Fanfics Brasil - Era uma vez na Latvéria MARVEL PROJECT - Livro 0 - Origens

Fanfic: MARVEL PROJECT - Livro 0 - Origens | Tema: Marvel, Vingadores, Homem Aranha, X-men


Capítulo: Era uma vez na Latvéria

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Existem muitas histórias em que órfãos plebeus se tornam reis. No ocidente vocês as conhecem como contos de fadas. Não será exatamente como estão acostumados, mas vou lhes contar o meu.


Nunca conheci meu pai. Minha mãe contava que ele foi embora ao saber que eu chegaria. Não o culpo. Em minha infância éramos pobres, muito pobres, como a maioria das famílias da Latvéria nos anos 70. Minha mãe trabalhava em uma usina de carvão durante o dia e a noite ela participava de encontros secretos com outras mulheres. Uma seita. Vez ou outra ela chegava com as mãos ensanguentadas e aliviada me dizia “Victor, vamos continuar em frente, o senhor escolheu outra”. Houve um dia em que minha mãe não voltou. Fui até o local dos encontros, uma floresta turva próxima à usina. Lá eu vi dezenas de mulheres em um círculo. Elas estavam todas nuas enquanto pulavam e entoavam um coro uniforme. Minha mãe estava também nua, mas amarrada a uma tora de madeira no centro do círculo e amordaçada. Jamais me esquecerei de seus cabelos lisos, escuros e longos agitados com o vento e das lágrimas que escorriam de seus olhos verdes, passando por seu rosto pálido e morrendo em sua boa vermelha como sangue. Sangue. Lembro-me disso também. Quando uma das mulheres, grisalha e enrugada, usou um punhal para cortar o ventre de minha mãe ao meio. O sangue caiu sobre um artefato dourado, uma espécie de bacia. De lá surgiu o fogo. E de dentro do fogo um homem. Ele usava um terno vermelho, mas estava descalço. Sua pele era muito clara, levemente rosada e seus cabelos eram loiros quase brancos. Não pude ver seu rosto, mas ouvi seu nome no coro entoado por suas servas: Mephisto. O corpo de minha mãe foi posto em chamas e eu vi sua alma sendo levada para o inferno.


Fugi dali o mais rápido que pude. Fui encontrado dois dias depois, quase morto de fome por um grupo de ciganos. Um deles me adotou como filho. Boris era um homem bom. Era magro e baixo e já não estava mais na idade de ter filhos. Boris nunca tinha estudado, mas ele tinha uma grande coleção de livros. Desde os infantis e contos até livros técnicos de engenharia. Na maioria deles, o cigano jamais tinha colocado os olhos. Ele me ensinou a ler, eu aprendi em dois dias. Tornei-me um bibliófilo. Boris faleceu quatro anos depois de me encontrar, a essa altura eu tinha nove anos. Continuei com a tribo e conheci minha nova paixão: a magia. Já tinha lido muito sobre misticismo, mas jamais posto em prática. Os ciganos me iniciaram na arte mágica e aos 12 anos, já era o mais poderoso mago da tribo. Nesse mesmo ano, algo curioso aconteceu. Um homem da cidade foi até nosso alojamento. Ele procurava pelo filho de Cynthia, Victor. Até hoje, não sei como ele me encontrou. Talvez tenha sido o oculto disfarçado de acaso, o que as pessoas costumam chamar de destino. Descobri minha linhagem. Era filho de um diplomata, um dos homens mais ricos da Europa Oriental chamado Werner Von Doom, que resolveu acertar as contas com o filho perdido. Fui morar na capital e conheci toda a podridão da nossa sociedade. Enquanto o povo era esmagado e humilhado diariamente, Werners e outros nobres riam felizes em suas casas. Fui para a universidade da Latvéria com apenas 15 anos e aos 20 já era um especialista em química, física e biologia, mas jamais abandonei o misticismo, pelo contrário, me tornava cada vez mais forte. Meu pai morreu em sua cama, no que as autoridades chamaram de “acidente de circunstâncias misteriosas”. Herdei o nome, as posses a importância diplomática de meu pai. A alta sociedade e a política do meu país me enojavam, mas eram necessários. Há alguns anos atrás, li um artigo de um jovem prodígio norte-americano, Reed Richards sobre a possibilidade de viagens extradimensionais. Esse artigo mudou minha vida.


