Fanfics Brasil - Pequenos Momentos Vínculos

Fanfic: Vínculos | Tema: Original


Capítulo: Pequenos Momentos

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Capítulo 12- Pequenos Momentos.


Domingo, 24 de Agosto de 2008.


 Juliet soube que sua manhã de domingo seria estranha ao se levantar para ir ao banheiro e deparar-se com Nathaniel Cooley seminu. Sua reação foi a que qualquer pessoa normal teria: gritar.


 A primeira reação de Nate foi pular de susto. A segunda foi tapar a boca de Juliet com a mão, numa situação que para ela era desagradavelmente familiar, e sussurrar afobado:


 — Meu Deus, Princesa! Quer que os pais da Esther descubram que eu dormi aqui?!


 Tirou a mão de Nate de sua boca com certa agressividade e respondeu:


 — Meu Deus digo eu, Nate! O que você esperava que eu fizesse ao dar de cara com um homem só de cueca no meu banheiro?!


 — Comentar o quão sexy eu fico de boxer preta? — Brincou com um sorriso divertido.


 — Palhaço. — Revirou os olhos, mas no fundo queria rir. Para Julie, Nate tinha algo que tornava impossível ficar brava com ele.


 — Julie? Ouvi um grito, aconteceu alguma coisa? — Era a voz de Penelope, mãe de Esther, no começo do corredor.


 Um frio atravessou a espinha de Nate, Esther teria problemas se ele fosse encontrado. Para sua sorte, Juliet trancou a porta rapidamente e gritou uma desculpa que fez Penelope dar de ombros e ir embora.


 Agora tudo que Nate tinha que fazer era ficar ali mais um pouco, para ter certeza de que a área estava “limpa”, e depois voltar para o quarto de Esther, onde os dois quebrariam a cabeça para pensar num modo dele sair da casa sem ser descoberto.


Isso que dá deixar-se levar pelo calor do momento.


 — Cadê a Esther? — perguntou encostando as costas na porta branca.


 — Dormindo. — Nate sentou na beirada da banheira.


 — Ainda? São quase onze horas. — Aquilo era estranho, ao contrário de Juliet, Esther sempre acordava cedo.


 — Digamos que ela teve uma noite bem agitada. — insinuou sorrindo de lado.


 Juliet torceu o nariz, ela realmente não queria pensar naquilo. Por algum motivo, imaginar Nate e Esther juntos lhe dava náuseas.


 — Planos para o domingo? — Nate puxou assunto.


 — Uma festinha particular com meus livrinhos de psicologia. — respondeu fazendo careta, o que fez Nate rir.


 — Eu vou te apresentar uns amigos meus, Princesa.


 — Do jeito que você fala até parece que eu sou uma anti social. — reclamou cruzando os braços.


 — Então me fala os nomes dos seus vários amigos.


 Juliet ficou olhando para ele em silêncio com cara de tacho por um tempinho até falar:


 — Isso é humilhação. — Nate sorriu vitorioso.


 — Já ouviu calar de Faith Cameron? — Julie negou. — É uma amiga minha. Ela vai dar uma social na casa dela dia 5, não é nada demais, apenas uns sete ou oito amigos bebendo e falando abobrinha noite a fora. Você vai comigo e com a Esther.


 Mesmo estando desesperada para sair de casa, Juliet não podia ir de penetra na casa de uma estranha com meia dúzia de outros estranhos, fora ficar de vela para Nate e Esther.


 — Olha, Nate, eu fico feliz com o seu convite, mas isso parece ser um evento íntimo e...


 — Isso não foi um convite, e sim um decreto. Você vai e ponto final. — disse com uma firmeza que surpreendeu Juliet.


 — Nate, não...


 — Sim, Princesa.


 — Não.


 — Sim. Você vai nem que eu tenha que te carregar.


 — Quero ver você tentar.


 Nate agilmente levantou-se da borda da banheira, foi até Juliet e a pegou no colo. Ela se assustou num primeiro momento, mas riu quando ele começou a gira-la pelo banheiro, que era bem espaçoso por sinal.


