Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Millena • 

Toda aquela situação estava sendo bem estranha para mim. Estar ali com Samara sentada no banco da praça, era como viver em meus sonhos, ou pesadelos. Há anos, na verdade desde que a conheci que eu venho sonhando com ela. E são sempre sonhos estranhos em que estamos juntas e felizes, nunca dizemos nada, apenas estamos sempre uma ao lado da outra, seja andando ou sentada. Nunca entendi esses sonhos, na verdade desisti de decifra-los a muito tempo.

De algum maneira bem surreal, a cada segundo que se passava eu queria mais, mais conversas, mais risadas, mais diversão, mais álcool. Queria mais tudo com ela… Mas ao mesmo tempo eu queria correr dali, queria gritar com ela, queria bater nela, queria nunca mais vê-la na minha vida. Eram sentimentos tão misturados que me dava nervoso, e a cada sorriso que ela me dava eu tomava mais um gole daquela mistura que fizemos, tentando anestesiar todos eles. Mas a única coisa que estava acontecendo, era meu corpo, querendo ficar ainda mais próximo do de Samara.

 Millena: Acho que já está na hora de ir Camille. – Eu disse em um surto de medo, interrompendo a conversa de minha irmã com Samara.

Camille: Mas porque? – Ela perguntou surpresa.

Samara: É, porque? Vocês não falaram que iam ficar até clarear?

Millena: Sim, mas já são quase cinco da manha… Estou bêbada e cansada.

Camille: Jura? Bebada eu sei que todas estamos… Mas cansada? – Ela pareceu me analisar. – Deixa de besteira e vamos ficar mais ou pouco.

Millena: Não, eu quero ir agora, mas se você quer tanto ficar, fique. – Eu me levantei.

Camille: Calma Millena… Eu vou com você. - Ela se levantou. – Espera só eu ir no banheiro ali rapidinho.

Millena: Vai em casa! – Eu disse meio irritada, na verdade estava mesmo era com medo de ficar sozinha com Samara.

Camille: Não da para aguentar, estamos a quatro quadras de casa, vou mijar nas calças! – Ela disse já indo em direção ao banheiro. – Relaxa que eu não demoro. – E saiu correndo em direção ao banheiro da pracinha.

Samara: Porque quer tanto ir agora? Assim do nada? – Ela disse se virando para mim.

Millena: Porque eu quero! – Eu disse meio grosseira.

Samara: Não precisa falar assim, só fiz uma pergunta.

Millena: Na verdade foram duas. – Eu sorri meio debochada.

Samara: O que seja… Mas você estava ótima até cinco minutos atrás, o que foi que aconteceu para você ficar assim?

Millena: To cansada e quero ir para casa, é tão difícil de entender? – Eu disse irritada.

Samara: Pode parecer que não, mas eu te conheço e alguma coisa te irritou, algo que eu disse talvez… – Eu soltei uma risada por ela achar que eu estava daquele jeito por algo que ela falou.

Millena: Algo que você disse? Você acha mesmo que o mundo gira em torno de você não é? Se liga Samara, você não é o centro do meu universo não!

Samara: Não foi isso que eu disse… – Ela pareceu se irritar. – E também não sei qual é o seu problema. Do nada começou a ficar grossa, sem motivo nenhum… Você é doida isso sim. – Ela fechou a cara, e ver que ela estava realmente se irritando comigo, não me deu aquele prazer de sempre, eu simplesmente fiquei triste. E me arrependi de ter falado daquele jeito. Mas eu não ia pedir desculpas, não diretamente.

Millena: Ta, eu estou bêbada… Brigar com você é um habito muito antigo. Estou com sono e quando to assim fico grossa mesmo. Não foi por mal… – Eu respirei fundo e desviei o olhar.

Samara: É, quem sabe a gente não consegue perder esse habito um dia? – Ela sorriu tão linda que eu tive que me segurar para não ir para cima dela. Eu tinha mesmo que sair dali o mais rápido possível.

