Fanfic: Amor com luxuria | Tema: Portinon

Millena •

 Eu sai quase em disparada na direção deles, senti alguém segurar em meu braço no caminho, mas nem se quer olhei para ver quem era. Eu estava totalmente cega, totalmente tomada pela raiva, por algo que eu nem sabia direito o que era e nem porque estava agindo daquele jeito. A cada passo que eu dava na direção deles parecia alimentar meu odeio e a minha dor também. Eu não sabia o que ia fazer e nem o que ia dizer, mas fiz, totalmente levada por um sentimento obscuro.

 Millena: Licença. – Eu disse para Samara com a cara mais debochada do mundo.

 Não sei nem de onde eu tirei coragem, mas eu peguei Henrique pelo pescoço e o beijei com toda a vontade do mundo. Tentei dar o melhor de mim, segurando em seus cabelos, apertando suas costas, mordendo seu lábio. Um beijo quente como se fosse desejado há muito tempo… Era a mim que ele queria, sempre foi eu que ele quis, a figurinha brilhante que ele sempre desejou. Eu nunca nem cogitei a hipótese de ficar com ele, nunca tive a menor vontade, mas infelizmente tive que fazer esse sacrifício, porque de jeito nenhum eu ia deixar Samara ficar com Henrique. De jeito nenhum eu ia deixar alguma coisa rolar ali, na verdade nem ali e nem em nenhum lugar…

Aos poucos eu fui recuperando os sentidos, porque eu realmente estava fazendo aquilo? Porque senti tanta raiva? Porque ainda estava beijando Henrique como se fosse meu ultimo beijo do mundo? Comecei a sentir nojo daquela situação e a ficar envergonhada também. Porque tanto ódio no meu coração? Seria ciúmes de Henrique? Não, de jeito nenhum, não sinto nada por ele. Só lembro que ele existe quando ele vem falar comigo ou quando alguém fala dele… E se não era ciúmes de Henrique era da… Não, não mesmo…

Naquele mesmo instante eu larguei o menino mais popular da escola e tentei sair de seus braços, mas ele me segurava firme pela cintura, como se soubesse que eu queria correr dali. Ele sorria de um jeito totalmente cafajeste, como se tivesse ganhado o prêmio que sempre sonhou. Aquilo me deu nojo, não só dele como de mim. Muitas pessoas nós olhavam, o que me fez sentir mais náuseas. Empurrei-o com as duas mãos, que tentou me segurar de volta, mas eu fui firme e sai de perto dele.

Busquei minha irmã entre as pessoas, ao longe perto da saída a vi falando com Samara. Eu nem sabia o que fazer, talvez pedir desculpas, ou ir embora… Eu estava mesmo com vergonha do que havia feito e de como tinha feito.

Fui na direção delas. Camille assim que me viu fechou a cara, já Samara me olhou assustada, seus olhos estavam marejados e minha irmã falava com ela gesticulando e apontando para mim. Eu sabia que tinha feito merda e das grandes, dessa vez eu teria que pelo menos pedir ‘desculpas’. Antes mesmo de chegar onde elas estavam, Samara deu as costas e saiu do salão deixando minha irmã sozinha e me deixando com o coração na mão.

 Millena: E-eu… – Eu nem sabia o que dizer. – Onde ela foi?

Camille: Embora! – Ela disse com raiva.

Millena: Porque? – Eu estava me sentindo totalmente perdida.

Camille: Você ainda pergunta por quê? – Ela disse com uma expressão de indignada. – Fala sério Millena, você é ridícula, podre, suja, sem caráter! – Ela disse com desprezo eu senti suas palavras como marteladas em meu coração. – As vezes nem consigo acreditar que você é mesmo minha irmã!

Millena: Para, não fala assim! – Eu já estava ficando com vontade de chorar. – Eu não queria, e-eu… Eu não sei porque… Foi sem pensar…

Camille: Não, nada que você faz é sem pensar, é sempre tudo premeditado. Eu não consigo entender… Porque tem tanto prazer em ver a Samara sofrer? – Ela estava realmente brigando comigo. – Eu te disse que ela não estava bem, te disse que era para evitar brigar com ela, mas você cagou para isso, e ainda fez pior, muito pior do que as discussões de sempre… – Eu conseguia ver e ouvir a decepção nos olhos e na voz de minha irmã. – Se você pelo menos soubesse o que é se colocar no lugar do outro, jamais pensaria em beijar o Henrique na frente dela e do jeito que vocês fez. Se você soubesse da metade dos problemas que ela tem em casa, jamais brigaria com ela por besteira. Se você pelo menos conseguisse arrancar esse medo que tem de se aproximar dela… – Ela estava mesmo decepcionada comigo.

Millena: Para Camille… Para… – Eu já estava quase chorando. – Eu não tenho medo dela. – Eu disse séria e em tom alto. - Eu realmente fiz sem pensar, nunca nem quis beijar ele… Mas… mas eu fiquei com raiva. E aconteceu! Pronto, não tem como voltar atrás…

Camille: Você é ridícula… – Ela disse com a mesma cara de decepção de antes.

Millena: Quer saber? Ficar aqui falando com você não vai adiantar nada mesmo. Eu vou atrás dela.

Camille: Não vai não! – Ela segurou em meu braço antes mesmo de eu dar o primeiro passo. – Deixa ela em paz. Ela não precisa de mais dor de cabeça para essa noite.

Millena: Me larga. – Eu puxei meu braço. – Eu vou pedir desculpas.

 Sai do salão do clube quase correndo, tive medo de minha irmã me segurar lá dentro ou algo do tipo. Olhei atentamente para todos os lados e nenhum sinal de Samara. Fui até a portaria e perguntei ao guarda se ele havia visto uma menina loira passar por ali. Ele confirmou minha suspeita e eu sai do clube indo atrás dela na rua. Cheguei a achar que já era tarde, que ela havia pego um taxi ou qualquer outra coisa. Mas assim que dei mais alguns passos eu avistei  do outro lado da rua, Samara sentada sozinha a meia luz, virada para o mar e de costa para onde eu estava.