Fanfic: Between Now and Never - {Vondy} | Tema: Suspense, amor.

Depois de nos despedirmos de titia, saímos para a bela noite de Boston. Eu havia deixado meu casaco em casa, já que quando saímos não imaginei que estaria em um passeio noturno com o cara que eu conheci na biblioteca da loja da minha tia. Eu estava com frio, e os pelos do meu corpo estavam arrepiados. Cruzei meus braços, um movimento inútil já que eu continuei sentindo o frio que passava pela minha espinha. Como, eu não sei, mas Christopher percebeu isso e colocou sua jaqueta preta de couro sobre meus ombros. Isso foi como passar horas no sol. Deliciosamente, delicioso. Eu estava pensando em algo para dizer, quando Christopher adiantou-se poupando-me de pensar e falar algo sem noção, como era de meu costume.

- Noite bonita, não? – Não foi exatamente um início de conversa descente, mas ele tentou.

- Sim. A noite tá bem bonita. – Senti ele se aproximar e seu braço roçou ao meu. Ele estava observando o céu, totalmente concentrado.

- Sabe, eu adoro as estrelas. – Disse, ainda focando o céu estrelado. Me surpreendi, porque eu também tenho fascínio por estrelas.

- É? Eu também. – Respondi. É o primeiro cara que conheço que não acha que o amor pelas estrelas é clichê.

- Sério? Eu observo as estrelas a madrugada inteira todas as noites no meu telescópio. Eu fico imaginando o quão esquisito isso é. – Ele focou seu olhar em mim, enquanto ainda andávamos. – Quer dizer, aqui na Terra, vemos as estrelas como se fossem pequeninas bolinhas de luz. Mas quando se chega perto. Quando se vê uma estrela, ela não é como achamos que é. Ela é enorme, brilhante e isso me deixa fascinado por elas. As estrelas são uma, das milhares de coisas incríveis que há no mundo. – E quando eu percebi, estava totalmente concentrada em seus lábios se movendo. Se eu não gostasse de estrelas, passaria a ama-las nesse exato momento. Pelo simples fato de que esse pequeno discurso me convenceu de todas as dúvidas que eu tinha que uma estrela é incrível.

- Concordo com sua ideia. Mas, eu amo as estrelas, porque elas são incontáveis. – Eu disse e ele me olhou esperando alguma explicação. Geralmente as pessoas pra quem eu digo isso não querem alguma explicação, elas não se importam. Pablo não se importava. – Olhe para o céu e tente contar todas as estrelas que pode ver. Você não consegue. Num dia em que o céu não tem estrelas, ou não tem muitas estrelas, você conta facilmente. Mas na verdade não contou nem a metade. Por trás desse céu todo, há mais estrelas do que existem números no mundo para contar. Não podemos contar. Eu costumava comparar cada coisa linda e que eu amava com as estrelas, porque elas são incontáveis. E é por isso que eu tenho fascínio pelas estrelas. – Por um momento, nos olhamos sem falar. Nossos olhos se comunicavam perfeitamente por nós. Não precisávamos de palavras. O tempo definitivamente parou.

- Eu já mencionei que você é linda? E que as palavras que saem da sua boca são lindas? – Ele perguntou e eu corei. Apesar de eu ter me fechado, eu ainda me sinto bem quando me elogiam, mas isso não chegou nem perto do “me sentir bem”. Meu estômago deu uma volta de 360° graus, e borboletas começaram a voar por todo ele. Me repreendi por isso. Mal o conheço e já sinto vontade de beija-lo. Joguei essa ideia para o fundo dos meus pensamentos e o fitei bem nos olhos.

- Obrigada! – Sorri. Voltamos a andar. Dessa vez, calados. Ele enrolou seu dedo mindinho ao meu e eu – por mais incrível que isso pareça – permiti. Me senti segura ao lado dele. Como se pudéssemos até voar.

- Minha mãe me disse uma vez, que um dia eu ia encontrar uma moça mui bela, acho que ela não se enganou. – Eu parei e me virei para observa-lo. Seus olhos eram em um azul cinzento, e intenso. Seus lábios eram rosados e finos, dava um toque de delicadeza ao seu rosto. Ele tinha cabelos em tom de castanho-aloirado, sua franja era repartida e jogada em direção ao olho esquerdo. Provavelmente, metade das meninas por qual ele passava pela frente se apaixonavam instantaneamente. Mas ele não parecia ser o tipo de pessoa que “pega todas”, como dizem hoje em dia. Ele parece ser reservado. Mas quem sou eu para dar um julgamento final a um livro a qual eu apenas conheço a capa e a introdução? Eu não percebi, mas não tinha respondido ao seu elogio anterior porque me perdi olhando seu rosto e suas feições. Quando voltei ao mundo, o peguei me observando. Ele também estava me avaliando. Ainda estávamos com nossos dedos mindinhos enrolados e eu desejei que ele não soltasse, porque pela primeira vez, eu não queria soltar.

- Minha mãe me disse uma vez, que se algum desconhecido me chamasse para sair, era pra eu ir. E que se ele tentasse algo que eu não quisesse, era pra eu chutar suas bolas e correr, gritando de preferência. – Ele riu. Uma risada calorosa, do tipo de risada que conforta a gente. Pela primeira vez em meses, eu sorri de verdade. Um sorriso sincero.

- E é por isso que você está aqui. – Ele disse, ainda se recuperando da crise.

- Correto. Ela acreditava que eu poderia encontrar o amor assim. Mas eu nunca acreditei realmente nisso. – Disse.

- Primeiro. Pode deixar que eu não vou te atacar e você não vai precisar correr e gritar. Segundo. – Ele adicionou o segundo dedo para representar o 2. – Porque não acredita que o amor pode vir do lugar que você menos espera? – Nessa ele me pegou de surpresa, eu não sabia como responder a isso. Eu simplesmente não acreditava na teoria da minha mãe.

- Porque eu não acredito no amor. Quer dizer, não mais. – Eu disse, finalmente. – Eu acreditava. Mas, as circunstâncias me provaram que quanto mais se ama, mais se machuca. Pra mim, o amor é como uma faca cravada no peito. Quanto mais fundo você vai, mais dor você sente. – Ele coçou o queixo, como se pensasse em algo para rebater e me olhou de volta.

- Sabe as estrelas? – Ele perguntou. Assenti. – Você me disse que as ama porque elas são incontáveis. Assim é o verdadeiro amor. – Ele deu ênfase no verdadeiro. – Quando é verdadeiro, é infinito. É para sempre. E mesmo que doa, é uma dor que a gente aprende a suportar. Afinal, não existiria pessoas vivas no mundo, se ninguém suportasse a dor.

- Sim, você está correto nessa afirmação. Mas as pessoas que eu mais amei nesse mundo foram tiradas de mim sem dó. E eu estou suportando essa dor. Mas eu não conseguiria suportar amar e perder mais uma vez. – Eu soltei. E não tinha percebido que eu havia me alterado até terminar de falar. Meu coração batia acelerado.

- Tudo na vida tem um motivo Dulce. Nada acontece por acaso.