Fanfic: Feitiço de Amor (Terminada)
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CAPÍTULO I
Outubro de 1997
Christopher McBride admirou os lindos olhos azuis de Elsie
Kincaid, que adquiriam um brilho especial sob a luz da vela colocada sobre a
mesa do restaurante. A iluminação também conferia aos seus cabelos um tom dourado. Porém, o que mais o empolgava não era a beleza da moça, e sim o fato de que ambos queriam a mesma
coisa para depois do jantar.
E o que ele
queria era levar Elsie para a cama. Sentiu um arrepio na espinha. Será que dessa vez não
apareceriam imprevistos? Ele vinha se frustrando por cerca de uma década pelo menos.
Empurrou o
prato para o lado, inclinou-se e pegou nas suas as mãos de Elsie.
— Está pronta para a sobremesa? — perguntou suavemente.
— Oh, Chris,
acho que você sabe o
que eu gostaria de sobremesa.
Ele forçou um sorriso porque ela o chamara de Chris,
um apelido que detestava. Mas não era possível ficar irritado por tão pouco, especialmente porque sentia naquele
momento o pé de Elsie
acariciando sua perna por baixo da mesa, aumentando o calor de seu corpo.
— Posso, então, levá-la
para a minha... — Ele mordeu o
lábio. — Para
a sua casa? — Não queria levar uma mulher para a sua própria casa, já que começava a
acreditar que o lugar estava assombrado. Acontecera de o aquecedor soltar fumaça preta, isso quando ele pretendia passar a noite
com aquela loira de olhos azuis, Suzanne. E houvera ainda aquela outra vez com
Rebecca, também loira e com
olhos azuis, quando o ar-condicionado pegara fogo. E não podia se esquecer da outra loira de olhos
azuis, Anne Marie, quando a equipe da Swat invadira sua casa, enganando-se de
endereço.
Nada disso. Não com... Elsie. Sim. Elsie. A jovem com seios
fartos, Christopher pensou.
Meu Deus, ele
só pensava em sexo!
— Claro. Minha
casa é o lugar
perfeito — ela disse,
levantando-se.
Christopher pegou a carteira e jogou algumas notas sobre a
mesa. Estava pronto para segui-la até o fim do mundo. Porém, sentia-se
nervoso o tempo todo. Olhava em torno, imaginando o que poderia dar errado
dessa vez.
Elsie
sentou-se ao volante do carro dele, um Jaguar no qual gastara uma pequena fortuna,
uma vez que nenhum homem podia dirigir um Jaguar e não desfrutar toneladas de sexo selvagem, certo?
Errado, já que a realidade tinha provado que isso era perfeitamente
possível.
— Posso dirigir
Chris, queridinho? — Elsie pediu
com voz adocicada. — Ficarei tão feliz...
— Oh, sim — ele respondeu, estendendo-lhe a chave. Quando ela
deu a partida, Christopher ouviu o ruído
familiar do motor, sorriu e virou-se para ir até o banco do passageiro.
Ao perceber
uma alteração estranha no roncar do motor, virou-se, surpreso, imediatamente antes de ser atingido na
virilha pelo espelho lateral do carro.
Elsie gritou
antes que ele chegasse ao chão. Christopher ainda escutou o barulho do freio sendo acionado, os passos apressados, a
justificativa de que o pé tinha escorregado,
e chegou até mesmo a
identificar o rosto dela sobre o seu. Concluiu que aquilo era o mais perto que
chegaria de uma mulher. Morreria virgem.
Então, perdeu os sentidos.
— Ops! — Fauna exclamou.
Ela e as irmãs estavam olhando para a bola de cristal.
— Oh... De...
Deus... — Flora
balbuciou. — Será que nós
o matamos?
— Não, mas podemos ter danificado alguma parte vital — Fauna resmungou. — Você viu onde aquela idiota o atingiu?
— Ele vai ficar
bem. — Merri
afirmou. — Dulce está de plantão no pronto-socorro
esta noite. Agora que ela finalmente voltou para casa, já era hora de unir os dois.
— Sim, já era hora. Estou exausta. — Fauna se acomodou em uma cadeira. — Nunca vi um homem tão determinado a fazer...