 Ele parou de rodar ao se dar conta de que estavam fazendo muito barulho, entretanto continuou segurando Juliet.


 — Me põe no chão, Nate! — Juliet exigiu tentando, sem sucesso, parecer séria.


 — Você vai na casa da Faith? — insistiu com uma das sobrancelhas levantada.


 — Se eu disser que sim você me solta? — Nate assentiu. — Então sim.


 Nate a pôs no chão, mas não soltou sua cintura, isso fez com que eles ficassem bem próximos.


 — Promete? — Nate olhou-a no fundo dos olhos. Juliet podia jurar que seus ossos das pernas tinham se transformado em gelatina, teria ido ao chão se Nate não estivesse a segurando com firmeza.


 Estavam tão próximos... Dava até para sentir a respiração descompassada contra a pele.


— Prometo.


— Esteja pronta às nove.


Estavam tão próximos... Poucos centímetros a mais e...


 — Ok.


 Nate se afastou subitamente, ao perceber a situação inadequada em que se encontravam.


 — Acha que a barra está limpa? — perguntou desviando o olhar.


 — V-vou checar para você, te dou um sinal se estiver tudo bem.— Juliet gaguejou, sentindo seu rosto queimar feito brasa.


 Holly estava ajudando Penelope a preparar o almoço e Milo, o pai de Esther, não estava em casa. Juliet deu duas batidinhas da porta do banheiro em aviso, como combinaram, e Nate desembestou para o quarto de Esther.


 Juliet retornou ao banheiro para fazer sua higiene matinal com pernas bambas e um único pensamento: o que foi aquilo?


(...) 


 Sua mente estava detonada, seu raciocínio lento, seus olhos pesavam feito chumbo, bocejava quase toda hora e mesmo assim ela não conseguia parar. Mesmo tendo virado a noite debruçada naqueles papeis, lendo e relendo cada um deles meticulosamente, ainda faltava muito a ser feito. Ela não podia parar. Não até achar alguma coisa. Não até sair da estaca zero.


 Achar uma prova concreta contra Doherty mostrou-se mil vezes mais difícil do que esperava, o cara era bom no que fazia e muito melhor e não deixar rastros. Aquela fora apenas mais uma noite de sono perdida por conta daquele caso.


 Um dos relatórios, que pendia em sua mão há minutos, fora tirado de si bruscamente. Ela não reclamou, sua boca nem abriu na verdade. Seu único ato foi levantar os olhos e focar na figura a sua frente.


 Vestido estilo bata vermelho xadrez, meia-calça preta e botas de cano curto. O cabelo solto caia em cascata pelos ombros, tampando parcialmente o medalhão dourado em seu pescoço. Seus lábios estavam crispados e seus faiscantes olhos alaranjados demonstravam algo diferente.


 Aquele algo era preocupação.


— Você devia ir dormir. — Sheila "sugeriu" suavemente. — Não vai conseguir nada cansada.


 Sheila admirava o amor e comprometimento de Skylar para com seu trabalho, mas aquilo beirava a obsessão.


 — Não vou conseguir te convencer do contrário, né? — concluiu soltando um suspiro de derrota.


 Sheila negou com a cabeça e puxou Skylar pela mão, num primeiro passo para guia-la até seu quarto. Quando Skye se deu conta, já estava em sua cama vestindo apenas um conjunto roxo de calcinha e sutiã.


 — Eu deveria cuidar de você, não o contrário. — disse sonolenta à Sheila, que estava revirando o guarda roupa à procura de algo que servisse como pijama. Para sua frustração, só conseguiu achar roupa suja e de festa.


 — Pare de falar besteira! Somos uma família, Skye. Eu cuido de você e você cuida de mim, é assim que tem que ser. — disse em meio a um singelo sorriso, que se desmanchou com a reclamação seguinte. — Meu Deus, Skye! Você não lava roupa não?!


