Fanfic: O Inesperado ~ adaptação Vondy ~ | Tema: Vondy

 Arregalei os olhos e tirei o celular do ouvido, olhando para o visor. Era com Belinda Peregrin que eu estava falando mesmo? Ela brigou comigo, pediu desculpas e agora estava chorando, tudo em menos de 3 minutos de ligação. Que tipo de bipolaridade doentia era aquela?

 – Selena, você está bem? – perguntei, preocupada.

 – NÃO! – ela gritou, ainda chorando – Eu estou tão cansada e irritada, parece que tem um peso enorme nos meus ombros e eu não estou mais me aguentando em pé.

 – Mas o que está acontecendo? – perguntei.

 – EU. NÃO. SEI – ela gritou as palavras pausadamente – Se eu soubesse, daria um jeito de acabar com isso. Mas eu sinto como se estivesse jogando minha vida fora.

 – Mas como assim? Isso é por causa do casamento?

 – Sim. Não. Não sei, talvez seja – ela respirou fundo, mas voltou a soluçar logo depois – Ah, meu Deus, eu sou uma pessoa horrível.

 Bufei e revirei os olhos. Era só o que me faltava: um noivo infiel e uma noiva surtada. Como aqueles dois ainda queriam se casar? Pelo jeito que Belinda falava, ela estava prestes a desistir de tudo por culpa de um surto psicótico. E Christopher parecia cada vez mais confortável com a ideia de ter que se casar com alguém que ele sabia que não o faria feliz. Aquele casal dava trabalho demais, eu não devia ter que ser a babá de nenhum dos dois e ouvir suas queixas.

 – Não é não, Belinda – eu ainda assim tentei acalmá-la – Você é uma ótima garota!

 – Não sou não – ela continuava a soluçar – Eu sou terrível e eu estou horrorosa.

 – Selena, cala a boca e me escuta por um minuto: olha, você não é terrível e muito menos horrorosa. Você vai casar com o Christopher,  que é um cara ótimo. Vocês vão ser muito felizes, porque eu sei que vocês se amam. Terão uma penca de filhos e vão morar em uma casa enorme em Los Angeles. Vocês são os queridinhos da América. Esse nervosismo que você está sentindo é normal, acredite em mim. Eu já lidei com mais noivas do que você possa imaginar e todas elas ficam malucas antes do casamento. Vai ficar tudo bem, eu prometo!

 Belinda respirou fundo e controlou seus soluços. Eu podia ouvir que ela respirava normalmente, mas ainda fungava um pouco. Esperei alguns segundos para voltar a falar.

 – Está melhor? – perguntei.

 – Estou, obrigada – ela soava genuinamente agradecida – Desculpe por isso, eu não sei o que está acontecendo comigo...

 – Não precisa se desculpar, eu estou acostumada – respondi, dando de ombros.

 – Oh, meu Deus. Você é um anjo – senti uma pontada no estômago e neguei com a cabeça, mesmo sabendo que ela não podia me ver – Sinto muito por ter gritado com você.

 – Está tudo bem, eu compreendo.

 – Muito obrigada, Dulce.

 – Sem problemas, Belinda – respondi.

 Nós ficamos em silêncio por mais alguns segundos. Eu não sabia se devia desligar a ligação, porque não sabia se ela ainda queria conversar sobre algum assunto. Então, continuei quieta. Parecia que nenhuma de nós sabia como continuar uma conversa normal depois daquela mistura de acontecimentos estranhos. Eu pigarreei pra tentar acelerar o processo.

 – Hm, então... – falei, me preparando pra desligar o telefone.

 – Ah, Dulce? – Belinda me interrompeu.

 – Sim?

 – Os vestidos que fizeram para mim chegam amanhã de manhã. Você poderia vir me ajudar a escolher? – ela perguntou.

 Fiquei muda por um tempo, mas assenti.

 – Sim, claro que posso – meu sorriso era fraco e frio e minha sorte era que Belinda não conseguia vê-lo – Que horas mais ou menos?

 – Ótimo! Acho que às nove está bom. Estou na mesma suíte que Christopher aqui no Four Seasons, então é só subir.

 – Tudo bem, então. Boa noite, até amanhã.

 – Até!

 Coloquei o celular na mesa da cozinha. Enquanto procurava alguma coisa muito doce e muito calórica pra comer na geladeira, eu me sentia prestes a desabar em lágrimas. Não há nada que marque mais um casamento do que o vestido da noiva e eu, logo eu, ia ter que ajudar Belinda a escolher seu vestido. Aquilo era muita má sorte pra uma pessoa só.

 Depois de levar a comida pro quarto e praticamente fazer um piquenique na cama, eu me dediquei a tentar dormir. Horas se passaram e eu não conseguia pregar os olhos. Só fui conseguir dormir depois das cinco da manhã e ainda assim acordei assustada duas horas depois.  Então eu decidi me levantar de vez. Tomei banho, fiz um café da manhã aceitável e peguei meus óculos de sol para sair de casa. Passei em uma Starbucks pra comprar café – preto e sem açúcar dessa vez, igual minha vida – e de lá fui para o Four Seasons.