Fanfic: A Beijar um Anjo - Laliter | Tema: Laliter
Lali se negou a sustentar o olhar de seu esposo enquanto esperavam o elevador chegar. Segundos depois, entraram. As portas se fecharam só para abrir de novo no andar de baixo para entrar uma mulher com um piquines cor café claro.
De imediato, Lali se encolheu no canto do elevador, mas o cachorro viu ela. Levantou as orelhas, e começou um latido furioso e pulou. Lali soltou um grito enquanto o cachorro se metia no meio das suas pernas.
—Lali: Quieto!
O cachorro continuou latindo. Lali gritou e se afastou mais ainda e se agarrou na barra de metal. Peter olhou para ela com curiosidade e então empurrou o animal com a ponta do sapato.
—Deixa de ser travesso, Mitzi! —A mulher pegou o cachorro nos braços e olhou para Lali advertência —Não estou entendendo. Mitzi gosta de todo mundo.
Lali começava a suar. Continuou agarrada na barra do elevador, como se sua vida dependesse daquilo, e continuou olhando para aquela besta cruel que latia até chegarem no térreo.
—Peter: Pareciam se conhecer –disse quando saíram.
—Lali: Nunca... nunca vi esse cachorro na minha vida.
—Peter: Não acredito. Ele te odeia.
—Lali: Não é isso... —engoliu em seco —é que sempre acontece coisas estranhas comigo em relação aos animais.
—Peter: Coisas estranhas com os animais? Me diz que isso não significa que você tem medo —Lali concordou com a cabeça tentou respirar com mais tranquilidade —Genial — ele murmurou enquanto atravessava a entrada. —Simplesmente genial.
A manhã de final de abril era úmida e fria. Não tinha papeis colados na limousine que esperava eles, nem latas amarradas, nem estava escrito RECÉM CASADOS, nenhuma dessas coisas maravilhosas que as pessoas que se amavam faziam. Lali disse para si mesma que tinha que deixar de ser tão sentimental.
Peter sentou do seu lado e de repente o espaço ficou sufocante. Se ele não fosse tão fisicamente intimidador, ela não estaria tão nervosa.
E mesmo que não fosse tão musculoso quanto um fisioculturista, Peter era robusto como alguém que faz exercício. Tinha os ombros largos e quadril estreito. As mãos que descansavam sobre as pernas eram forte, com os dedos largos e magros. Lali sentiu um tremor que a deixou inquieta.
Tinham acabado de sair com o carro quando ele começou a tirar a gravata. Tirou ela bruscamente e colocou no bolso do casaco; depois com um movimento rápido abriu os dois primeiros botões da camisa. Lali ficou rígida, esperando que ele não continuasse. Numa das fantasias eróticas favoritas, ela e um homem sem rosto faziam amor apaixonadamente no banco de trás de uma limousine branca andando por Manhattan enquanto Michael Bolton cantava de fundo.
A limousine parou no transito. Respirou fundo, tentando se tranquilizar, viu que Peter tinha parado de tirar a roupa, mas quando ele esticou as pernas e começou a estudar ela, Lali se mexeu nervosa no banco. Por mais que tentasse, nunca seria tão bonita quanto a sua mãe, e quando as pessoas olhavam para ela por muito tempo, se sentia um patinho feio. E a sua auto-estima não estava muito boa, depois do encontro com o piquines.
Abriu a bolsa para procurar o cigarro que tanto precisava. Era um vicio horrível, sabia disso e não estava orgulhosa de ter se rendido a ele. Depois de um tempo calada, decidiu que estava calma o suficiente para falar o plano para o senhor Lanzani.
—Peter: Apaga ele, anjo.
Ela olhou para ele se desculpando.
—Lali: Sei que é um vício terrível e prometo que não vou jogar fumaça em você, mas agora eu preciso muito disso —Ele passou o braço por trás dela para abrir a janela. Sem aviso prévio, o cigarro começou a pegar fogo.
Ela gritou e largou o cigarro. As faíscas voaram pra todo lado. Ele tirou um lenço do paletó e de algum jeito conseguiu apagar o fogo. Respirando agitadamente, ela olho para o colo e viu uma marca de queimadura no vestido.
—Lali: O que aconteceu? —preguntou sem folego
—Peter: Acho que estava defeituoso.
—Lali: Um cigarro defeituoso? Nunca vi nada parecido.
—Peter: Será melhor você me dar todo o maço para jogar fora para não correr o risco de todos estarem do mesmo jeito.
—Lali: Sim. Claro.
Ela o entregou rapidamente e colocou o maço no bolso da calça. Lali ainda se recuperava do susto, mas ele parecia perfeitamente calmo. Se reclinou no banco, cruzou os braços sobre o peito e fechou os olhos.
