– Mas Roslyn é sua assistente e parece muito adaptada ao cargo. Como se o ocupasse há anos.
Um sorriso breve curvou os lábios de Alfonso.
– Não foi minha assistente por muito tempo. Eu estava determinado a tê-la em minha cama. Convenci a pedir demissão e ir morar comigo. Você significava uma distração à minha concentração no trabalho.
Anahí não pareceu lisonjeada com a revelação. A testa se encontrava enrugada em uma expressão preocupada e os lábios se curvavam para baixo.
– Então, tornou um hábito me colocar onde lhe era mais conveniente – murmurou ela.
Alfonso xingou em silêncio, porém, mais uma vez, não podia negar que sempre tivera a sedução em mente no que se relacionava a ela.
– E eu permiti isso? – Anahí perguntou. – Simplesmente pedi demissão e fui morar com você?
Alfonso deu de ombros.
– Parecia tão feliz em estar em minha companhia quanto eu em estar ao seu lado. As linhas que vincavam a testa de Anahí se aprofundaram enquanto ela envolvia o abdome saliente com as mãos em um gesto protetor.
– Nosso bebê foi planejado?
Alfonso inspirou profundamente. Aquele era um ponto nevrálgico que tinha de contornar com cuidado.
– Não diria planejado, mas a notícia de sua gravidez certamente não foi mal recebida.
Se aquilo era possível, a resposta a deixara ainda mais entristecida. Os ombros de Anahí se curvaram para a frente enquanto ela virava de costas, mas não sem que antes ele percebesse a nova leva de lágrimas que lhe banhava os olhos. Com um suspiro, Alfonso a puxou e a envolveu nos braços.
– Por que está tão triste esta manhã, pedhaki mou? O que posso fazer ou dizer para fazê-la se sentir melhor?
Anahí ergueu os olhos úmidos pelas lágrimas.
– Pode parar de me evitar, de usar a preocupação com minha saúde e a do bebê como desculpa para me tratar como uma inválida. Pode parar de tratar o meu passado como se fosse algo do qual não tenho direito de saber.
Os lábios sensuais se comprimiram.
– Tentarei ser menos zeloso com sua… saúde, embora me reserve o direito de me preocupar.
E então, um sorriso curvou os lábios de Anahí, atingindo-o como um golpe certeiro que quase o fez cambalear para trás. Não havia percebido o quanto a felicidade de Anahí era importante para ele. Seria louco por se preocupar tanto, quando ela não se importara nem um pouco com sua felicidade no passado? Inclinando-se para beijá-lo, ela se viu pressionada ao corpo forte enquanto os lábios eram
devorados pelos dele.
– Obrigada – disse ela quando recuou. – Só quero… – Anahí se calou sem conter a ansiedade no olhar, antes de desviá-lo.
– O que quer, pedhaki mou?
Anahí voltou a encará-lo.
– Quero que sejamos felizes – respondeu com voz rouca. – Quero ter certeza do lugar que ocupo em sua vida. Quero me lembrar, porém mais do que isso, quero sentir que tenho mais do que uma pequena porção de você e do seu tempo.
Alfonso a observou pensativo. Anahí nunca fora tão direta antes da amnésia. Mostravase tímida e hesitante em dar voz a seus desejos e anseios. Mas teria ela se sentido assim antes? Teria se ressentido de suas longas ausências? Do modo como a encaixava em sua vida
como lhe conviesse? Teria sido aquele o motivo que a levara a agir de forma tão leviana? Fora aquele ato uma forma de lhe chamar atenção?
– Também quero muito que você seja feliz, Anahí. E embora não possa convencê-la do lugar que ocupa em minha vida com meras palavras, talvez possa provar isso ao longo do tempo.
O sorriso de Anahí o aqueceu por inteiro. Era como ver o sol surgir no horizonte. Ela esticou as mãos para segurar as dele.
– Venha caminhar comigo – convidou.
Incapaz de lhe negar qualquer coisa naquele momento, ele a puxou para perto e os dois começaram a passear pela praia.
Continua....