Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Anahi•

 Eu voltei em Vila Isabel depois que Dulce Maria havia ido embora, é claro que eu voltei… Umas mil vezes. Mas estar ali com ela e minhas filhas, é como se eu tivesse voltado no tempo.De inicio foi bem nostálgico, o almoço, as conversas, até mesmo o jeito que Dona Clara nos olhava desconfiada. Estranho que mesmo o tempo não tenha apagado as lembranças da memória de ninguém.

Conversa vai, conversa vem, e no meio de um papo descontraído, onde Maria contava do inicio da sua carreira quando começou a receber cartas de fãs, sua avó a interrompeu ansiosa. Disse que tinha algo para lhe devolver, foi até o andar de cima da casa e logo voltou com uma caixa velha de sapato.

 Dona Clara: Aqui está Dulce. – Ela entregou para Maria sentando-se ao lado dela como antes.

Dulce Maria: É a minha caixa de segredos. – Ela sorriu ao ver o que era, eu no mesmo instante congelei.

Millena: Caixa de que? – Ela disse achando graça.

Dulce Maria:: Minha caixa de segredos. – Ela abriu com receio. – Tudo que eu queria esconder do mundo eu guardava aqui… – Ela olhava para o interior da caixa, enquanto eu mentalmente rezava para que ela não tirasse nada de La de dentro. – Porque guardou isso vó?

Dona Clara: Quando eu me desfiz das cosias do seu quarto, para transformá-lo em uma biblioteca, achei isso em cima do seu antigo armário, onde eu jamais olharia… Achei que fosse querer de volta.

Dulce Maria:: Eu nem me lembrava que isso existia, na verdade nem me lembro do que tem aqui dentro. – Ela remexeu as coisas de dentro, mas não tirou nada.

Millena: Que tal se você começar a tira-las daí? – Ela disse com ironia e eu tive vontade de manda-la calar a boca. – Talvez assim você descubra. – Ela sorriu para a tia.

Camille: Talvez ela não queria revelar os segredos dela a você. – Ela disse ao abaixar o celular que estava mexendo e olhar com desdém para sua irmã.

Anahi: Não vão começar não é? – Eu as encarei séria, Camille voltou a mexer em seu telefone, já Millena me encarou por um tempo e depois voltou a olhar para a caixa.

Dulce Maria:: Não sei se tenho coragem que revirar esse passado assim, sem nenhum preparo psicológico. – Ela sorriu nervosa, olhou para mim e voltou a olhar para dentro da caixa. Eu estava apenas querendo era sair dali.

Dona Clara: Não precisa minha querida. – Ela disse com carinho. – Só estou te devolvendo um pedaço do seu passado…

 Ficamos todos em silêncio enquanto Maria revirava algumas coisas em sua caixa de segredos.

Eu não sabia de tudo que havia ali dentro, mas algumas eu conhecia, como fotos nossas tiradas na Polaroid, bilhetinhos meus. Mas o que mais estava me assustando não era o que tinha meu ali e sim o que tinha dela. Porque foi ela quem me ensinou a ter uma caixa de segredos. E na minha, que sempre guardei a sete chaves, havia exatamente toda a minha vida.

E de todas cosias que ela poderia tirar daquela caixa, ela tirou algo que eu nem sabia que existia mais…

 Dulce Maria:: Seu teste de gravidez. – Ela me mostrou com um sorriso meio triste.

Camille: Que nojo! – Ela disse com cara de nojo ao abaixar o celular.

Anahi: Porque você guardou isso? – Eu perguntei meio confusa sentindo uma tristeza estranha.

Dulce Maria:: É… – Ela parecia não saber o que responder. – Só guardei, não sei por quê. Faz muito tempo…

Millena: Você é tão estranha Tia Dulce. – Ela disse com um de ironia.

Dulce Maria:: Vou te dizer que você não esta muito atrás não! – Ela sorriu debochada para a sobrinha.

Millena: Tia, você guardou um teste de gravidez na sua caixa de segredos e nem era seu! – Ela disse como se tivesse razão. – Você é sim muito mais estranha do que eu.

Dulce Maria:: Guardei mesmo… – Ela disse sem baixar a guarda, com superioridade. - Mas isso não me faz estranha… – Ela guardou o teste dentro da caixa e a fechou. – Vamos deixar meus segredos em segredo! – Ela disse ao se levantar e colocar a caixa em cima da mesa.

Eu senti o clima pesar um pouco depois que Dona Clara veio com essa surpresa, mas depois de um tempo as coisas voltaram ao normal.Não ficamos até de noite como achei que seria. Millena e Camille estavam me irritando de mais, e eu não via a hora de ter um pouco de paz delas. Fomos embora ao entardecer.

E como nas tardes depois da aula em que passava em Vila Isabel, vez com Maria, vez com Alfonso, eu me senti com dezesseis anos outra vez. Dando tchau para aquela casa dor de rosa para voltar a minha vida.