Fanfic: Between Now and Never - {Vondy} | Tema: Suspense, amor.

Acordar no dia seguinte não foi nada fácil, eu estava completamente exausta e tinha vontade de me jogar em qualquer canto, me encolher e dormir sem nunca mais acordar. Um pouco exagerado, mas eu não estava nem aí pra isso. Não tive vontade de tomar café por isso me recolhi à varanda observando como os pássaros voavam por aí cantarolando com suas finas vozes. Eram tão puros e sem maldade, cuidavam de seus filhos e os protegiam a todo custo. Os seres humanos poderiam ser assim. Mas era apenas mais um sonho impossível. Suspirei e continuei ali, alheia ao mundo lá fora. Ficar assim por um tempo era bom, assim, eu me distanciava da verdadeira realidade. Fui interrompida pelo som de mensagens do meu celular, levantei-me indo até a bancada da copa e o peguei. Era de um número desconhecido.

Está melhor?

Só poderia ser alguém, e esse era Christopher. Perguntei-me se eu deveria perguntar quem era ou se eu apenas respondia, antes de chegar a uma conclusão, outra vez meu celular apitou.

Liguei do seu celular para o meu ontem. (Cara de envergonhado)

Sorri com a mensagem.

Eu: Ok. Estou bem.

C: Teve pesadelos? Desculpe-me por ter saído daquela forma.

Ele não deu nenhum outro tipo de explicação – pensei. Talvez, ele apenas estivesse com problemas familiares. Mas de alguma forma, eu sabia que isso não era verdade. Pensei que eu quase não sabia sobre Christopher, e receio que ele quase não saiba sobre mim. Apesar de ter a nítida sensação de conhecê-lo melhor que ele mesmo, eu não sabia mais nada além disso. Lembrei-me que havia esquecido responde-lo.

Eu: Não. Tudo bem, Christopher.

C: Tem como abrir a porta pra mim?

O que? O que ele estava fazendo aqui? Fui até a porta e cheguei bem na hora que o toque do interfone soou nos meus ouvidos. Atendi-o e a voz rouca e profunda de Christopher inundou os meus ouvidos.

- Bom dia, Fadinha. – Sua voz era alegre e risonha. Com certeza sustentava um sorriso nos lábios. O mesmo sorriso que vi quando caminhamos pela orla naquela noite. Abri o portão para que ele subisse e abri a porta também, me lançando no sofá em seguida. Lembrei-me de que ainda usava o meu pijama de ursinhos. Fui tomada pela vergonha quando ele atravessou a porta sorridente, segurando um pacote marrom do café que tinha ali na esquina.

- Bom dia. – Respondi sorrindo quando ele sentou-se ignorando minha vergonha que era clara a quem quisesse ver.

- Eu tenho duas perguntas. – Ele disse e eu o fitei esperando que ele perguntasse. – Já tomou café? – Neguei e ele suspirou aliviado. – Que bom, pensei que eu iria ter gasto dinheiro atoa. Trouxe croissant e um cappuccino. – Sorri sabendo que ele acertou em cheio. Em seguida ele ficou calado. Esperei mais um pouco para que ele dissesse algo, e nada. Arqueei uma sobrancelha e o fitei.

- E qual a segunda? – Finalmente indaguei. Ele me observou por um instante e um sorriso torto surgiu de seus lábios.

- Está decidido. Irei te chamar de Fadinha. – Seu sorriso alargou-se e eu comecei e me perguntar por que alguém me chamaria de Fadinha? Ele percebeu meu desconforto e tratou-se de explicar. – Você tem o rosto suave e pequeno como o de uma fada, além de ser pequena.

- E por isso eu devo ser chamada de... Fadinha? – Fala sério, que apelido mais gay. Nem Jeffrey me chamaria assim. Mas ele apenas estava sendo carinhoso, acho que não é tão ruim assim. Ele assentiu esperando minha reação e eu lhe dei um sorriso. – Gostei. É brega e gay, mas eu gostei de ser chamada assim.

- Gay? – Ele perguntou rindo. Assenti também caindo na risada junto a ele. Como era fácil me sentir alegre na presença de Christopher, ele era tão diferente das pessoas que eu conhecia. Ele não parecia ser como os homens da idade dele. Normalmente eles preferem estar nus com uma mulher na cama, e não levar café da manhã pra ela em sua casa, ou passar horas com ela enquanto a alivia de seus pesadelos. – Ok, ok. Tudo bem é um pouco sim. Mas você me lembra tanto uma fadinha que eu não resisto. – Seus olhos brilhavam em seu azul intenso. Ele tinha uma expressão divertida e feliz, seu sorriso era tão grande que seu rosto mal podia sustentar. Será que eu o fazia sentir-se feliz? Não era possível, até eu me deprimia com minha presença.

- Seus olhos são tão bonitos. – Eu disse por impulso, me arrependendo logo em seguida. Christopher permaneceu calado apenas me analisando. Seus olhos antes brilhantes, agora transpareciam um desejo, uma paixão. Seus sentimentos eram visíveis ali, eu conseguia os sentir, mesmo não estando dentro de seu corpo para isso. Uma conexão surgiu entre nós, soltando faíscas. Era impossível não me prender àqueles olhos. Era como se tudo tivesse parado. O tempo, as pessoas, os problemas sumiram. Eu mal sentia meu corpo. Pigarreei interrompendo a conexão, ficamos um pouco constrangidos e sem saber o que dizer. – É, bom, eu vou trocar de roupa. – Voei para o meu quarto a fim de me livrar daquele clima, antes de chegar a porta ouvi Christopher pronunciar um “obrigado” e tenho uma leve, apenas uma leve impressão de que ele tivesse dito “Não mais que os seus”. Mas deixei pra lá, eu queria largar aquele desânimo que me tomava. Então, depois de passar vários minutos procurando algo descente para vestir e de ficar pensando em como aquela conexão me deixou confusa e me achando muito idiota voltei para a sala não encontrando Christopher. O medo de tê-lo espantado me invadiu. Fiquei parada apenas olhando o sofá onde há alguns minutos estávamos sentados.

- Dulce?