 Sheila deixando o cômodo com um bolo de roupa suja em mãos foi a última cena que viu antes de se entregar ao sono. Acordou três horas depois — pouquíssimo tempo se for pensar no quão cansada estava. Vestiu uma calça jeans jogada ao lado da cama que Sheila não vira, do contrário ela teria levado a peça para a lavanderia junto das outras roupas. Como não estava com a mínima vontade de procurar por uma, possivelmente inexistente, blusa limpa, desceu para o andar de baixo daquele jeito mesmo: descalça, com cara de bolacha e vestindo apenas calça jeans e sutiã roxo.


 Na cozinha, Mark e Sheila estavam fazendo cookies e disputando quem era mais desafinado ao fazerem um dueto da música “So What” da Pink com a maior empolgação do mundo. Skylar encostou-se ao batente da porta e provocou com um sorriso zombeteiro:


 — Ainda bem que vocês têm saúde.


 Sheila mostrou-lhe o dedo do meio, bem diferente de Mark, que a cumprimentou com um sorriso radiante e um beijo na testa. Skylar o abraçou e deitou a cabeça preguiçosamente na curva de seu pescoço sendo contagiada pelo aroma cítrico de seu perfume. Ficaram daquela maneira por tempo indeterminado, até Sheila, após colocar os cookies no forno, soltar o seguinte comentário:


 — Quando vocês cismam de serem piegas ninguém segura.


 Eles se largaram na hora e foi a vez de Skylar fazer cara feia e mostrar o dedo do meio.


 — Quer comer alguma coisa? Sobraram alguns sanduiches naturais que fizemos no almoço. — Mark ofereceu.


 — Prefiro esperar pelos cookies. — respondeu pensando no estranho espírito de chef de cozinha que tinha baixado na irmã e no noivo.


 Skylar largou Mark e Sheila conversando na cozinha para ir escovar os dentes e voltou minutos depois com um cigarro na boca, que fora tirado de si por Mark, numa atitude que a surpreendeu.


 — Pensei que não ligava pro cheiro. — falou cruzando os braços e franzindo a testa.


 — Pro cheiro não, pra sua saúde sim. — disse com seriedade enquanto abria a tampinha do lixo para jogar o cigarro fora.


 — Para quê implicar com isso justo agora?


 — Convenhamos, maninha. — Sheila entrou no meio. — Você parece o carro do Nate: só consome álcool e libera fumaça.


 — Hipócrita! Você bebe tanto quando eu! — rebateu.


 — Primeiro lugar, eu não fumo. Segundo, ninguém bebe como você, Skye.


 — Enfim... — Mark intrometeu-se para evitar uma briga. Não existia nada mais fácil de começar e difícil de terminar do que uma briga entre O’Flaherties.— Eu sei que é difícil, mas prometa que vai parar.


 — Mark...


 — Por favor, Skye. Nós nos preocupamos com você.


 Skylar sempre teve consciência da nocividade de seus hábitos, mas nunca se importou. E daí se ela fosse morrer de câncer de pulmão ou de fígado? Ela ia morrer feliz e sabendo que aproveitou o máximo, poxa!


 O problema era que não gostava de preocupar Mark e Sheila. Diferente do noivo, que tinha sua própria família, e a irmã mais nova, que tinha Amy, Dmitry, Nate, Ethan e os quatro sobrinhos; Skylar só tinha a eles. Os dois significavam o mundo para ela, eram a única família que tinha e a única que precisava.


 Recusava-se a fazê-los sofrer assim como fizera com Violet. Mesmo tendo se redimido com a avó, tornando-se a neta que ela merecia e a ajudando em seus meses finais, o arrependimento ainda dava-lhe uma pontada no coração hora ou outra.


 — Não prometo nada. — Mark revirou os olhos, mas acabou por se contentar. Por hora, aquilo era o máximo que conseguiria dela.


 O celular de Sheila tocou, mas ao invés de atendê-lo ela começou a lavar a louça. Mark deu uma olhada no identificador de chamadas e sussurrou para Skylar:


 — É um tal de Logan. Ele já ligou três vezes essa tarde e ela o ignorou em todas. — Skylar deu um sorrisinho macabro que fez a espinha de Mark gelar. Já sabia como se vingaria por Sheila ter chamado-os de piegas.