Usei minha influência para tornar-me embaixador da Latvéria nos Estados Unidos. Lá conheci Richards e passei a financiar e participar de suas pesquisas na universidade de Empire State. Reed era apenas um garoto, acabara de completar 20 anos e já era mestre e professor na Empire State. Apesar de ser um grande gênio, com potencial inclusive para me superar – se ele se dedicasse como deveria – Reed era uma criança, mas isso não exime sua responsabilidade pelo o que houve comigo. Eu e Richards funcionávamos muito bem trabalhando juntos, mas tínhamos nossas rixas. Ele jamais entendeu meu lado místico. “O inferno não é uma dimensão paralela, Doom, ele não existe”, ele insistia em dizer jocosamente. Ambos respeitávamos nossos intelectos, mas Reed tinha inveja de mim. Eu era um homem alto e belo, Reed, um nerd franzino com óculos grossos e problemas severos de auto-estima, isso era um desafio. Eu confesso que invejava também sua juventude. Se eu tivesse todos os recursos que ele tinha na idade dele, a história teria sido escrita de maneira diferente. Construímos os primeiros protótipos da nave que ele nomeou como “Fantasticarro” e estávamos prestes a concluir o portal dimensional. Os primeiros testes estavam se aproximando quando o inevitável aconteceu: o antes considerado gênio Reed Richards mostrou sua verdadeira face. Inseguro, mimado, estúpido, imprudente. Eu estava na minha sala, perto do laboratório. Na verdade meu corpo estava lá, já minha aura praticava a projeção astral. Estava viajando pelos céus de Nova York, essa é uma maneira que uso até hoje para relaxar. Então eu os ouvi. Tentei continuar concentrado, mas não pude evitar ouvir suas conversas. Estavam todos no laboratório. A primeira voz que ouvi foi de Benjamin Green, um amigo de infância de Reed, “Ela não ia trazer uma amiga? Achei que a gente ia se dar bem hoje.” Depois ouvi a doce voz de Sue Storm, uma estudante por quem Reed era secretamente apaixonado. Era de se entender, ela era jovem, notavelmente inteligente e tinha algo envolvente naqueles cabelos loiros até o pescoço e em seus olhos azuis. Richards já havia prometido mostrar o laboratório e o experimento para ela e eu, obviamente, vetei. “Espero que não se importe, mas eu trouxe meu irmão Johnny, ele adora essas coisas de foguetes espaciais e tal”. O garoto não deveria ter mais de 16 anos e pelas expressões dele parecia maravilhado com tudo ali. “Bom, Sue, na verdade essa nave não irá para o espaço, ela sequer sairá dessa sala...” disse Reed. Sue parecia desanimada com a resposta. Confesso um erro meu nessa história. Estava me divertindo com o flerte fracassado de Richards e não percebi a tragédia que se anunciava. “Sue, aposto que essa nave tem algum tipo de simulador, não tem?” disse Johnny. A essa altura, minha aura estava na janela do laboratório assistindo tudo aquilo. Claro que eles não podiam me ver nem me ouvir, ou eu poderia tê-los alertado. “Tem sim, garoto, senta aí atrás, eu vou aqui no piloto e o Reed e a Sue ficam no banco central. Vamos mostrar a eles o que você criou, Reed”. Grimm posicionou todos na nave. “Sério que você chama de fantasticarro?” perguntou Sue, mas Reed estava nervoso demais para dizer qualquer coisa agora. O simulador foi ligado. A nave passou por um portal fictício onde era levada para uma dimensão espacial. Eles podiam ver as estrelas, meteoros, seres humanóides de aspecto azul. Tudo claro, era apenas uma projeção em 3D do que Reed acha que encontraria do outro lado do portal dimensional. A sessão acaba. Reed está muito orgulhoso, seu queixo está erguido e ele teve até coragem para envolver os ombros de Sue. “Uau esse é melhor cinema 3D que eu já fui. Mando bem , Reed”. O comentário de Johnny irritou Reed. “Isso não é cinema, Johnny, é o que vai acontecer quando ligarmos a máquina. O portal que eu projetei vai mandar a nave para outra dimensão”. “Projetou junto com o dr Doom, né, Reed? Imagina quando isso estiver pronto, as descobertas que vocês poderão fazer...” Sue conseguiu irritar ainda mais o “cientista”. “Sue, a verdade é que a máquina já está pronta. E é 100% segura. Doom está... ele está é com medo do que vamos encontrar. Por isso ainda não viajamos.” “Então nós podemos ir para outra dimensão?” “Podemos?”. Os pedidos dos irmãos Johnny e Sue fizeram Reed ser mais idiota do que costumava ser. Cego por seus hormônios, ele respondeu que sim, que eles poderiam. “Tem certeza, gênio? Se tiver, eu estou com você”. Grimm estava receoso, mas como eu, acho que ele não acreditou que Reed iria mesmo iniciar a máquina. Richards saiu da nave, ligou o portal e sentou novamente. “Vamos ao desconhecido”. Reed estava certo. Teoricamente, o portal funcionava. Mas nós nunca havíamos mandado nada relevante o outro lado. Já havíamos mandado uma caixa de sapatos. Mas nunca uma sonda, uma câmera, ou muito menos matéria viva. Eu precisava salvá-los. Voltei ao meu corpo o mais rápido que pude. Acordei do transe e corri ao laboratório. Era tarde demais. Eles já haviam cruzado o portal. Eu fiz o que pude. Corri para desativar a máquina. Consegui trazê-los de volta. Mas ao fazer isso, fui atingido no rosto por uma forte corrente elétrica.