Tinha que falar com ele sobre o plano para terminar com esse casamento horrível, mas não parecia estar com humor pra conversar e ela tinha que ter cuidado. O último ano tinha sido um desastre total e Lali se acostumou a ser feliz com pequenas coisas pra não se desesperar.
Se lembrou que a sua educação tinha sido um pouco diferente, mas tinha sido completa. Falava quatro idiomas, era capaz de identificar o estilista quando uma roupa era de alta costura e era especialista em acalmar mulheres histéricas. Infelizmente, não tinha o menor senso comum.
Porque tinha ignorado o advogado de Gime, quando ele deixou claro que não ira sobrar nem um centavo da sua herança caso pagasse todas as dividas que ela deixou?
Tinha gastado toda a fortuna, não só com ela, mas com todos os amigos de Gime que precisavam de ajuda. Quando as ameaças dos credores ficaram mais frequentes, tinha estendido os cheques para manter eles calados, sem se importar se teria dinheiro para cobri-los ou não.
Nícolas descobriu o descuido de Lali no dia em que emitiram uma ordem de prisão contra ela. Foi ai que se deu conta da gravidade do que tinha feito. Teve que implorar para o seu pai emprestar a ela dinheiro para pagar aos credores, prometendo devolver quando pudesse. Nícolas recorreu a chantagem. Era hora que amadurecesse, disse, e se não quisesse ser presa teria que para com todas as suas extravagancias e seguir suas ordens sem reclamar.
Teria que se casar com o homem que ele escolhesse para ela e então ele resolveria as coisas. E não era só isso, tinha que permanecer nesse casamento durante seis messes, exercendo papel de esposa obediente durante esse tempo. Só no final desses seis meses poderia se divorciar e se beneficiar de uma poupança que ele daria para ela, uma poupança que ele controlaria. Se fosse verdade, podia viver com certa comodidade pelo resto da sua vida.
—Lali: Você não pode estar falando serio! — ela exclamou quando recuperou a voz. — não existem mais casamentos arranjados.
—Nicolas: Nunca falei mais sério na vida. Se você não aceitar se casar, vai presa. E se não ficar casada com ele durante seis meses, você nunca mais vai ver o meu dinheiro.
Três dias depois, tinha lhe apresentado ao seu futuro marido sem dizer nada sobre a vida dele, e só fez uma advertência:
—Nicolas: Ele vai te ensinar alguma coisa sobre a vida. Por agora, isso é tudo o que você precisa saber.
Atravessaram um cruzamento, percebeu que estavam chegando ao aeroporto, por isso não poderia mais esperar para falar sobre o plano.
—Lali: Desculpe, senhor Lanzani.
Ele não respondeu.
Ela limpou a garganta.
—Lali: Senhor Lanzani? Peter? Acho que a gente tem que conversar.
Ele abriu aqueles olhos verdes que mais pareciam duas esmeraldas.
—Peter: Sobre o que?
Apesar de estar nervosa, ela sorriu.
—Lali: Somos dois completos estranhos que acabam de se casar. Acho que isso é mais do que suficiente para se começar uma conversa.
—Peter: Se você quer escolher os nomes dos nossos filhos, carinha de anjo, acho que passo essa.
Então ele tinha senso de humor, por mais que fosse cínico.
—Lali: Quero dizer que temos que falar como vão ser os próximos seis meses antes da gente poder pedir o divórcio.
—Peter: Acho melhor que seja feita uma coisa de cada vez, cada dia de uma vez —fez uma pausa. —Cada noite de uma vez.
Lali se arrepiou e disse para si mesma pra não ser tão estúpida. Forçou um sorriso.
—Lali: Tenho um plano, um muito simples na verdade.
—Peter: É?
—Lali: Se você me der metade que o meu pai te pagou, você tem que concordar comigo que isso é mais que justo, podemos ir cada um pro seu lado e acabar de vez com essa confusão.
Uma expressão divertida apareceu no rosto de Peter.
—Peter: De que confusão você está falando? —Ela deveria saber, pela experiencia adquirida graças aos amantes da sua mãe, que um homem tão bonito quanto ele não devia ser tão inteligente.
—Lali: A confusão de estarmos casados com desconhecidos.
—Peter: Pois eu acho que podemos nos conhecer muito bem. —De novo com a voz rouca. —E isso de cada um ir para o seu lado não era o que Nicolas tinha em mente. Pelo que eu me lembre, temos que viver juntos como marido e mulher.
—Lali: Isso é o que o meu pai quer. Ele é um pouco autoritário em relação a vida dos outros. O melhor do meu plano é que ele nunca vai saber que nos separamos. Desde que a gente não more perto da sua casa em Manhattan, onde podem ver a gente, ele não saberá nem onde estamos.
—Peter: Definitivamente não vamos morar em Manhattan.
