Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Dulce Maria: Você não é mais criança e acho que vai entender. – Ela disse sentando-se ao lado de Bianca que estava no sofá próximo ao que eu estava. – Eu era uma menina, tinha mais ou menos sua idade. Meu irmão estava com ela tinha um mês, sendo que ele trocava de namorada como quem troca de cueca. Mas ela era diferente, era o que ele vivia dizendo, mas ele sempre dizia isso de todas. – Ela falava como quem conta uma linda historia de amor. – Mas ela era realmente diferente, digo para mim ela era diferente. Foi como nos filmes Camille… – Sua voz era serena e até um pouco triste. – Eu abri a porta da sala e lá estava ela. Eu a amei desde a primeira vez. Naquele momento eu soube que ela ia ser minha, naquele momento eu soube que minha vida jamais seria completa se ela não estivesse do meu lado. – Eu ouvia com atenção, e escutando aquilo daquele jeito, eu já não conseguia mais sentir raiva da minha tia. – E foi assim… depois que a conheci, eu soube o que era felicidade, ficamos juntas por pouco mais de um mês, que foi quando ela decidiu ficar comigo, mesmo descobrindo que estava gravida de você e de sua irmã… Ela me amava do mesmo jeito que eu a amava. Mas Alfonso nos pegou em meu quarto, no mesmo dia que decidimos que iramos ser uma família… – Ela estava com uma lagrima nos olhos e olhava para mim com tristeza. – Foi horrível, gritamos uns com os outros, ele disse que estragaria minha vida. Sua mãe desmaio, ele contou a minha vó e aos pais da Anny, contou também aos meus pais… Os pais dela foram lá para casa, meus pais mandaram minha vó me colocar no primeiro voo para Espanha… E eu não tive o que fazer, não soube como reagir, eu fiquei desesperada… – Uma lagrima solitária correu de seu rosto, aquela era realmente uma grande história de amor. – Depois que a Anahi acordou do desmaio, seus pais a levaram embora, nem mesmo uma abraço eu pude dar, nem mesmo um até logo nós falamos. Eu estava sentada na escada chorando como se fosse um bebê, enquanto ela saia pela porta da frente…. – Ela fez uma pausa passou a mão do rosto, fechou os olhos com força como se quisesse voltar a realidade e voltou a me olhar. – Minha vida foi vazia, sem ela. Eu namorei muitas mulheres na Espanha, mas nunca eram o suficiente… Eu passei todos esses anos sem falar um ‘oi’ se quer com ela. Era como se eu fosse uma drogada, e era proibido falar dela perto de mim, ainda mais falar dela para mim… Com os anos eu aceitei que nunca mais a veria, ou a teria…

Camille: Mas ai você veio morar aqui… – Eu disse complementado.

Maria Helena: Exatamente… Eu voltei para o Brasil, e sentimentalmente falando, nada entre a gente mudou. – Ela disse com um sorriso de canto. – Nossas vidas eram completamente diferentes de quando tínhamos dezesseis, dezessete anos, mas o que sentíamos uma pela outra não mudou.

Bianca: Nossa… – Ela disse mais para ela do que para gente.

Camille: Mas porque não estão mais juntas então? O que aconteceu?

Dulce Maria: Alfonso ameaçou tirar vocês duas dela se ela não me largasse. Eu disse que ele não podia fazer isso, que mesmo com toda a grana do mundo, ele não conseguiria… Ai acabamos brigando feio, falamos o que não devíamos e é isso.

Eu tinha ido a casa da minha tia para brigar com ela, e até mesmo dar um bom soco em sua cara. Mas acabou que ela me fez ver toda aquela história de um ângulo completamente diferente. Minha mãe ficou sem seu amor a vida inteira. Ela se dedicou a aquela família com todas as suas forças, mesmo amando outra pessoa. Ela não era feliz naquele casamento, ela nunca foi, e mesmo assim ela permaneceu lá, ano após anos, e tudo por causa de Millena e eu… Ela sim era uma grande heroína, ela sim merecia todo o meu respeito…

Meu pai era algo a parte, eu estava extremamente decepcionada com ele. Mas depois de ouvir tia Dulce contar sua história, acho que devo deixa-lo contar a dele também. Toda moeda tem dois lados. E para eu realmente poder julgar tudo isso, eu tinha que conhecer todos os lados.

Camille: Me desculpa tia… – Eu disse com um pouco de vergonha. – Eu ainda estou confusa, mas quero que minha mãe seja feliz. E se for ao seu lado eu desejo toda a felicidade do mundo para vocês.

Dulce Maria: Eu não sei mais de nada… Mas quem sabe agora essa história não se resolva?

Camille: Eu espero que sim, eu só quero que todos sejam felizes, assim como eu também quero ser. – Eu olhei para Bianca e sorri de canto para ela, que sorriu de volta para mim.

Dulce Maria: Falando em felicidade, vocês podem me explicar o que está rolando entre vocês? – Ela disse se levantando eu fiz o mesmo.

Camille: Não tem nada entre a gente… ainda… – Eu pisquei para Bianca que revirou os olhos sorrindo de canto. – Posso ir ao banheiro lavar meu rosto tia?

Dulce Maria: Precisa nem pedir não é? – Ela apontou para o banheiro. – Quer beber alguma coisa? – Ela perguntou a Bianca.

Bianca: Por favor… Algo bem forte. – Ela disse ainda sentada no sofá.

Camille: Estou de olho em vocês duas em. – Eu disse mais para Bianca do que para minha tia. – Eu ainda estou aqui. – Eu disse ao entrar no banheiro e trancar a porta.

Prendi meus cabelos, lavei meu rosto, o sequei com calma e fiquei me olhando por um tempinho. Eu estava horrível, meus olhos inchados e vermelhos. Espero não chorar pelo menos nas duas próximas horas. Porque já estava me sentindo desidratada, com tantas lagrimas que eu perdi. Do banheiro ouvi a campainha tocar… Joguei mais um pouco de água em meu rosto, eu queria acordar daquilo tudo, ou simplesmente ter certeza que era tudo real… Sai do banheiro me perguntando quem deveria ser, e mesmo sabendo de tudo, tudo mesmo, eu me espantei ao ver minha mãe toda linda e arrumada no meio da sala.