Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

 Millena •

 Eu subi para o meu quarto como um furacão. Batendo porta e me jogando na cama. Eu estava com muita raiva, e sem perceber as lagrimas já corriam em meu rosto. Eu não sabia exatamente o porquê de esta chorando, mas eu sentia uma necessidade enorme de colocar minhas emoções para fora.

Logo eu que sempre fui tão cheia de mim, logo eu que sempre tive tudo sobre o meu controle, não conseguia ser assim com Samara. Sempre tive muita necessidade de fazer ela se sentir menos que eu, sempre tive necessidade de fazê-la saber que eu mandava. E o que ela havia me dito “Você sempre teve medo de mim, desde a primeira vez que me viu aos oito anos de idade, você teve pavor de mim…” ecoava em minha mente como um sino. E naquele momento eu já não tinha mais certeza de nada, a não ser que eu queria que ela desaparecesse da face da terra.

 Camille: Millena? – Ela disse ao encostar a mão em minhas costas, me dando um susto por não ter sentido sua presença.

Millena: Me deixa em paz Camille! – Eu disse em um tom alto ainda com a cabeça afundada no travesseiro.

Camille: Não, eu não vim brigar com você. – Ela disse ao se sentar em minha cama, ainda com a mão em minhas costas. – Vamos conversar…

Millena: Não quero, me deixa sozinha! – Eu me remexi para que ela tirasse a mão de mim.

Camille: É sério Millena, eu só quero te ajudar, desculpa por ter te zoado domingo. – Ela disse com a voz mansa.

 Eu respirei fundo, me virei e sentei-me de frente para minha irmã. Que me olhava com carinho, disposta a me dar colo e me consolar. Não aguentei vê-la ali tão minha amiga e a abracei com força, como se tentasse me desculpar pelos últimos dias. Eu a soltei ainda chorando, e ela com um sorriso no rosto limpou algumas de minhas lagrimas.

 Camille: Vamos com calma e por etapas. Porque esta chorando agora? – Ela perguntou com calma.

Millena: A Samara, Camille… – Eu disse tentando não voltar a ficar em prantos. – Ela veio aqui me afrontar, teve a cara de pau de dizer que tínhamos que conversar sobre o que aconteceu. E depois me chamou de medrosa, dizendo que eu sempre tive pavor dela… – Eu disse aquilo como se fosse a coisa mais absurda do mundo.

Camille: Eu não quero te chatear ok? – Ela parecia que estava pisando em ovos. – Mas você consegue se lembrar da primeira vez que a viu na vida?

Millena: Claro que me lembro, tínhamos oito anos de idade e ela chegou toda sorridente, como se fosse intima de todo mundo, perguntou se podia brincar com a gente e eu disse que não. – Eu me lembrava como se fosse no dia anterior. - Metida e irritante desde pequena… Mas o que isso tem haver?

Camille: Millena… – Ela pegou em minha mão. – Faz muito tempo, mas eu lembro, eu vi nos seus olhos o jeito que olhou para ela. Primeiro você a achou fascinante, seus olhos brilharam, em seguida sua expressão mudou, como se ela fosse um bicho de sete cabeças. – Eu tentava ver com os mesmos olhos, mas não conseguia.

Millena: O que você quer dizer com isso? – Eu perguntei com um pouco de raiva. – Que eu tenho medo dela?

Camille: Não acho que tenha medo dela… Acho que você tem medo do que sente por ela… – Ela fez cara de dor como se eu fosse bater nela.

Millena: Isso é ridículo! – Eu ri nervosa.

Camille: Tente ligar todos os fatos Millena, tire essa mascara de você e tente ver as coisas com mais clareza. – Ela segurou em minha mão. – Lembra quando a Samara ficou internada no hospital por um mês por causa daquela bactéria?

Millena: Lembro. – Ao me lembrar, senti meu coração acelerar.

Camille: Você ficou doente também não se lembra? Ficou deprimida, e não comia quase nada.

Millena: Foi coincidência. – Eu disse fria.

Camille: Lembra quando a Samara se meteu em uma briga com duas meninas mais velhas, e quando você ficou sabendo, correu até onde elas estavam e entrou na briga para defendê-la?

Millena: Eu odiava aquelas meninas.

Camille: E daquela vez que a gordinha ficou falando mal da Samara e você quase bateu nela por isso!

Millena: A gordinha fala mal de todo mundo. – Eu estava arrumando desculpas para tudo.

Camille: E quando ela disse que ia se mudar para outro estado e você entrou em um desespero tão grande, que até me fez ir a igreja com você, para rezar que ela ficasse.

Millena: Como sabe que eu rezei para ela ficar?

Camille: Eu ouvi. – Ela sorriu como se tivesse toda a razão do mundo

Millena: Ouviu errado. – Eu fechei a cara com raiva.

Camille: Você pode dizer o que quiser, pode lutar contra isso quanto tempo quiser. Mas quero que saiba, que quanto mais você negar, mais vai sofrer… Você não sabe como pode ser maravilhoso viver isso que você sente, que vocês sentem. – Ela disse com um leve sorriso no rosto.

Millena: Não Camille, eu não sou como você! – Eu disse ainda com a cara fechada.

Camille: Não vou discutir com você sobre isso. – Ela disse séria. – Você tem uma coisa em suas mãos que muitos dariam a vida para ter. Só acho que você não tinha que ter tanto medo assim. – Ela se levantou. – Vou te deixar sozinha para pesar no que conversamos. E por favor, tira essa marcara e tente ser feliz. – Eu não disse nada, ela beijou minha testa. – Eu te amo. – Eu continuei calada e ela se retirou do quarto.

 Tudo que minha irmã disse fazia sentido, mas ao mesmo tempo não fazia. Um lado meu dizia para seguir os conselhos de Camille, já o outro me mandava viajar para longe, para nunca mais ver Samara em minha vida… Mas ao me lembrar novamente do que aconteceu naquela praia em Búzios, eu me peguei sorrindo e desejando sentir aquilo outra vez.