Fanfic: O Inesperado ~ adaptação Vondy ~ | Tema: Vondy

 Eu não fazia ideia de quanto tempo aquela “reunião” podia demorar, mas sabia que, se eu saísse pra comprar um café ou algo assim, seria meio arriscado. Então me sentei em um banco na primeira fileira e encarei Jesus na cruz, como se tudo pudesse se resolver se eu o encarasse por tempo o suficiente. Como se todas as respostas para as minhas perguntas e para os meus problemas estivessem presas nos olhos tristes da estátua de cera.

 Os minutos se passaram. Para mim, pareceram horas. Eu tentei ouvir o que eles estavam falando lá no escritório, mas a porta era muito grossa. Caminhei pela igreja, observando os vitrais. Eu sabia que a maioria desses vitrais tinham fins didáticos, mas eles ainda assim eram lindos. A Igreja de St. Thomas ficava linda à noite, toda iluminada. E ficaria perfeita para o casamento de Christopher e Selena. Eles seriam um casal muito feliz, teriam vários filhos lindos e uma vida maravilhosa. Os queridinhos da América, Brangelina 2.0.

 Só de pensar naquilo tudo, eu já me sentia nauseada. Talvez porque eu soubesse que não existia amor de fato entre Christopher e Belinda ou talvez porque eu estivesse com ciúmes. De qualquer maneira, eu sabia que não ia aguentar ter que vê-los trocar seus votos apaixonados e dizer “sim” no grande dia. Eu ia abandonar o barco antes e fugir pra algum lugar seguro.

 Eu estava no altar, olhando a estátua de Jesus mais de perto, quando a porta se abriu e os dois pombinhos saíram de lá de dentro, seguidos de perto pelo padre Martin. Todos sorriam e pareciam extremamente felizes, como uma família prestes a ser formada. Eu fiquei com náuseas de novo e revirei os olhos. Quando me viu parada lá em cima, o padre me mandou um olhar de repreensão e eu entendi que era pra sair do altar. Caminhei para perto de todo mundo, com um sorriso afetado.

 – E aí, como foi? – perguntei.

 – Foi tudo bem – Belinda respondeu, como se tentasse me tranquilizar.

 Christopher passou o braço pelo ombro dela e beijou sua testa. Desviei os olhos.

 – Então, padre Martin. O que quer conversar comigo? – perguntei.

 – É particular. Podemos ir para o escritório? – o padre indicou a sala de antes.

 Assenti com a cabeça.

 – Hmm, Dulce? – Christopher me chamou – Você precisa de carona?

 – Posso pegar um táxi ou o metrô, obrigada – eu recusei, sem nem olhar para ele ou para Selena, e acenei – Tchau para vocês, pombinhos!

 Caminhei até o escritório do padre e me sentei na mesma cadeira de antes. Ele fechou a porta atrás de si assim que passou e se sentou atrás da mesa. Eu o encarei, sorrindo sem mostrar os dentes. Tamborilei os dedos na cadeira também, impaciente. Pra ser honesta, eu queria ir embora daquele lugar. Era um solo sagrado, sim. Mas só me lembrava dos milhões de casamentos que eu já havia assistido na vida. E do próximo que eu teria que ver.

 – Então, senhorita...

 – Saviñon – respondi, sorrindo.

 – Ah, sim. Nós nos falamos por telefone, não? – ele perguntou.

 – Exatamente.

 – Bem, senhorita Saviñon, o que pode me dizer sobre seus clientes? Deve conhecê-los melhor do que eu.

 Eu parei pra pensar e dei de ombros. Resolvi contar a verdade.

 – Sei que eles namoram há seis anos, mas nesse meio tempo tiveram idas e vindas. Belinda é praticamente quem controla tudo na relação e eu tive que tomar conta de Christopher, cuidar para que ele tomasse as decisões certas, ou seja, as decisões que Belinda queria. Eles são o casal mais querido da América atualmente, padre. Acho que não há nada que eu possa lhe dizer que o senhor não possa descobrir facilmente.