Quando acordei estava em uma sala trancada em algum prédio do governo. Eu tinha imunidade diplomática, mas de nada serviu para a me proteger do que aconteceu. Vi meu reflexo em um vidro na sala. Meu rosto estava desfigurado, cheio de cicatrizes e bolhas. Havia me tornado um monstro. A raiva tomou conta de mim. Destruí completamente o interior da sala. Mas eu não sou um monstro, sou um cientista. A raiva foi substituída por curiosidade. Decidi meditar e enviar minha aura para descobrir os estragos causados por Richards. Localizei Reed e os Storm no prédio. Os três estavam bem, aparentemente saudáveis, sem desfigurações, como eu. O Sr Storm, pai dos meninos era influente na CIA. Ele conseguiu que fossem liberados. Eu pude ouvir a conversa deles. “Reed, Sue, ouçam bem. Vocês destruíram milhões em patrimônio público e privado. Levaram um menor de idade para o espaço. Foram responsáveis pela morte do seu amigo, Benjamin Grimm. E fizeram tudo isso mexendo com pesquisas não autorizadas. Só isso é o bastante para vocês ficarem o resto da vida na prisão. Eu posso tirar vocês dessa. Mas nós precisamos de um culpado, alguém que livre a culpa de vocês, mas que tenha importância o suficiente para não acabar no corredor da morte”. Eu já tinha entendido, Reed também não demorou. “Victor”.
“Sim, digam que ele autorizou a experiência. Que ele forçou vocês a entrarem na nave. Ele é um diplomata, ele será extraditado, mais nada.”
“Mas pai, ele vai perder toda sua pesquisa, tudo que ele sempre lutou...” Sue parecia se importar com meu destino, mas a verdade é que era egoísta e estava apenas tentando manter sua própria consciência tranquila.
“É o único jeito, Sue. Temos que fazer isso.” Reed assinou minha sentença. Fui condenado, processado e extraditado. Tudo que investi, minha pesquisa, anos de trabalho, milhões em dinheiro, tudo. Tudo foi retido pelo governo americano. Fui um bode expiatório para livrar cidadãos do que eles têm coragem de chamar de República da Liberdade. A ironia é que Franklin Storm, da CIA, foi o encarregado a me levar ao aeroporto. Mais uma vez o oculto faz o acaso. Mais uma vez destino. Os homens no avião foram muito bem pagos para não interferirem. Franklin e seu parceiro faziam piadas sobre meu rosto no caminho ao aeroporto. Aguardei pacientemente. Antes de entrar no avião latveriano, afastei Storm de seu parceiro. Eu poderia ter usado um encantamento, eu poderia ter usado uma arma, eu poderia ter escolhido outras maneiras de fazê-lo. Mas eu usei minhas próprias mãos. Matei Franklin Storm com minhas próprias mãos. Vi sua vida saindo de seu corpo enquanto esganava seu pescoço e batia sua cabeça contra o chão de pedra.