 Ela pegou o celular rapidamente, para que Sheila não percebesse a tempo, e atendeu:


 — Oi, tudo bem? Vou passar pra Shae! — Jogou o celular para Sheila, que sussurrou um “você me paga!” antes de ir conversar na sala.


 O casal explodiu em risos.


 — Você é má! — Mark disse em meio às gargalhadas.


 Sheila, com cara de quem aguardava pela oportunidade de cometer um homicídio, apareceu na soleira da porta minutos depois e declarou:


 — Estou saindo para resolver a merda em que essa vadia me meteu. Conheço vocês bem o suficiente para saber que assim que eu por o pé pra fora de casa um vai pular em cima do outro que nem coelhos no cio. Eu não to nem ai para o que vocês fazem ou deixam de fazer, mas se deixarem meus cookies queimarem eu mato os dois.


 Mark até pensou em reclamar, dizendo que os cookies eram dele também, mas mudou de ideia ao ver o olhar assassino da cunhada. Sempre considerou Sheila uma versão light de Skylar, mas essa definição mudava quando ela ficava brava.


 O estrondoso barulho da porta de entrada se fechando mal chegou aos ouvidos de Skylar e ela já se jogara para cima de Mark em um beijo necessitado, como se não se vissem há séculos. Ele correspondeu o beijo com a mesma intensidade e levou a mão a um dos seios, ainda cobertos pelo sutiã. Interromperam o beijo por falta de ar e Skylar aproveitou o tempo para tirar a camiseta verde de Mark e joga-la num canto qualquer da cozinha.


 Voltaram-se a se beijar e ela saiu do chão, envolvendo as pernas esguias na cintura do loiro. Ele carregou-a, sem interromper o beijo, até o sofá da sala. Não conseguiram passar para algo além de carícias porque o barulho do celular de Skylar, que estava na mesinha de centro em meio aos dossiês de Oscar Doherty, os interrompeu.


 Nunca tinha escutado um som tão irritante em toda a vida, e olha que ouvia aquele há meses.


 — Alô?!— atendeu ofegante.


— Desculpe incomodar... — O dono da voz com certeza percebera o mau humor de Skylar—... esse telefone pertence à Skylar O’Flahertie?


— É ela quem está falando. Quem é? — Skye apertou os olhos, aquela voz lhe era familiar.


— Skye... Sou eu, Tony Hancox. — Como um passe de mágica, o ar ficou pesado e difícil de respirar.


 Se Skylar tivesse comido os sanduiches, com certeza teria os vomitado no tapete da sala. Começou a suar frio à medida que a cor esvaia-se de seu rosto. O medo de Mark descobrir alguma coisa foi o que a fez ter força o suficiente para correr até seu quarto e trancar-se lá, deixando-o confuso.


 — Como conseguiu meu número?! — disse num fio de voz. Sentou-se na cama, pois tinha certeza que cairia se ficasse em pé, visto o quão trêmulo seu corpo estava.


— Amethyst me passou. — Skylar fez uma nota mental para lembrar-se de aprontar um barraco via telefone com a irmã. Que direito Amy tinha de fazer aquilo?


— Me escute com atenção, Anthony. — Tentou por o máximo de seriedade em sua voz vacilante. — Eu não sei o que você quer de mim, mas acordos são feitos para serem respeitados. Não venha querer desestabilizar minha vida, não agora que ela está perfeita de um modo que nunca achei que fosse possível...


 — Pelo amor de Deus, Skye! Nora e eu temos muito carinho por você, nunca faríamos nada que pudesse prejudica-la!


— Se essas palavras são verdadeiras então pare de me perseguir! Pare de pedir informações a minha irmã! Pare de me fazer lembrar o passado! Pare de tentar fazer contato! — Não se deu conta de que estava gritando. — Me deixe em paz! — Arremessou o celular contra a parede branca do quarto sem ao menos encerrar a ligação.


 Vendo que o aparelho não se quebrara, ela o pegou e arremessou de novo. E de novo. E de novo. E de novo...


