Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Anahi •

Ele falou, ele teve a capacidade de jogar aquele assunto no ventilador, me colocando como a verdadeira vilã da história. Millena parecia mais assustada do que qualquer coisa, em Camille eu ainda podia ver a raiva nos seus olhos, mas também havia um pouco de decepção quando seu olhar cruzou o meu. A professora que eu ainda não havia entendido o porquê da sua presença, estava surpresa, mas não disse uma palavra.

Camille: Tia Dulce? – Ela parecia confusa.

Alfonso: Exatamente. – Ele dizia com um sorriso de canto, como se realmente tivesse se safado de tudo. – A querida tia de vocês tem um caso com a Anyzinha santa desde… os dezesseis anos. – Ele estava mesmo fazendo aquilo e eu não conseguia dizer nada.

Camille: É verdade mãe? – Seus olhos marejados estavam quase transbordando a decepção.

Anahi : É… – Eu disse vendo a decepção se tornar clara em seu rosto. – Mas não é bem assim…

Camille: Não é bem assim? – Ela gritou comigo. – Vocês dois, vocês dois se merecem sabia? – Ela chorava com raiva. – Não acredito que um dia cheguei a achar que isso aqui era uma família! Eu to com nojo de vocês dois! – Ela deu um passo para trás.

Anahi : Para com isso filha, minha história é completamente diferente da do seu pai.

Alfonso: Diferente ou pior? Porque eu pelo menos sou normal, já você é uma aberração lésbica!

Camille: Cala a boca! – Ela gritou com ele. - Aberração é você!

Millena: A questão aqui não é o sexo da pessoa pai, e sim a traição! – Ela disse com a voz chorosa. – Tanto você quanto ela estão errados, os dois não traíram só um ao outro e sim a nós também.

Anahi : Vamos conversar todos com calma, por favor. – Eu supliquei para minhas filhas.

Alfonso: Agora você quer conversar né?

Anahi : Não com você! – Eu disse como se fosse obvio. – Não tenho mais nada para falar com você, para mim está tudo resolvido, eu quero o divorcio! – Eu falava com firmeza. - Você tem outra família e eu não te amo!

Alfonso: Não mais? – Ele disse com um sorriso debochado. – Fala a verdade Anahi , você nunca me amou… Nunca gostou de mim como gosta dela.

Anahi : Você quer jogar a merda toda no ventilador mesmo Alfonso? – Eu disse já sem paciência nenhuma. – Então vamos jogar… É verdade sim, eu nunca gostei de você como eu a amo, eu nunca fui feliz com você como eu fui com ela. E naquele dia que você pegou a gente e contou para deus e o mundo, fazendo-a ir morar na Espanha, eu tinha escolhido ficar com ela, eu ia terminar com você Alfonso, minha decisão estava tomada. Mas você fez o que fez, e ela foi embora… – Eu estava com raiva, e com os olhos marejados.

Alfonso: Eu tenho nojo de vocês. – Ele disse entre dentes. – Ela não pode ter tudo que é meu!

Anahi : Para com porcaria de posse, eu não sou sua! – Eu gritei. – Acabou Alfonso, acabou!

Alfonso: Eu vou te dar uma chance se pensar nisso. – Ele era mesmo louco. – Eu vou embora e volto daqui a uma semana, vou deixar você se divertir bastante longe de mim. Quando eu voltar, vamos fingir que nada aconteceu está bem? – Ele estava sorrindo.

Anahi : Não vou pensar, está decidido! - Eu apontei para porta. – Saia da minha casa agora!

Alfonso: Está bem amor… – Ele ainda sorria. – Eu vou, mas volto daqui a uma semana está bem? Você só está nervosa. – Ele foi andando em direção a porta. – Pensa com carinho… – Foi o que ele disse antes de sair.

Meu mundo estava de cabeça para baixo. Eu estava confusa, e só tinha vontade de chorar. Olhei ao redor, as três caladas, nitidamente assustadas. Ninguém sabia o que dizer. Aquele silêncio pareceu durar a eternidade.

Anahi : Meninas… – Eu queria dizer alguma coisa.

Camille: Não, não fala comigo, eu te odeio, você é tão nojenta quanto ele. – Sua voz era puro ódio.

Anahi : Vamos só conversar filha, vai dar tudo certo. – Eu tentei dar uma de Maria.

Camille: Não, não quero conversar com você… E em pensar que eu confiava na tia Dulce… Eu odeio todos vocês! – Ela deu um passo para trás.

Anahi : Para com isso filha, você só está com raiva… – Eu dei um passo na direção dela.

Camille: Não… não mãe… – Ela olhou para a professora. – Por favor, me tira daqui?

Bianca: Não acha melhor conversa com sua mãe?

Camille: Se não vai me ajudar, porque veio então? – Ela disse com raiva e saiu correndo batendo a porta.

Anahi : Camille! – Eu gritei mais para porta do que para ela.

Bianca: Eu vou atrás dela. – Ela disse para mim. – Quando ela estiver mais calma eu trago ela de volta e em segurança. – Ela disse já saindo pela porta da frente.

Eu andei até o sofá e me sentei nele, deitei minha cabeça sobre os joelhos e abracei minhas pernas. Meu marido tinha outra família… Mas o que me deixava triste era saber que joguei minha felicidade fora por ele, mas ele não fez o mesmo… Minhas filhas provavelmente estavam me odiando também… E Dulce Maria… bem, Dulce Maria disse para eu nunca mais procura-la na vida, depois que ela soube da ameaça de Alfonso. Ela disse que eu era fraca, e que meu amor não era forte o suficiente para enfrentar os problemas. Eu estava sozinha, completamente solitária.

