A raiva e as dúvidas evaporaram quando entrou no quarto e encontrou Anahí sentada na cama, envolta apenas por uma toalha, com expressão tristonha e distante.
Alfonso se ajoelhou diante dela e lhe tocou o rosto.
– O que é, agape mou? Você está bem?
O sorriso de Anahí não se refletiu no olhar. Naqueles lindos olhos azuis que faiscavam minutos atrás enquanto ela ria. Queria ver aquele brilho outra vez. Desejava ter de volta aquele momento roubado na piscina. Antes da chegada de Roslyn e das notícias que poderiam
mudar tudo entre os dois. Mais uma vez.
– Estou em uma situação muito desagradável – confessou ela.
A incompreensão o fez franzir a testa. A tristeza e a resignação no tom de voz de Anahí não o agradavam.
– O que quer dizer com isso? – perguntou com voz suave enquanto lhe traçava o contorno da lateral do rosto com um dedo.
Anahí o encarou.
– Não me agrada o modo como ela tem livre acesso às nossas vidas. Esta é a nossa casa.Deveríamos ter a liberdade de fazer amor, nos divertir juntos sem temer sermos surpreendidos
em uma situação comprometedora por uma estranha. Mas se der voz a isso, disser que não gosto dela e não a quero aqui, temo parecer mesquinha. Não há nenhuma forma de eu sair vencedora e todas de sair perdedora nesta situação. – Ela baixou o olhar por alguns instantes e voltou a erguê-lo. A emoção lhe fazendo os olhos faiscar. – Não gosto da forma como você se retrai todas as vezes que ela aparece. Essa mulher entra aqui com um pretexto profissional e,
quando vai embora, você se torna distante. As últimas semanas têm sido maravilhosas, e agora ela aparece e já posso senti-lo se distanciando de mim. Não sei se posso suportar isso.
Lágrimas banharam os olhos azuis, o que o deixou sem palavras. Tudo o que Anahí dizia era verdade. Não pensara em como ela se sentia. Achava que conseguia esconder as emoções conflitantes que experimentava sempre que se lembrava do fato de que ela o roubara, traíra elhe mentira.
Alfonso tomou-lhe uma das mãos, levou-a à boca e a pressionou sobre os lábios.
– Desculpe, agape mou. Sinto muito se a presença dela a tem incomodado e eu não percebi.
Isso não se repetirá. Já informei Roslyn de que, sob nenhuma condição, deve aparecer aqui sem dar ao menos um telefonema.
– Eu poderia suportar a presença dela. Não vou mentir e dizer que simpatizo com essa mulher, mas poderia tolerá-la. O que não posso suportar é o modo como você se retrai todas
as vezes que sua assistente aparece. Sem nenhuma lembrança para me fortalecer a autoconfiança, não tenho nada que me diga: Marley, você está sendo ridícula. Claro que há algo se passando entre você e Roslyn.
A surpresa quase fez o queixo de Alfonso despencar.
– Acha que estou tendo um caso com ela? – perguntou não conseguindo evitar o arrepio de repugnância que lhe percorreu a espinha.
Anahí negou com a cabeça enfática.
– Oh, transformei isso em um caos. Estou apenas tentando dizer que, para mim, tudo isso é
novo. Nosso relacionamento é novo. Não consigo me lembrar do tempo que vivemos juntos, portanto, para todos os efeitos, estamos construindo um novo relacionamento. Recomeçando.
Não posso evitar a insegurança quando vejo que ela está tentando minar nosso convívio.
Alfonso a envolveu nos braços, sem ideia do que responder. Não podia negar que provavelmente Roslyn queria afastá-lo dela. A assistente sabia que Anahí havia roubado a empresa, à qual era devotada e para a qual passara longas horas preparando o acordo que havia desaparecido com os projetos para o hotel de Paris. E agora, ele ficara sabendo que
mais um dos projetos da Anetakis seria apresentado sob a assinatura de Marcelli. Não importava que fosse um que ele havia descartado. Marley não poderia saber disso na ocasião.
Que situação absurda! Mas o que mais o surpreendia era a raiva que as palavras de Roslyn lhe suscitaram. Sua primeira reação fora defender Anahí e repreender a assistente por acusála. Mas como poderia fazer isso se Roslyn estava coberta de razão? Tudo o que sabia era que não queria magoar Anahí. Por mais estúpido que aquilo
parecesse, dado o estrago que ela causara, queria afastar a tristeza daqueles olhos azuis. Embora não pudesse fazer nada para apagar o passado, podia se certificar de que Roslyn não fosse uma fonte de discórdia entre os dois. Iria satisfazer a vontade de Marley naquele aspecto, porque refletia a dele. Não queria que nada se interpusesse entre os dois naquela ilha.
Roslyn não voltaria àquela casa.
Sorry pelo erro :))) Cami obrigada por ter me falado♡