 Só parou quando Mark bateu na porta. Dava para saber que ele estava nervoso apenas pelo ritmo das batidas. Skylar não queria que ele a visse daquele jeito, mas não tinha escolha. Caminhou arrastando os pés até a porta e a destrancou.


 — Skye! — Mark entrou no quarto desesperado e ficou pior ao ver o estado da noiva. Ela estava branca feito cera e hiperventilando. — O que aconteceu?! Quem te ligou?! Por que você esta assim?!


  Ela olhou no fundo de seus olhos amendoados e disse com a voz embargada:


 — Por favor, não fale nada, não pergunte nada... Por favor...


 Mark envolveu-a em seus braços de uma maneira que parecia que nunca mais iria solta-la. Era lógico que ele queria ter suas dúvidas respondidas, mas por hora, iria ceder aos pedidos de Skye.


 Confuso era um adjetivo insuficiente para descrevê-lo no momento.


(...)


 — Nem sei por que aceitei vir aqui. Deveria ter te ignorado assim como você fez comigo depois do Corrach Mad. — Fez questão de deixar seu desgosto bem claro.


 — Me desculpe ter te ignorado, Shae. Mas você tem que entender que fiquei muito bolado por ter quebrado o pulso. — Logan justificou-se.


 Estavam sentados em lados opostos da mesa redonda de uma movimentada cafeteria no centro de Limerick. Logan, milagrosamente, conseguiu convencer Sheila a encontrar-se com ele para conversarem.


 — Eu tenho que entender?! Eu?!— exclamou com escárnio. — Vai se foder, Logan! Não é você que pegou fama de vadia! Não é você que é olhado feio por onde passa! Sua mão vai melhorar em dois ou três meses, mas eu vou ser conhecida como a garota que ferrou o Dullahans até a formatura!


 Logan remexeu-se desconfortável na cadeira. Sheila parecia uma loba feroz a procura de uma brecha para ataca-lo. Internamente, riu de sua desgraça.


 Charlotte, Sheila... Por que ele tinha que se sentir atraído por mulheres problemáticas? Por que não garotas meigas, comportadas e sorridentes?


 — Eu pedi para eles pararem com isso. — “Eles” se referia ao time.


 — E só fez isso agora? — perguntou misturando indignação e sarcasmo.


 — Não! — falou um pouco mais alto do que pretendia. — Desde o começo eu venho falando que a culpa não é sua, que você não merece ser tratada assim!


 — Sempre achei que fly-halfs fossem mais influentes... — provocou com amargura.


 Logan apertou a ponte do nariz e respirou fundo. Ele não podia reclamar, sabia que seria difícil. A garçonete apareceu com os pedidos: para Logan, cappuccino e donut com cobertura de chocolate e para Sheila café preto.


 A cara feia da morena se desfez quando ela levou a bebida quente à boca e começou a observar as pessoas que andavam pela calçada através da grande janela do estabelecimento.


 — Não vai colocar canela dessa vez? — Logan comentou divertido, se referindo a velha mania de Sheila de tomar café com canela, tirando-a de seu momento de descontração e devolvendo a carranca a sua face.


 Percorreu os olhos por Logan. Sua aparência estava impecável: cabelo cortado na nuca, camiseta listrada definindo os bíceps, jeans e tênis esportivo. Seu rosto moreno estava tão liso que nem parecia que ele se envolvera em uma briga há pouco tempo.


 — Não tenta mudar de assunto.


 — Não estou. Apenas quero conversar com você como fazíamos antes. — Tentou por sua mão sobre a dela, mas ela recuou.


 — Você perdeu esse direito quando não retornou minhas ligações nem respondeu minhas mensagens. — Ele bufou.


 — Quantas vezes vou ter que pedir desculpas?


 — Te digo quando for suficiente.


 — Então é isso?! Você vai ficar emburrada comigo até o final dos seus dias?!


 — O que você quer de mim, Logan?! — perguntou com irritação.