Millena: Aqui mãe. – Ela colocou uma mão sobre minha cabeça, me fazendo perceber que eu não estava sozinha na verdade. Olhei para ela e vi que em sua outra mão havia um copo de whisky, preparado especialmente para mim. – Bebe, eu sei que vai se sentir melhor. – Ela se sentou ao meu lado.

Anahi : Obrigada minha princesa. – Eu tentei sorri para ela antes de dar o primeiro gole.

Millena: Eu te amo mãe. – Ela sorriu tentando me passar confiança, aquilo me fez ter vontade de chorar. – E eu também amo o meu pai. Camille também ama, mas você sabe como ela é… – Ela colocou sua mão sobre a minha. – Estou muito decepcionada com meu pai, mas estou disposta a ouvi-lo depois. E com você… bem eu estou surpresa, talvez até um pouco decepcionada também, mas não como estou com meu pai. E eu quero te ouvir, quero que você me conte… – Que filha linda eu tenho meu Deus. Não consegui dizer nada de inicio, apenas a abracei.

Anahi : Eu te amo filha… muito. – Eu estava chorando. – Você e sua irmã são as coisas mais importantes da minha vida! – Eu a soltei. – Desculpa ter decepcionado você.

Millena: Na verdade, não sei se estou realmente decepcionada com você mãe… Com meu pai eu estou sim e muito… Agora com você… Acho que estou mais é confusa mesmo… – Eu não via raiva em seus olhos, só amor.

Anahi : Então você me perdoa?

Millena: Não tem o que perdoar mãe, mas quero que me conte essa historia, desde o início… – Ela se encostou ao sofá se virando um pouco para mim, cruzou as pernas e ficou me olhando do mesmo jeitinho que me olhava quando era uma criança, com aquele jeitinho de quem espera uma linda historia para dormir.

Anahi : Agora? – Eu estava com medo.

Millena: Por favor! – Ela sorriu. – Quero saber de tudo, desde o início…

Eu terminei de beber meu Whisky em dois goles, respirei fundo e me virei para minha filha. Sorri para ela, que sorriu de volta, me dando a coragem que precisava. Com calma eu contei. Contei exatamente tudo, quer dizer, não os detalhes íntimos, mas a história em si. De como a conheci, de como aconteceu, de como eu decidi, de como eu fiquei sem ela, de como eu me casei com Alfonso, de como eu achei que nunca a veria de novo, de como eu descobri que ainda a amava no instante em que ela colocou os pés nessa casa, de como começamos a nos relacionar de novo e de como eu havia jogado tudo no lixo mais uma vez.

Anahi : Então é isso, uma família recheada de pessoas coloridas. – Eu sorri ao pensar em Millena, Maria e eu. – Só sua irmã que se salvou… – Assim que eu disse isso Millena gargalhou alto.

Millena: Olha mãe, desculpa, mas Camille é muito mais gay do que eu e você juntas. Só você que não enxerga isso! – Ela disse sem rodeios.

Anahi : Mentira! – Eu disse assustada.

Millena: A mãe, qual é?! Depois de tudo, tudo isso, você não tem nem direito de ficar assustada. Camille sempre foi gay, gay de verdade! – Ela ainda estava com um sorriso de quem acha graça no rosto. - Eu não sei se me considero gay, nem mesmo você… Acho que eu e você nos apaixonamos por duas mulheres, mas não somos exatamente gays… Agora Camille….

Anahi : E Maria… – Eu completei o que ela disse e rimos juntas. – Não sei se fico feliz com tudo isso, ou se me interno em um hospício!

Millena: Você vai é subir, tomar um banho daqueles, se perfumar bastante, colocar uma roupa linda e vai até o loft da tia Dulce pedi-la em casamento! – Ela disse sorrindo toda feliz.

Anahi : Não posso, ela me odeia!

Millena: Mãe, acorda para vida, vamos parar com de palhaçada e vamos ser felizes! – Ela se levantou e me puxou, me levando em direção as escadas. – Vamos, eu vou escolher sua roupa enquanto toma seu balho de rainha!

Anahi : Mas…

Millena: Mas nada mãe! Quero te ver feliz!

Que garota incrível eu fiz, criei e eduquei. Confesso que fiquei com orgulho de mim, por saber que não havia feito as coisas tão mal assim. Subimos para meu quarto, Millena foi direto para o closet enquanto eu, fui para o banho. Eu estava nervosa, mais nervosa do que já estive, mais até da vez que nos beijamos a primeira vez. Sequei meu cabelo enquanto conversava com minha filha, riamos quase o tempo todo, eu estava feliz com aquilo. Mas por um outro, lado ainda havia Camille, não sei como iria ser dali para frente em relação a ela. Nunca fomos muito próximas em questão de conversas, agora que ela havia dito que me odiava, acho que as coisas só iriam piorar. Mas eu tentei não pensar muito naquilo, depois que eu me resolvesse com Maria, Camille sem duvidas já estaria mais calma, e talvez um dialogo seria possível.

Millena: Uau, você está linda mãe! – Ela disse como se eu fosse uma capa de revista.

Anahi : Será que ela não vai bater com a porta na minha cara não?

Millena: Olha pela história que e contou, e pelas coisas que me lembro, que fiquei ligando aqui na minha cabeça… – Ela negou com a cabeça. – Não, acho que ela vai é comemorar, em finalmente ter você! – Ela sorriu feliz. – Pronta mãe?

Anahi : Acho que sim.

Millena: Então vamos que vou te levar até a porta! – Ela sorriu indo na frente.