LÁBIOS QUENTES deixavam uma trilha ardente de beijos sobre seus ombros e braços. Anahí se mexeu e abriu os olhos para ver a cabeça escura de Alfonso se movendo sensualmente por seu corpo.
– Essa é uma maneira maravilhosa de acordar – murmurou ela.
As palavras o fizeram erguer a cabeça e ela se deparou com o ouro líquido dos olhos de Alfonso.
– Como está se sentindo, pedhaki mou?
Anahí rolou para se deitar de costas e ergueu uma das mãos para escorregá-la pela massa espessa de cabelos pretos.
– Muito melhor. Enchi o estômago e tirei um cochilo. O que mais uma mulher grávida poderia desejar?
– Nosso filho não dormiu muito – disse Alfonso escorregando uma das mãos pelo abdome abaulado.
Anahí sorriu.
– Não, ele tem estado muito ativo ultimamente. O obstetra disse que os bebês se mexem mais no segundo trimestre.
Alfonso observava o abdome avantajado, não contendo a fascinação no olhar.
– Não se mexem no último trimestre?
– Sim, mas não tanto. Não há muito espaço. No último mês, quase não se mexem devido ao confinamento em que se encontram.
– Acho que então será mais fácil para você descansar. – Anahí bocejou, cobrindo a boca com uma das mãos, quando a mandíbula quase estalou com o esforço. – Ainda está cansada – acrescentou ele em tom de reprovação.
– Estou grávida. Suponho que estarei cansada pelos próximos dezoito anos. Mas estou me sentindo bem melhor. Sério. Vamos nos levantar.
Alfonso montou sobre ela, apoiando um joelho de cada lado de seu corpo e baixou o olhar para encará-la com um brilho predador.
– Está muito ansiosa para se levantar. Por quê? – Anahí corou e fingiu socá-lo no peito.
Ele se inclinou e lhe capturou a boca em um beijo, mordendo de leve o lábio inferior carnudo até ela o sentir intumescido e pulsante. – Tinha pensado em mantê-la na cama até amanhã de manhã – murmurou.
Liquefeita. Tornava-se completamente liquefeita nas mãos daquele homem. Bastava Alfonso tocá-la para que ela virasse um mingau. Anahí envolveu o pescoço largo com os braços e correspondeu o beijo com avidez. Podia sentir a ereção lhe comprimir os quadris. Era bom constatar que o desejo de Alfonso se igualava ao dela. Com óbvia relutância, ele recuou e saiu da cama. Anahí o observou com olhar confuso. Por que ele estaria recuando? Mas Alfonso esticou a mão e lhe afastou os cachos macios do rosto.
– Teve um dia difícil, agape mou. Não quero cansá-la ainda mais.
Alfonso pareceu tão surpreso quanto ela quando o tratamento carinhoso lhe escapou dos lábios. Os olhos de Anahí se arregalaram e ele pareceu tenso, antes de virar de costas e se encaminhar ao closet.
Anahí o observou se vestir e, em seguida, sair do quarto. Ele a havia chamado de “meu amor” e, embora aquilo a tivesse enchido de excitação, era óbvio que ele não desejara dizer aquelas palavras.
Entretanto as dissera. Anahí se agarrou àquela verdade enquanto se levantava da cama. O fato de não saber o que Alfonso sentia por ela e por que se esforçava tanto para se manter distante a deixara intrigada desde o princípio. Seria por causa de sua amnésia? Temeria não poder levar seus sentimentos por ele em consideração já que não passava de um estranho para ela? Estava muito focada nas dificuldades resultantes de sua perda de memória, mas era óbvio que Alfonso também tinha problemas em relação àquela situação.
Se ao menos pudesse se lembrar. Se pudesse fazê-lo entender que seu amor por ele independia do fato de poder se lembrar de amá-lo no passado…Tudo que podia fazer era demonstrar seus sentimentos e esperar recuperar logo a memória.