 — Uma segunda chance. — respondeu olhando nos olhos de Shae. — Eu gosto pra caramba de você, Shae. Querendo ou não, nós temos uma história, e eu não quero que ela acabe dessa maneira estúpida... Diferente das outras vezes, não tem nada que nos impeça de ficarmos juntos. Nada de Charlotte. Nada de Vince. Apenas esse clima estupidamente ruim que eu pretendo encerrar hoje mesmo. O que me diz?


 Sheila ficou visivelmente desconcertada com a declaração. Não podia negar que algo mexera dentro de si. Logan não era o que chamaria de bonito, mas era charmoso, confiante, determinado e tinha o sorriso cafajeste mais lindo que Sheila já vira. Sempre se sentiu atraída por ele, mesmo na época em que eram apenas amigos. Apesar dos vários pontos a favor, ela não podia de maneira alguma dizer "sim".  Envolver-se com ele novamente era como dar um passo para trás. Um não, vários. Seu relacionamento — se é que a junção de alguns encontros, sexo descompromissado e casinhos às escondidas podia ser chamada assim — foi um belo exemplo de imaturidade e autodestruição. Não queria e nem aguentaria voltar a aquilo.


 Sheila mudara, não era mais a garota de meses atrás, que torcia para que Logan terminasse com Charlotte para que pudesse ficar com ele. As coisas e seus pensamentos mudaram, magoas passaram a existir.


 — Não, não vou te dar uma segunda chance.


 Logan a encarou atônito por um instante antes de dizer:


 — Esse seu não é por causa do que estamos discutindo desde que chegamos aqui? Eu sinto muito, do fundo do meu coração, por ter sido grosso com você e ter ido embora daquela maneira na reinauguração do Corrach Mad, por ter te ignorado, por não ter me esforçado mais para tentar fazer com que o time pare de te tratar mal... Eu sei que fui um completo idiota, mas será que você podemos deixar isso tudo de lado?


 — Não é só por causa disso. — disse com asco. Logan estava tratando os motivos que a fizeram ser infernizada e acabaram com sua reputação como se não fossem nada, e aquilo a irritava. — Você ainda não percebeu, Logan? Nós não somos feitos um para o outro.


 Logan soltou uma risada breve e sarcástica.


 — "Feitos um para o outro"? Quando foi que você se tornou uma romântica, Sheila O'Flahertie?


 — Quando eu percebi que relacionamentos não valem a pena se você não amar a pessoa de verdade. — Podia ser algo óbvio, mas Sheila só se dera conta daquilo a pouco tempo. Estar em um relacionamento era como caminhar em um corredor de brasas, difícil e doloroso. Só se faz isso se o que te espera no final desse corredor valer a pena.


 E esse não era o caso de Logan.


 — Nós não temos motivos para não ficarmos juntos, Shae. Nos damos bem, temos várias coisas em comum, frequentamos os mesmos lugares, o sexo é ótimo...— completou com um sorriso malicioso que Sheila fez questão de ignorar.


 — Eu não te amo Logan, na verdade, sequer sou apaixonada por você. A única coisa que sinto é atração, e apenas isso não mantém um relacionamento.


 Logan parecia ter levado um tapa na cara.


 — E você por acaso amava o Vince, Sra. Moralista? — perguntou hostil.


 Sheila não demorou um milésimo de segundo para responder:


 — Não. — Sheila respirou fundo, não tinha nenhum orgulho daquilo. — O fato de eu não ama-lo foi o que me levou a fazer todas aquelas besteiras. Apesar do pavio curto, Vince é uma ótima pessoa e não merecia aquilo. Depois da confusão que foi o nosso término, eu prometi a mim mesma que começaria a levar os relacionamentos a sério. Eu não vou cometer os mesmos erros que cometi com Vince. Nunca mais.


 Não tinham mais motivos para continuarem ali, Logan foi embora bolado, deixando meio donut para trás. Sheila terminou seu café tranquilamente e foi para casa pensando em seus cookies, que deixaram de ter importância assim que ela encontrou Skylar tendo um ataque de pânico e Mark tentando acalmá-la.



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Autor(a): Lilie

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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