Quando Anahí despertou, se encontrava em outra cama. Pestanejou para dispersar a névoa provocada pelo sono e percebeu que estava no quarto de Alfonso . Espreguiçou-se e ficou feliz por não sentir mais a pressão na cabeça. Sentou-se e viu Alfonso parado na outra extremidade do quarto, observando-a. Por alguma razão, ela se sentiu insegura naquele momento.
– Devia estar mais cansada do que pensei – disse ela em tom de voz leve. – Não acordei quando você me transferiu para cá.
– Você dormirá no nosso quarto, na nossa cama.
Anahí pestanejou várias vezes.
– Está bem. Apenas não pensei. Foi naquele quarto que fiquei antes.
Alfonso fechou a distância que os separava e se sentou na cama ao lado dela.
– Seu lugar é aqui. Comigo.
Anahí inclinou a cabeça para o lado. Tinha a nítida impressão de que ele não se referia apenas ao fato de ela ter se deitado em outro quarto. Era quase como se ele a estivesse convencendo, e aos outros, de que seu lugar era ao lado dele.
– Seus irmãos não me aprovam – disse ela em tom de voz baixo.
A expressão de Alfonso se tornou pétrea.
– Meus irmãos não têm de opinar em nosso relacionamento. Anunciarei nosso casamento na recepção daqui a duas noites, e nos casaremos dentro de uma semana.
E estava dito, pensou ela. A lei instituída por Alfonso Herrera.
Inclinando-se, ele a beijou.
– Por que não se veste? Vamos sair para um belo jantar.
– Lagosta? – perguntou esperançosa, e só então se deu conta do que dissera. – Os olhos azuis se arregalaram pelo excitamento. – Lagosta! Eu me lembro de que lagosta é meu prato preferido.
Exibindo um sorriso tenso, ele a beijou outra vez.
– Exatamente, pedhaki mou. Costumava pedir para que entregassem a comida aqui e sentávamos nus na cama para comê-la.
Anahí corou até a raiz dos cabelos, mas tinha de admitir que a imagem era tentadora. Alfonso a ajudou a se levantar e ela se encaminhou ao toalete para tomar um banho e trocar de roupa. Trinta minutos depois, ele a guiou ao elevador e para fora do prédio, na direção do
carro que os aguardava. Alfonso a levou a um restaurante elegante, e os dois se sentaram em um canto aconchegante, destacado do salão de jantar principal. A iluminação era frouxa e a fazia se
lembrar do Natal. Uma doce nostalgia a envolveu enquanto se recordava do quanto amava aquele feriado. Dentro de mais um mês, as decorações começariam a ser montadas e muitas lojas e restaurantes estariam brilhando com as luzes e azevinhos. Um sorriso sonhador lhe curvou os lábios enquanto imaginava passar o Natal ao lado de Alfonso.
– Parece perdida em pensamentos, agape mou. Com esse doce sorriso estampado no rosto,espero que seja eu a ocupar seus pensamentos.
Anahí ergueu a cabeça para descobrir aqueles olhos dourados a estudando. A pele cor de bronze acentuada pelas luzes das velas.
– Estava imaginando como será passar o Natal ao seu lado. Estava me lembrando do quanto eu gostava dessa época.
– Suas lembranças parecem estar voltando – disse ele, embora não houvesse nenhuma alegria em seu tom de voz.
Os lábios de Anahí se curvaram em um sorriso tristonho.
– Não tão rápido. Apenas um lampejo aqui, outro ali. Parece mais intuição do que propriamente lembrança.
– Sua memória voltará. Tem de ser paciente.
Anahí anuiu, mas podia sentir a frustração a dominando. Determinada a não estragar o resto da noite, forçou-se a relaxar e aproveitar a comida excelente e o fato de estar com Alfonso . Sem interferências dos membros da família ou da assistente.
– Gostaria de fazer compras amanhã? – perguntou ele.
Anahí pestanejou, surpresa, diante da mudança brusca de assunto.
– Tenho uma reunião amanhã bem cedo, mas depois poderíamos almoçar juntos e comprar os itens de que necessitará para a recepção. Pode procurar um vestido de noiva também.
Anahí não conseguia conjurar a imagem de Alfonso fazendo compras e tinha certeza de que não encontraria nenhum momento como aquele mesmo que gozasse de plena memória. Ele simplesmente não era o tipo de homem de fazer compras.
– Tem certeza de que quer me levar com você?
Alfonso ergueu uma das sobrancelhas.
– Como estou planejando anunciar nosso casamento, seria estranho que você não estivesse lá. A menos que não queira ir.
– Não se trata disso. Adoraria ir. Apenas não tinha certeza de que… – Anahí deixou a frase morrer determinada a não se aprofundar no assunto.
– Então, está decidido. Vamos fazer compras amanhã, depois de alimentá-la adequadamente.
Anahí exibiu um sorriso.
– Do jeito que fala, me faz parecer um bichinho de estimação.
Um sorriso lento e sexy curvou os lábios sensuais.
– Gosto da ideia de você ser meu bichinho de estimação. Meu exclusivo e mimado bichinho de estimação – disse ele com voz rouca.
Um calor varou o corpo de Anahí como a descarga de uma corrente elétrica. Ela engoliu em seco e tomou um gole da água em uma tentativa de abrandar aquele formigamento quente.
E então, Alfonso soltou uma risada e o som trouxe à vida cada terminação nervosa do corpo de Anahí.
– Vejo que também gostou da ideia.
Corando, ela baixou a cabeça.
– Gosto da ideia de ser qualquer coisa sua – afirmou com sinceridade.
Alfonso esticou o braço sobre a mesa e lhe segurou os dedos.
– Você é minha, agape mou. Pode ter certeza.
– Então, leve-me para casa e faça amor comigo – sussurrou ela.