Ao voltar à Latvéria, não pude mostrar meu rosto, não suportaria dizer que Victor Von Doom havia sido derrotado por alguns burocratas americanos. Vivi nas ruas, como um pária. Durante minha estadia nas ruas vivi toda a injustiça que a república da Latvéria cometia com seu povo. Decidi que deveria agir. Reclamei meu lugar como Von Doom novamente e usei minha fortuna para criar meu traje, ele cobre meu rosto e todo meu corpo em metal. Ele me torna mais forte, me dá a possibilidade de voar e outras diversas funções. A tecnologia aliada ao misticismo fez de mim o que Latvéria precisava. Um campeão da liberdade. Marchei a pé no meio do povo assustado, pois ainda não me conheciam, até a entrada do palácio do governo. Discursei aos presentes. Mostrei a eles que os males que a chamada república estava trazendo ao nosso povo: miséria, corrupção, caos. Fui apoiado, aplaudido. Entrei no palácio levitando alguns centímetros do chão. Em poucos minutos o sangue derramado dos falsos políticos lavou o chão da casa dos patronos e levou com ele todo o amargor que sofreu o povo latveriano por décadas. Depus o governo tirano e corrupto do país, executando o ex-presidente Zorba em praça pública. O povo estava ao lado de Doom. Assumi como monarca de meu país e hoje reino solene levando paz e esperança ao povo latveriano. Sob meu comando a Latvéria já teve ótimos avanços na questão social, em pesquisas tecnológicas, empregos. O meu conto de fadas poderia terminar aqui. Mas no mundo real não existe “felizes para sempre”.


Nunca esqueci aqueles que me fizeram sofrer e continuo os monitorando. O governo dos EUA criou uma organização chamada Fundação Futuro, onde Reed Richards é pago para continuar as minhas pesquisas. Provavelmente com o dinheiro que usurparam de mim. Lá também trabalham Sue e Johnatan Storm. Os três receberam dons magníficos no mesmo acidente que me desfigurou. Richards pode moldar suas moléculas sendo capaz de se esticar de maneira impressionante. Sue pode tornar-se invisível e Johnny é capaz de incandescer o próprio corpo. Apesar do que fizeram a mim, são tratados como heróis. Reed passa a maior parte do tempo em seu laboratório. Tem contato apenas com outros cientistas e com Sue. A garota passa a maior parte do seu tempo tentando controlar seu irmão, Johnny, que vive exibindo seus dons. “O Tocha-Humana” ainda nomeou “Sr. Fantástico” e “Mulher Invísivel” em algum show de televisão. São celebridades nos Estados Unidos. Ben Grimm foi dado como morto, mas na verdade está aprisionado pela SHIELD – a organização mundial pela paz americana – por ter se tornado um monstro de pedra vivo. Meu dever com a Latvéria tornou-se a razão de minha existência. Com paciência espero a oportunidade para vingar a mim e meu país pelas injustiças que os americanos cometeram. E o Destino será ainda mais cruel para aqueles que destruíram meus sonhos e me impediram de atravessar as dimensões e resgatar a alma de minha mãe, condenada ao inferno.



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Autor(a): piek

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • delta_oficial Postado em 25/08/2021 - 15:18:16

    Incrível cara, você tem que continuar, volta.


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