— Fauna! — A voz chocada de Flora e o rubor de seu rosto
impediram a irmã de
continuar.
Merri apenas
balançou a cabeça.
— Está exagerando, Fauna. Qualquer homem agiria exatamente
desse jeito.
— Mas Christopher tenta toda noite!
— E toda noite
nós provocamos um desastre, e algo cai na cabeça dele. Achou que ele desistiria depois de algum
tempo, não é? — Flora
perguntou, parecendo verdadeiramente pesarosa por tudo o que estavam forçando o pobre Christopher McBride a passar.
— Ele não está pensando com a cabeça, irmãs — Fauna
observou, sorrindo.
— Christopher não percebeu
ainda que a mulher certa para ele é Dulce. Mas uma vez que tome consciência
disso... — Flora colocou
as mãos no rosto. — Oh, só quero estar por perto para ver quando a flecha de Cupido atingir os dois em
seus corações.
— Admito que seria
bom ver o homem ser atingido por alguma coisa além de seu próprio
carro! — Ela e Flora
caíram na
risada, e Merri dirigiu às irmãs seu olhar de indignação por aquela irreverência toda. No fundo, escondia um sorriso.
— Dra.
Sortilege, comparecer ao pronto-socorro. — Uma
voz soou no sistema de alto-falante do hospital.
Aurora se
apressou a engolir seu chá de ervas e
interrompeu a primeira pausa que fazia aquela noite. Dirigiu-se para a emergência, os sentidos em alerta, dando-lhe as informações necessárias.
O caso que
iria atender não era grave,
mas provocava muita dor no paciente. Ela sempre sabia o que encontraria em seguida.
O dom que
herdara de seus ancestrais era algo bom, pois lhe dava tempo para se preparar
e, com muita freqüência, ajudar
seus pacientes a se recuperar.
Tinha os
poderes por tanto tempo que já não mais os considerava estranhos. Aquilo era
apenas algo herdado, como os cabelos vermelhos e os olhos negros. Claro que
procurava não se
identificar como bruxa. Enquanto trabalhava, mantinha seu pentagrama sob o
avental branco. Mas isso não importava.
Todos na cidade sabiam das estranhezas das mulheres que moravam na velha casa
da colina.
Dulce tinha achado que as pessoas se esqueceriam daquilo
no período em que
estivera fora, o que não acontecera.
Por alguma razão, porém, os mexericos e rumores não mais a perturbavam. Talvez porque agora fosse
uma mulher adulta, que sabia bem quem era e o que era. E que se orgulhava
disso.
Alguns
moradores do lugar a olhavam ressabiados; outros pareciam nervosos ao seu lado
e simplesmente a evitavam. Havia quem lhe pedisse poções do amor e números
para jogar na loteria, mas a maioria dos que moravam havia muito tempo na
cidade não dava importância às
estranhezas de sua família. Afinal,
tivera gerações para se
acostumar.
Entrou na sala
de atendimento e rapidamente leu a ficha que uma enfermeira lhe passou.
— Boa noite, Sr... — Seu olhar encontrou o nome na ficha. — McBride?
Ergueu os
olhos e viu o homem sentado na cama.
Os olhos dele
estavam fechados. Mas, definitivamente, era Christopher McBride. E Dulce sentiu algo estranho, como um estremecimento. Engoliu em seco e procurou
se concentrar apenas no trabalho.
— Pode me
chamar de Christopher — ele disse,
rangendo os dentes. Voltou à cabeça
em direção a Dulce,
abriu os olhos e se deparou com a frente do avental branco. Correu os olhos pelas
belas pernas com interesse. — Oh, pode me
chamar como quiser, para falar a verdade.
— Christopher McBride! Você continua o mesmo, pelo que vejo.
Seus olhares
se encontraram, e Dulce notou quando ele a reconheceu. Christopher leu, então, seu nome
no crachá.
— Dra.
Sortilege. Meu Deus, a bruxa está de volta!
— Isso mesmo. — Dulce forçou
um sorriso. Se a opinião das pessoas
não a perturbava mais, então por que sentia aquela pontada no coração com a observação
de Christopher? — Sou aquela
menina que você vivia
atormentando. Deve se lembrar, não é? Você me disse que eu era uma peste, que minhas tias eram doidas e que eu,
provavelmente, teria verrugas no nariz. Elas ainda não apareceram.