Ele não estava tão disposto a ajuda-la quanto imaginou, mas Lali era bem otimista para acreditar que precisava só mais um pouco de persuasão.
—Lali: Sei que o meu plano vai funcionar.
—Peter: Deixa eu ver se entendi. Você quer que eu te dê a metade do que Nicolas me deu para me casar contigo?
—Lali: Já que você mencionou sobre isso, quanto foi?
—Peter: Não o suficiente —murmurou ele.
Ela nunca teve que conversar sobre possibilidades e não gostava ter que fazer agora, mas parecia não ter alternativa.
—Lali: Se pensar um pouco, vai ver que é justo. Depois de tudo, se não fosse por mim, você não teria nada.
—Peter: Então você quer dizer que planeja me dar metade da poupança que seu pai te prometeu?
—Lali: Oh, não, não penso fazer isso.
Ele deu uma breve gargalhada.
—Peter: Já imaginava.
—Lali: Você não entende. Eu pagarei a divida quando tiver acesso ao meu dinheiro. Só estou te pedindo um empréstimo.
—Peter: E eu não aceito.
Lali percebeu que tinha feito o que sempre fazia. Tinha o costume de achar que as pessoas fariam por ela o que ela faria em seu lugar. Por exemplo, se fosse Peter Lanzani, daria metade do dinheiro só para se ver livre ela.
Necessitava fumar. Aquilo não ia nada bem.
—Lali: Pode me dar os cigarros? Tenho certeza de que nem todos estão defeituosos.
Ele tirou do bolso um pacote enrugado e entregou para ela. Lali acendeu com rapidez, fechou os olhos e encheu os pulmões de fumo.
Escutou um estalo e quando abriu os olhos, o cigarro estava em chamas. E com um berro, deixou cair o cigarro. De novo, Peter apagou as brasas com um lenço.
—Peter: Você deveria denuncia-los —disse ele com calma. Lali passou a mão na garganta, muito atordoada para falar.
Ele estendeu a mão e lhe tocou no peito. Ela sentiu esse toque do seu dedo na parte interior do seio e estremeceu. Ele olhou para cima de repente com aqueles olhos verdes enigmáticos.
—Peter: Um pouco de cinza —ele disse. Lali colocou a mão onde ele a havia tocado e sentiu seu coração batendo forte sob os dedos. Quanto tempo tinha passado desde la última vez que uma mão que não fosse a sua tinha tocado ali? Dois anos, lembrou, quando tinha o último exame médico.
Ela percebeu que tinham chegado ao aeroporto e se desesperou.
—Lali: Senhor Lanzani, você tem que entender que não podemos viver juntos como marido e mulher. Somos completos estranhos um para o outro. Toda essa ideia é ridícula e tenho que insistir que coopere comigo
—Peter: Insistir? —disse ele suavemente. —Não acho que você tem o direito de insistir alguma coisa.
Ela ficou tensa.
—Lali: Não vou permitir que me intimide, senhor Lanzani.
Ele suspirou e sacudiu a cabeça, olhando para ela com uma expressão de pena que ela duvidava que fosse de verdade.
—Peter: Tinha a esperança de não ter que fazer isso, carinha de anjo, mas devia ter imaginado que não ia ser fácil. Vou te explicar as regras básicas agora mesmo, assim você vai saber no que se meteu. Para o bem ou para o mal, vamos permanecer casados durante seis meses a partir de hoje. Pode ir embora quando quiser, mas vai ter que fazer isso sozinha. E se você ainda não se deu conta, esse não vai ser um desses casamentos modernos que você lê nessas revistas. Esse casamento vai ser tradicional. —De repente, sua voz se tornou mais suave. —O que eu quero dizer, anjo, é que eu mando e você obedece. E se não fizer, você vai sofrer as conseqüências, e não vão ser agradáveis. A boa noticia é que, quando terminar o tempo estipulado, poderá fazer o que quiser. Sinceramente, o que você vai fazer não importa nem um pouco.
O pânico tomou conta de Lali, que lutou para não perder a cabeça.
—Lali: Não gosto que me ameacem. É melhor você falar e me dizer quais são essas consequências que estão pairando sobre a minha cabeça —Ele se encostou no banco e fez uma carranca tão feia que Lali sentiu um arrepio na espinha.
—Peter: Vai ver, anjo, não vou dizer nada. Você mesma vai descobrir tudo esta noite.
Autor(a): anninhahgn
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Lali estava no canto mais afastado da seção de fumantes, dava tragadas rápidas no cigarro quando começou a ficar enjoada. O avião, como tinha descoberto, ia para Charleston, Carolina do Sul, uma de suas cidades favoritas, tomou isso como um bom sinal já que até agora só tinha acontecido desastres. Primeiro, o poderoso ...
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