer sabia que Sheila também estava no Locke Bar). Apreciou a música, os frutos do mar, o vinho branco, a conversa, as piadas de Nate, os beijos...


 Fez tudo isso ao mesmo tempo em que dava tudo de si para expelir as duras palavras de Sheila de sua mente. Ela não podia deixar as lembranças daquela vadia lhe atormentarem, não numa noite, em sua maioria, agradável como aquela.


 Cada beijo, carícia, suspiro e sorriso causado por Nate mostrava que fazer as verdades de Sheila se transformam em mentiras seria mais fácil do que pensara.


 


*Na Irlanda, durante o verão, só escurece por volta das 22:00h.



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Autor(a): Lilie

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Capítulo 12- Pequenos Momentos. Domingo, 24 de Agosto de 2008.  Juliet soube que sua manhã de domingo seria estranha ao se levantar para ir ao banheiro e deparar-se com Nathaniel Cooley seminu. Sua reação foi a que qualquer pessoa normal teria: gritar.  A primeira reação de Nate foi pular de susto. A segunda foi tapar a ...


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