Christopher empalideceu.
— Você... tem uma memória
muito boa, Dulce Maria . — Forçou
um sorriso. — Não me diga que guardou mágoa de mim por tanto tempo.
— Claro que não! — ela
exclamou, deu seu sorriso mais doce e então
se voltou para a bandeja com os instrumentos. Pegou um bem longo e pontudo e
experimentou a ponta no dedo. — Enfermeira,
traga-me a broca de perfurar o crânio,
por favor.
— Epa, espere
um minuto...
Dulce olhou para o paciente e sorriu. A enfermeira,
Meg, sua amiga, caiu na risada enquanto Christopher olhava de uma para a
outra.
— Ah, vocês, moças,
são muito cruéis.
— Não mais do que você foi dez anos atrás — Dulce retrucou. Estendeu o bisturi para Meg. — Esterilize este, sim?
Meg pegou o
instrumento e saiu da sala. Dulce conseguiu parar de sorrir e
inclinou-se sobre a cama.
— Acho que já está machucado o suficiente sem que eu precise acrescentar algum outro ferimento.
— Dá para perceber? E eu aqui tentando impressioná-la com a minha coragem de enfrentar a dor.
— Não pode esconder nada de mim. Por isso, não precisa perder tempo se esforçando.
— Oh, sim, eu
tinha me esquecido. Você é uma bruxa.
— E uma médica — ela
observou.
— Uma médica bruxa? Deus me ajude!
— Cuidado, Christopher,
ou logo estará sentado em
um pequeno lago comendo moscas.
— Engraçado. Agora quer me transformar em sapo. — Ele se encostou ao travesseiro e a encarou. — Está brincando, não é?
Dulce apenas sorriu.
— Bem, vamos
ver se entendo o que aconteceu com você.
A sua namorada o atingiu na virilha com o seu Jaguar, foi isso? — Ela se inclinou um pouco e levantou a camisa,
expondo a barriga de seu paciente.
Christopher começou
a ficar nervoso.
— Calma. Relaxe
por um segundo — ela pediu.
Ele tentou. Christopher logo localizou onde doía, notou os
ferimentos, mas percebeu que não era nada sério. Confirmaria seu diagnóstico de forma mais científica, naturalmente. Mas sempre se sentia melhor
quando descobria rapidamente do que se tratava.
— Você bateu a cabeça
quando caiu?
Christopher assentiu.
Dulce afastou para o lado os cabelos dele e examinou o
calombo que havia surgido. Sentiu-se aliviada ao perceber que não era nada grave. Uma concussão pequena. Ela também confirmaria isso com um raio-X, por precaução.
— Vai se sentir
melhor sabendo que não é nada sério.
Fará alguns
exames porque não quero que
venha a me processar por diagnóstico errado. — Pôs
luvas, estendeu os dedos e começou a abrir o
zíper do jeans dele.
— Ei, espere aí!
Ela não afastou a mão.
— Algum
problema?
— Sim, há um problema. O que pensa que está fazendo?
Dulce sorriu.
— Sempre ouvi
dizer que os homens que dirigem um Jaguar têm
genitais pequenos — disse
suavemente. — Apenas quero
checar se é verdade. — Ao perceber o olhar dele, decidiu falar a sério. — Vou
apenas examiná-lo. Sou uma
médica, Christopher. O que pensa que estou
fazendo?
— Gostaria de
um médico menos
sarcástico e com
um pouco mais de testosterona. Um médico
homem, se não se importar.
— Verdade? E
sobre os genitais pequenos...
— Diabos, Dulce,
arranje um médico ou vou
embora daqui agora.
— Você continua um idiota, McBride — ela retrucou. — E
desejo que os seus testículos inchem
e caiam.
— O que
aconteceu com aquela sua filosofia de nunca machucar alguém?
— Eu não disse que vou provocar isso, apenas que
gostaria que acontecesse. Antes de sair, vou lhe adiantar o diagnóstico do Dr. Stewart, depois de um exame
minucioso e de centenas de dólares gastos em raio-X.