Millena: Para falar a verdade eu nem sei se quero. – Eu disse ao me levantar. – Vamos minha irmã está vindo…– Camille vinha correndo em nossa direção.

Samara: Espero que minha mãe esteja dormindo. Porque se ela tiver acordada vai querer conversar, sabe como foi minha noite e blablabla, e eu também to cheia de sono. – Ela se levantou.

Millena: É também espero que a minha esteja.

Camille: A sua esteja o que? – Ela perguntou ao se aproximar.

Millena: Que nossa mãe esteja dormindo.

Camille: Provavelmente deve estar, porque ela não ligou nem uma vez, não respondeu a msg, deve er apagado isso sim.

Millena: Na verdade ela respondeu a mensagem sim, mas foi ainda pouco…

Camille: Respondeu? O que?

Millena: “Está bem”

Camille: Estranho… Muito estranho… Será que aconteceu alguma coisa? – Ela disse meio preocupada, me deixando também.

Samara: Gente, sem neurose ok? Ela esta bem, ela dormiu, acordou ainda pouco, e quando viu o celular, leu a mensagem e respondeu assim ainda meio que dormindo. E pronto, voltou a dormir como um bebe… – Agora vamos que quem quer ir sou eu agora. – Ela foi andando na frente.

Camille: Vamos… 

A praça do condomínio ficava a duas quadras da casa de Samara e a quatro da minha. Deixamos ela em casa e seguimos para a nossa. Assim que entramos no quintal vimos que a luz da sala ainda estava acesa, e de cara sabíamos que nossa mãe deveria estar na sala nos esperando.

Não sei se ia aguentar ficar falando com minha mãe a aquela hora. Eu só precisava beber um copo de água e deitar em minha cama. Ter tido aquela noite de paz com Samara havia me deixado exausta e muito confusa também, eu precisava refletir sobre muitas coisas.

Assim que entramos em casa a sala estava vazia, achamos entranho, mas seguimos para a cozinha de onde vinham as vozes. Provavelmente de nossa mãe e nossa tia. Mas o que elas faziam lá as cinco horas da manha? Nossa mãe não costuma ficar até tarde acordada…

Assim que entramos na cozinha eu e Camille nos entreolhamos… Eu li seus olhos e soube que ela leu os meus. Tanto eu quanto minha irmã achando aquela cena bem estranha. Na verdade não tinha nada de mais, mas o que e chamou a atenção foram os modos de nossa mãe. E o jeito em que sorria também…

Elas estavam sentadas na bancada, uma de frente para outra, com uma panela entre elas. Pelo que parecia comiam ali mesmo cada uma com seu garfo.

 Millena: O que vocês estão fazendo?

Dulce Maria: Comendo!? – Ela disse como se fosse obvio demais.

Millena: Sim, mas são cinco horadas da manha… E vocês estão sentadas na bancada, comendo dentro da panela…

Dulce Maria: E por acaso existe hora para comer macarrão? E lugar? E jeito? – Ela disse como se fosse a dona da verdade. Já minha mãe estava calada, e até meio pálida.

Millena: Você esta bem mãe? – Eu ignorei minha tia indo em direção a minha mãe.

Anahi: Estou. – Ela sorriu e pareceu sair do estado assustada. – E aê querem comer com a gente? – Ela disse descontraída.

Camille: Eu quero!

Dulce Maria: Então pega um garfo e vem comer com a gente, pode deixar que foi eu quem fiz e não a Anny! – Ela olhou de um jeito estranho para minha mãe.

Millena: Mas você comeu um sanduiche enorme!

Camille: Comi, mas faz mais de duas horas… E eu to com fome de novo. – Ela disse indo em direção a gaveta de talheres.

Millena: Depois de ficar gorda, não vem reclamar comigo!

Dulce Maria: Gorda? Mas vocês são duas varetinhas!

Millena: E pretendo continuar assim… Eu vou dormir, não quero comer. Até amanha – Eu disse já indo em direção a porta da cozinha, deixando minha mãe, minha tia e minha irmã lá comendo macarrão as cinco horas da manha.