Fanfic: Uma Noite [3ª temporada] - Adaptada | Tema: Christopher Uckermann & Dulce Maria

Sexta-feira se arrasta dolorosamente. Evitei minha avó, optando por me escapar ao pequeno-almoço e enfrentar o telefonema preocupado que sabia que iria receber a caminho do trabalho. Ela não estava contente, mas não pode me enfiar os cornflakes pela boca adentro a quilómetro e meio de distancia. Del, Paul e Sher tentaram me arrancar um sorriso genuino e não conseguiram, e Luke passou por aqui para beber café e para ver se eu tinha mudado de ideias a respeito do meu suposto relacionamento. É persistente, tenho de o admitir, e é gato e bastante engraçado, também, mas continuo a não estar interessada.

Tenho estado todo o dia a pensar numa coisa, mas, quando vou fazer a pergunta, fico engasgada, sabendo a reação que vou suscitar. E também não a posso culpar. Mas Sher tem o número dele, e eu o quero.
Estamos a fechar a cafeitaria. O tempo se está a esgotar.
- Sherlyn? - digo devagar, a fazer girar meu pano com um ar inocente. É um disparate estara a tentar fazer um ar doce, tendo em conta aquilo que estou prestes a pedir. 
- Dulce. - Ela imita o meu tom cauteloso. Está desconfiada.
- Você ainda tem o número de Christopher?
- Não! - Abana a cabeça e se precipita para a cozinha. - Deitei fora.

Vou atrás dela, não disposta a desistir.
- Mas você lhe ligou do seu celular. - Lhe lembro, chocando contra as suas costas quando pára. 
- O apaguei. - diz, mas não fico convencida. Vou ser obrigada a lhe suplicar, ou então a agarrá-la e lhe roubar o celular.
- Sher, por favor. Estou a dar em louca. - Junto as mãos na frente do meu rosto suplicante, como se estivesse a rezar.
- Não. - Me separa as mãos e as puxa para baixo. - Ouvi a sua voz quando saiu do apartamento dele e vi sua cara no dia seguinte. Dulce, uma garota querida como você não precisa de se envolver com um homem daqueles. 
- Não consigo para de pensar nele. - Tenho os dentes cerrados, como se fosse louca por admitir aquilo. Eu estou louca. Louca por parecer tão desesperada, e ainda mais louca por estar mesmo desesperada. 

Sher passa por mim e volta a entrar na sala, o seu rabo de cavalo loiro se abanando de um lado para o outro.
- Não, não, não, Dulce. As coisas acontecem por uma razão, e se estivesse destinada a...

Colido de novo com as suas costas quando se cala e estaca de repente.
- Páre de parar! - lhe grito, sentindo a crescente frustração dentro de mim a levar a melhor. - Mas que... - Agora sou eu que me calo, quando olho em frente e vejo Christopher parado à entrada da cafeitaria, com um terno cinza, o cabelo num desalinho de ondas douradas, os olhos azuis muito limpidos e mergulhados nos meus.
Ele entra, ignora minha colega e mantém os olhos fixos em mim. 
- Já terminou o trabalho?
- Não! - explode Sher, dando um passo atrás e me puxando com ela. - Não, ainda não terminou.
- Sherlyn! - Passo por ela com um esforço determinado e depois sou eu a que estou a empurrar de volta para a cozinha. - Eu sei o que estou fazendo. - Lhe digo num sussurro apressado. Isso não é, de todo, verdade.

Não faço ideia do que estou fazendo.
Ela me agarra no braço. 
- Como uma pessoa tão sensata pode se tornar louca num tão curto espaço de tempo? - pergunta, a olhar por cima do meu ombro. - Você vai se meter em problemas, Dulce.
- Me deixe em paz.

Percebo que está magoada, mas acaba por me largar, ainda que não antes de lançar um olhar de aviso na direção de Christopher. 
- Você está louca. - bufa, dando meia volta sobre as botas de motoqueira e saindo bruscamente, nos deixando sozinhos. 

Respiro fundo, me viro e encaro o homem que invadiu cada segundo de espaço da minha cabeça desde segunda feira. 
- Quer um café? - pergunto, com um aceno para a máquina gigantesca atrás de mim. 
- Não - responde baixinho, se aproximando até ficar a uns poucos passos de distancia. - Venha dar um passeio comigo.

Um passeio?
- Por quê?

Ele olha de relance para a entrada da cozinha, pouco à vontade.
- Vá buscar seu casaco e sua bolsa. 

Faço o que me diz, sem pensar. Ignoro o rosto atónito de Sher quando entro na cozinha e pego na bolsa e no casaco.
- Me vou embora. - digo antes de sair à pressa, a deixando a resmungar com Del e Paul. A oiço a me chamar de estúpida e Del a me chamar adulta. Têm ambos razão.

Penduro a bolsa ao ombro, me aproximo dele e os meus olhos se fecham quando sinto sua mão a se cerrar na base do meu pescoço para me levar para fora da cafeitaria. Sou conduzida para o outro lado da estrada e entramos numa pequena praça, onde me leva para um banco e se senta ao meu lado, virando o corpo para o meu.