Você sofreu uma concussão nada grave,
provavelmente devido à sua cabeça tão
dura. Suas jóias de família vão
estar doloridas por um dia ou dois, mas não
há nenhum problema com elas. E sofreu
uma batida no ombro direito. Este machucado é o que vai doer mais do que tudo, cada vez que virar o braço. — Dulce começou a deixar a sala. — Mais uma coisa, e isso o Dr. Stewart não vai lhe dizer. Você ainda é virgem.
Christopher engasgou. Olhou para Aurora como se ela fosse um
ser do outro mundo.
— Lembre-se
disso da próxima vez que
duvidar de minhas habilidades como médica
ou como bruxa, Christopher McBride.
O Dr. Stewart
examinou-o minuciosamente e mandou-o fazer uma série
completa de raios-X. Quando os exames ficaram prontos, disse que ele tinha uma
concussão leve. Que
sua virilha ficaria dolorida, mas que não
era nada grave. E que a batida no ombro direito é que doeria mais. O médico apenas não dissera a Christopher que ele ainda era
virgem...
Mas Dulce sabia. Como era possível explicar
isso? Como ela podia saber de uma coisa que ele nunca tinha contado a ninguém?
Diabos!
Christopher sentiu sua intimidade invadida. Ficou embaraçado. Como se tivesse de se explicar e se
defender com Dulce.
Feria seu
orgulho o fato de ela saber que nunca tinha feito sexo. Ela ainda devia estar
rindo. Mas, afinal, o que lhe importava o que ela pudesse estar pensando? Além do mais, não
era como se tivesse escolhido ser um celibatário.
Acontecia sempre um desastre quando tentava chegar perto de alguma mulher. Isso
vinha acontecendo desde o tempo de escola, e agora ele começava a acreditar que continuaria pelo resto de sua
vida.
Droga, talvez
devesse seguir a vida religiosa.
Era
como se tivesse sido amaldiçoado.
Amaldiçoado?
E se... Dulce sempre o detestara. Supondo que ela...
Não!
Suspirou e
recostou-se ao travesseiro, antes de assinar os papéis que o Dr. Stewart lhe entregara.
— Diga-me uma
coisa, doutor, o senhor acredita em maldições?
O Dr. Stewart
sorriu.
— Sei que a
deixou louca da vida, mas Dulce Sortilege nunca colocaria um feitiço em ninguém. Não machucaria nem uma mosca. Não dê ouvido a fofocas.
— É fácil para o senhor dizer isso. — Christopher falou. O que estava pensando era de fato uma
bobagem porque ele não acreditava
em bruxarias.
— Se alguém colocou uma maldição em você,
não foi Dulce. Aposto meu último dólar
nisso.
Christopher engoliu em seco.
— Está me dizendo que acredita nessa história de bruxa? O Dr. Stewart respirou fundo antes
de responder. Por fim, sentou-se ao lado da cama e cruzou as pernas.
— Ontem, Dulce e eu estávamos
sentados na sala de café. De repente,
sem nenhuma razão, ela
derrubou a xícara no chão — o médico contou. — Esparramou
café por toda
parte. Ela levantou-se e correu, como se a cadeira estivesse pegando fogo. Eu a
segui e a vi parar diante da porta de um dos quartos... e um segundo depois o
paciente lá dentro entrava
em choque.
Christopher observou atentamente a expressão no rosto do médico.
— E o senhor
perguntou a ela a razão da
correria?
— Dulce me disse que tinha ouvido soar o alarme do
monitor do paciente. Mas não havia
nenhum alarme. Descobrimos mais tarde que uma das enfermeiras o deixara
desligado. E essa não foi a
primeira vez que alguma coisa desse tipo aconteceu — o Dr. Stewart acrescentou.
— Então, o senhor acredita em algum tipo de bruxaria.
— Vêm acontecendo coisas estranhas por aqui, isso eu
posso lhe dizer.
O homem não parecia estar brincando. E Christopher começou a pensar
sobre as coisas estranhas que vira Dulce fazer. Com o falcão, por exemplo.
— Então... se houver alguma maldição sobre mim...
— Ou mesmo se
estiver com azar — o Dr. Stewart
continuou —, Dulce é a pessoa certa com quem deve conversar. Tenho
certeza disso.
