Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Millena •

 Não se passavam das três da tarde. E sem duvidas aquela terça ia ser um tédio só. Eu estava sentada sozinha na sala do primeiro andar.

Não estava falando com minha irmã ainda. Não que nossa briga tenha sido tão feia assim, na verdade acho que era muito mais orgulho, do que qualquer outra coisa. Se Camille não tivesse sido tão debochada e cheia se si, quando eu contei o que havia acontecido, não tínhamos discutido. Ou se não tivesse acontecido aquele incidente na praia com Samara, eu não teria brigado com minha irmã. Mas o que eu realmente não entendi é porque Camille reagiu daquela forma, ou talvez eu tivesse tão nervosa, que qualquer piadinha que minha irmã tivesse feito, eu desencadearia um conflito.

E para piorar, o acontecido com Samara não saia da minha cabeça. Era como se a cada vez que eu piscasse tudo viesse a minha mente.

 (Viagem de Búzios)

- Sábado a noite -

 Eu e Samara nos perdemos de Camille e Ana Julia, ou elas que se perderam da gente. Não sei ao certo. Mas depois de tanto procurar e andar pelas ruas, entre discussões eu fui andando em direção a praia. Querendo que Samara evaporasse da face da terra.

 Millena: Porque você não vai procurar elas do outro lado do planeta? – Eu perguntei me virando para ela, que estava logo atrás de mim. – Porque se não fosse por você, eu não estaria aqui! – Eu disse com raiva.

Samara: Até parece que a culpa foi minha, quem que deixou o celular em casa não foi eu! – Ela disse com raiva.

Millena: Isso é o de menos, idiota é você que ta com o telefone ai, mas não tem o numero de ninguém! – Eu falava em tom alto na areia fofa daquela praia deserta.

Samara: A culpa não é minha se ele deu problema! – Ela também falava em tom alto. – Se você não tivesse parado para olhar aquela bolsa ridícula não teríamos nos perdido! – Ela estava jogando a culpa em cima de mim e a cada segundo eu ficava com mais raiva.

Millena: Se você não tivesse parado para me encher o meu saco enquanto eu olhava a bolsa, não teríamos nos perdido! Mas não… Em vez de prestar atenção nelas, ficou do meu lado enchendo a porcaria do meu saco! – Eu gesticulava o tempo todo. – Então a culpa é toda sua. Só sua!!

Samara: Para de querer colocar a culpa em cima de mim, você que sempre acha que esta certa em tudo, mas nunca está! Talvez se tivéssemos seguido para o outro lado como eu disse, já estaríamos com elas! – Ela parecia muito irritada. - Maldita hora que eu resolvi vir com a minha mãe para essa porcaria de viagem.

Millena: Maldita hora que sua mãe te colocou no mundo. Maldita a hora em você foi morar no meu condomínio. Maldita a hora em que você estragou a minha viagem! – eu dizia com raiva.

Samara: Cala a boca, maldita mesmo é você que nasceu! – Ela deu um passo a frente como se a qualquer minuto fosse avançar em mim. – Maldita é você que inferniza minha vida desde pequena. – Ela foi se aproximando aos poucos, seus olhos pareciam pegar fogo de raiva. – Maldita é você que sempre brigou comigo por nada e por tudo. Maldita é você que me fazia chorar. – Ela se aproximou o suficiente para me dar um empurrão, eu em reflexo segurei seus braços. – Maldita é você que me irrita mais que tudo nesse mundo. – Ela puxou seus braços com força, mas continuou próxima a mim.

Millena: Você fala como se só eu tivesse feito coisas contra a você! – Eu gritei. – Quer que eu enumere todas as coisas ruins que você me fez passar?

Samara: Mas se você nunca tivesse feito nada, eu não teria feito!

Millena: Não seja ridícula Samara! – Eu ri de deboche. – Você é sínica! E fraca! – Eu disse sabendo o poder que a palavra ‘fraca’ iria causar.

Samara: Eu posso ser tudo, mas fraca eu não sou! – Ela disse em tom alto e séria.

Millena: É fraca sim, sempre foi. – Eu estava alfinetando ela. – Uma menina medrosa que acha que é mais forte que eu. Mas nunca será! – Eu vi o ódio subir por ela.

Samara: Cala a boca! – Ela disse em um tom baixo, e eu pude sentir a raiva vir de dentro dela.

Millena: Porque eu faria isso? Você é fraca Samara, você nunca consegue fazer o que realmente tem vontade…

Samara: Eu falei para calar a boca!

Ela veio me empurrando com toda a força, mas eu não me deixei cair sozinha, a puxei pela roupa que fiz com que caísse em cima de mim. Eu realmente achei que iria rolar uma pancadaria sem tamanho. Mas ali naquele momento as coisas mudaram de uma forma surreal. Seus cotovelos estavam apoiados na areia em volta de minha cabeça. Seus cabelos ticavam minhas bochechas. Minhas mãos ainda seguravam com força em sua blusa. Seu rosto tão próximo ao meu que eu sentia sua respiração se misturar com a minha.

Ficamos nos olhando de um jeito tão estranho, que eu tive vontade de chorar. Ela era realmente linda, e mesmo com a pouca luz da praia, eu conseguia ver seu rosto nitidamente. Nunca tinha reparado como sua boca era linda.

E como se tivéssemos imãs, nos beijamos sem pensar… Eu pelo menos não conseguia pensar em nada. Somente em como aquela experiência maluca, estava sendo maravilhosa. Um beijo quente que tinha gosto de algodão doce. Sua boca era macia, mas ao mesmo tempo voraz. Nos beijávamos com tanta vontade que eu cheguei a me sentar com ela em meu colo, suas pernas em volta de mim, minhas mãos em suas costas, suas mãos em meus cabelos… Eu nunca havia beijado uma garota, essas coisas eu deixava para minha irmã… Mas ali, naquele momento eu soube que minha vida estava completa… Não sei como eu consegui, porque eu realmente não queria sair daquele beijo. Mas eu a empurrei com força fazendo-a cair na areia. Com pressa eu me levantei e olhei ao redor, me sentindo perdida.

 Millena: E-eu… Eu vou voltar para casa e esperar elas lá. – Dei as costas e sai correndo como uma criança com medo.