Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

 Camille •

 Procurei minha tia pela casa até acha-la em seu quarto. Bati duas vezes na porta e ela me mandou entrar. Eu não cresci junto da minha família paterna, sempre os vi muito pouco, de uma a duas vezes no ano. Sempre gostei muito de todos, mas nunca consegui ser apegada por nenhum deles. Na verdade eram quase estranhos para mim. Mas ter tia Dulce quase morando em minha casa a mais ou menos duas semanas, estava sendo ótimo. Como disse nunca fui apega a ninguém da família de lá, mas sei que quando minha a irmã gêmea de meu pai se for eu vou sentir muita falta.

 Camille: Oi tia, está ocupada, posso falar com você? – Eu disse ainda próxima a porta.

Dulce Maria: Não, pode falar. – Ela estava sentada em sua cama com alguns papeis a sua volta, seu violão estava apoiado na parede. – Acabei de subir, tenho que arrumar essa bagunça. – Ela apontou para a cama.

Camille: Se quiser posso voltar outra hora. – Eu queria tanto conversar com ela sobre a vida, mas ao mesmo tempo estava com um certo medo.

Dulce Maria: Não Camille, pode falar… Vem… – Ela juntou alguns dos papeis deixando um espaço livre na cama. – Senta aqui.

 Eu encostei a porta e fui até ela. E me sentei a sua frente. Tinha tanto a dizer, mas nada disse, fiquei parada olhando para ela. Minha tia era realmente linda.

 Dulce Maria: E ai? – Ela disse esperando eu começar.

Camille: E ai… Não sei. – Eu ri de nervoso. – Você é mesmo lésbica? – Eu perguntei ainda sem acreditar.

Dulce Maria: Sou… – Ela riu achando graça. – De verdade verdadeira…

Camille: Mas… Desde quando?

Dulce Maria: Desde… Bem, me descobri mais ou menos com uns quinze anos, mas acho que sempre fui.

Camille: Não parece. – Eu disse analisando ela.

Dulce Maria: E tem que parecer para ser? – Ela riu mais uma vez. – Mas era isso que você queria falar comigo?

Camille: Não, na verdade eu nem sei o que queria falar. Só queria. - Eu dei de ombros.

Dulce Maria: E você, quando que se descobriu?

Camille: Desde sempre. Mas só contei para alguém que foi para Millena quando tinha uns onze anos.

Dulce Maria: Era uma criança ainda. – Ela me olhou como se me reprovasse. – Mas não tem idade para isso não é? – Ela sorriu me passando confiança. – Mais alguém sabe?

Camille: Ah, todo mundo, mesmo meus pais. – Eu sorri meio debochada.

Dulce Maria: E porque nunca cantou?

Camille: Porque eu iria acabar morando em baixo da ponte. Meu pai surtaria, sem duvidas ele surtaria. – Eu senti o medo invadir meu corpo.

Dulce Maria: Mas e sua mãe? Porque nunca contou a ela?

Camille: Não sei, nunca fui de conversar muito com ela, sempre fui mais de falar com meu pai. Mas acho que ela também não ia gostar nadinha.

Dulce Maria: Porque acha isso? Digo… seu pai eu sei que surtaria, disso eu também tenho certeza. Agora a Anny… – Ela fez uma cara de duvida.

Dulce Maria: Anny… – Eu nunca entendi porque ela chamava minha mãe daquele jeito. – Porque chama minha mãe de Anny?