— Claro, a não ser que ela me odeie. Ou tenha sido ela a me
enfeitiçar. — A possibilidade não
parecia tão absurda
agora.
O Dr. Stewart
riu e saiu do quarto.
Bem, Christopher pensou, não tinha nada
a perder. Se não descobrisse
logo a razão de o destino
estar conspirando para mantê-lo longe de
qualquer experiência sexual,
ficaria louco. E a parte pior era que completara vinte e nove anos. Dulce já sabia que ele era virgem. Assim, talvez devesse
tentar convencê-la a ajudá-lo.
Ou talvez
apenas devesse furar os próprios olhos.
Mas primeiro tinha de decidir o que seria menos desagradável.
Dulce parou debaixo dos sinos de vento pendurados na
varanda da casa. O lugar parecia uma geleira e os sininhos soavam sem parar.
Entrou bem
depressa e encontrou tia Flora entretida em lidar com duas velas cor-de-rosa
com corações encravados
em suas bases e pétalas de
rosas à sua volta.
— Oh, desculpe — murmurou, diminuindo o passo. — Estou interrompendo um ritual?
— Não — Flora disse
bem depressa. Quase como se estivesse escondendo alguma coisa.
— Ora, tia,
isso parece um feitiço de amor. Não está tentando me arranjar algum príncipe que
venha me roubar do gostoso convívio que tenho
com as senhoras nesta casa, não é?
— Claro que não, querida! Ora, eu nunca faria uma coisa dessas.
Absolutamente não. — Ela pigarreou e fingiu estar ocupada com as
velas.
Dulce teve um pressentimento. Algo lhe dizia que as
tias estavam escondendo alguma coisa. Mas antes que pudesse fazer uma pergunta
para tia Flora, tia Fauna entrou pela porta dos fundos, trazendo no braço uma cesta cheia de ervas frescas e várias raízes.
— Oh, Dulce,
você está em casa! — exclamou. — Merri, ela está em casa.
Tia Merri
apareceu no topo da escada.
— Espere até ver o que lhe comprei hoje, Dulce! — Ela exibiu uma pequena caixa e desceu as escadas
balançando o corpo
inteiro. — Quando meus
olhos deram com isto, vi que tinha de ser seu.
— Oh, espere
para vê-lo! — Fauna exclamou largando as velas.
— Não vai querer tirá-lo — observou Flora.
Definitivamente,
as tias estavam agindo de maneira suspeita naquela noite. Dulce ficou
alerta. Claro que ela amava as três
com todas as células de seu
corpo, e sabia que jamais sonhariam em fazer algo que a magoasse. Mas que havia
alguma coisa, havia...
— Obrigada, tia
Merri. — Pegou a caixa
e a abriu. — Oh, que
lindo! — Tirou uma
corrente de ouro com um pingente de pedra em forma de rosa, a runa do amor. — Mas, tia Merri, por que esta pedra em particular?
— Algo me disse
que deveria ser essa — Merri
justificou. — Pareceu-me a
combinação perfeita,
sabia? Bem, um daqueles meus impulsos consumistas.
— A senhora
nunca se deixa levar por impulsos consumistas, tia Merri. Por que não me contam logo o que está acontecendo?
Todas as tias
menearam a cabeça em uma
negativa, evitando, porém, que seus
olhares se encontrassem. A desconfiança
de Dulce aumentou.
— Conte-nos
como foi o seu dia, queridinha.
— Oh, sim, faça isso! Encontrou alguém interessante hoje?
— Alguém novo?
Aurora fez um
gesto negando, sabendo que as tias estavam querendo mudar de assunto. Decidiu
deixar de lado suas suspeitas. Por ora.
— O único paciente novo não era de fato novo. Era aquele diabinho que
costumava me atormentar quando eu era pequena. Agora é um diabo enorme, um porco machista.
— Ora, a quem
está se referindo? — Flora perguntou.
— Certamente não ao doce garoto McBride! — Fauna exclamou, e Merri lhe deu uma cotovelada.
— Como é que a senhora soube...
— Ora, pelas
cartas, querida. Pelas cartas.
— Não sabia que no seu baralho havia uma carta com Christopher McBride, tia Fauna. A não ser que
esteja se referindo ao Bobo.
