Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Anahi: Como sabe eu tive as meninas cedo demais, de inicio foi meio complicado e difícil. Meus pais nos ajudaram muito. Quando as meninas nasceram eu e o Alfonso resolvemos voltar, mas de inicio ele continuou morando com a Dona Clara e eu com meus pais. Assim que o Alfonso terminou o colégio meu pai arrumou um emprego para ele onde trabalhava, em uma empresa de arquitetura. Alfonso trabalhava de dia e estudava arquitetura a noite. Assim que meu pai viu que ele conseguiria nos sustentar ele deu um apartamento pequeno para gente em Botafogo. Ai nossa vida de casado começou, fazendo todos meus sonhos irem embora. – Maria prestava atenção em mim de uma maneira que nem Alfonso conseguia. – Eu só tinha tempo para cuidar das meninas. Elas tinham cerca de três anos e eu tinha acabado de fazer dezenove. Não tinha tempo nem de fazer minha unha, imagina se eu fosse tentar realizar algum sonho. Depois de um ano que Alfonso terminou o curso ele conseguiu abrir uma pequena empresa no ramo de arquitetura. Não sei se foi sorte ou os contatos que ele fez na época que trabalhou com meu pai, mas a coisa deu certo e quando as meninas fizeram seis aos nos mudamos para cá. Nossa vida se transformou bem rápido naqueles poucos três anos que moramos em Botafogo. Mas mesmo depois com muito dinheiro entrado, eu ainda vivia em função delas e dele. Os anos foram se passando e as coisas não mudaram muito. Sempre que eu tentava sonhar com alguma coisa, ou até mesmo falar com ele sobre eu estudar, ou arrumar um emprego ele me cortava. Dizia que não precisava, que ele deu duro por anos para aquilo mesmo, para eu nossas filhas vivermos no luxo sem precisar pegar no batente como ele…

Dulce Maria: Na verdade ele só estava pensando nele e não em você.

Anahi: Como assim?

Dulce Maria: Ele te perdeu uma vez, e sempre teve medo disso acontecer de novo, por isso te manteve longe do mundo por todo esse tempo. Essa historinha de só ele trabalhar é muito coisa do passado. Coisa de homem machista que acha que mulher tem que ficar em casa.

Anahi: É eu já pensei sobre isso. Mas agora é tarde, o tempo passou e agora já era… – Eu disse meio triste.

Dulce Maria: Tarde? Tarde para quem? – Ela perguntou como se eu tivesse falando uma besteira.

Anahi: Tarde para tudo que passou.

Dulce Maria: Anahi. – Ela só falava meu nome quando ia brigar comigo ou chamar minha atenção. – Você só tem trinta e três anos. Tem milhares de mulheres com a sua idade que estão começando a viver agora. Não é tarde para nada. Quer estudar? Estuda! Quer trabalhar? Trabalha! Só não fique sentindo pena de você mesma que nada vai adiantar. Corre atrás dos seus sonhos, das suas vontade. Para de viver em função de suas filhas e marido. Elas já são crescidas, não precisam de você como a dez anos atrás. E o Alfonso? Bem o Alfonso passa mais tempo trabalhando do que com você. Ele não tem direito nenhum em dizer o que você deve ou não fazer… – Ela parecia que estava com raiva. – Sai de dentro de casa, vai ver o mundo, vai viver!

Anahi: Você fala como se fosse fácil…

Dulce Maria: Mas é, a vida é fácil demais, as pessoas que vivem colocando empecilho em tudo… Me fala, o que você mais gosta de fazer? Qual a coisa que te da mais prazer no mundo?

 Aquelas palavras de Dulce Maria estavam me atingindo como pedras caindo em cima de minha cabeça. E por um tempo eu fiquei pensando no que responder. Eu nem consegui me lembrar o que eu fazia que me deixava realmente feliz. Até que me lembrei do meu caderno de desenho escondido na minha caixa de segredos.

 Anahi: Gosto de desenhar… – Eu disse me sentindo bem em dizer aquilo a ela.

Dulce Maria: Ótimo! – Ela disse feliz. – Porque você não desenha então?

Anahi: Acho que nem sei mais fazer isso…

Dulce Maria: Claro que sabe, essas coisas são que nem andar de bicicleta, a gente nunca esquece.

Anahi: Talvez…

Dulce Maria: Tem algum desenho para me mostrar?

Anahi: Acho que tenho… – Eu não queria mostrar a ela.

Dulce Maria: Então, pega para eu ver?

 Eu quase congelei naquele momento. Meus desenhos eram muito pessoais, acho que ninguém nunca havia visto, não aqueles que eu ainda tinha. A Maioria eram de Dulce Maria, outros de Alfonso, e alguns de minhas filhas ainda bebês.

 Anahi: Não sei… – Eu disse com receio.

Dulce Maria: Porque? Qual o problema? – Ela perguntou sem entender. - Não devem ser tão ruins assim?… – Ela disse meio debochada.

Anahi: Não é isso… – Eu respirei fundo.

Dulce Maria: Vai, pega para eu ver…

Anahi: Ta… – Ela não ia sossegar enquanto eu não mostrasse. – Já volto – Eu disse me levantado e entrando em casa.