Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

FIIM DE FLASH BLACK

Anahi•

16 anos depois ( Dias atuais) 

O tempo no domingo ainda estava frio. E olhando pela janela da sala, dava para ver que logo iria começar a chover. Eram três da tarde e Alfonso tinha acabado de sair para buscar as meninas, que haviam chegado de viagem. Elas foram com um casal de amigos nossos, o João e a Débora, que tem uma filha – Ana Julia – da mesma idade que elas. Nossas filhas e a deles se conhecem desde pequenas, só por isso que o Alfonso acabou cedendo, deixando-as ir.

Eu estava de pijama ainda – short e um casaco de moletom – e com o cabelo despenteado. Largada no sofá da sala eu lia ‘Purgatório – A verdadeira história de Dante e Beatriz’. O tal do livro que Camille havia me emprestado. A cada página que se passava, mais eu me lembrava de Dulce Maria. E mesmo sabendo que ela chegaria naquela noite, eu não estava preparada, era como se minha ficha ainda não tivesse caído… A última vez que a vi, ela estava lá, em pé, perto da escada na casa da avó deles, chorando, com os olhos perdidos. Ainda éramos duas meninas, sonhadoras, sem medos, sem cicatrizes… Mais de dezesseis anos se passaram desde então. Eu nunca mais a vi, não sei mais quem é, nem imagino quem seja…

Confesso que tenho uma caixa escondida a sete chaves, que guardo coisas sobre ela. Fotos nossas, presentinhos que ela me deu, algumas cartas que eu escrevi e algumas outras coisas. Mas aquilo é só passado, aquilo são só lembranças de mais um verão de minha vida.

Eu estava realmente entretida ao ler ‘A verdadeira história de Dante e Beatriz’, quando ouvi a campainha tocar e me assustei. Levantei-me tentando imaginar quem era àquela hora. Com sorte não seria a vizinha chata que gosta de papo.

Abri a porta da frente sem nenhuma cerimônia, já pensando em como despachar a pessoa. Mas assim que meus olhos se cruzaram com o de Dulce Maria eu fiquei petrificada. Ela estava maravilhosa - óculos escuros na cabeça, uma blusa branca com uma jaqueta de couro preta, uma calça bem justa escura, um scarpin simples vermelho e uma bolsa em sua mão.

Aquelas mesmas sensações invadiram todo o meu ser, meu coração pareceu parar de bater. Aquela leveza que me dava paz, aquela vontade de bater e xingá-la, aquela vontade de sorrir e de chorar… Mas nada fiz… Fiquei parada olhando nos olhos dela, que também não se moveu. Mas me olhou com a mesma mania, com aquele mesmo jeito de despir minha alma, como se eu fosse transparente.Não sei quanto tempo durou aquele contato visual, se ficamos muito ou pouco tempo ali. Mas foi ela quem falou primeiro, quase me fazendo fechar os olhos e sorrir ao ouvir sua voz outra vez.

 Dulce Maria: Anny… – Ela disse com um sorriso de canto.

Anahi: Maria… – Eu disse do mesmo jeito que ela, como se suspirasse seu nome.

Dulce Maria: E ai, não vai me convidar para entrar? – Ela disse daquele mesmo jeitinho sarcástico, mas com um leve sotaque.

Anahi: Claro… – Eu dei passagem a ela.

 Foi como voltar no tempo… Mas mesmo Dulce Maria não tendo mais cara de uma menina de dezessete anos, e sim de uma mulher de trinta. Parecia que nada havia mudado, nem mesmo o jeito de andar, nem mesmo o jeito de falar. Tirando o leve sotaque que achei uma graça.

 Anahi: É… Como… como é que você conseguiu entrar sem ser anunciada? – Eu perguntei meio confusa. Ainda com a porta aberta, segurando a maçaneta.

Dulce Maria: Quando eu cheguei à portaria, o guarda disse que meu irmão havia acabado de sair e que tinha liberado a minha entrada. – Ela disse com aquele ar de superior de sempre.

Anahi: Mas você… você não ia chegar só de noite? – Eu ainda estava parada no mesmo lugar.

Dulce Maria: É, desculpa não ter avisado, mas eu só ia chegar a noite porque tinha algumas coisas a resolver na Espanha ainda, mas como meu empresário acabou resolvendo tudo sem precisar de mim eu vim antes… – Ela estava parada a alguns metros de mim. – Realmente, eu deveria ter avisado, desculpe. – Ela disse com uma certa classe, coisa que nunca tinha visto.

Anahi: Não… – Eu fechei a porta conseguindo sair daquele estágio de choque. – Não tem problema, só não estava esperando que chegasse agora… Ainda estou de pijama. – Eu sorri meio tímida. – Desculpe…