Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Millena •

 Depois que Samara preparou a bebida para mim, nos juntamos a uns conhecidos dela, me encaixei na conversa sem nenhum problema… Eu conhecia Samara, sabia como ela era, o jeito que ela falava, que sorrir, que agia… Sabia que adorava se meter em confusão, que não aceitava ser contrariada e que sempre fazia as pessoas terem “respeito” por ela. Sabia que era a única que conseguia bater realmente de frente comigo, e que de algum modo sempre acabava baixando a guarda para mim no final… Sabia também que ela gostava de suco de pêssego pela manha, que sua cor preferida era vermelha, que seu aniversário era dia dezessete de maio, que ela tinha pavor de qualquer tipo de répteis, que aos domingos ela sempre fazia companhia a sua avó até a igreja, mesmo não entrando. Que ela era alérgica a corante laranja… Entre muitas outras coisas…

Mas eu nunca tinha visto Samara daquele jeito como naquela noite fria. Era como se a vida toda eu tivesse a olhado e falado com ela através de um vidro sujo, do qual eu nunca realmente tivesse clareza de quem era a verdadeira Samara.

E ali conversando com ela e com seus amigos eu estava tendo uma experiência nova, maravilhosa para falar a verdade… Mas muito, muito estranha! Ficar sem implicar com ela era difícil, assim como eu também vi que ela estava se segurando para não me alfinetar. Soltamos algumas “piadinhas” uma para outra no meio da conversa, mas nada comparado a contate batalha que vamos levando desde o dia em que nos conhecemos…

Olhando Samara com outros olhos, e ouvindo de um jeito totalmente distinto. Eu consegui reparar em sua maça do rosto quando sorria, e em seus olhos como brilhavam. Reparei em seu jeito de mexer no cabelo, jogando de um lado para o outro, no jeitinho que as vezes me olhava de canto de olho. No som de sua risada, que incrivelmente era muito gostosa de ouvir…

Sem toda aquela mascara e sem todo aquele “vidro” sujo me atrapalhando, eu pude ver pela primeira vez em como ela era encantadora, em como era engraçada, corajosa, decidida, simpática, e apesar de tudo era meiga…

Tentei não pensar nessas coisas, mas com ela ali a minha frente, era absolutamente impossível. Era como se meus pensamentos estivessem no automático, e tudo ao meu redor girasse em torno daquela menina que eu odiei a vida inteira. Ou me esforcei para odiar…

 Camille: E aê gente… – Disse minha irmã ao chegar entre todos me abraçando pelo pescoço, ninguém além de mim lhe deu atenção.

Millena: Onde você estava? – Eu perguntei só naquele momento reparando que ela havia sumido a mais de meia hora

Camille: Bem, eu estava ocupada com a Sara… – Ela me soltou pegando a bebida de minha mão e dando vários goles. – Só agora consegui me livrar dela… – Ela sorriu de um jeito cafajeste para mim, como se me dissesse que havia acabado de fazer besteirinhas. – Tome sua bebida. – Ela me devolveu o copo quase vazio. – Agora eu tenho que ir, levar um papo com a Pris… – Ela sorriu do mesmo jeito que antes. – Se é que me entende né irmãzinha…

Millena: Você é nojenta isso sim! – Eu fiz cara de nojo.

Camille: Não fique com inveja… Sua hora também vai chegar. – Ela deu uma olhada rápida para Samara e eu entendi a indireta.

Millena: Cala a boca… – Eu disse irritada – Vai embora vai… – Eu a empurrei. – E presta atenção no celular, que qualquer coisa eu vou te ligar…

Camille: Pode deixar! – Ela disse já se afastando.