— Oh, querida — disse Fauna. — Então você viu mesmo o garoto McBride hoje!
— Só o tempo suficiente para desejar que não o tivesse visto. Juro que nunca conheci um
idiota maior em toda a minha vida. Imagine que ele exigiu um médico homem. Ora, como teve a coragem de...
— Talvez ele
estivesse simplesmente embaraçado, Dulce — Merri observou.
— Ou é tímido — Flora sugeriu.
— Ou nervoso — Fauna acrescentou.
— Ou um idiota — declarou Dulce. — E se eu voltar a vê-lo,
eu... O quê? Por que estão me olhando desse jeito?
— De que jeito,
querida?
— Como se
tivessem feito algo que vou odiar.
— Bem... bem,
você vai nos
entender, tínhamos a
impressão de que...— Fauna começou.
— De que você e Christopher McBride eram velhos amigos — Flora concluiu pela irmã.
— Então, quando o pai dele nos telefonou para dizer que
ouvira contar que você tinha
voltado para a cidade, e para perguntar como você estava... — A voz de
Merri falseou.
— A senhora fez
o quê?
Merri engoliu
em seco, ergueu o queixo e falou com firmeza:
— Eu o convidei
para jantar.
— Convidou Christopher e o pai dele, ela quer dizer — Fauna
acrescentou bem depressa. — Você conhece o pai de Christopher, Daniel, um
homem tão bondoso
conosco... Sempre providencia as ervas que encomendamos, mesmo as
desconhecidas e difíceis de serem
encontradas, e nunca nos perguntou o que fazemos com elas.
— Ele se
aposentou agora, sabia? Passou a cadeia de lojas para Christopher — Flora foi dizendo.
— Cadeia de
lojas? — Quando Dulce tinha deixado a cidade para estudar, eram apenas algumas drogarias pequenas.
— Agora ele
possui uma cadeia de farmácias enormes,
querida — Merri
esclareceu. — Christopher é quem as
administra. O rapaz tem jeito para os negócios.
E você não precisa se aborrecer por causa do jantar.
Apenas pensamos que seria agradável...
— Quando?
— Ora, amanhã à noite,
querida.
— Muito bem.
Simplesmente não vou estar
aqui. Farei um passeio e...
— Oh, não pode fazer isso — Merri
disse, sua voz soando dura e desaprovadora. — Isso
seria uma indelicadeza enorme e não
a criamos para ser uma pessoa rude.
Dulce colocou as mãos
na cabeça e fechou os
olhos.
— Está bem. Sofrerei durante todo o jantar com esse
idiota. Mas se esperam que eu me divirta, estão
enganadas.
— Oh, querida,
assim está melhor. E
claro que vai se divertir. Tenho certeza de que Christopher se tornou
um homem maravilhoso. — Merri sorriu
triunfante.
— Ninguém está nos melhores dias ao ir parar numa sala de emergência — Flora observou bondosamente.
— Você pode se surpreender, querida. — Fauna sorriu, satisfeita.
— Eu me
surpreenderei se ele tiver a coragem de aparecer aqui — Dulce retrucou, e então
subiu ao seu quarto para se sentar e pensar em como sua vida tão certinha e agradável
era perturbada agora pelo aparecimento de alguém
desagradável como Christopher McBride.
ultimo post d hoje
Autor(a): lovedyc
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stellabarcelos Postado em 15/04/2016 - 11:49:30
Amei! Muito linda
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natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:14:10
e posta em noites do oriente tbm, vc nunca mais postou la...
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natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:14:10
e posta em noites do oriente tbm, vc nunca mais postou la...
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natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:14:08
e posta em noites do oriente tbm, vc nunca mais postou la...
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natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:14:05
e posta em noites do oriente tbm, vc nunca mais postou la...
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natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:12:49
Amei!!!
Blood Coven 1 - Boys That Bite -
natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:12:48
Amei!!!
Blood Coven 1 - Boys That Bite -
natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:12:46
Amei!!!
Blood Coven 1 - Boys That Bite -
natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:12:44
Amei!!!
Blood Coven 1 - Boys That Bite -
natyvondy Postado em 30/01/2010 - 19:12:43
Amei!!!
Blood Coven 1 - Boys That Bite